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2022/08/24

A Itália como espelho de Portugal

Quem de entre nós ainda se lembrará da "Conferência Nacional Sobre Os 20 anos da Adesão de Portugal à União Europeia", organizada pelo PCP, e das suas conclusões sobre a já então real e factualmente comprovada perda de soberania política e económica e submissão às politicas neoliberais impostas por orgãos de gestão europeus sem qualquer legitimidade eleitoral? 

 "Quem te avisa teu amigo é" ... diziamos nós nos idos anos 80 do século passado. 

Para quem ainda tivesse dúvidas sobre o rolo compressor que asfaltou este nosso apêndice da economia europeia, veja-se aqui o estado da terceira economia do euro.

2020/02/11

A História do Neo-liberalismo em 40 Minutos

Vale mesmo a pena tirar uns trinta quarenta minutos para ler esta breve história dos últimos noventa anos, e depois voltar a ler e a reler.

«É essencial tomar consciência da «assimetria fundamental» que resulta da «globalização assimétrica» e que Ulrich Beck sintetiza magistralmente: a «assimetria entre poder e legitimidade» («um grande poder e pouca legitimidade do lado do capital e dos estados, um pequeno poder e uma elevada legitimidade do lado daqueles que protestam».)

É essencial levar a sério a luta ideológica, que nos ajuda a combater os interesses estabelecidos e as ideias feitas e que é, hoje mais do que nunca, um factor essencial das lutas políticas e das lutas sociais que fazem andar o mundo»

Primeira parte (para quem goste de história e de aprender com ela)

Segunda parte (para quem tenha pressa de chegar aos dias de hoje)

2020/01/01

A Moda ao Serviço da Ideologia Dominante

É «moderno» aceitar a pobreza?
(AbrilAbril, 2019/08/29)

A ideologia dominante vai encontrando formas de perpetuar a exploração através do discurso. E é sobretudo aos jovens que tenta vender como «modernas» as «velhas» condições de precariedade a que muitos estão sujeitos.

A precariedade laboral tem consequências directas sobre aqueles que a sofrem. Nos últimos anos, pudemos ver como os meios de comunicação dominante normalizaram e tentaram classificar como «modernas» ou «ecológicas» – e até «anti-sistema» e «anti-consumismo» – as condições em que os trabalhadores com vínculos precários vivem.

2019/12/14

Neoliberalistas Não Sobrevivem Sem o Estado

Sem Estado, não há startups
(Bárbara Reis, Púbico, 2019/11/08)

As startups são projectos da iniciativa privada, mas sem o Estado não existiam. Nem nos EUA, nem em Portugal.

Na “carta ao meu país”, o jovem Manuel Bourbon Ribeiro cita São Tomás de Aquino para dizer que “o principal intuito do Estado deve ser o bem viver das pessoas”.

Parece uma evidência inocente, mas muitos dos que comentaram o texto foram directos à ideia que alimenta parte da direita: um leitor falou da “teta do Estado”, outro disse que Portugal “só serve para se ser escravo dos impostos” e outro disse que o Estado “castiga a iniciativa privada”.

2019/12/13

Os Liberalistas Precisam do Estado

“O que seria da Google sem a Internet e o GPS? Nada”
(Mariana Mazzucato, ao Púbico, 2017/12)

Mariana Mazzucato, economista especialista em política de inovação, defende que “o Estado tem de ser recompensado pelos riscos que assume”, esteve em Sintra, no Fórum do Banco Central Europeu.

Com a publicação do livro “The Entrepreneurial State” em 2013, a economista Mariana Mazzucato passou a ser uma voz incontornável nos debates em torno das questões da inovação e do crescimento. Professora na University College de Londres, esta economista, com cidadania italiana e norte-americana, tenta contrariar a ideia de um Estado que apenas tem o papel de regular um sector privado extremamente dinâmico, defendendo que muitos dos avanços tecnológicos mais importantes foram o resultado de uma acção mais ambiciosa do Estado. Ao PÚBLICO diz que não é pela sua pequena dimensão que Portugal não pode seguir uma estratégia em que o Estado é o grande dinamizador da inovação, sendo importante contudo definir à partida uma grande ideia sobre aquilo que se pretende fazer.

2019/12/08

Os Liberalistas São Fascistas

Os tubarões não são vegetarianos
(Manuel Augusto Araújo, AbrilAbril 2019/11/08)

Os cotrins figueiredos e os venturas são faces da mesma perigosíssima moeda. O fascismo está sempre no horizonte dos liberais, se a desenfreada exploração capitalista for posta em causa.

