2018/02/27

War On Drugs ... ou será pelas drogas?

É só mais uma lista. Mais uma. Esta é de 35 países onde os paladinos da democratação ajudaram fascistas, barões da droga e terroristas, de A de Argentina a Z de Zaire.

35 countries where the U.S. has supported fascists, drug lords and terrorists
As the situation in Ukraine continues to fester, a handy history guide — from A (Argentina) to Z (Zaire)
(Nicolas J. S. Davies in Alternet.org, 2014/08/03)

The U.S. is backing Ukraine's extreme right-wing Svoboda party and violent neo-Nazis whose armed uprising paved the way for a Western-backed coup. Events in the Ukraine are giving us another glimpse through the looking-glass of U.S. propaganda wars against fascism, drugs and terrorism. The ugly reality behind the mirror is that the U.S. government has a long and unbroken record of working with fascists, dictators, druglords and state sponsors of terrorism in every region of the world in its elusive but relentless quest for unchallenged global power.

Da Série: Miséria do Capitalismo (III)

homeless man sits at the steps of a store in lower east side, Manhattan, New York City

Era assim em finais de 2017 e só tem piorado. Os mais ricos continuam a enriquecer ainda mais e os mais pobres a empobrecer ainda mais.

Este não é o mundo em que, ainda há 20 anos, imaginei viver.

American Dream’ quickly becoming an ‘illusion,’ says UN human rights expert
(in UN News Center, 2017/12/15)
homeless man sits at the steps of a store in lower east side, Manhattan, New York City. UN Photo/Pernaca Sudhakaran

The number of Americans living in poverty and the already high income inequality could worsen further in the days to come, making the United States the most unequal society in the world, [...]

“The American Dream is rapidly becoming the American Illusion, as the US now has the lowest rate of social mobility of any of the rich countries,” said the UN Special Rapporteur on extreme poverty and human rights, Philip Alston, Friday, at the end of a fact finding mission to the country.

“Instead of realizing its founders’ admirable commitments, today’s United States has proved itself to be exceptional in far more problematic ways that are shockingly at odds with its immense wealth and its founding commitment to human rights,” he added.

Da Série Miséria do Capitalismo (V)

Colheita de Fome
(António Santos in Avante!, 2018/02/23)

Nos EUA, mais de 46 milhões de pessoas recorrem diariamente ao cartão do Programa de Assistência Nutritiva Suplementar (SNAP, na siga inglesa) para não passarem fome. A proposta de Trump, apresentada na semana passada, é que os beneficiários dos food stamps, como é conhecido o programa federal, não tenham mais a liberdade de escolher o que comem.

2018/02/26

Guta - e agora para algo completamente diferente

Vale sempre a pena ler os outros lados das noticias que nos metem casa adentro. Agora o sound-byte é Guta, e não vou aqui defender a teoria das falsas noticias. Vou tão só, saudavelmente, interrogar-me sobre o que não é dito acerca dos bombardeamentos em Guta. Quem são esses "inocentes e solidários" capacetes brancos que se filmam a filmar até à exaustão? Onde andam e o que fazem os membros da al-Nushra (ou da alquaida, ou do daesh, ou rebeldes, ou oposição Siria no estrangeiro - escolham a vossa mantra) que "galhardamente" defendem Guta do pérfido exército àrabe sirio? O que é que o Ocidente fez depois de Alepo, para ajudar a evacuar os civis de Guta? Ou preferiram deixá-los lá para serem filmados quando o governo voltasse "a tomar posse" do território sírio? Num momento em que estamos prestes a ver uma segunda edição de Aleppo, talvez valha a pena tentar outras perspetivas. Só para não cairmos nos mesmos maniqueismos over and over again. @Refer&ncia

Sem titulo
(Robert Fisk in The Independent)

«Mas, curiosamente, esses grupos armados são ignorados quando exprimimos a nossa indignação pela carnificina em Guta. Não há jornalistas ocidentais para os entrevistar - porque esses defensores de Guta nos cortavam a cabeça (um facto que também preferimos não mencionar) se tivéssemos a audácia de tentar entrar nos suburbios cercados. E - facto incrivel - mas imagens que recebemos não há um único homem armado. Isto não quer dizer que as crianças feridas e mortas ou os cadáveres ensanguentados [...] não sejam reais ou que os filmes sejam falsos. Isso quer dizer que as imagens não mostram toda a verdade. Estes filmes - e quem os faz - evitam mostrar-nos os combatentes da al-Nusrah que estão em Guta. E não há a mijima possibilidade que alguma vez nos-los venham a mostrar.»

