Adoro materialismo dialético ... aplicado.
Nada como um bom textozinho curto e duro para baralhar luta de classes, ciência ideologicamente comprometida e depressão psicológica como subproduto directo do capitalismo, dar de novo e mostrar como o rei vai nú.
E não é possível exterminá-lo?
«Conceber a ciência como um campo socialmente asséptico, historicamente neutro e a cheirar a desinfectante não é só um erro epistemológico: é a negação do próprio método científico. Ou seja, a história do pensamento científico só pode ser entendida no campo de batalha da luta de classes. Esta conclusão é facilmente verificável se compararmos centros de investigação privados com universidades públicas: alguém pode imaginar a Bayer a investir milhões de euros num trabalho de investigação científica que lhe pode trazer prejuízos? Tudo isto para dizer que a psicologia e a medicina também não são imunes a interesses de classe: há uma luta constante para colocá-las totalmente ao serviço do capitalismo.»
A foto ilustra o artigo do abrilabril, como sempre a não perder.
2017/03/21
Os Caloteiros ?
Quando a fonte é o carro de assalto da direita ultramontana a citar um pasquim manhoso, convém olhar com espirito critico para os preâmbulos contextualizantes e opinativos, mas como há uns dias alguém pedia nomes para cortar cabeças, aqui fica um rasto de 900 milhões em empréstimos "incobráveis" que faz remontar os inicios da roubalheira aos anos de 2006, quando reinavam os Ferreiras, os Trócatintas e os Vareiros.
«A Caixa tem 2,3 mil milhões de euros em dividas de risco. Quem deve mais? Amigos dos corruptos com direito a créditos sem deixarem garantias? Veja a lista dos que andam a viver com o dinheiro dos seus impostos e não pagam o que devem. A maioria destas operações foi autorizada na década passada e o jornal destaca o peso das transações com perdas decididas durante a gestão de Carlos Santos Ferreira e Armando Vara que esteve no banco público entre 2005 e o final de 2007. Haverá, no entanto, operações novas realizadas depois dessa data e ainda a renovação ou mesmo ampliação de empréstimos já concedidos.
[...]
O total de imparidades registadas pelos nove maiores devedores chega aos 912,1 milhões de euros. Seguem os nomes que surgem na lista dos maiores devedores da CGD divulgada pelo [...] CM:
Grupo Artlant – 476,4 milhões de euros e 214 milhões em perdas de crédito (imparidades) reconhecidas. A Artlant foi criada para desenvolver um grande projeto industrial em Sines, com a construção de uma unidade do setor químico. O promotor era o grupo catalão La Seda, grupo que depois de entrar em crise chegou a ter como acionista de referência o empresário português Carlos Moreira da Silva, líder da Barbosa e Almeida (e acionista do Observador). A Caixa Geral de Depósitos começou por ser uma grande financiadora, mas acabou por se tornar acionista da La Seda, onde ainda tem 14%, e da própria Artlant. Um envolvimento que tinha também como objetivo assegurar a realização do investimento na fábrica de Sines. A empresa avançou com um processo de revitalização especial (PER) e em 2015, a Caixa reclamou créditos superiores a 520 milhões de euros. A última informação disponível já do início de 2015 é da que foi proferida a sentença de homologação do plano de recuperação.
Grupo Efacec – 303,2 milhões de euros de créditos e 15,2 milhões de imparidades. A exposição resultará do financiamento à empresa, mas também aos seus dois maiores acionistas, o grupo José de Mello e a Têxtil Manuel Gonçalves. Os grupos portugueses venderam 65% da principal unidade do grupo Efacec, a Efacec Power Solutions, a Isabel dos Santos há cerca de um ano. O negócio, avaliado em 200 milhões de euros, foi mais do que uma simples venda, esteve enquadrado numa reestruturação de dívida dos acionistas e da empresa. A Caixa enquanto credora participou no financiamento desta operação.
Vale de Lobo – 282,9 milhões de euros de exposição e 138,1 milhões em imparidades. É um negócio imobiliário polémico que se cruza com o inquérito judicial ao antigo primeiro-ministro José Sócrates e que envolve ainda Hélder Bataglia, o presidente da Escom. A decisão da Caixa Geral de Depósitos de entrar no empreendimento de luxo no Algarve data de 2006 e tem sido atribuída ao então administrador do banco público, Armando Vara. A Caixa é acionista da sociedade que explora Vale do Lobo, ao mesmo tempo que é a maior financiadora. Em 2014, a holding de imobiliário que detinha esta participação reconheceu perdas de 196 milhões de euros, parte da qual será atribuída a Vale do Lobo. Nas contas de 2015, a Caixa diz que a situação líquida era negativa em 137 milhões de euros. O banco do Estado tem uma participação financeira de 24%, mas é também o maior credor deste empreendimento que no ano passado foi posto à venda.
