2018/12/15

Com redes se pescam votos

A extrema-direita já está a lançar, nas redes sociais nacionalistas, o isco com que pescou os votos trumpistas por esse mundo fora. Foi assim nos EUA, em Itália, no Brasil, e agora, mais recentemente, na espanhola Andaluzia. Sempre com bons resultados.

Primeiro lança o isco, sob a forma de eventos e polémicas que atraiam potenciais incautos para a zona onde serão lançadas as redes. Já por aí anda uma convocatória para um protesto amarelo que, mesmo trazendo pouca gente para a rua, vai certamente atrair muito mais para os grupos, páginas e comunidades que se multiplicam por essas redes social-nacionalistas. É isso que eles querem.

Lançado o isco é pescar, com as redes sociais, potenciais seguidores que possam, mais tarde, antes e durante as campanhas eleitorais, ser alvo de lavagens ao cérebro com maior ou menor grau de toxicidade.

Para perceber ao que vêm os coletes nacionalistas, vejam-se algumas das propagadas reivindicações. Cabe lá tudo e o seu contrário, da Lua a Vénus, do populista ao muito mau:
- Aumento de 80% do salário mínimo. Digo eu: venha ele! Mas a sério? 480 euros de aumento? Até eu gostava.
- Diminuição da taxação dos estrangeiros ricos. E aqui as coisas começam a entortar. Porquê "dos ricos"?
- Aumento do IVA da cultura. De facto! Cultura para quê? Faz falta a alguém? Mata a fome? Quem quiser teatro que o pague. Certo? Errado! Uma cultura cara é uma cultura dos e para os ricos. Já está tudo entornado.
- Quatro deputados por distrito. Os 32 000 habitantes de Évora elegeriam 4 deputados e o milhão de eleitores de Lisboa os mesmos 4. A sério? 8000 votos com o mesmo peso de 250 000? Ou é só para capitalizar nos amigos do botas que se deram tão bem durante os 48 anos de partido único? Partidos para quê? Afinal "os políticos" não "são todos iguais"? Basta um gauleiter para governar isto tudo. Ou não?

Resumindo, até eles sabem que dia 21 vão pôr meia dúzia de tristes na rua. O que eles querem são as redes, os contactos, os likes, a adesão aos grupos, às comunidades, às páginas. O que a extrema direita quer é pescar seguidores para mais tarde lhes fazer a cabeça.

E nós? Vamos deixar ou vamos começar já a denunciá-los? A cercá-los? A expô-los? A denunciar os discursos de ódio? Xenofobia? Anti-cultura? Do ódio aos "políticos que são todos iguais"? Até eles virem com o bolo-ventura deles!

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