2018/02/25

A Cuba de um Homem com Coluna Vertebral

Como Cuba revela toda a mediocridade do Ocidente
(Viktor Dedaj in legrandsoir.info, 2018/02/25)

Há assuntos que estão para os jornalistas, como os recifes estão para os marinheiros: são zonas a evitar. Uma vez assinalados e cartografados, as rotas da informação irão sistematicamente contorná-los, sem sequer se questionarem.

E se por acaso um viajante imprudente se decidir a entrar numa dessas zonas, ignorando os sinais de aviso, com as simbólicas caveiras, e regressar indemne, será dito que simplesmente teve sorte, ou que é maluco, ou as duas coisas em simultâneo. Para esse viajante não haverá desfiles comemorativos pelo seu regresso, nem lançamento de serpentinas, nem serões à volta da lareira com o narrador a manter em suspenso um público cativado.

E pouco importa que ele tenha feito a travessia uma, duas, ou vinte vezes, que tenha regressado com os braços carregados de amostras, de episódios vividos, de especiarias ou de peças em ouro, afirmar-se-á que ele divaga com as suas histórias de dragões e de sereias, mesmo que fale sobretudo de mares azuis, de ilhas paradisíacas e de povos acolhedores (mas também de dragões e de sereias).

Mas, se estiverem na disposição, ponham mais umas achas no fogo e juntem-se a mim. Não temam, não tenho nada para vender e não vos pedirei nada em troca.

Se tiverem um pequeno cálice de rum para a minha garganta seca, não recusarei.

Intolerância é Eufemismo

Três sinais numa semana. Um raper condenado a três anos de prisão, pelas letras das suas músicas, um livro, sobre o narcotráfico na galiza, retirado de circulação, e uma obra de arte, alusiva aos presos politicos catalães, removida da arco. Por três vezes, em três situações distintas, perante diferentes circunstâncias, a actuação do estado repressivo, do estado ao serviço do capital, da monarquia castelhana, mostrou a sua real face. À contestação política o estado respondeu com a violência repressora.

E como ainda hà pouco se referia aqui um excelente discurso de António Avelãs Nunes na abertura do FSM da Pessoa Idosa que abordava com extrema lucidez o esboroar das fronteiras democráticas aqui fica o aviso: «[...] As soluções ’brandas’ que têm sido adoptadas só serão prosseguidas se “o modelo chileno dos anos 1970” não ficar disponível para o grande capital financeiro. Se as condições o permitirem (ou o impuserem, por não ser possível continuar o aprofundamento da exploração dos trabalhadores através dos métodos ‘sofisticados’ actualmente utilizados), o estado capitalista pode vestir-se e armar-se de novo como estado fascista, sem as máscaras que actualmente utiliza.» @Refer&ncia

2018/02/24

Prioridade: Valorizar o Trabalho


Assistentes Operacionais sobem para os 635€
(Editorial in Avante!, 2018/02/22)

«[...] São avanços como este que explicam a evolução da situação económica do País. Foi no essencial graças ao seu impacto, a que se associou a evolução favorável da conjuntura externa, que vimos o País crescer, porque foi travada a política de cortes nos salários, nas reformas, nos direitos, nos rendimentos do povo e de aumento dos impostos sobre o trabalho, que, no governo, PSD e CDS tinham em curso e pretendem retomar.

E outros avanços e de maior envergadura seria possível conseguir, com reflexo no crescimento e no emprego, se não pesasse negativamente na evolução do País o actual quadro de constrangimentos e condicionamentos externos, como os que são impostos pela União Europeia e pelo euro e os seus instrumentos de submissão; se não permanecessem enormes resistências à política de restituição de direitos e rendimentos por parte do Governo PS; se os grupos monopolistas não dominassem os nossos sectores estratégicos, com todas as desastrosas consequências conhecidas.»