Auto Estradas Douro Litoral – 271,3 milhões de exposição e 181,4 milhões de créditos perdidos. A concessão de autoestradas volta a cruzar os caminhos do banco do Estado com o grupo José de Mello que, através da Brisa, é um dos maiores acionistas desta concessionária que entrou em incumprimento dos compromissos financeiros assumidos com os bancos financiadores, nomeadamente ao nível dos rácios. A Douro Litoral é uma concessão com portagens cuja receita tem-se revelado muito abaixo do previsto e insuficiente para remunerar o investimento. A empresa tem em curso vários pedidos de compensação financeira ao Estado, no valor global de cerca de 1,4 mil milhões de euros que estão a ser analisados em tribunal arbitral.
Grupo Espírito Santo – 237,1 milhões de euros em créditos e 79 milhões de imparidades. A Caixa Geral de Depósitos, enquanto maior banco português, foi também a instituição financeira que mais exposta estava ao Grupo Espírito Santo. O Observador fez um levantamento, em maio do ano passado, da exposição da banca ao GES, ainda com base em listas provisórias de valores reclamados pelos credores de sete sociedades que estavam em processo de revitalização ou insolvência. O montante era da ordem dos 1.300 milhões de euros. A Caixa reclamava cerca de 410 milhões de euros. Grupo Lena – 225 milhões de créditos e 76,7 milhões de imparidades. O grupo construtor com sede em Leiria foi um dos que mais cresceu durante o último ciclo de obras públicas em Portugal, durante os governos de José Sócrates. O Grupo Lena esteve nas autoestradas, na renovação do parque escolar, e no projeto da rede de alta velocidade (TGV), onde fez parte do consórcio que ganhou o primeiro contrato, e que entretanto foi cancelado. A Lena cresceu também para outros setores — turismo, energia e comunicação social — e outras geografias, ganhando importantes contratos em mercados emergentes, como a Argélia e a Venezuela. A demora e incerteza na concretização destes contratos internacionais, alguns obtidos à boleia das viagens oficiais do ex-primeiro ministro, José Sócrates, e o asfixia do mercado de construção português apanharam o grupo em contramão, em plena aposta expansionista. A Lena teve que travar a fundo e fazer uma reestruturação do seu endividamento.
Grupo António Mosquito – 178 milhões de euros e 49,2 milhões de euros de créditos perdidos. O empresário angolano está associado a dois investimentos em Portugal: a Soares da Costa e a Controlinveste. No caso da Caixa, a exposição a António Mosquito poderá resultar do financiamento ao empresário português que era o maior acionista da Soares da Costa, Manuel Fino. A Caixa era um das grandes financiadoras de Manuel Fino, tendo inclusive, executado uma parte das ações que o empresário tinha na Cimpor.
Reyal Urbis – 166,6 milhões de euros de empréstimos que lhe foram concedidos, com 133,3 milhões de imparidades. A imobiliária espanhola já estava identificada em 2013 como uma das principais devedoras da Caixa, altura em que apresentou um processo de insolvência — o segundo maior da história de Espanha. No ano anterior, o endividamento da empresa tinha chegado ao 3, 6 mil milhões de euros. O Santander e a filial Banesto estavam entre os maiores credores da imobiliária que lhe devia 830 milhões de euros, apontava então o jornal espanhol El Mundo que colocava a CGD na lista dos credores minoritários.
Finpro SCR – 123,9 milhões de euros e 24,8 de imparidades totalizadas. Esta sociedade teve como acionistas Américo Amorim, o fundo da Segurança Social e o Banif, e realizou vários investimentos internacionais, financiados com dívida, sobretudo na área das infraestruturas. A Finpro entrou em processo especial de revitalização em 2014 e notícias apontam a Caixa como detentora de mais de metade da dívida da Finpro. Uma das participações da Finpro era no sociedade gestora do Porto de Barcelona que foi vendida no ano passado. A sociedade terá entretanto sido considerada insolvente com uma dívida de 268 milhões de euros.»[1]
E se por aqui anda o rasto de 900 milhões, convém lembrar que quem hoje reclama o «apuramento das razões e dimensão dos montantes de recapitalização são os que expuseram a CGD a entidades como a Parvalorem SA, a Parups SA, e Participações SGPS no valor de 2.100 milhões de Euros de obrigações subscritas e 1.000 milhões de Euros de papel comercial.»[2]
Precisamente. Convém não deixar limpar o pafismo mai-lá-sua Marilú.
fontes:
[1] Lista dos 10 maiores devedores à CGD. 23/06/2016, Revista Visão.