As intervenções de dois dos novos partidos com representação na Assembleia da República (AR), Chega e Iniciativa Liberal, são bem elucidativas da sua raiz, que os faz percorrer, por caminhos diversos, o objectivo comum de pôr em prática políticas económicas e sociais para que a exploração desbragada do capital sobre o trabalho não conheça fronteiras. Há quem lhes cole o selo edulcorado de extrema-direita para não os identificar com o que na realidade são: fascistas. O que também é uma forma de não reconhecer que o fascismo, nas diferentes expressões, é o alfa e o ómega do capitalismo.

2019/11/01

A batalha ideológica pelo ambiente

«É importante trabalhar junto dos que olham para as questões ambientais com legítima preocupação, sem deixarmos de denunciar quais são os planos do capital nestas áreas, no sentido de aumentar a consciência e canalizar para o sítio certo a preocupação e o descontentamento. Para isso, temos de encontrar formas de valorização de importantes iniciativas que o PCP tem tido na área ambiental, com reconhecido mérito.» Diz o Vladimiro Valem e a Refer&ncia subcreve. Só é pena que o camarada vladimiro continue amarrado ao conjuntural e (atualmente redutor) operariado e não compreenda o estrutural (e abrangente) conceito de proletariado tal como foi pensado e definido pelos filósofos que tanto cita. Esse salto de uma coincidência conjuntural para um conceito de classe estrutural ajudar-nos-ia a todos a encontrar o atual proletariado e liderar os seus interesses de construção de uma sociedade sem exploradores nem explorados. Mas vamos ao que interessa, ao artigo todo, vale a pena ...

A batalha ideológica contra a mercantilização na Natureza
(Vladimiro Vale, O Militante, Jul/Ago 2019)

2019/10/20

Não São Liberalistas São Mesmo Fascistas!

Contra os populismos que meteram os pés na porta
(Manuel Augusto Araújo, AbrilAbril, 2019/10/15)

Os desafios futuros para a esquerda, contra a tralha neoliberal e os populismos em marcha, não são fáceis. Há que lutar, contra todas as evidências, sabendo de ciência certa que a razão está do lado da esquerda mesmo.

Pela primeira vez três partidos, Livre, Iniciativa Liberal (IL) e Chega, meteram o pé na porta da Assembleia da República (AR), colocando um deputado cada e o outro, o PAN, que já tinha metido o pé na porta nas eleições anteriores elegendo um deputado, viu aumentada a sua representação para quatro deputados. A direita viu a sua presença na AR ampliada em número de partidos embora com menos 18 deputados do que tinha em 2015. As esquerdas, embora aumentassem o número de deputados em relação a 2015, mais dezasseis deputados, perderam quase 50 mil votantes, o que deve preocupar. Nestas contas direitas/esquerdas não entra o PAN que afirma não ser de direita nem de esquerda. Uma espécie de partido sem eira nem beira, de um oportunismo sem peias.

2019/10/17

Os Marçanos do Século XXI Andam de Mota (Alugada)

Mudar 13 vezes (de app) de trabalho - Fomos UberEaten de cebolada
(Manuel Cardoso, sapo.pt, 2019/10/15)

Maria-Luz Vega, da Organização Internacional do Trabalho, deu uma entrevista esta segunda-feira ao Observador em que nos avisa de que “os jovens de hoje vão mudar 13 vezes de emprego ao longo da vida”. Poderia estar a referir-se a uma utopia onde diversificação de saberes nos permitia ter 13 bons e bem pagos empregos ao longo da vida, porque não conseguiríamos suportar o tédio de décadas a exercer o mesmo mister. Mas não. A realidade é que a minha geração está condenada à incerteza laboral, não porque se enfastia facilmente, mas porque é mais difícil conseguir um emprego que lhe conceda direitos laborais e salários compatíveis com a formação.

2019/09/23

Uberização Social é Precariedade Laboral

UBER tem actividade de milhões «sem» trabalhadores
(AbrilAbril, 2019/09/22)

A empresa, que beneficia com milhões de transportes e entregas diárias, não reconhece qualquer vínculo laboral a quase quatro milhões de trabalhadores em todo o mundo.

Criada em 2009, a plataforma digital promove o contacto de clientes com motoristas para o transporte de pessoas e para serviços de entregas.

O jornal Expresso revela, este sábado, que a empresa conta com 110 milhões de utilizadores e «realiza cerca de 14 milhões viagens por dia, nos 65 países e 700 cidades onde opera». No entanto, os quadros da mesma só contam com 22 mil trabalhadores. Em território nacional, a plataforma tem 400 trabalhadores, mas são mais de oito mil os motoristas registados.

