2018/01/23

No lutar é que está o ganho

Os trabalhadores da Panpor, em greve parcial de 8 a 20 de Janeiro, conseguiram ver reconhecidas as suas reivindicações pela administração, nomeadamente os aumentos salariais e a questão da meia hora de refeição imposta pela empresa, a qual, afirmam os trabalhadores, «não é verdadeiramente tempo de refeição, mas sim tempo de trabalho». Em declarações ao AbrilAbril, Rui Matias, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (SINTAB/CGTP-IN), reiterou que os «objectivos [da greve] foram plenamente conseguidos». ;-)

2018/01/22

Marcelo Ficou Mal Na Selfie

As trabalhadoras da antiga Triumph estiveram à porta do palácio mas o presidente dos afetos e dos abraços não quis pousar com o trabalho.

Sobre o anticomunismo

A “ameaça vermelha”: medo e paranoia anticomunista
(Daniel Trevisan Samways in cafehistoria, 2017/01/22)

Surgido no século XIX, o anticomunismo consolidou-se como um poderoso discurso político no século XX e parece ainda estar vivo no nosso tempo.

Na polarização política que vem ganhando força no país – e, talvez, no mundo – alguns velhos bordões anticomunistas reaparecem como que vindos diretamente do período da Guerra Fria. Ou da década de 1930. Ou quem sabe de antes. E com isso, importantes perguntas tornam a emergir: o anticomunismo é uma característica exclusiva dos discursos “de direita”? Continuam sendo alimentados – e propagados – mais por um imaginário aterrorizante do que por referenciais teóricos e práticas ou ameaças reais? Que ações de exceção estes discursos legitimam?

Essas perguntas não são novas – fazem parte das investigações na área interdisciplinar que podemos chamar de “estudos sobre o anticomunismo” há bastante tempo –, mas demonstram a necessidade de compreender o fenômeno do anticomunismo em seu caráter histórico. E este é o objetivo principal desse artigo que, ao levantar algumas questões, pode também lançar algumas luzes sobre o presente.

E em 2017 o Capital Roubou ...

Mais de 80% da riqueza de todo o mundo nas mãos de 1% da população
(Diário de Notícias, 2017/01/22)

Mais de 80 por cento da riqueza criada no mundo em 2017 foi parar às mãos dos mais ricos que representam 1 por cento da população mundial, refere um relatório da organização não-governamental Oxfam hoje divulgado.

No relatório "Recompensem o trabalho, não a riqueza", a Comissão de Combate à Fome de Oxford (Oxfam, no acrónimo em inglês da confederação de 17 organizações não-governamentais) refere que metade da população mundial não ficou com qualquer parcela daquela riqueza.

Segundo a Oxfam, houve um aumento histórico no número de multimilionários no mundo: "atualmente existem 2.043 multimilionários no mundo e 9 em cada 10 são homens".

O estudo calculou que a riqueza dos multimilionários aumentou 13% ao ano em média desde 2010, seis vezes mais do que os aumentos dos salários pagos aos trabalhadores (2% ao ano).

O mesmo relatório indicou que em 2017 a riqueza desse grupo aumentou 762 mil milhões de dólares (622,8 mil milhões de euros), uma verba suficiente para acabar mais de sete vezes com a pobreza extrema no mundo.

Para a organização não-governamental, o crescimento sem precedentes do número de bilionários não é um sinal de uma economia próspera, mas um sintoma de um sistema extremamente problemático já que mais de metade da população mundial tem um rendimento diário entre 2 e 10 dólares (entre 1,6 euros e 8,1 euros).

"Enquanto o 1% mais rico ficou com 27% do crescimento do rendimento global entre 1980 e 2016, a metade mais pobre do mundo ficou com 13%", refere o relatório.

"Mantendo o mesmo nível de desigualdade, a economia global precisaria ser 175 vezes maior para permitir que todos passassem a ganhar mais de 5 dólares (4 euros) por dia", concluiu a análise.

O lançamento do relatório internacional da Oxfam é feito na véspera do Fórum Económico Mundial, que junta os principais líderes políticos e empresariais do mundo na cidade de Davos, na Suíça, entre 23 e 26 de janeiro.

2018/01/20

Não há dinheiro para quê?

