2021/05/24

Morreu um Jornalista

Na morte de Carlos Santos Pereira 

Morreu um jornalista de política internacional como já não há

Nazismo e estalinismo : um debate viciado
(Carlos Santos Pereira, 6 de Dezembro de 2019, Público)

A resolução do Parlamento Europeu que há dez anos criou o Dia da Memória das Vítimas do Estalinismo e do Nazismo veio dar uma nova dimensão a uma polémica que se arrasta há décadas, ao apadrinhar as teses que equiparam os dois regimes como expressão do mesmo fenómeno político.

A controvérsia tem um marco fundador na publicação, em 1952, de The Origins of Totalitarism, em que Hannah Arendt identifica os regimes de Adolfo Hitler e de José Estaline como expressão acabada de uma realidade política inteiramente nova e distinta de outros tipos de despotismo ou ditadura: o “totalitarismo". Entre os elementos que identificam o fenómeno totalitário Arendt sublinha a emergência de um líder absoluto e alvo de um culto da personalidade, a propaganda em larga escala para mobilizar e doutrinar as massas, o recurso sistemático à violência, ao terror e em particular aos campos de concentração.

2021/03/07

Saúde Cubana - exemplo de humanismo


Os contributos de Cuba na luta contra a pandemia de covid-19
 

«Eles descobriram armas inteligentes. Nós descobrimos algo mais importante: as pessoas pensam e sentem.» – Fidel Castro

A pandemia de COVID-19 tem revelado o fracasso da maioria dos países capitalistas ocidentais nas suas políticas de saúde pública. Décadas de austeridade neoliberal, de cortes induzidos pelo FMI e pelo Banco Mundial em programas de saúde e educação, mostram agora os seus resultados em números alarmantes de contágio e de mortes espalhando-se pela América Latina, Europa e sobretudo pelos EUA. 

No ocidente, Cuba tem dado um exemplo de eficiência e mostrado que um outro caminho é possível na luta contra a pandemia. Os números falam por si, basta compararmos Cuba com outros países ou mesmo grandes cidades com populações semelhantes para termos um quadro muito claro da diferença nos resultados. Com uma população de cerca de 11.350.000 pessoas, Cuba teve até agora – 21 de Fevereiro – 45.361 casos acumulados de COVID-19 com 300 mortes. A cidade de Nova York, com cerca de 18.800.000 de habitantes, tem um total acumulado de 700.815 casos com 28.888 mortes. A Suíça, com uma população menor que a de Cuba, cerca de 8.600.000 pessoas, tem 550.224 casos acumulados de COVID-19 com 9.226 mortes. 

2021/02/05

Mais depressa se apanha um coxo

Foi só apanharem-se com poleiro para podermos ver, outra vez, como é no país dos iliberais laranjinhas & achegados. 

2021/01/31

Era uma vez umas negociatas mal contadas

Dois exemplos do paraiso neoliberal.

E vai um. Uma farmacêutica (privada) a quem a UE pagou, com o nosso dinheiro, o desenvolvimento (privado) de uma vacina (privada), não quer cumprir o contrato com a UE porque na loja do lado lhe pagam mais pela vacina (privada). Quem se escandaliza com o negócio (privado) ainda não percebeu que as farmacêuticas (privadas) não se meteram no negócio das vacinas para acabar com a doença mas sim para lucrar com a doença. São os mercados a funcionar meus filhos, são os mercados.

2021/01/21

Sobre o regime de partido único em vigor nos eua

A propósito do dia em que Biden tomou posse e Trump regressou ao reality show da sua vidinha, Jorge F. Seabra escreveu o texto que a seguir se transcreve.

As eleições presidenciais nos Estados Unidos, talvez pela possibilidade (não concretizada) de Trump vencer, despertaram comentários críticos à estruturação política dos USA, vindos de meios que, em condições "normais”, quase sempre os omitem. De facto, qualquer reserva quanto ao processo eleitoral norte-americano ou à sua lei fundamental, é habitualmente apagada pelos grandes meios de comunicação social e essa omissão torna-se ainda mais notória quando se trata de justificar o papel assumido pelos Estados Unidos de “polícia do mundo” e a sua ingerência em países soberanos a pretexto da defesa dos “direitos humanos”.

2021/01/19

A Referência Também Apoia A candidatura de João Ferreira

 O João Ferreira clarifica – Manifesto74 
(Bruno Carvalho - Manifesto74 - 2021/01/17)

Foi há poucos dias. Depois de escrever uma reportagem sobre o frio que os portugueses passam em casa, um dos entrevistados contou-me que uma mulher havia deixado de dar sinais de vida há poucos dias na aldeia dos seus pais, na Guarda. Cá fora, a vida decorria normalmente, como se nada fosse, mas atrás da porta, o corpo desta mulher estava em hipotermia e só foi descoberto depois de arrombarem a porta.

É assim o debate político. A narrativa mediática é que determina a campanha. Com sondagens para os gostos de alguns, debates que mais pareceram entrevistas e entrevistas que mais pareceram debates, assim como programas com comentadores ligados ao arco do poder, as eleições são um jogo viciado em que não há pé de igualdade entre candidatos. Cá fora, a vida decorre normalmente. Mas atrás dos cortinados, nos bastidores, há um país ligado às máquinas.

2021/01/02

Sobre a Guerra em Curso


O vírus mais letal não é o Covid-19 — é a guerra 
(John Pilger, in Resistir, 14/12/2020) 

O Memorial das Forças Armadas britânicas é um lugar silencioso, fantasmagórico. Localizado na beleza rural de Staffordshire, num arvoredo de umas 30 mil árvores e relvados envolventes, suas figura homéricas celebram determinação e sacrifício. Os nomes de mais de 16 mil soldados britânicos estão ali listados. A literatura diz que “morreram no teatro de operações ou foram alvos de terroristas”. 

No dia em que estive ali, um pedreiro estava a acrescentar novos nomes àqueles que haviam morrido em cerca de 50 operações por todo o mundo durante o período que é conhecido como “tempo de paz”. Malásia, Irlanda, Quénia, Hong Kong, Líbia, Iraque, Palestina e muitos mais, incluindo operações secretas tais como as da Indochina.