2022/02/23

Sobre o Confronto Rússia vs. EUA

Não sei quem ganhará, mas sei que nós, os pacifistas bem intencionados já somos os principais derrotados. As duas panorâmicas que aqui recolhi não auguram nada de bom para os próximos tempos e ambos os autores têm leituras muito lúcidas da realidade, um sobre o que Putin esteve a explicar durante uma hora e outro sobre a indiscritivel passividade da União Europeia face aos vários desmandos que os EUA lhe têm imposto. Vejamos primeiro que disse Putin.

Não Sejamos Otimistas
(Francisco Seixas da Costa, CNN Portugal, 2022/02/22)

Não tendo uma natural vocação masoquista, dei comigo a pensar, no final da tarde de segunda-feira, por que razão, por quase uma hora, me entretive tanto a ouvir, numa muito profissional interpretação simultânea (num site russo, em espanhol), a integralidade da comunicação que Vladimir Putin fez ao país e ao mundo.

2022/02/16

Será a Ucrânia outro afeganistão agora no seio da europa?

Acho que compreendi a extensão do maquiavelismo do regime de washingtoNATO.

O objetivo é afastar definitivamente a euro-rússia da europa, empurrando-a para a ásia e cortando-lhe o comércio com o norte rico.

A estratégia passa por criar, na ucrânia, um estado falhado que evolua para um regime neo-nazi e possa vir a desestabilizar a euro-rússia por longos e maus anos, no limite, pela guerra, ou, na pior das hipóteses para o regime de washingtoNATO, servir como desculpa para impôr um bloqueio económico e financeiro que isole a euro-rússia da europa. Depois de vinte anos no afeganistão o regime de washingtonNATO deixou para trás, nas fronteiras da rússia e da china um estado falhado que irá desestabilizar toda a região por longos anos, agora vai fazer o mesmo na fronteira ocidental da rússia, aqui bem no centro da europa e longe da casa branca.

Olhando objetivamente para o desenrolar dos acontecimentos importa notar como se processou o jogo:

A) A expansão da nato para leste que hoje deixa fora das suas fronteiras apenas a ucrânia e a bielorússia, devidamente enquadradas por países da NATO.
B) O golpe da praça maidan, orquestrado pelo regime de washingtoNATO, separou definitivamente a ucrânia da rússia e tornou-a dependente da cada vez mais insuficiente ajuda dos países da NATO.
C) A eliminação sistemática da oposição na ucrânia, com a proibição do partido comunista, o fecho sistemático de rádios, jornais e televisões opositores, a legislação ultra-nacionalista e russófoba, empurram a revolta de uma economia falhada para as mãos do neonaziz financiados com dinheiros da NATO.
D) O abandono da ucrânia à sua sorte pelo regime de washingtonNATO, destruindo-a economicamente e remetendo-a para um estado semelhante ao da alemanha no pós primeira guerra, devastada pela guerra e arruinada pela crise mundial de 1921, é o que objetivamente podemos ver desde que o regime de washington começou a propagandear a tese da guerra: pela vertente da destruição do estado, o fim do turismo como fonte de rendimento, a fuga de capitais e o desinvestimento, agudizados agora com o fim dos vôos comerciais e a fuga dos oligarcas ucrânianos, a tal ponto, que é o próprio presidente ucraniano a pedir aos "amigos" para acabarem com a brincadeira, enquanto pela vertente bélica se assiste à venda maciça dos restos de coleção dos arsenais do regime de washingtoNATO.

E nós vamos deixar eclodir o ovo da serpente, outra vez, só porque o capitalismo precisa de destruir o imobilizado, outra vez, para aumentar a taxa de rendimento do capital?

2022/02/13

Um Olhar Esclarecedor Sobre um Conflito Indesejado


Por quem dobram os sinos em Kiev?

(Carlos Branco, O Jornal Económico,2022/02/11)

A compreensão dos acontecimentos presentemente em curso na Ucrânia exige um escrutínio dos factos, que vá para lá dos sound bites estridentes que confundem desinformação com informação, fazendo da verdade a primeira vítima da guerra, como uma vez alguém escreveu. De facto, estamos perante dois assuntos distintos, embora correlacionados: a proteção da população russa da Ucrânia, e a expansão da NATO para Leste, subsumindo-se o primeiro neste último.

A explicação não se encontra em abordagens maniqueístas dos bons contra os maus, mas sim na geoestratégia, que tem influenciado de modo decisivo a política externa das grandes potências.

Isso é bem visível no caso norte-americano. A política da contenção da União Soviética adotada por Washington, nos tempos da Guerra Fria, elaborada e desenvolvida por George Kennan, o arquiteto da estratégia americana para conter a União Soviética, fortemente inspirada nos trabalhos do geoestratega Nicholas Spykman, é um flagrante disso.