2018/02/21

Polónia de Regresso ao Fascismo

Manuel Loff de ODiario.info
Polónia: vítimas, cúmplices e manipuladores
(Manuel Loff in Público, 2018/02/03)

Há anos visitei o Museu da Insurreição de Varsóvia (de 1944, contra o ocupante nazi). Além do tom de ludicização da história, que transforma os museus em quase-discotecas (música, ruído de bombardeamentos e do matraquear das metralhadoras, actores que “reconstituem” a história…), nele se exalta a Polónia mártir e heróica, atraiçoada por todos (soviéticos, britânicos, americanos). No final, um colega polaco que me acompanhara, percebendo o desconforto meu e o de uma colega grega, explicou-nos que a historiografia polaca desde a queda do regime comunista se dividia entre “nacionalistas” e “patriotas”…

A Sérvia, ainda e sempre a Sérvia, uma e outra vez

Não conheço o sr. major-general, e até hoje só simpatizei com um outro, um de engenharia que foi primeiro-ministro durante os mais fantásticos meses da minha vida, mas este sr. general esteve lá, viu e presenciou. Não fala por ouvir dizer, por ver na têvê, ou ler nos jornais, fala com base no que viu.

O que conta lembra-me que Slobodan Milošević acabou fulgurantemente suicidado com um enfarte de miocárdio, na prisão do tribunal que o ilibou discretamente, depois de os mediáticos produtores de fake-news o terem condenado publicamente, em lume brando, durante os muitos anos em que a sra. Del Ponte recolhia provas e testemunhos das limpezas étnicas que, vimos hoje a saber, terão sido levadas a cabo pelos aliados dos alemães e dos estado-unidenses.

A verdade é como o azeite, mas por vezes vem tarde de mais, só chega depois de os vencedores reescreverem a história com «factos-alternativos» @Refer&ncia

Uma tese polémica: “O grande genocídio aconteceu na Krajina, não em Srebrenica”
(Entrevista com o Major-general na reserva Carlos Branco in Expresso 2016/11/23)

Esta será, muito provavelmente, uma das teses mais polémicas do livro que o major-general Carlos Branco lança esta quinta-feira em Lisboa. Duas décadas depois de ter sido alcançada a paz, o antigo observador militar ao serviço da ONU na Bósnia critica ainda os media internacionais por terem coberto conflito nos Balcãs alinhados com os interesses das grandes potências e a forma pouco isenta como os crimes de guerra foram julgados pelo Tribunal Internacional Penal para a Antiga Jugoslávia.

RBI - Se os moedas arrojas & cia são a favor ...

... Eu sou contra.

Confesso que sempre estranhei algum consenso neo-liberalizante em redor do apadrinhado ovo de colombo, confesso que hà muito venho argumentando em prol da justa e óbvia redistribuição das mais valias produzidas pelo trabalho, através de uma justa e óbvia redução dos horários de trabalho, reduzindo assim a expropriação privada da mais valia que socialmente produzimos.

Deixo aqui um texto do Daniel Oliveira sobre o assunto porque em três pazadas arruma com o neo-liberal pacote «fim da progressividade fiscal-rendimento básico universal-flexibilidade laboral».@Refer&ncia

RBI: matar a serpente ainda dentro do ovo
(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 2018/02/21)

Carlos Moedas e Pedro Duarte apresentaram uma moção ao último congresso do PSD onde defenderam “um novo contrato social que assegure sustentabilidade ao sistema e eficácia ao modelo”. Eles explicam: “O debate deve questionar a justiça da atual progressividade fiscal, deve estudar formatos inovadores como o rendimento básico universal e deve equacionar novas políticas ativas de emprego, dando a flexibilidade que a nova economia exige, sem pôr em causa a segurança que legitimamente os cidadãos anseiam.”

As Eleições no Nepal

Já lá vai o tempo em que os comunistas faziam revoluções e a direita golpes de estado contra-revolucionários. Agora, a moda é a esquerda ganhar eleições e a direita dar golpes de estado totalitaristas.