Uberexploração - A Exploração «Invisível» de Trabalhadores

Uberexploração - A Exploração «Invisível» de Trabalhadores
(Vasco Almeida, O Militante, set/out/2019)

Para falarmos sobre a precariedade que a juventude enfrenta e os novos métodos que o capital inventa todos os dias para explorar os trabalhadores, necessitamos de uma abordagem a uma das ferramentas que torna ainda mais selvagem a exploração a que os trabalhadores estão sujeitos e que aprofunda ainda mais os contratos precários (ou a sua inexistência) – referimo-nos às chamadas plataformas digitais.

As plataformas digitais, que se enraizaram em Portugal de forma ilegal, sempre combatidas pelos trabalhadores e pelo PCP pela sua forma de actuar de não cumprimento das regras definidas em cada sector, mas que, pela mão de PS, PSD, CDS e PAN, foram agora trazidas para a legalidade para alastrarem no mercado de trabalho no nosso país, são só uma cara (invisível) que os patrões querem diferente para aplicarem e agravarem os métodos da velha exploração, bem como para aumentar a precariedade dos contratos de trabalho (quando existem!), intensificando o trabalho ilegal que querem legitimar no nosso país.

2019/07/31

A Ideologia Dominante reproduz-se

Vem isto a propósito de um chavão vertido por uma douta jornaleira da tbimba em pleno horário nobre. Dizia a douta cabeça de vento que o qualquer coisa ou a qualquer coisa de serviço no momento "Promete baixar impostos, o sonho de t o d o s  os  portugueses"! Assim, de chofre a srª jornaleira decretou que o sonho de todos os portugueses é pagar menos impostos.

Ignoro com que massa lhe terão enchido a cabeça, mas talvez fosse relevante explicar três coisinhas ao jornaleiro que redigiu a bosta que a outra verbalizou. Uma é que a saúde pública, a escola pública, os tribunais em que a ignorância dela será julgada mais dia menos dia, as estradas onde o carro dela circula e até a água que lhe chega a casa, são exemplos de bens e serviços pagos com os impostos de todos nós numa justa lógica de "quem ganha mais paga mais para o bem comum" e que se sra. jornaleira quer andar de carro tem de pagar o suficiente para não haver filas de espera nas lojas do cidadão. Outras é que há muitos mais que, como eu, querem é bons serviços públicos, boas estradas, boas ruas, água de qualidade, um SNS de qualidade, universal e universalmente gratuito e um estado funcional, vigiadinho para evitar compras de golas que filtram o fumo moderadamente, mas plenamente funcional, e que se para isso temos de pagar impostos, pela minha parte, até acho que devo pagar mais, desde que o ricardinho ex-dono-disto-tudo e as famiglie bolomirro e bolsanamão paguem em função da vida que levam e não das (in)verdades que traficam. E finalmente um terceiro aspecto fundamental no discurso anti-impostos do capital neo-liberal representado pelos patrões dela: mostra a história que de cada vez que a direita-cristas-passos-rio e quejandos grita que quer baixar impostos está de facto a dizer três coisas, que quer baixar os impostos sobre os mais ricos e o capital, subir os impostos sobre o trabalho e quem trabalha e fazer definhar o estado até aos níveis assistênciais do fascismo de má memória.

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Chamem-me maluco!
(José Braz, facebroncas, 2019/07/25)

Não há dúvida de que a ideologia dominante se reproduz.

Mais interessante é ver como ela "é entranhada" no mais educado dos seres humanos através dos simples e corriqueiros atos do nosso dia a dia.

Querem um exemplo assustador? O trânsito do IC20 para entrar na ponte.

Sim, vamos ver como uma "fila de trânsito" contribui para ensinar, de outra forma, excelentes pessoas a tornarem-se nas mais vis e selvagens feras neo-liberais-cada-um-por-sí-e-que-se-lixe-o-próximo-vale-tudo-até-tirar-olhos!

Três faixas confluem numa única que dá acesso à ponte 25 de Abril.

Os ingénuos respeitadores do próximo vão chegando, ordeiramente, ao final da fila, na faixa central, e aí ficam, parados, por umas horas, a ver os xicos-espertos, já selvagizados, a circularem pelas faixas da direita e da esquerda para se encaixarem na fila da faixa central, lá bem à frente quase em cima da ponte ... ensinando os ingénuos seres humanos, ainda não completamente desumanizados, a comportar-se como selvagens, a saírem da fila para uma das laterais e irem entrar selvaticamente lá bem à frente.

Funciona! É assim: ou aprendes selvajaria em tempo real e chegas à ponte ou optas por te manter humano e bem podes esperar. Escolhe!