[2] Declaração de Jorge Pires, Membro da Comissão Politica do Comité Central. Conferência de Imprensa sobre a situação da Caixa Geral de Depósitos e os últimos desenvolvimentos políticos. 17/06/2016, PCP, Lisboa.
«A Caixa tem 2,3 mil milhões de euros em dividas de risco. Quem deve mais? Amigos dos corruptos com direito a créditos sem deixarem garantias? Veja a lista dos que andam a viver com o dinheiro dos seus impostos e não pagam o que devem. A maioria destas operações foi autorizada na década passada e o jornal destaca o peso das transações com perdas decididas durante a gestão de Carlos Santos Ferreira e Armando Vara que esteve no banco público entre 2005 e o final de 2007. Haverá, no entanto, operações novas realizadas depois dessa data e ainda a renovação ou mesmo ampliação de empréstimos já concedidos.
[...]
O total de imparidades registadas pelos nove maiores devedores chega aos 912,1 milhões de euros. Seguem os nomes que surgem na lista dos maiores devedores da CGD divulgada pelo [...] CM:
Grupo Artlant – 476,4 milhões de euros e 214 milhões em perdas de crédito (imparidades) reconhecidas. A Artlant foi criada para desenvolver um grande projeto industrial em Sines, com a construção de uma unidade do setor químico. O promotor era o grupo catalão La Seda, grupo que depois de entrar em crise chegou a ter como acionista de referência o empresário português Carlos Moreira da Silva, líder da Barbosa e Almeida (e acionista do Observador). A Caixa Geral de Depósitos começou por ser uma grande financiadora, mas acabou por se tornar acionista da La Seda, onde ainda tem 14%, e da própria Artlant. Um envolvimento que tinha também como objetivo assegurar a realização do investimento na fábrica de Sines. A empresa avançou com um processo de revitalização especial (PER) e em 2015, a Caixa reclamou créditos superiores a 520 milhões de euros. A última informação disponível já do início de 2015 é da que foi proferida a sentença de homologação do plano de recuperação.
Grupo Efacec – 303,2 milhões de euros de créditos e 15,2 milhões de imparidades. A exposição resultará do financiamento à empresa, mas também aos seus dois maiores acionistas, o grupo José de Mello e a Têxtil Manuel Gonçalves. Os grupos portugueses venderam 65% da principal unidade do grupo Efacec, a Efacec Power Solutions, a Isabel dos Santos há cerca de um ano. O negócio, avaliado em 200 milhões de euros, foi mais do que uma simples venda, esteve enquadrado numa reestruturação de dívida dos acionistas e da empresa. A Caixa enquanto credora participou no financiamento desta operação.
Vale de Lobo – 282,9 milhões de euros de exposição e 138,1 milhões em imparidades. É um negócio imobiliário polémico que se cruza com o inquérito judicial ao antigo primeiro-ministro José Sócrates e que envolve ainda Hélder Bataglia, o presidente da Escom. A decisão da Caixa Geral de Depósitos de entrar no empreendimento de luxo no Algarve data de 2006 e tem sido atribuída ao então administrador do banco público, Armando Vara. A Caixa é acionista da sociedade que explora Vale do Lobo, ao mesmo tempo que é a maior financiadora. Em 2014, a holding de imobiliário que detinha esta participação reconheceu perdas de 196 milhões de euros, parte da qual será atribuída a Vale do Lobo. Nas contas de 2015, a Caixa diz que a situação líquida era negativa em 137 milhões de euros. O banco do Estado tem uma participação financeira de 24%, mas é também o maior credor deste empreendimento que no ano passado foi posto à venda.
Auto Estradas Douro Litoral – 271,3 milhões de exposição e 181,4 milhões de créditos perdidos. A concessão de autoestradas volta a cruzar os caminhos do banco do Estado com o grupo José de Mello que, através da Brisa, é um dos maiores acionistas desta concessionária que entrou em incumprimento dos compromissos financeiros assumidos com os bancos financiadores, nomeadamente ao nível dos rácios. A Douro Litoral é uma concessão com portagens cuja receita tem-se revelado muito abaixo do previsto e insuficiente para remunerar o investimento. A empresa tem em curso vários pedidos de compensação financeira ao Estado, no valor global de cerca de 1,4 mil milhões de euros que estão a ser analisados em tribunal arbitral.