O "fim-da-história", pago pela CIA em diamantes, vê-se no facies canino do corrupto #foratemer, que se alçou ao poder para por militares nas ruas, dos neo-nazis ucranianos, dos fora-da-lei caprilistas da Venezuela ou dos chapeleiros hondurenhos. O processo histórico, esse continua, agora com comunistas marxistas leninistas e maoistas a juntarem-se para governar o Nepal ... sem socializar os meios de produção. A sério? Queres ver que vão experimentar a social-democratização do NEPal? @Refer&ncia

2018/02/18

O Fórum Social Mundial dos Idosos foi entre 22 e 26 de Janeiro

Desde sexta feira que as televisões me metem pela casa dentro imagens de um salão com negras figurinhas patéticas sobre fundo laranja que debitam soundbytes a partir de um pulpito, conversas de lana-caprina, zangas de comadres, juras de vassalagem com prazo de validade, tudo lixo desinformativo. Aconteceu, é um facto, esteve dentro de minha casa durante três dias.

Entre 22 e 26 de Janeiro deste ano decorreu em Porto Alegre um Fórum Social Mundial da População Idosa onde se debateu a problemática do envelhecimento populacional, se identificaram os principais problemas com que se debate esta, cada vez mais vasta e desprotegida, franja da sociedade e se apontaram soluções, medidas concretas para os partidos politicos incluirem nos seus programas, as ONG's executarem no terreno e os governos se sobreporem ao regabofe do lucro transnacional corporativo. Ouviram uma palavrinha que fosse nos caneiros televisivos? Nas capas dos jornais? Nas rádios? Não? Pois! É o silenciamento da alternativa. O que não passa na TV não existe, não aconteceu.

Mas este Fórum Social Mundial foi um facto e só para dar um saborzinho do pensamento alternativo, deixo-vos aqui com o discurso do Professor Catedrático da Universidade de Coimbra António Avelãs Nunes copiado diretamente d'ODIário.info. @Refer&ncia

Para sairmos desta caminhada vertiginosa para o abismo, é necessário evitar que o mercado substitua a política
(António Avelãs Nunes in FSM 2018 Porto Alegre, 2018/01/23)

«Neste tempo de crise estrutural do capitalismo os trabalhadores do Brasil, da América Latina, da Europa, dos EUA e de todos os continentes hão-de compreender a urgência de transformar o mundo, começando por mudar as políticas levadas a cabo nas últimas três ou quatro décadas pelo estado capitalista»

DAESH: A Marioneta Estado-Unidense

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Daesh: a história escondida
(José Goulão in AbrilAbril, 2018/02/15)

Não restam hoje dúvidas de que a estrutura mercenária do Daesh funciona como um corpo clandestino do Pentágono, da própria NATO, no quadro da privatização crescente das operações militares nos campos de batalha.

o liquidado. O Estado Islâmico ou Daesh, por certo a organização criminosa de maior envergadura montada sob a fachada do «extremismo islâmico» para servir nas guerras de agressão e expansão lançadas este século, capitulou às mãos dos exércitos iraquiano e sírio, reforçados com o apoio de forças militares russas chamadas pelo governo legítimo de Damasco. Não, a chamada «coligação internacional anti-Daesh», comandada pelo Pentágono, nada teve a ver com o desfecho, antes pelo contrário, exceptuando o caso da sangrenta reconquista da cidade de Mossul, no Iraque.

Tornado ineficaz em termos de consolidação dos objectivos que originalmente lhe foram estabelecidos, designadamente o desmembramento do Iraque e da Síria e a remodelação das fronteiras estabelecidas no primeiro quartel do século XX naquela região do Médio Oriente, o Daesh está a ser reciclado para novas funções, definidas de acordo com os interesses transnacionais e globais de quem mais se tem servido dele, em primeiro lugar o Pentágono e a NATO.

O Exército Saiu à Rua na Capital do Samba

A pretexto de um propalado aumento da criminalidade o exército tomou conta do Rio de Janeiro. O golpista #ForaTemer atolado em corrupção e com a mais baixa taxa de popularidade da história, com dificuldade em aprovar no congresso a reforma da previdência, tenta desviar as atenções cavalgando a segurança nacional, tema em alta no Brasil pós golpe.

Imaginem as sanções que não estariam em cima da mesa se fosse o democraticamente eleito Maduro da Venezuela a promulgar tal decreto ...

2018/02/15

A Venezuela pelos Olhos de um Perito da ONU

Não conheço o senhor de lado nenhum, mas de acordo com diferentes noticias de diversas fontes Alfred de Zayas, advogado norte-americano e perito da ONU em questões humanitárias, esteve na Venezuela desde Novembro passado, falou com representantes do governo, da oposição e de várias ONGs, e não viu fome, miséria, subnutrição ou qualquer tipo de crise humanitária, mas adverte para o perigo de se estar a usar esse falso argumento para justificar uma intervenção militar.

