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2025/03/18

Sebastião, O Mouro de Bruxelas

Sebastião, O Mouro de Bruxelas
(Tiago Franco, Facebroncas,2025/03/17)



Sou um grande admirador da coragem de Sebastião Bugalho. Assim de repente pensarão que estou a brincar mas não, até porque raramente brinco com assuntos de estado. O Sebastião faz-me lembrar aquele cantor que anima as manhãs do Goucha ou do Baião. Da convicção que mete no que faz, na verdadeira festa que tenta trazer enquanto está em cima de um atrelado, a bater palmas ao playback e a animar umas velhinhas ali, no jardim municipal do Crato, e em casa, já acamadas e sem braços fortes que as façam chegar ao comando da televisão.

Não é bem o disparate sem sentido mas sim a forma decidida com que ele é dito ou feito que, verdadeiramente, me apaixona. Em tempos tive um colega assim. Falava alto, não sorria, dizia tudo com uma certeza que convencia logo pela entoação. Maior parte das vezes atirava ao lado mas a pose de estado não deixava espaço para questões.

O Sebastião é dessa cepa. Daquela gente que acredita muito naquilo que diz e raramente tem dúvidas. Afirmar, aos 29 anos e num país de trabalhadores tendencialmente pobres, que se fartou de trabalhar, é um acto arriscado. Para não dizer estúpido.

Em tempos que já lá vão, o amigo Bugalho tinha um CV todo porreiro no linkedin. Entretanto, provando que é de facto um rapaz esperto, apagou-o (pelo menos eu já não o consigo ver) para precaver males maiores.

O Sebastão comecou a escrever artigos de opinião no "I" enquanto fazia uma licenciatura na Católica. Foi esta a sua entrada no mercado de trabalho aos 19 anos. Diz, Vitor Raínho, o director do "I" nessa altura:
"O então diretor do jornal, Vítor Rainho, confirma ao Observador que Bugalho começou por escrever artigos de opinião que começou a enviar-lhe e, mais tarde, acabou por estagiar no jornal: “Na altura em que ele mandava textos de opinião não sabia que era filho da Patrícia [Reis, que tinha trabalhado com Vítor Rainho no passado]. Um dia ela ligou-me a pedir para ele estagiar no jornal para ver se se desencantava com o jornalismo".

Maior parte das pessoas que concorrem a empregos mandam CVs, preenchem formulários, esperam por respostas que, não raras vezes, não aparecem. O Sebastião, que se fartou de trabalhar, entrou nos jornais com um telefonema da mãe.

Não vou fazer o papel hipócrita de desprezar as cunhas e muito menos as ajudas que um pai ou uma mãe possam dar a um filho. Tenho sobre isso uma opinião baseada naquilo que a vida me ensinou. Nunca tive uma cunha para absolutamente nada e, por variadíssimas vezes, escolhi o caminho mais demorado e tortuoso para as evitar. Isso teve um preço que hoje não sei se valeu a pena pagar. Portanto, se a mãe o ajudou e a rede de contactos dos pais o empurraram precocemente, entre o CDS e os jornais, pois tudo bem. O rapaz aproveitou as oportunidades, vestiu um fato, aprumou o discurso de velho do restelo e fez-se à vida.

A culpa de estar em Bruxelas não é dele, é vossa que votam em gente desta.

Agora...há que assumir. É apenas isso. Nada de conversas de proletariado e tal. É que isso enerva, Sebastião. Gente com muito mais talento do que os Bugalhos desta vida nunca chegam sequer a ter uma oportunidade que não seja em forma de um recibo verde. É por respeito a essa gente que o Bugalho, agora eurodeputado com um salário que 97% dos portugueses nunca viram, deve dizer menos disparates e viver o privilégio que lhe foi concedido com alguma discrição. Não é preciso ter vergonha do berço, basta que não se tente passar por aquilo que nunca foi.