Grupo Espírito Santo – 237,1 milhões de euros em créditos e 79 milhões de imparidades. A Caixa Geral de Depósitos, enquanto maior banco português, foi também a instituição financeira que mais exposta estava ao Grupo Espírito Santo. O Observador fez um levantamento, em maio do ano passado, da exposição da banca ao GES, ainda com base em listas provisórias de valores reclamados pelos credores de sete sociedades que estavam em processo de revitalização ou insolvência. O montante era da ordem dos 1.300 milhões de euros. A Caixa reclamava cerca de 410 milhões de euros. Grupo Lena – 225 milhões de créditos e 76,7 milhões de imparidades. O grupo construtor com sede em Leiria foi um dos que mais cresceu durante o último ciclo de obras públicas em Portugal, durante os governos de José Sócrates. O Grupo Lena esteve nas autoestradas, na renovação do parque escolar, e no projeto da rede de alta velocidade (TGV), onde fez parte do consórcio que ganhou o primeiro contrato, e que entretanto foi cancelado. A Lena cresceu também para outros setores — turismo, energia e comunicação social — e outras geografias, ganhando importantes contratos em mercados emergentes, como a Argélia e a Venezuela. A demora e incerteza na concretização destes contratos internacionais, alguns obtidos à boleia das viagens oficiais do ex-primeiro ministro, José Sócrates, e o asfixia do mercado de construção português apanharam o grupo em contramão, em plena aposta expansionista. A Lena teve que travar a fundo e fazer uma reestruturação do seu endividamento.
Grupo António Mosquito – 178 milhões de euros e 49,2 milhões de euros de créditos perdidos. O empresário angolano está associado a dois investimentos em Portugal: a Soares da Costa e a Controlinveste. No caso da Caixa, a exposição a António Mosquito poderá resultar do financiamento ao empresário português que era o maior acionista da Soares da Costa, Manuel Fino. A Caixa era um das grandes financiadoras de Manuel Fino, tendo inclusive, executado uma parte das ações que o empresário tinha na Cimpor.
Reyal Urbis – 166,6 milhões de euros de empréstimos que lhe foram concedidos, com 133,3 milhões de imparidades. A imobiliária espanhola já estava identificada em 2013 como uma das principais devedoras da Caixa, altura em que apresentou um processo de insolvência — o segundo maior da história de Espanha. No ano anterior, o endividamento da empresa tinha chegado ao 3, 6 mil milhões de euros. O Santander e a filial Banesto estavam entre os maiores credores da imobiliária que lhe devia 830 milhões de euros, apontava então o jornal espanhol El Mundo que colocava a CGD na lista dos credores minoritários.
Finpro SCR – 123,9 milhões de euros e 24,8 de imparidades totalizadas. Esta sociedade teve como acionistas Américo Amorim, o fundo da Segurança Social e o Banif, e realizou vários investimentos internacionais, financiados com dívida, sobretudo na área das infraestruturas. A Finpro entrou em processo especial de revitalização em 2014 e notícias apontam a Caixa como detentora de mais de metade da dívida da Finpro. Uma das participações da Finpro era no sociedade gestora do Porto de Barcelona que foi vendida no ano passado. A sociedade terá entretanto sido considerada insolvente com uma dívida de 268 milhões de euros.»[1]
E se por aqui anda o rasto de 900 milhões, convém lembrar que quem hoje reclama o «apuramento das razões e dimensão dos montantes de recapitalização são os que expuseram a CGD a entidades como a Parvalorem SA, a Parups SA, e Participações SGPS no valor de 2.100 milhões de Euros de obrigações subscritas e 1.000 milhões de Euros de papel comercial.»[2]
Precisamente. Convém não deixar limpar o pafismo mai-lá-sua Marilú.
fontes:
[1] Lista dos 10 maiores devedores à CGD. 23/06/2016, Revista Visão.
[2] Declaração de Jorge Pires, Membro da Comissão Politica do Comité Central. Conferência de Imprensa sobre a situação da Caixa Geral de Depósitos e os últimos desenvolvimentos políticos. 17/06/2016, PCP, Lisboa.
2017/03/15
A Nova Comissão e as antigas vigarices
A propósito de mais uma tentativa de por num mesmo saco de gatos o centrão politico e outros partidos que a esse centrão têm feito frente, aqui ficam, m a i s u m a v e z, as necessárias referências que provam o contrário:
1. Aqui o PCP rejeita a privatização da CGD, total ou parcial, realça que as sucessivas administrações foram determinadas pelos governos do PS, PSD e CDS, nomeia vários dos "negócios" ruinosos para que o banco público foi empurrado por essas administrações como por exempo a venda da Caixa Seguros e HPP e a alienação de importantes posições na EDP, na ZON e na CIMPOR. Denuncia que quem hoje reclama o «apuramento das razões e dimensão dos montantes de recapitalização são os que determinaram que perante o desmoronamento da banca privada, o banco público, ou seja a Caixa, fosse chamado a um conjunto de operações financeiras com o objectivo do Estado e dos recursos públicos se substituírem aos accionistas privados na resolução dos muitos problemas causados por uma gestão danosa de que são responsáveis, de que é exemplo o BPN. Os que hoje reclamam pelo apuramento das razões e dimensão dos montantes de recapitalização são os que expuseram a CGD a entidades como a Parvalorem SA, a Parups SA, e Participações SGPS no valor de 2.100 milhões de Euros de obrigações subscritas e 1.000 milhões de Euros de papel comercial»
2. Aqui o secretário geral do PCP faz notar que «Muitos dos problemas da Caixa resultam das opções das administrações e de sucessivos governos do PS, do PSD e do CDS.»