«contabilizando as oito famílias com maiores investimentos em Lisboa, a mais-valia potencial acumulada em 2017 supera os três mil milhões de euros. O destaque vai para as famílias Queiroz Pereira detentora da SEMAPA e Navigator (+755,87 milhões de euros), Soares dos Santos detentora do Grupo Jerónimo Martins (+727,7 milhões de euros), Amorim que controla a GALP e a Corticeira Amorim (+410 milhões de euros) e Azevedo, detentora do Grupo SONAE (+407,4 milhões de euros).»

Ricas Familias
(Vasco Cardoso in Avante!, 2018/01/18)

Pelo insuspeito Jornal de Negócios ficámos a conhecer qual a evolução do património cotado na Bolsa de Lisboa de alguns dos principais grupos económicos portugueses, ou como lhe chamou na edição de 3 de Janeiro, os «ricos da bolsa».

2018/01/19

Centremo-nos no que é relevante

E neste momento são três as prioridades. A mais imediata, até por imposição de uns accionistas predatórios, é a rescisão da concessão dos ctt e sua renacionalização. As outras duas são lutas para durar. Pelo salário mínimo de 600 euros que o be+ps recusaram e pela revogação da legislação laboral pafista.

Não nos deixemos entreter com eleições de lana caprina, adormecer com adopções traficadas ou enganar com estimativas do banco de portugal.

O que eu quero ver são os ctt públicos, o salário minimo nos 600 e o fim da caducidade da contratação coletiva.

O resto é fumo para os olhos.

2018/01/17

Jean Salemn (1956, 2018)

No passado dia 14 de Janeiro faleceu o filósofo marxista Jean Salemn.

Que melhor homenagem do que ler e discutir um texto dele traduzido por João Paulo Gascão para o diário.info?

Marxismo, uma filosofia da praxis para a revolução
(Jean Salemn, XVII Jornadas Independentistas Galegas, 2013/04/20)

Marx, mais actual que nunca

1. Marx não é apenas um «clássico» do pensamento filosófico. Estou convencido que Marx é hoje mais contemporâneo para nós do que era há trinta ou quarenta anos! Tomemos, por exemplo, o Manifesto do Partido Comunista. Lembro-me de, quando o lia pela primeira vez, ir perguntar ao meu pai: que significa essa «concorrência» entre operários que os autores falam em várias ocasiões? A concorrência entre capitalistas, a concorrência mesmo no seio da burguesia, isso era na verdade evidente; mas a possibilidade de que existisse uma concorrência entre trabalhadores não parecia tão evidente, numa época em que os sindicatos eram fortes, em que a classe operária estava poderosamente organizada, numa época de pleno emprego (ou quase) e de políticas «keynesianas». Hoje em dia, pelo contrário, qualquer pessoa remetida para empregos cada vez mais precários e menos frequentes compreenderia isto desde a primeira leitura: efectivamente, o sistema repete-lhe constantemente «se não estás contente, e mais ainda se protestares, há mais dez que estão dispostos a ocupar o teu lugar!». Penso também naquele trecho em que Marx e Engels falam da prostituição, na altura muito alargada entre a classe operária inglesa: não era um fenómeno de massas na década de 1960. Mas, nos nossos dias, depois da grande «libertação» de 1989-1991, há mais de 4 milhões de mulheres que foram – literalmente – vendidas: e esta atmosfera de mercantilização generalizada dos objectos e dos seres humanos, a nossa, facilita-nos, mais uma vez a compreensão imediata do texto do Manifesto. Definitivamente, há muitas coisas que poderemos encontrar em Marx adaptando-as, claro está, à nossa própria época. Por isso é que continuo a acreditar que o marxismo se mantém, como filosofia, inultrapassável do nosso tempo.

A Selfie Que Continua a Faltar

No dia em que ao presidente dos afetos se lhe esgotaram os ditos, não foi só o AbrilAbril a fazê-lo notar, também o Manifesto74 já tinha dado por isso. Porque será que para o trabalho nem selfies há?