Quando o Sebastião mostra a sede de poder e a miragem de um dia chegar a primeiro-ministro (algo em que acredito, sinceramente), fá-lo com um anúncio solene cheio de nada. "Entrevistei 5 primeiros-ministros e por isso sei o que devem ter e o que não devem ter os responsáveis do cargo". É uma frase ao nível de "já vi 300 desempates por penaltis, sei que uma baliza tem 7 metros e nenhum homem chega a 3 metros, logo, matematicamente, sei bem como bater um penalti à malha lateral e nunca falhar".

Quando nos diz que sabe perfeitamente quem apoiar para esse cargo (Montenegro) está, no fundo, a explicar que tal como no seu exemplo, o "fartar de trabalhar" nos corredores dos favores e na dependência dos partidos, é o "que devem ter" os homens e mulheres que, neste país, querem chegar a um cargo relevante de decisão política.

Nunca me incomodou que o Sebastião fosse um deputado em tenra idade. Aliás, acho isso uma enorme vantagem para a vida no parlamento europeu. O que sempre me preocupou foi ver aquele rapaz, num corpo novo com o discurso bafiento de outros tempos. E perceber que alguém que, durante meses e anos, fez fretes ao PSD no comentariado, acabou por ser recompensado. Alegadamente, claro. Pode ter sido apenas coincidência. Notem ainda na rapidez com que ele percebeu que nem CDS, e muito menos Chega, o colocariam onde ele queria estar.

Sebastião é mais um, entre uma enorme linhagem de privilegiados, que entram nos corredores da política pela porta grande. Que conseguem empregos com telefonemas, que nasceram perto de gente que conhece gente, que aliam um discurso fluente a uma gritante falta de princípios. Que mudam as convicções consoante o programa que, entendam, são essencialmente eles próprios e as suas ambições. Não há nada que Sebastião possa ou queira fazer por quem nele votou. Daqui a 20 anos terá um CV cheio de nomeações e saltos entre cargos do partido.

Percebo a narrativa, percebo que queira dar a imagem de um homem que subiu a pulso, percebo que se queira mostrar como um de nós. Mas como nada disso é verdade e como, ele próprio perceberá, a realidade política portuguesa já está sobrecarregada de mentiras e disparates, porque não se remete apenas ao silêncio enquanto vai tecendo as linhas do próximo salto?
Trabalha menos Sebastião. 

A sério, tira umas férias. E vê se te calas.

2019/01/26

Não São Fake News é Mesmo Pura Vigarice

A operação de vigarização desinformativa em curso sobre a Venezuela é um exemplo paradigmático da completa ausência de credibilidade dos media corporativos.

Não, não era "pouca gente"
No dia do golpe foi possível ouvir o Nuno Rogeiro a afirmar na sic noticias que a manifestação chavista teria "pouca gente" enquanto as imagens de fundo, com a hashtag #LasCallesSonChavistas mostravam a manifestação chavista com centenas de milhares de pessoas.

Não, não basta autoproclamar-se
A constituição venezuelana estabelece que em caso de vacância de poder presidencial o Presidente da Assembleia Nacional pode ser convidado pelo Supremo Tribunal a assumir interinamente a presidência. O Supremo Tribunal não convidou o golpista a assumir rigorosamente nada. Pelo contrário o Supremo Tribunal de Justiça declarou "inconstitucional" e "usurpadora" a iniciativa do golpista.

Não, a OEA não reconheceu o golpista
De acordo com o regimento da Organização de Estados Americanos, para que uma proposta de um dos países membros se transforme numa resolução da OEA são necessários 2/3 de votos, num total de 23 dos 34 países representados. A proposta do Macri teve 16 votos, menos de metade e muito menos do que os 23 necessários, pelo que o escrito do Macri não passa de uma proposta rejeitada pela OEA.