3. Aqui o PCP faz uma análise dos casos BES/GES e Baniff salientando que «O caso do Banco Espírito Santo e do Grupo Espírito Santo, é um dos que, como poucos, reúne com tanta clareza o conjunto de aspectos que resultam do funcionamento do sistema financeiro em capitalismo, desde o funcionamento interno do banco e do grupo, às suas relações com o chamado sistema de supervisão, passando pela sua relação com o tecido económico onde actua e onde tem interesses. O rol de ilegalidades cometidas impunemente, os ricos fabricados pela evasão fiscal e pela concessão de crédito sem garantias e a sucessão de operações cobertas pelas regras da política de direita levaram ao colapso de um grupo económico e financeiro que, só pela sua dimensão, representava uma ameaça para a estabilidade do sistema financeiro. A proposta do PCP para a constituição da Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão do BES e de todo o Grupo Espírito Santo permitiu uma percepção pública sobre a realidade do mundo do capital financeiro, bem como sobre o comportamento e funcionamento do interior de um grupo monopolista que foi, durante décadas, alimentado pelos próprios governos, fazendo uso de instrumentos do Estado.»
4. E para terminar porque este escrito já vai longo, aqui fica mais uma razão para o PCP exigir o controlo público da banca, também porque, como dizia o BE num cartaz: a banca é demasiado importante para ser deixada nas mãos de banqueiros.
1. Aqui o PCP rejeita a privatização da CGD, total ou parcial, realça que as sucessivas administrações foram determinadas pelos governos do PS, PSD e CDS, nomeia vários dos "negócios" ruinosos para que o banco público foi empurrado por essas administrações como por exempo a venda da Caixa Seguros e HPP e a alienação de importantes posições na EDP, na ZON e na CIMPOR. Denuncia que quem hoje reclama o «apuramento das razões e dimensão dos montantes de recapitalização são os que determinaram que perante o desmoronamento da banca privada, o banco público, ou seja a Caixa, fosse chamado a um conjunto de operações financeiras com o objectivo do Estado e dos recursos públicos se substituírem aos accionistas privados na resolução dos muitos problemas causados por uma gestão danosa de que são responsáveis, de que é exemplo o BPN. Os que hoje reclamam pelo apuramento das razões e dimensão dos montantes de recapitalização são os que expuseram a CGD a entidades como a Parvalorem SA, a Parups SA, e Participações SGPS no valor de 2.100 milhões de Euros de obrigações subscritas e 1.000 milhões de Euros de papel comercial»
2. Aqui o secretário geral do PCP faz notar que «Muitos dos problemas da Caixa resultam das opções das administrações e de sucessivos governos do PS, do PSD e do CDS.»
3. Aqui o PCP faz uma análise dos casos BES/GES e Baniff salientando que «O caso do Banco Espírito Santo e do Grupo Espírito Santo, é um dos que, como poucos, reúne com tanta clareza o conjunto de aspectos que resultam do funcionamento do sistema financeiro em capitalismo, desde o funcionamento interno do banco e do grupo, às suas relações com o chamado sistema de supervisão, passando pela sua relação com o tecido económico onde actua e onde tem interesses. O rol de ilegalidades cometidas impunemente, os ricos fabricados pela evasão fiscal e pela concessão de crédito sem garantias e a sucessão de operações cobertas pelas regras da política de direita levaram ao colapso de um grupo económico e financeiro que, só pela sua dimensão, representava uma ameaça para a estabilidade do sistema financeiro. A proposta do PCP para a constituição da Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão do BES e de todo o Grupo Espírito Santo permitiu uma percepção pública sobre a realidade do mundo do capital financeiro, bem como sobre o comportamento e funcionamento do interior de um grupo monopolista que foi, durante décadas, alimentado pelos próprios governos, fazendo uso de instrumentos do Estado.»
4. E para terminar porque este escrito já vai longo, aqui fica mais uma razão para o PCP exigir o controlo público da banca, também porque, como dizia o BE num cartaz: a banca é demasiado importante para ser deixada nas mãos de banqueiros.