Ouviram alguma coisa sobre o assunto? Leram? Viram? Não? Pois!

2018/02/14

Afeganistão - o exemplo do terrorismo imperialista

Afeganistão, onde as pessoas são o que menos interessa
(António Abreu in AbrilAbril, 2018/02/13)

Falar do Afeganistão, 16 anos depois de as Twin Towers ainda esperarem a verdade desse massacre fundador, é um percurso de dor e de uma consciência que se vai construindo, através das peças de um puzzle onde as pessoas parecem ser o que menos interessa.

Mas também constitui uma oportunidade para recuperar hoje elementos essenciais da situação no Afeganistão para se compreender como tudo surgiu e porque muito ainda se mantém.

A recente série de atentados terroristas no Afeganistão

Há duas semanas, no dia 29 de Janeiro, um ataque suicida perpetrado por cinco atacantes, contra um posto militar em Cabul, próximo da principal academia militar do país, deixou 11 soldados mortos e 15 feridos. Quatro dos atacantes foram mortos ou fizeram-se explodir e um quinto terrorista foi preso. O ataque foi reivindicado pelo Estado Islâmico (EI, Al-Qaeda e Talibans interpenetram-se num jogo de espelhos comandado por serviços secretos ocidentais que os criaram e/ou assessoraram).

Critica da Imprensa Corporativa - I

No dia em que as parangonas são os juros dos cartões de crédito, as armas para a PSP na luta contra o terrorismo(*), a lei da paridade e os rendimentos da fundação, o prémio de "Irrelevância Criativa" vai para o "i", com o seu importado e consumista dia do consumo à pala de serem namorados, ou gostarem uns dos outros, ou não terem nada que fazer vou-com-el@-ao-chopem-a-ver-se-abicho-qualquer-coisa. Mas estaria a ser injusto se, em tanta primeira página, não reconhecesse uma única notícia. Claro que as há! Uma ou duas, mas apesar de tudo aparecem. Coisas como o facto de o governo ainda ter na gaveta a lei da paridade, as repercussões nacionais da Lava-Jato brasileira ou mesmo os desenvolvimentos em redor do independentismo catalão são sem dúvida notícias, todas na capa do DN.

Depois?

Bem, depois vêm "as curtas". Coisas como o carnaval que já acabou e a musa do Ricardinho são desculpas para o líder de audiências mostrar carne. O futebol só está ausente nas capas da Sonae e da Newsplex. Mais uns carnavais e uns dias de consumo à lá americana e o uso que as vítimas de AVC fazem do 112 completam o ramalhete das irrelevâncias com que os fazedores de factos tentam enganar otários e pescar compradores.

Porque é que não compro jornais?

As capas são as montras dos conteúdos e pelas parangonas se percebe que nenhum dos editores sabe o que é informar, talvez tenham uns laivos de marketing ilustrados por umas interpretações esconsas de estudos de mercado, mas sobre jornalismo népias. Notícias? Nada que vá além do dono que mordeu o cão, e muitas vezes mesmo aquém do cão que mordeu o dono («Portugueses levam 2 horas a chamar o 112», «Medicina Chinesa abre» uma guerra de arlequim e mangerona nas licenciaturas, «séries da BBC com tecnologia» cá da casa).

Mas até há notícias

E no entanto haveria muito para encher as capas com informação, desde o facto de 51% das receitas dos hospitais privados serem provenientes do estado, isto é, dos nossos impostos, passando pelos dados do último boletim do INE de onde concluímos que a «Reposição de rendimentos resulta no maior crescimento económico desde 2000» até às noticias do Trabalho, para sabermos que a «Hotelaria do Norte tem 80 mil trabalhadores com salários congelados» e que o Metro de Lisboa subcontrata para colmatar necessidades quando essa «Opção sai mais cara do que contratação directa», ou que nos dizem algo sobre o mundo em que «Pela primeira vez, um órgão de supervisão europeu, o Comité Europeu de Direitos Sociais, reconhece, explicitamente, direitos sindicais para o pessoal militar [na Irlanda].»
Eu sei que isto dito assim até parece publicidade ao AbrilAbril, mas não é, trata-se apenas de constatar que onde há jornalistas nascem notícias e onde sobrevivem jornaleiros cresce erva ruim.

