A campanha que «antecedeu a designação pelos Estados Unidos de Juan Guaidó como “presidente interino” da Venezuela, em 21 de Janeiro de 2019, seguida pelas tentativas de golpe em Fevereiro e Abril» tem agora, passados quase dois anos, o completo desmentido. Afinal o êxodo massivo limitou-se a 6,5% das previsões da campanha de #fakenews que a dado ponto engoliu a ONU. Em lugar dos 5,3 milhões previstos pela ONU no Verão de 2018, só 340 mil pessoas abandonaram a Venezuela daí para cá, afinal menos do que o meio milhão de portugueses que emigrados no período da troika. E se compararmos os 10 milhões de portugueses com os 30 milhões de venezuelanos, a vigarice percentual é ainda mais gritante: em quatro anos de troika emigraram cerca 5% de portugueses, em dez anos de guerra híbrida fugiram 1,2% de venezuelanos. Estamos a aguardar que a qualquer momento os telejornaleiros dos telecaneiros abram as noticias com os factos agora apurados ... não?
"Êxodo em Massa" de venezuelanos: Mito Que Cai Por Terra
(Luís O. Nunes, O Lado Oculto, 2019/09/05)
A vaga de informação lançada há um ano sobre o êxodo em massa de venezuelanos, que estariam a fugir “da fome e da ditadura de Nicolás Maduro”, foi uma campanha de desestabilização organizada e inserida no processo de guerra híbrida comandada pelos Estados Unidos, confirmam agora dados divulgados pelo Alto Comissariado da ONU para os Refugiados.
A intoxicação de notícias sobre as vagas de venezuelanos em fuga a partir de Agosto de 2018, e na qual a ONU acabou também por participar, funcionou como uma expressão da utilização de refugiados como arma de guerra, que vários autores têm vindo a denunciar como uma componente das guerras híbridas.
A campanha antecedeu a designação pelos Estados Unidos de Juan Guaidó como “presidente interino” da Venezuela, em 21 de Janeiro de 2018, seguida pelas tentativas de golpe em Fevereiro e Abril. Como arma de guerra híbrida, a campanha sobre o suposto êxodo massivo acompanha o agravamento constante das sanções norte-americanas contra a Venezuela, as conspirações permanentes da extrema-direita que os serviços governamentais têm vindo a desmontar, os preparativos e ameaças de intervenção militar estrangeira, a perturbação do funcionamento de serviços básicos como o abastecimento de energia eléctrica, o roubo de ouro e activos financeiros do Estado venezuelano praticado por instituições públicas e privadas vários Estados membros da NATO e da União Europeia, entre os quais Portugal.
6,5% das "previsões"
Quando a campanha do “êxodo massivo” se iniciou, a generalidade dos media mainstream, no quadro de uma estratégia afinada, anunciaram que 18 mil pessoas fugiam por dia, sobretudo através da fronteira colombiana. A ONU integrou a campanha ao prever uma crise dramática resultante do facto de, até final do ano de 2019, existirem 5,3 milhões de refugiados venezuelanos em toda a América Latina.
Os números divulgados agora pelo Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados vêm comprovar a falsidade da campanha. As estatísticas oficiais, relativas a 31 de Dezembro de 2018, revelam a existência de 341 800 refugiados venezuelanos, muitos dos quais já regressaram ao país ao constarem o logro em que caíram depois de terem sido aliciados por promessas que não se cumprirem.
E muitos outros refugiados não regressaram ainda porque autoridades dos países vizinhos, designadamente da Colômbia, praticam múltiplos actos de sabotagem, chegando ao ponto de não dar autorizações de voo a aviões governamentais de Caracas reservados para transportarem os que desejam regressar ao seu país.
Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, os países mais afectados pelos êxodos de nacionais são a Síria, com 6,7 milhões de pessoas, seguida pelo Afeganistão, com 2,7 milhões, e pelo Sudão, com 2,3 milhões. Os cerca de 340 mil refugiados venezuelanos representam, portanto, 6,5 por cento dos 5,3 milhões calculados pela ONU no Verão de 2018, o que revela a falsidade da campanha conduzida contra os dirigentes legítimos da Venezuela.
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