Mas mesmo que optes por ficar, educadamente, parado, na fila do meio, a ver passar os xicos-espertos, terás de "aprender" a ser violentamente selvagem quando chegar a hora de não os deixar aceder à comida, perdão, de não os deixar entrar na fila onde estiveste à espera, parado.

Funciona sempre. Se sim sim se não sim! Mas sais dali selvagizadinho g a r a n t i d a m e n t e. Eu aprendi à primeira e em dez minutos. Já sou um espertalhaço promovido a espertalhão.

Cheguei, parei, esperei, vi passar os elétricos e dez minutos nos ponteiros do relógio. Passei para a faixa da direita e entrei lá à frente, na segunda tentativa, depois de selvagizar uns ingénuos que não me queriam deixar entrar. Indecentes! Parvos! Burros! Para ali parados e não me deixavam entrar, a mim que tenho pressa!

Quem mantém aquela fila há mais de 20 anos sabe bem o que está a fazer! Abaixo os impostos, não servem para nada! Quem quiser saúde que a pague! Mais estradas e menos comboios. Quero quatro faixas no IC20! Não há dinheiro? Cortem nos comboios e nas camionetas! Quem tinha razão era o Cavaco: cada família deve ter dois carros! Ou então duas trotinetas! Os comboios e os barcos são bons para os que vivem de subsídios! Passes iguais para todos, quer vivam em Lisboa ou em santa marta do assobio! Menos estado pior estado, ou melhor ó-que-é, como quer a Srª Cristas, qu'éssa é que sim senhor, ou senhora ó-que-é, vivam mas é os contratos com os colégios privados que são bons e a coisa funciona, diz ela, a Srª, como na saúde, onde os privados é que sim senhora, da gestão disso, e coisa e tal, e que metem os doentes nos refeitórios para otimizar o espaço e o tempo, sempre comem e dormem no mesmo sitio, isso é que é poupança e boa gestão, e na casas de banho, para rentabilizar os autoclismos e poupar tempo em deslocações, e falsificam as fichas, para terem bons resultados, assim é que é, é “comá-mim” na fila da ponte, não é ficar à espera, sentado, na fila, a ouvir a música e a empatar o trânsito e mais quem cá anda e quer trabalhar para ganhar a vida, cada um por si e os privados da saúde por eles mesmos e com menos impostos, qu'isso dos impostos é tudo um corja! E o Rio! Vivó Rio e menos impostos, toca a poupar os 3600 milhões não interessa onde, toca a cortar nas gorduras que o estado é gordo e toda agente sabe que a dieta faz bem à saúde, privada! E quem quiser saúde que a pague e quem quiser reforma vá trabalhar! Razão tinha o Passos em não pagar a segurança social, quem quiser disso que a pague! Eu prefiro um seguro de saúde com plafon limitado para cancro, afinal quem é que vai ter cancro? E um plano poupança reforma do BES, espera, do BES não que faliu, do Novo Banco que é outra coisa, mais nova mais modernaça! Quem quiser que vá para a fila que eu vou de helicóptero e se ainda não vou hei de ir, vou ali pisar mais uns gajos e já cá volto, de helicóptero.

Esperem sentados!

Não?

2019/01/22

O Tribunal das Corporações e a Reforma do Capitalismo

A "sociedade civil" que não travou o CETA parece ter acordado para o horror do tribunal das corporações imposto por esse mesmo CETA. Chama-se Investor-State Dispute Settlement (ISDS) em anglo-saxonês e serve para as corporações multarem as democracias quando estas não lhes andarem ao jeito. A par da chantagem com a especulação capitalista sobre as dividas soberanas este é mais um instrumento de sujeição do poder civil democrático ao poder financeiro. Porque interessa pensar neste instrumento neo-liberal-capitalista de sujeição das democracias á luz da reforma do capitalism deixo aqui duas opiniões recentemente vindas a lume no âmbito da luta europeia contra estes tribunais. O problema é que enquanto andamos a lutar contra estes tribunais o capital vai pensando noutra forma de sujeitar as leis dos estado soberanos ás "regras dos mercados". Conintuo a acreditar que a única solução é mesmo acabar com o Capitalismo, t o d o! @Refer&ncia

2018/12/05

Neoliberalismo é Neofascismo

Neoliberalismo, o caminho negro para o fascismo
(Chris Hedges, in Resistir.info, 2018/11/27)

O neoliberalismo como teoria económica sempre foi um absurdo. Tinha tanta validade quanto as ideologias dominantes do passado, como o direito divino dos reis e a crença fascista no Übermensch . Nenhuma das suas alardeadas promessas era remotamente possível.