(*) Búúúuu tenham medo, muito medo do terrorismo, assim não vêm os nossos donos a meter ao bolso os vossos impostos.

2018/02/13

Os CIÁ (ticos) "white helmets"

Quando o exército ocupante israelita bombardeia território sírio, uns dias depois de o exército invasor estado-unidense atacar, no interior da Síria, uma coluna do exército do estado sírio, eu, que nem sou sírio, nem especial apoiante do governo sírio, acho um bom momento para postar um link de um documentário sobre a famosa co-produção estado-unidense-grã-bretona que dá pelo nome de capacetes brancos e até ganhou um oscar na versão hollywoodesca. E não, não é teoria da conspiração, é mesmo um facto.

2018/02/05

A (in) Justiça dos Democratadores

TPIJ, braço «judicial» da destruição da Jugoslávia
(Gustavo Carneiro in Avante!, 2018/01/18)

Em Fevereiro de 1933, poucos dias após assumirem a chefia do governo alemão, os nazi-fascistas incendiaram o edifício do parlamento germânico, o Reichstag, e responsabilizaram os comunistas pelo crime. Nos dias seguintes, militantes e eleitos do Partido Comunista Alemão foram presos e acusados da autoria do incêndio, juntamente com três comunistas búlgaros, entre os quais o dirigente da Internacional Comunista Georgui Dimitrov. A encenação de julgamento realizada em Leipzig, com transmissão via rádio, tinha tudo para se transformar num auto de fé anticomunista e na definitiva consagração do poder nazi, não fosse a vibrante e corajosa defesa de Dimitrov ter deixado claro aos olhos do mundo que tinham sido os fascistas e não os comunistas a atear o fogo.

Sessenta anos depois, o Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia teve objectivos semelhantes, ao pretender conceder uma aparência jurídica ao criminoso processo de desmantelamento da Jugoslávia e de alargamento para Leste da NATO e da União Europeia, promovido sobretudo pelos EUA e Alemanha. Ao mesmo tempo, procurava legitimar a agressão externa ao país balcânico, que muito embora tenha tido nos bombardeamentos da NATO de 1999 o seu ponto alto se encontrava já nessa altura em marcha acelerada: o Estado federal multinacional e os seus principais defensores, os sérvios, foram os alvos principais; as vítimas, essas, foram aos milhares, de praticamente todas as nacionalidades e grupos étnicos.

Davos I: Apresentações Públicas, Vicios Privados

Pergunte-lhe como vai ser o futuro mas não se queixe se depois não dormir descansado
(Rute Sousa Vasco in thenextbigidea.pt, 2018/02/04)

Davos não é a Web Summit e também não é uma conferência TED. Mas essa será porventura a componente mais próxima do cidadão comum, o mesmo cidadão comum que olha com distância senão com desdém para a reunião que junta líderes políticos, económicos e sociais do mundo inteiro. Este texto é, por isso, para si, cidadão comum, como a esmagadora maioria, que não esteve em Davos e que provavelmente pouco se lembra do que lá se passou. Mas - se porventura tivesse estado, e recordemos que quase três mil líderes mundiais pagam entre 50 e 500 mil euros para ir a Davos - esta seria a conferência que não devia perder.

O protagonista chama-se Yuval Noah Harari, é historiador e dá aulas na Universidade Hebraica de Jerusalém. É também autor de dois livros amplamente citados, lá está, por líderes em vários quadrantes da sociedade. Importa dizer que também é lido por cidadãos comuns, a imensa maioria que tem capacidade de fazer esgotar livros até num país como o nosso com fracos hábitos de leitura Yuval Harari começou a rimar com best seller com o livro “Sapiens: Uma breve história da humanidade” que falava do nosso passado, enquanto humanidade. “Homo Deus: Uma breve história do amanhã” que fala do futuro desta nossa condição não ficou atrás e no verão aguarda-se o terceiro livro "21 lições para o século XXI".