2017/03/12
As Últimas Trincheiras
Dia a dia, post a post, "Os Truques da Imprensa Portuguesa" têm feito mais pelo jornalismo português do que qualquer grupo económico capaz de imprimir papel às resmas.
Tenho pena que se vejam obrigados a perder tempo a refutar o obviamente desonesto? Tenho. Mas compreendo a necessidade de o fazer.
Gostava que o jornalismo nacional percebesse que só sobreviverá se regressar aos caminhos da ética, da independência económica e da investigação e certificação das noticias, abandonando o enfeudamento aos seus donos e o frenesim da corrida atrás de cibernoticias e clickbaits.
Gostava, mas não vou ter sorte nenhuma.
Restam-me alguns projectos jornalísticos que começam a surgir aqui e ali no ciberespaço. O AbrilAbril talvez seja o principal, já que pela primeira vez em mais de 20 anos encontro um jornal que posso ler de fio pavio com noticias do País que reconheço ser o meu.
Tenho pena que se vejam obrigados a perder tempo a refutar o obviamente desonesto? Tenho. Mas compreendo a necessidade de o fazer.
Gostava que o jornalismo nacional percebesse que só sobreviverá se regressar aos caminhos da ética, da independência económica e da investigação e certificação das noticias, abandonando o enfeudamento aos seus donos e o frenesim da corrida atrás de cibernoticias e clickbaits.
Gostava, mas não vou ter sorte nenhuma.
Restam-me alguns projectos jornalísticos que começam a surgir aqui e ali no ciberespaço. O AbrilAbril talvez seja o principal, já que pela primeira vez em mais de 20 anos encontro um jornal que posso ler de fio pavio com noticias do País que reconheço ser o meu.
2017/03/05
Porque (ainda) é Domingo
Бабушка Sveta без интернета Um filmezinho delicioso este sobre a avó Sveta sem internet(a). |
O Coiso Disse Coisas
Para os mais desaconselhados que ainda dão ouvidos ao coiso que achava mal o balanço do comércio interno da UE ser igual a zero, o mesmo que pretendia transmitir confiança aos investidores do BES quinze dias antes do BES ir pelo cano abaixo aqui fica o terceiro segredo de fátima posto a nu pela geringonça.
Esta fica já aqui referenciada, mas um dia destes tenho de começar a compilar as coisas que o coiso diz para a gente se fartar de rir.
Esta fica já aqui referenciada, mas um dia destes tenho de começar a compilar as coisas que o coiso diz para a gente se fartar de rir.
2017/03/04
Contra factos não hà argumentos
Alguns factos referidos numa resposta a um ignorante mal formado:
«Os pesadelos de um preconceituoso»
[Diz] Um texto de um imbecil devorado pelo preconceito ou de um devoto soldadinho de propaganda candidato a labrego fascista:
“Os crimes de Estaline e a brutalidade do Exército Vermelho eram indesmentíveis. O legado de Mussolini e Hitler foi a saudável gestação de anticorpos contra o estatismo autoritário.”
Quando um pretensioso texto de opinião, revelador de uma miséria espiritual confrangedora que se expressa sobre todas as coisas de que se vai lembrando em erudita ciência oculta mas que, afinal, apenas resulta de atrevida e alegre ignorância, nos invade com um paragrafo deste género, somos levados a pensar que das duas uma; ou se trata de um imbecil devorado pelo preconceito ou de um devoto soldadinho de propaganda candidato a labrego fascista.
Atentemos no subtil da prosa: aos “crimes de Estaline e a brutalidade do Exército Vermelho”, o autor alude, em oposição, ao “legado de Mussolini e Hitler que foi a saudável” – aqui, o texto torna-se absurdo – “gestação de anticorpos contra o estatismo autoritário”. Foi? Gravidez? Estatismo autoritário? Foi isso que foi a barbárie nazi? Estamos, ao que parece, perante a douta visão e a opção do autor sobre o fascismo, o nazismo e a guerra.
Junho de 1944. Os nazis têm de atravessar, a caminho da Normandia, a região francesa entre a Dordonha e Limousin, zona que a intensidade das emboscadas produzidas pela resistência comunista do coronel Georges Guingouin, em coordenação com os agentes dos SOE ingleses, leva os alemães a apelidar aquela área de “a mortífera pequena Rússia”
Para progredir e limpar o terreno são mobilizadas as Waffen-SS, tropas de uma bárbara e assustadora violência, em particular a ferocidade fanática das divisões blindadas Das Reich e Totenkopf.