Sim as Eleições Foram Livres e Democráticas
Maduro foi eleito com 67% de votos numa eleição com 54% de abstenção. Para contextualizar estes números lembremos que Piñera, um discipulo e seguidor de Pinochet, foi eleito no Chile com 55% e uma abstenção de 55% e que trump foi eleito com 46% e uma abstenção a rondar os 50%. Não houve fraude tal como certificam várias instituições, incluindo a insuspeita fundação Carter. Tal como se pode ler n'O Lado Oculto «As eleições de 20 de Maio de 2018, que definiram o mandato para o qual Maduro foi empossado em 10 de Janeiro último foram livres, abertas e democráticas, conforme comprovaram 14 comissões técnicas eleitorais enviadas de oito países e duas missões técnicas eleitorais. Apresentaram-se seis candidatos à presidência em eleições que mobilizaram 26 partidos políticos. O acto eleitoral decorreu segundo a mesma legislação e as mesmas condições técnicas das eleições para a Assembleia Nacional de Dezembro de 2015, ganhas pela oposição que agora pretende derrubar o presidente. Nicolás Maduro ganhou as eleições com 67% dos votos, seguido por Henri Falcón, com 20,93%. Efectuaram-se 18 auditorias do sistema automatizado, públicas e transmitidas pelos meios de comunicação social; representantes do candidato Henri Falcón participaram em todas as reuniões relacionadas com o processo eleitoral e assinaram todas as actas. Nenhum candidato impugnou os resultados e não foi apresentada qualquer acusação ou qualquer prova de fraude.»

2018/07/29

A Ideologia Dominante Reproduz-se

Demonstraram-no uns filósofos modernistas aí por meados do século XIX, e o papaguear do Miguel Boulsa Taverneiro é um bom exemplo, e se não, vejamos.

Defende o opinadeiro do alto da sua tribuna paga que sim sr., o sr. centeio tem toda a razão em defender um orçamento para todos os portugueses. Já está, com uma frase e dois chavões, o fazedor de cabeças resume meia dúzia de falsos pressupostos e uma dúzia de errados corolários, inculcados a camartelo nas cabeças dos leitores como insofismáveis verdades. Assim resumidamente, o vigaro com tribuna e o ministro ronaldo assumem, sem dizer nada a ninguém, que:

- Os 26% de irs que eu pago adiantados, me fazem tanta falta para comer, como à finança, para pagar os almoços dos administradores, fazem falta os 5% de irc pagos um ano depois, quando não consegue depositar os lucros no dorso de um caimão .

- Os portugueses são todos iguais, como se eu e os Espiritos Santos tirássemos igual partido do OE.

- A organização de media que lhe paga tribuna está legal e sectorialmente habilitada para defender os interesses da CIP, e da CAP, e das restantes 382 organizações patronais que dividem o bolo orçamental entre si, mas aqui d'el rei que os sindicatos não têm nada que exigir a contagem do tempo de serviço dos 9 anos de tempo de serviço em que não lhes foi aplicada a lei que o estado acordou com eles.

- Um dia de greve a menos, no salário mínimo de um trabalhador, vale o mesmo que dois almoços regados com champanhe no orçamento de uma agência de comunicação, quando todos sabemos que estes últimos são dedutíveis como despesas de representação.

- A falência do estado, que todos andamos a pagar em juros da dívida soberana, foi obra de um povo amante das boas ovas de esturjão regadas com veuve clicquot e não do esboroar das inexistentes dólaras, garantidas pelo rol da mercearia do sr. Santos, e contra as quais os irmãos limão apostavam no casino dos irmãos metralha.

- Os funcionários públicos todos juntos, coisa que nunca estiveram, e mais todos os sindicatos que os representam, desde os amarelentos assinadores de concertações patronais, aos encarniçadamente classistas, e mais os comunistas (cruz-credo-c'horror) e os broquistas (ai jasus t'arrenego) têm a mesma influência no conselho de ministros que a santa aliança Banca, Finança, import-export & Cia com quem os ministros almoçam, jantam e ceiam à mesa do orçamento, em alegre e desinteressada cavaqueira. Mentira facilmente desmontada pelo incessante agravar do fosso entre os poucos e cada-vez-menos-cada-vez-mais ricos e os muitos e cada-vez-mais-cada-vez-mais pobres, fosso esse escavado com benefícios bolsistas, parcerias para os privados e sazonais amnistias para repatriamento de lucros lavados com lixivia, tudo lavrado em letra de lei nos tais orçamentos de estado que têm de ser para todos os portugueses e não só para a finança que paga 5% de impostos sobre os multi-milionários lucros conseguidos com comissões sobre o meu dinheiro.