2018/01/15

A Arte da Chapelada

Cada directa cada vigarice. Desta feita foram uns quantos militantes com morada numa casa inexistente. Isso. Eu explico. Diz o espesso de sábado passado que há militantes do PSD com cotas em dia a viver na Rua dos Pescadores em números de porta que não existem. Isso mesmo. Faz de conta que o Sr Jacinto Leite do PSD vive na Rua dos Pescadores nº 21 e vai-se a ver, não existe nº 21 na Rua dos Pescadores. Melhor ainda, na secção do PSD de Ovar há 17 militantes a viver na Av. Infante D. Henrique nº 79 onde só habitam 8 pessoas, nenhuma delas militante. Isso. Há 17 militantes inscritos numa morada e vai-se a ver só lá vivem 8 pessoas e nenhuma delas é do PSD.

Não haja dúvida, até a feijões a direita dá chapeladas. Resta-nos rir com as parvoices do RAP.

2018/01/14

Lomustina - its capitalism you stupid!

Lomustina
(António Santos in Avante!, 2018/01/11)

Há palavras que estávamos melhor sem nunca as ter ouvido. Lomustina é uma delas. Não vos diz nada? Provavelmente é bom sinal. Grosso modo, só há no mundo três tipos de pessoas que sabem o que «lomustina» quer dizer: os doentes com tumores cerebrais, os trabalhadores que prescrevem, vendem e administram o medicamento aos doentes com tumores cerebrais e os empreendedores que, espertos, lêem «oportunidade de negócio» onde se lê «tumores cerebrais».

Da Série: Censoras Democrataduras

O documentário de Oliver Stone sobre o apoio americano aos nazis ucranianos teve a distribuição bloqueada perto de um ano no paraíso da democratadura capitalista. Para quando uma versão legendada?

2018/01/13

Da Série: Miséria do Capitalismo (II)

«Uma mulher que estava num centro médico em Baltimore, nos Estados Unidos, foi retirada do edifício e deixada sozinha na rua, com temperaturas negativas e apenas uma bata de hospital vestida. O caso aconteceu na noite de terça-feira, junto ao centro médico universitário de Maryland, e foi registado em vídeo e partilhado no FacebookDiz a insuspeita sincanews no intervalo da campanha do partido deles.

Da Série: a Miséria do Capitalismo (I)

Estados Unidos tem 40 milhões de pessoas na pobreza ou extrema pobreza
(in Carta Campinas, 2017/12/21)

Os Estados Unidos, um dos países mais ricos do mundo e considerado uma “terra de oportunidades”, está rapidamente se tornando campeão de desigualdades, de acordo com o relator especial das Nações Unidas para a pobreza extrema e os direitos humanos, Philip Alston.

A pobreza consolidada pode piorar ainda mais com as políticas propostas pela administração Trump, alertou o especialista em comunicado após visita de duas semanas a Califórnia, Alabama, Geórgia, Virgínia Ocidental e Washington D. C., assim como Porto Rico.

“O sonho americano está rapidamente se tornando a ilusão americana, enquanto os EUA têm agora a menor taxa de mobilidade social de todos os países ricos”, disse o especialista independente nomeado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU para analisar a situação de pobreza e de direitos humanos nos países do mundo.

2018/01/08

Da série: Donos Disto Tudo

Hà muito tempo percebi a importância de não descarregar nos capitalistas a culpa pelos desmandos do capitalismo. A coisa é mais complicada, mais orgânica, não são os "maus" capitalistas os culpados pelas desgraças do capitalismo, é o próprio sistema que produz capitalistas e se encarrega de exterminar os que não sejam suficientemente violentos, canibais, autofágicos. É o capitalismo que os selecciona. Só sobrevivem os maus.

A lista dos atuais donos do armamento ideológico veio do diário.info e fica aqui para referência futura:
Sumner Redstone (Murray Rothstein, Viacom, MTV),
Robert Iger (Disney),
Roger Ailes (Fox),
Stanley Gold (Shamrock ABC/Disney),
Barry Meyer (Warner Bros),
Michael Eisner (Disney),
Edward Adler (Time Warner),
Danny Goldberg – David Geffen (Dreamworks, Elektra/Asylum Records),
Jeffrey Katzenberg (Dreamworks, Disney),
Jean-Bernard Levy (Vivendi, França),
Joe Roth, Steven Spielberg, Ron Meyer, Mark Zuckerberg (Facebook),
Mortimer Zuckerman, Leslie Moonves (CBS).