21 de Maio. Em Frayssinet-le-Gélat enforcam 10 mulheres nas varandas, fuzilam os homens e deitam fogo à aldeia.
28 de maio. Em Grolegac reúnem os habitantes no largo do café e matam 16 que depois regam com gasolina. Entre os mortos estão mulheres e crianças. Antes tinham entrado na vila com o cadáver do resistente católico Maurice Vergne preso no capô do carro.
9 de junho, Tulle. De madrugada, os nazis retiram de suas casas mais de 2 mil homens dos 16 aos 60 anos que são levados para a fábrica local. Pela manhã, as SS vão de porta em porta em busca de cordas. Vão enforcá-los.
O prefeito da região, Pierre Troulé, e o padre Espinosa imploram a Adolf Diekman, oficial das SS no comando, que poupe os civis inocentes. O nazi troça e responde: “Na Bielorrússia enforcámos mais de 100 mil, isto, para nós, não é nada. Lá transformávamos as cidades em florestas de enforcados.”
São enforcados 98, a corda acabou. Na praça central, os nazis assistem enquanto bebem e ouvem musica no café Tivoli, alguns desenham a cena. Os corpos ficam pendurados em varandas, candeeiros, árvores. São leiteiros, engenheiros, professores, canalizadores, operários, apenas um pertencia à Resistência.
Oradour-Sur-Glane, junho de 1944. O maior massacre de civis feito por nazis em França: 642 assassinados. Os homens fuzilados, as mulheres e crianças metralhadas e queimadas vivas na igreja local.
Em Wannsee, na reunião de membros superiores do governo da Alemanha nazi e líderes das SS realizada em janeiro de 1942, Heydrich descreveu como os judeus seriam executados e informou que a matança indiscriminada de homens, mulheres e crianças já tinha começado em junho de 1941, depois da operação Barbarossa contra os soviéticos, na aplicação do princípio da guerra total.
1942. União Soviética, Bielorrússia. Em menos de quatro anos de ocupação, a máquina assassina das Waffen-SS arrasa e faz desaparecer da face do planeta 628 aldeias.
De dois em dois dias, uma aldeia é destruída. Matam todos os homens e queimam vivas as mulheres, velhos e crianças que fecham em armazéns e escolas.
Mas estes não são casos isolados depois da operação na URSS. Os mesmos métodos são utilizados em toda a Europa porque consubstanciam uma ideologia e um objetivo: o extermínio, a eliminação física de grupos nacionais, étnicos, raciais ou religiosos. O genocídio. Termo e conceito utilizados pela primeira vez a partir da barbárie nazi.
O mesmo acontece em Lidice, na Checoslováquia, em junho de 1942, na Bélgica, na Grécia ou em Itália.
Agosto de 1944. Na vila toscana de Sant’Anna di Stazzema são executados 600 homens e mulheres. Semanas depois, em Marzabotto, Bolonha, são assassinados 950 homens, mulheres e crianças.
Mais de 80 milhões de mortos. As experiências com crianças em Auschwitz, os abajures em pele de Buchenwald, o gás de Dachau, as cinzas sobre chalés em Treblinka, o céu em chamas de Hiroxima e Nagasáqui. O sofrimento, os gritos alucinados das mães, o horror. Isto não tinha que ver com “estatismo” ou outra petulante idiotice. Era a liberdade e a civilização contra a barbárie e as trevas.
Tudo, e a história da Europa, é legado da resistência e do heroísmo de milhões de homens e mulheres, de todos os credos e religiões, de todas as ideologias e pátrias, que superaram diferenças e unidos souberam vencer o nazi-fascismo.
O resto, a petulância do zero, nem chega a ser alguma coisa. É só mesmo preconceito imbecil.
Artur Pereira em Jornal i de 2 de março de 2017
«Os pesadelos de um preconceituoso»
[Diz] Um texto de um imbecil devorado pelo preconceito ou de um devoto soldadinho de propaganda candidato a labrego fascista:
“Os crimes de Estaline e a brutalidade do Exército Vermelho eram indesmentíveis. O legado de Mussolini e Hitler foi a saudável gestação de anticorpos contra o estatismo autoritário.”
Quando um pretensioso texto de opinião, revelador de uma miséria espiritual confrangedora que se expressa sobre todas as coisas de que se vai lembrando em erudita ciência oculta mas que, afinal, apenas resulta de atrevida e alegre ignorância, nos invade com um paragrafo deste género, somos levados a pensar que das duas uma; ou se trata de um imbecil devorado pelo preconceito ou de um devoto soldadinho de propaganda candidato a labrego fascista.