A lista de vigaras assunções podia continuar, mas fiquemo-nos por estes milhares de caracteres necessários para desmontar os três pontapés na gramática com que o opinadeiro com tribuna paga tenta esconder a realidade: o OE é um mecanismo de expropriação do trabalho e enriquecimento do capital e tudo o que possa contrariar essa realidade é benéfico para a grande maioria dos portugueses que vivem da venda da sua força de trabalho.

E sim, os trabalhadores têm de se organizar para conseguir forçar o poder a esbanjar menos em juros, swaps e parcerias para os privados e a investir mais no SNS, na educação pública e no consumo privado, principal fator de crescimento económico, como o próprio opinadeiro reconhece pouco mais à frente.

2018/07/01

Mais um Tavares

Mais uma entrada e duas notas de rodapé para Os coisos que dizem coisas:

Na sequência da crítica literária de Ricardo Santos publicada no Manifesto74, vi-me na necessidade de inserir uma nova entrada no top 100 dos coisificadores de serviço.

Rui Taverneiro
(Ex-bloguista, ex-eurodeputado, ex-independente, ex-toriador, ex-tudo-e-mais-alguma-coisa-e-o-seu-contrário)
- Kautskizinho nacional de pacotilha, tornou-se famoso por continuar a ocupar um sofá-cama euro-paralamentar de 17 000/mês mesmo depois de cortar relações com os camaradas broquistas que lhe estenderam o tapete. Atualmente dedica-se a pedinchar umas migalhas pelas boutades que escrevinha nas tribunas que lhe dão esmola. Por vezes parece acreditar no que escreve personificando o Paradoxo da Mediatização Forçada(1) sob a acção do Impulso "Viktor Dedaj"(2)

(1) O Paradoxo da Mediatização Forçada (aka Paradoxo de Viktor Dedaj) enuncia-se como uma questão do tipo "a galinha ou o ovo" através da pergunta: «É a mediatização que os torna assim ou são mediatizados por serem assim?». Obtendo da parte do filósofo a resposta de que «Provavelmente é as duas coisas ao mesmo tempo: são autorizados a entrar no campo mediático devido à compatibilidade do seu discurso com o quadro pré-estabelecido das expressões toleradas, e a sua presença continuada provoca por sua vez, através de uma espécie de instinto de sobrevivência no sentido de não se ver condenado a uma «morte mediática», uma conformação do seu discurso a esse quadro. Wikipédia (edição 2050)

(2) Impulso Viktor Dedaj - «Todo o corpo intelectual mergulhado num meio mediático amorfo sofre uma força vertical dirigida de cima para baixo, e oposta ao peso dos argumentos desenvolvidos. Esta força é designada Impulso Viktor Dedaj». Wikipédia (edição 2050)

O que me diverte neste vigarinho (vigarista pequenininho) é que aparentemente ele acredita nas boutades que escrevinha. Há vigarões (são os grandalhões) que a gente vê logo só estarem ali para receber "as dólaras" ao fim do mês, mas este não, aos olhos dos mais incautos até parece mesmo que não anda ali pelos óbulos. Acham que ele acredita mesmo nas vigarologias que escrevinha? Mas já chega de conversa fiada, passemos ao prato principal. @Refer&ncia

Tarefas Urgentes para Rui Tavares
(Ricardo M Santos in Manifesto74, 2018/06/20)