Ao concentrar a riqueza nas mãos de uma elite oligárquica global – oito famílias detêm hoje tanta riqueza quanto 50% da população mundial – enquanto procedia à demolição de controlos e regulamentações governamentais, gerou sempre maciças desigualdades de rendimento, poder dos monopólios, alimentou o extremismo político e destruiu a democracia. Não é necessário folhear as 577 páginas de Capital in the Twenty-First Century de Thomas Piketty para descobrir isso. Mas a racionalidade económica nunca foi o ponto. O ponto era a restauração do poder de classe.

Como ideologia dominante, o neoliberalismo foi um êxito brilhante. A partir dos anos 70 do século XX, os seus principais críticos keynesianos foram expulsos das universidades, instituições estatais e organizações financeiras, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial e excluídos dos media. Os cortesãos e intelectuais impostores, como Milton Friedman , foram preparados em locais como a Universidade de Chicago, foram-lhes dados lugares proeminentes e pródigos fundos de grandes empresas. Disseminaram os dogmas oficiais de teorias económicas desacreditadas, popularizadas antes por Friedrich Hayek e pela escritora de terceira categoria Ayn Rand .

Uma vez ajoelhado diante dos ditames do mercado, anulando regulamentações governamentais, reduzindo os impostos para os ricos, permitindo o fluxo de dinheiro através das fronteiras, destruindo sindicatos e assinando acordos comerciais que desviavam empregos para fábricas sem condições na China, o mundo seria mais feliz e livre, um lugar mais rico. Foi um golpe. Mas funcionou.

"É importante reconhecer as origens de classe deste projeto, que ocorreu na década de 1970, quando a classe capitalista estava em grandes dificuldades, os trabalhadores estavam bem organizados e começavam a avançar", disse David Harvey , autor de A Brief History of Neoliberalism , quando falámos em Nova York. "Como qualquer classe dominante, eles precisavam de ideias dominantes. Assim, a liberdade do mercado, as privatizações, o empreendedorismo do eu, a liberdade individual e tudo o mais deveriam ser as ideias dominantes de uma nova ordem social, e foi essa a ordem implementada nos anos 80 e anos 90".

"Como projeto político, foi muito habilidoso, disse ele. "Conseguiu muito consentimento popular porque falava sobre liberdade individual e liberdade de escolha. Quando eles falavam sobre liberdade, era a liberdade do mercado. O projeto neoliberal disse à geração de 68: "Tudo bem, você quer liberdade? É Isso que o movimento estudantil pretende nós vamos dar isso a vocês, mas vai ser a liberdade do mercado. A outra coisa que você procura é justiça social – esqueça. Então, vamos dar-lhes liberdade individual, mas esqueçam a justiça social. Não se organizem". O objetivo era desmantelar as instituições, as instituições coletivas da classe trabalhadora, particularmente os sindicatos e pouco a pouco os partidos políticos que representassem algum tipo de preocupação com o bem-estar das massas".

"A grande coisa sobre a liberdade do mercado é que parece ser igualitária, mas não há nada mais desigual do que o tratamento igual dos desiguais", continuou Harvey. "Promete igualdade de tratamento, mas se você for extremamente rico, isso significa que pode ficar ainda mais rico. Se você for muito pobre, é mais provável que fique ainda mais pobre. O que Marx mostrou brilhantemente no primeiro volume de O Capital é que a liberdade de mercado produz níveis cada vez maiores de desigualdade social ".

A disseminação da ideologia do neoliberalismo foi altamente organizada por uma classe capitalista unificada. As elites capitalistas financiaram organizações como a Business Roundtable, a Câmara de Comércio e grupos de reflexão como a The Heritage Foundation para vender a ideologia ao público. Inundaram universidades com doações, desde que as universidades retribuíssem com fidelidade à ideologia dominante. Usaram a sua influência e riqueza, bem como serem donos dos media, para transformar a imprensa no seu porta-voz. Silenciaram ou dificultaram o emprego a quaisquer heréticos. O aumento dos valores das ações, em vez da produção, tornou-se a nova medida da economia. Tudo e tudos foram financiarizados e tornados mercadorias.

"O valor é fixado por qualquer que seja o preço verificado no mercado", disse Harvey. "Assim, Hillary Clinton é muito valiosa porque fez uma palestra na Goldman Sachs por 250 mil dólares. Se eu der uma palestra para um pequeno grupo no centro da cidade e receber 50 dólares, então obviamente ela vale muito mais do que eu. A valorização de uma pessoa e do seu conteúdo é avaliada por quanto consegue obter no mercado".