Atentemos no subtil da prosa: aos “crimes de Estaline e a brutalidade do Exército Vermelho”, o autor alude, em oposição, ao “legado de Mussolini e Hitler que foi a saudável” – aqui, o texto torna-se absurdo – “gestação de anticorpos contra o estatismo autoritário”. Foi? Gravidez? Estatismo autoritário? Foi isso que foi a barbárie nazi? Estamos, ao que parece, perante a douta visão e a opção do autor sobre o fascismo, o nazismo e a guerra.
Junho de 1944. Os nazis têm de atravessar, a caminho da Normandia, a região francesa entre a Dordonha e Limousin, zona que a intensidade das emboscadas produzidas pela resistência comunista do coronel Georges Guingouin, em coordenação com os agentes dos SOE ingleses, leva os alemães a apelidar aquela área de “a mortífera pequena Rússia”
Para progredir e limpar o terreno são mobilizadas as Waffen-SS, tropas de uma bárbara e assustadora violência, em particular a ferocidade fanática das divisões blindadas Das Reich e Totenkopf.
21 de Maio. Em Frayssinet-le-Gélat enforcam 10 mulheres nas varandas, fuzilam os homens e deitam fogo à aldeia.
28 de maio. Em Grolegac reúnem os habitantes no largo do café e matam 16 que depois regam com gasolina. Entre os mortos estão mulheres e crianças. Antes tinham entrado na vila com o cadáver do resistente católico Maurice Vergne preso no capô do carro.
9 de junho, Tulle. De madrugada, os nazis retiram de suas casas mais de 2 mil homens dos 16 aos 60 anos que são levados para a fábrica local. Pela manhã, as SS vão de porta em porta em busca de cordas. Vão enforcá-los.
O prefeito da região, Pierre Troulé, e o padre Espinosa imploram a Adolf Diekman, oficial das SS no comando, que poupe os civis inocentes. O nazi troça e responde: “Na Bielorrússia enforcámos mais de 100 mil, isto, para nós, não é nada. Lá transformávamos as cidades em florestas de enforcados.”
São enforcados 98, a corda acabou. Na praça central, os nazis assistem enquanto bebem e ouvem musica no café Tivoli, alguns desenham a cena. Os corpos ficam pendurados em varandas, candeeiros, árvores. São leiteiros, engenheiros, professores, canalizadores, operários, apenas um pertencia à Resistência.
Oradour-Sur-Glane, junho de 1944. O maior massacre de civis feito por nazis em França: 642 assassinados. Os homens fuzilados, as mulheres e crianças metralhadas e queimadas vivas na igreja local.
Em Wannsee, na reunião de membros superiores do governo da Alemanha nazi e líderes das SS realizada em janeiro de 1942, Heydrich descreveu como os judeus seriam executados e informou que a matança indiscriminada de homens, mulheres e crianças já tinha começado em junho de 1941, depois da operação Barbarossa contra os soviéticos, na aplicação do princípio da guerra total.
1942. União Soviética, Bielorrússia. Em menos de quatro anos de ocupação, a máquina assassina das Waffen-SS arrasa e faz desaparecer da face do planeta 628 aldeias.
De dois em dois dias, uma aldeia é destruída. Matam todos os homens e queimam vivas as mulheres, velhos e crianças que fecham em armazéns e escolas.
Mas estes não são casos isolados depois da operação na URSS. Os mesmos métodos são utilizados em toda a Europa porque consubstanciam uma ideologia e um objetivo: o extermínio, a eliminação física de grupos nacionais, étnicos, raciais ou religiosos. O genocídio. Termo e conceito utilizados pela primeira vez a partir da barbárie nazi.
O mesmo acontece em Lidice, na Checoslováquia, em junho de 1942, na Bélgica, na Grécia ou em Itália.
Agosto de 1944. Na vila toscana de Sant’Anna di Stazzema são executados 600 homens e mulheres. Semanas depois, em Marzabotto, Bolonha, são assassinados 950 homens, mulheres e crianças.
Mais de 80 milhões de mortos. As experiências com crianças em Auschwitz, os abajures em pele de Buchenwald, o gás de Dachau, as cinzas sobre chalés em Treblinka, o céu em chamas de Hiroxima e Nagasáqui. O sofrimento, os gritos alucinados das mães, o horror. Isto não tinha que ver com “estatismo” ou outra petulante idiotice. Era a liberdade e a civilização contra a barbárie e as trevas.
Tudo, e a história da Europa, é legado da resistência e do heroísmo de milhões de homens e mulheres, de todos os credos e religiões, de todas as ideologias e pátrias, que superaram diferenças e unidos souberam vencer o nazi-fascismo.
O resto, a petulância do zero, nem chega a ser alguma coisa. É só mesmo preconceito imbecil.
Artur Pereira em Jornal i de 2 de março de 2017