2018/02/04

A Direita Não Perdoa

Lula Errou
(Rodrigo Perez Oliveira in Jornalistas Livres, 2018/02/03)

Não dá mais pra tampar o sol com peneira, negar o óbvio, defender o indefensável: Lula errou, errou feio e vai pagar por isso. Cansei de ficar fazendo malabarismo retórico na internet, defendendo quem tá errado.

Paciência é aquele tipo de coisa que tem limite. Errou tem que pagar. Simples assim.

Não é fácil admitir. Conto quase 32 anos. Votei pela primeira vez aos 16, em Lula. É óbvio!

Durante a metade desses 32 anos de vida, olhei para o governo federal e vi o partido dos trabalhadores lá, tocando o projeto político que me formou.

É que sou da geração REUNI, entendem? Me formei como professor e intelectual, da graduação ao doutorado, na universidade pública administrada pelos governos petistas. Todo aquele papo que vocês já conhecem: primeiro universitário da família, e blá, blá blá.

Trabalhei e estudei muito, muito mesmo. Mas tenho certeza, absoluta certeza, de que não chegaria aqui sem as políticas públicas petistas. Sou um entusiasta da ideia de mérito, pois uma sociedade que não se fundamenta no mérito acaba se transformando no império dos privilégios.

Afinal a Culpa É Mesmo dos Americanos

De acordo com os norte-americanos, a crise na Venezuela é mesmo obra das sanções ... norte-americanas. Segundo a RT, foi Rex Tillerson, o secretário de estado trumpista, a afirmar que as dificuldades porque os venezuelanos estão a passar têm a ver com as sanções impostas pelos EUA.

Depois de ter sugerido um golpe de estado militar como solução para a crise na Venezuela, Tillerson vem agora supesar o endurecimento de sanções petroliferas que restrinjam as exportações de derivados do petróleo para a Venezuela.

São os democratadores a democratar.

PS PSD e CDS Chumbam Reposição de Direitos

Para refer&ncia futura, aqui fica breve nota: PS PSD e CDS unem-se para chumbar a proposta do PCP de reposição do valor das horas extraordinárias e do descanso compensatório.

O PS de sempre, sempre ao lado do Capital. Lembre-mo-nos quando lhe quiserem dar maioria absoluta.

2018/02/02

A NATO e o Seu Rasto de Sangue

«Todas as guerras NATO geraram tragédias semelhantes, com um rastro de destruição dos Balcãs à Líbia e Médio Oriente. Os ministros anunciam que no «futuro próximo» Portugal irá «reforçar as capacidades, nomeadamente através da aquisição de novas aeronaves de transporte médio e do reforço da nossa capacidade naval» no âmbito da NATO. Entretanto, adia-se investimentos no SNS, transportes públicos ou na prevenção e combate a incêndios. Defendem «que a NATO se mostre cada vez mais preparada para a sua vocação a 360 graus», ou seja, o auto-proclamado ‘direito’ a intervir em toda a parte e sob qualquer pretexto. Mas a NATO é uma ferramenta criminosa de guerra, destruição, mentira e agressão imperialista. Que se acha acima da lei. Querem comprometer Portugal em futuras guerras contra o Irão, a RPD Coreia ou mesmo a Rússia e a China, decididas pelos EUA/Trump? Com que consequências? Para quê?»

Foquemo-nos no que é relevante

« [...] As propostas apresentadas pelo PCP na Assembleia da República [...] com medidas concretas visando a revogação das normas gravosas do Código do Trabalho e da legislação laboral da Administração Pública. Propostas que passam pela reposição dos montantes e regras de cálculo nas compensações por cessação e despedimento, tais como a garantia do critério de um mês de retribuição base e diuturnidades por cada ano completo de antiguidade, sem limite máximo de anos; pela reposição dos montantes e regras de cálculo do pagamento do trabalho extraordinário, trabalho suplementar e em dia feriado; pela garantia do período anual de férias para a duração mínima de 25 dias úteis para todos os trabalhadores; pela revogação dos mecanismos de adaptabilidade individual e do banco de horas individual e outras formas de desregulação de horários; pela reposição do princípio do tratamento mais favorável e a proibição da caducidade dos contratos colectivos de trabalho por via da sua renovação sucessiva até à sua substituição por outro livremente negociado entre as partes; pela revogação das normas da Lei de Trabalho em Funções Públicas que prevêem a aplicação dos mecanismos de desregulação dos horários de trabalho.»