"Esta é a filosofia por trás do neoliberalismo", continuou. "Temos de atribuir um preço às coisas. Mesmo que não sejam realmente coisas que devam ser tratadas como mercadorias. Por exemplo, a assistência médica torna-se uma mercadoria. Habitação para todos torna-se uma mercadoria. A educação torna-se uma mercadoria. Assim, os estudantes têm de pedir emprestado para obter a educação que lhes dará um emprego no futuro. Esse é o golpe da coisa. Basicamente, diz-se que se você é um empreendedor, se se qualificar, etc, receberá a justa recompensa. Se não recebe uma justa recompensa é porque não se qualificou suficientemente. Adquiriu o tipo errado de cursos. Fez cursos de filosofia ou de clássicos em vez de aprender técnicas de gestão de como explorar mão-de-obra.

O contra do neoliberalismo é agora amplamente compreendido em todo o espectro político. É cada vez mais difícil esconder a sua natureza predatória, incluindo suas exigências de enormes subsídios públicos (a Amazon, por exemplo, recentemente solicitou e recebeu incentivos fiscais multimilionários de Nova York e Virgínia para estabelecer centros de distribuição nesses estados). Isso forçou as elites dominantes a fazerem alianças com demagogos de direita que usam as táticas cruas do racismo, islamofobia, homofobia, fanatismo e misoginia para canalizar a raiva e a crescente frustração do público para longe das elites e canaliza-la para os mais vulneráveis.

Esses demagogos aceleram a pilhagem pelas elites globais e, ao mesmo tempo, prometem proteger os trabalhadores e as mulheres. A administração de Donald Trump, por exemplo, aboliu numerosas regulamentações , das emissões de gases do efeito estufa [1] à neutralidade da Internet e reduziu os impostos para os indivíduos e empresas mais ricos, eliminando cerca de 1,5 milhão de milhões de dólares de receita do governo nos próximos dez anos, adotando linguagem e formas autoritárias de controlo.

O neoliberalismo gera pouca riqueza. Em vez disso, redistribui-a para as mãos das elites dominantes. Harvey chama isso de "acumulação por desapossamento".

"O principal argumento da acumulação por desapossamento baseia-se na ideia de que quando as pessoas ficam sem capacidade de produzir ou fornecer serviços, elas criam um sistema que extrai riqueza de outras pessoas", disse Harvey. "Essa extração então torna-se o centro de suas atividades. Uma das maneiras pelas quais essa extração pode ocorrer é criando mercados onde antes não existiam. Por exemplo, quando eu era mais jovem, o ensino superior na Europa era essencialmente um bem público. Cada vez mais [este e outros serviços] se tornaram uma atividade privada como os serviços de saúde. Muitas dessas áreas que você consideraria não serem mercadorias no sentido comum, tornam-se assim mercadorias. Habitação para a população de baixos rendimentos era frequentemente vista como uma obrigação social. Agora tudo tem de passar pelo mercado. Impõe-se uma lógica de mercado em áreas que não deveriam estar abertas ao mercado".

"Quando eu era criança, a água na Grã-Bretanha era fornecida como um bem público", disse Harvey. "Então, é claro, foi privatizada. Você começa a pagar taxas de água. Eles privatizaram o transporte [na Grã-Bretanha]. O sistema de autocarros é caótico. Há empresas privadas a circularem por toda parte. Não é o sistema que as pessoas realmente precisam. A mesma coisa acontece na ferrovia. Uma das coisas agora interessantes na Grã-Bretanha é que o Partido Trabalhista diz: 'Vamos trazer tudo isso de volta à propriedade pública porque a privatização é totalmente insana e tem consequências insanas, não está a funcionar devidamente. A maioria da população concorda com isto".

Sob o neoliberalismo, o processo de "acumulação por desapossamento" é acompanhado pela financiarização.

"A desregulamentação permitiu que o sistema financeiro se tornasse um dos principais centros de atividade redistributiva através da especulação, predação, fraude e roubo", escreve Harvey no seu livro, talvez o melhor e mais conciso relato da história do neoliberalismo. "Promoções de ações, esquemas Ponzi, destruição de ativos estruturados pela inflação, espoliação de ativos por meio de fusões e aquisições, promoção de níveis de endividamento que reduzem populações inteiras – mesmo nos países capitalistas avançados – à escravidão pelas dívidas. Para não falar em fraudes empresariais, desapropriação de ativos, invasão de fundos de pensão dizimados em colapsos de ações e por manipulação do crédito e do valor de ações, tudo isso se tornou uma característica central do sistema financeiro capitalista".

O neoliberalismo, exercendo um tremendo poder financeiro, é capaz de fabricar crises económicas para deprimir o valor dos ativos e depois apossar-se deles.

