Da utopia dos mundos sonhados à transformação prática da realidade
(José Barata-Moura, Conferência «II Centenário do nascimento de Karl Marx – Legado, Intervenção, Luta. Transformar o Mundo», 2018/02/28)
1. Tema.
Escolhi para título da minha palradura de hoje: «Da utopia dos mundos sonhados à transformação prática das realidades».
Penso que esta formulação – em programa consequentemente desenvolvida – se apresenta como susceptível de traduzir aquele movimento específico que funda a teoria marxista do socialismo, e que, desde o fundo, interpela.
Nos termos sedimentados em que Marx o aborda, e concebe, o socialismo deixa de se cristalizar numa «aspiração» para se converter em transpiração.
Não dispensa os suores na viagem. E na viragem.
Implica um trabalho humano da história: no trânsito da representação peitoral de uns «ideais» generosos (pelos quais visionariamente se anseia) à materialização prática de revolucionamentos necessários (na sua possibilidade real, e no seu ângulo eficaz de incidência, compreendidos).
«Só há liberdade a sério quando houver a paz, o pão, a habitação, a saúde, a educação. Só há liberdade a sério quando pertencer ao povo o que o povo produzir.»(Sérgio Godinho)
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2018/03/23
Superar a Cultura de Catástrofe em Permanência
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Monumento Nacional. Tinta da china e fotografia. Diário de Lisboa,1969/11/21. João Abel Manta |
(Manuel Augusto Araújo in AbrilAbril, 2018/03/19)
Não haverá uma tradução que exprima a amplitude do significado de spleen, o que explica porque Baudelaire o utilizou, sem tentar traduzir, no título de um grupo de poemas Spleen de Paris e no título de vários dos poemas dessa série (*). Spleen é o que Walter Benjamin descreve «como o sentimento que corresponde à catástrofe em permanência». Nos tempos que se estão a viver é determinante para o pensamento único impor um sistema a partir de condições pré-estabelecidas para dissuadir os homens de intervir. Vive-se mergulhado num permanente spleen.
Sistema que faz prova de vida como se fosse um caleidoscópio em que, sempre com os mesmos cristais, quando se roda o tubo se transforma a desordem numa nova ordem e as sucessivas imagens virtuais simulam uma pulsação que não existe nem desinquieta a base com que se formam novas imagens. A realidade permanece quase imutável por debaixo das camadas de maquilhagem que se vão acumulando, deixando intocado o essencial. A perversidade é a crescente importância que as imagens virtuais adquirem para garantir a quase imobilidade do sistema, num cenário em que o simulacro e simulação substituíram a realidade.
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