"Uma das maneiras pelas quais se pode engendrar uma crise é cortar o fluxo de crédito". "Isso foi feito no leste e sudeste da Ásia em 1997 e 1998. De repente, a liquidez secou. As principais instituições deixam de emprestar dinheiro. Havia um grande fluxo de capital estrangeiro para a Indonésia. Eles fecharam a torneira. O capital estrangeiro fugiu. Fecharam a torneira do crédito em parte porque, uma vez que as empresas fossem à falência, poderiam vir a ser compradas e colocadas novamente a funcionar. Vimos a mesma coisa durante a crise da habitação aqui [nos EUA]. As execuções hipotecárias das habitações deixaram muitas vazias que poderiam ser apanhadas a preços muito baixos. A Blackstone [2] apareceu, comprou todas as casas e é agora o maior senhorio dos Estados Unidos. Tem 200 mil propriedades ou algo parecido. Está à espera que o mercado dê uma volta. Quando o mercado muda, o que pode acontecer em breve, então poderá vender ou arrendar e ganhar imensos lucros com isso. Desta forma, a Blackstone ganhou uma fortuna a crise dos arrestos hipotecários, onde todos perderam. Foi uma enorme transferência de riqueza".

Harvey adverte que a liberdade individual e a justiça social não são necessariamente compatíveis. A justiça social, escreve ele, requer solidariedade social e "disposição de subordinar necessidades e desejos individuais à causa de uma luta mais geral por, digamos, igualdade social e justiça ambiental". A retórica neoliberal, com ênfase em liberdades individuais pode efetivamente "separar as ideias de liberdade, identidade política, o multiculturalismo e, eventualmente, o consumismo narcisista, das forças sociais alinhadas na procura de justiça social através da conquista do poder de Estado".

O economista Karl Polanyi entendeu que existem dois tipos de liberdade. Há as más liberdades para explorar os que nos rodeiam e extrair enormes lucros sem levar em conta o bem comum, incluindo o mal que é feito ao eco-sistema e às instituições democráticas. Essas más liberdades têm origem no facto de as grandes empresas monopolizarem as tecnologias e os avanços científicos a fim de obter enormes lucros, mesmo quando, como no caso da indústria farmacêutica, um monopólio significa que as vidas daqueles que não podem pagar preços exorbitantes são colocadas em risco. As boas liberdades – liberdade de consciência, liberdade de expressão, liberdade de reunião, liberdade de associação, liberdade de escolher o seu trabalho – acabam por ser extintas pela primazia dada às más liberdades.

"Planeamento e controlo são atacados como negação da liberdade", escreveu Polanyi. "A livre iniciativa e a propriedade privada são declaradas essenciais para a liberdade. Uma sociedade construída sobre outros fundamentos é dito que não merece ser chamada de livre. A liberdade que a regulamentação cria é denunciada como falta de liberdade; a justiça, a liberdade e o bem-estar que ela oferece são denunciados como uma camuflagem da escravidão".

"A ideia de liberdade" degenera, assim, numa mera defesa da livre iniciativa, que significa "a plenitude da liberdade para aqueles cujo rendimento, lazer e segurança não precisam ser promovidos, e uma mera margem de liberdade para as pessoas que podem em vão tentar fazer uso de seus direitos democráticos para se defenderem do poder dos donos do capital", escreve Harvey, citando Polanyi. "Mas se, como é sempre o caso, "nenhuma sociedade é possível em que o poder e a compulsão estejam ausentes, nem num mundo em que a força não seja necessária", então a única maneira pela qual esta visão utópica liberal poderia ser sustentada é pela força, violência e autoritarismo. A utopia liberal ou neoliberal está condenada, na opinião de Polanyi, a ser frustrada pelo autoritarismo, ou mesmo pelo fascismo total. As boas liberdades estão perdidas, as más são assumidas.

O neoliberalismo transforma a liberdade de muitos em liberdade para alguns. O resultado lógico é o neofascismo. O neofascismo abole as liberdades civis em nome da segurança nacional e classifica grupos inteiros como traidores e inimigos do povo. É o instrumento militarizado usado pelas elites dominantes para manter o controlo, dividir e separar a sociedade e acelerar ainda mais a pilhagem e a desigualdade social. A ideologia dominante, não sendo mais crível, é substituída pela bota militar.

[1] O autor toma como boa a maior impostura científica da história da humanidade: a teoria do aquecimento global. Ver Aquecimento global: uma impostura científica e Acerca da impostura global
[2] Blackstone: é o fundo abutre que em Portugal adquiriu o Novo Banco (ex-Banco Espírito Santo) por preço praticamente nulo.

[*] Jornalista. Durante quase duas décadas foi correspondente estrangeiro na América Central, Médio Oriente, África e Balcãs. Fez reportagens em mais de 50 países e trabalhou para The Christian Science Monitor, National Public Radio, Dallas Morning News e The New York Times, no qual foi correspondente estrangeiro durante 15 anos.

O original encontra-se em www.informationclearinghouse.info/50680.htm

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
04/Dez/18

As Contradições da Cristas

Cristas 2014 - Lança um regime de regularização automática de pedreiras que violam regras de segurança.

Cristas 2018 - "O Estado falhou" (sobre o abatimento da estrada das pedreiras em Borba de que resultaram 4 mortos.

Não foi o estado em abstracto, foi a lei da cristas que legalizou o ilegalizável.

2018/11/25

Fascismo - A Solução Capitalista

Comércio Livre e Fascismo Global
(Franklin Frederick , Jornal CGN/O Lado Oculto, 2018/11/19)

«Nos últimos anos tem havido uma tendência em direcção à democracia e às economias de mercado. Isso diminuiu o papel do governo, algo que os empresários tendem a favorecer. Mas o outro lado da moeda é que alguém tem de ocupar o lugar dos governos e o sector do negócio privado parece-me ser a entidade lógica para o fazer.» David Rockefeller

«Mesmo nos países democráticos estamos muito mais envenenados pela mentalidade totalitária do que pensamos». Jean Guéhenno, Journal 1937

2018/10/20

Neo-liberalismo = Neo-fascismo

O neoliberalismo está de regresso às origens
(José Goulão in O Lado Oculto, 2018/10/18)

O fascismo é o regime político por excelência do neoliberalismo. Pode ter várias caras, mas vive da supressão dos direitos sociais e humanos, liberdades políticas e garantias da maioria dos cidadãos

A emergência do fenómeno Bolsonaro no Brasil arrasta consigo a crueza de uma realidade que há muito se vem desenvolvendo sob os nossos olhos, mas que nem sempre é olhada com a atenção merecida. A vaga populista que dia-a-dia ganha envergadura, principalmente na Europa e nas Américas, representa a entrada do neoliberalismo económico na última fronteira para tentar garantir a sobrevivência, à medida que os ventos de crise agravada sopram de todos os quadrantes. Fronteira essa que, uma vez cruzada, determina o reencontro da ditadura do mercado segundo os preceitos da «escola de Chicago» com o sistema político onde incubou: o fascismo.

2018/09/20

Miséria do capitalismo: A Menstruação na Grã-Bretanha

Trinta Anos de neo-liberalismo fazem regredir mentalidades um século.

Segundo o jn «Cerca de metade das raparigas britânicas tem vergonha da menstruação»

De acordo com a associação Plan International UK, milhares de estudantes britânicas faltam à escola mensalmente por não terem meios financeiros para adquirirem nenhum desses produtos de primeira necessidade e estima-se que uma rapariga em cada doze usa uma proteção improvisada, como roupas velhas ou jornais.

Ainda de acordo com as estatísticas que remontam a dezembro de 2017, uma em cada sete raparigas britânicas não sabia o que estava acontecer quando lhes apareceu a primeira menstruação.

Percebe-se ainda que cerca de metade das raparigas britânicas inquiridas, entre os 14 e os 21 anos, sentem-se envergonhadas por terem menstruação e a cerca de dez por cento das adolescentes foi dito para não falarem sobre este assunto com os pais.

2018/09/17

Desigualdade económica: um virus mortal para todos



Se alguém afirmar que a desigualdade económica destrói a qualidade de vida dos mais pobres creio que não surpreenderia ninguém. O interessante deste estudo é verificar que, estatisticamente falando, a desigualdade económica destrói a qualidade de vida de todos: ricos e pobres. Só visto!

2018/03/17

Eu até nem gosto de taxistas ...

Mas a defesa dos direitos do trabalho contra as multinacionais predadoras obriga-me a ficar do lado de quem luta contra a selvagem desregulamentação que cria vacas loucas, epidemias de sarampo e água contaminada com plástico.

Dizem os meus amigos comunistas «Apesar de todos os alertas e denúncias existentes, o PCP sublinha que há mais de quatro anos que estas multinacionais actuam ilegal e impunemente em Portugal, contando com uma vergonhosa cumplicidade das autoridades que deixou à vista que a força repressiva do Estado não existe para ser utilizada contra o grande capital mesmo que tal represente a defesa da Lei. Uma cumplicidade que começou com o anterior governo PSD/CDS mas continuou com o actual Governo do PS, com o desfecho que se conhece: a elaboração de uma lei à medida dos interesses das multinacionais.»

Podem ler o resto aqui. Vale a pena, é diferente da cassete do tina.