Rui Tavares acordou estremunhado, banhado em suores frios e percebeu que, afinal, está na hora de pegarmos em armas e combater o fascismo em todas as suas formas. Bem, não todas. Porque temos de escolher bem e combater o fascismo mas defender a UE. Já lá iremos. Um historiador estremunhado e assustado, nas manhãs de calor como as que temos vivido, pode ser um caso alarmante. Ao ponto de ser o próprio a referir que nunca pensou que “a versão atualizada [do fascismo] do século XXI viesse a ser tão caricaturalmente parecida com o original”. Um historiador como Rui Tavares, devia saber que a “História repete-se, pelo menos, duas vezes”, dizia Hegel, “a primeira como tragédia, a segunda como farsa”, disse Marx.

Apanhado de surpresa, Tavares esbraceja, alvoroçado, com o que está a passar-se em Itália, na Hungria, esquece Polónia e Ucrânia, Espanha, a vergonha do Mediterrâneo potenciada pelas intervenções externas a cobro – imagine-se – da UE nos países do Médio Oriente e norte de África, que Rui tavares tão bem conhece dos seus tempos de eurodeputado. Sem esquecer o tratado de extradição de refugiados assinado entre a progressista e europeísta Grécia e a Turquia.

2018/06/17

A Má Memória do Ex-Pirito Santo

Tal pai tal filho ou quem sai aos seus não é de Genebra, mas só quem não "O" conheça poderia espantar-se com a forma como o Boulsa Taverneiro consegue enfiar o Rossio na Rua da Betesga, melhor dizendo, o Estaline e a URSS na crise de refugiados do Aquarius.

E sim ele conseguiu misturar o nome do Outro e de um passado ímpar de solidariedade internacional, num mesmo caixote, com os fascistas italianos e os racistas austríaco-húngaro-checo-esloveno-polacos.

E não, não vou transcrever aqui a raiva de um ex-pirito santo misturada com o anti-comunismo primário que o Boulsa bolsou no espesso e que a Estátua de Sal reproduziu.

Mas sim, sim vou lembrar que além de ter libertado mais de meia europa do jugo nazi e financiado todas as libertações de povos que conseguiu ao longo dos seus 70 anos de vida, a simples existência da URSS evitou as guerras na Europa desde 1945 até 1992 e todas as outras guerras que, pelo mundo fora, desde 1992, criam refugiados ao ritmo com que o Capital pretende desestabilizar os estados sociais ainda resistentes.

Ó Taverneiro! Que culpa tem o Estaline da invasão da Líbia? Ou da guerra no Iémene? Ou da ocupação da Palestina por Israel? Ou das invernosas primaveras árabes? Ou do ataque imperialista à Síria? Ou da fome larvar que faz da África inteira um viveiro de extremismos religiosos, rapidamente encarreirados para as guerras a quem os teus amigos globalistas vendem o armamento em fim de vida?

Ó Taverneiro, vai lá lavar a boca desses perdigotos com que limpas a pesada consciência pelos refugiados que pões neste mundo.

2018/05/10

Então e o Esteves?

Não vou aqui deixar o link e muito menos reproduzir o escrito do João Merkel Taverneiro por motivos de higiene e saúde pública. Ponto. Quem o quiser ler que o procure lá nos pasquins que lhe dão tribuna, este é um espaço público, de higiene mental, frequentado por menores e que entendo, por esses motivos, não dever ser contaminado com falsidades generalizadoras de escrevinhadores com tribuna paga ao serviço da ideologia dominante.

Mas, até porque pressinto a necessidade de o vir a usar em futuros debates, não resisto a arranjar espaço para o contraditório publicado numa página numa rede social. Aqui ficam eles, o espaço e o contraditório para @Refer&ncia futura.

Sem Título
(Uma Página numa Rede Social, 2018/05/10)

Costumamos satirizar com a frase "À esquerda, é corrupção. À direita, é empreendedorismo". Hoje, João Miguel Tavares prestou-se ao revelador exercício de tentar desenvolver esta sofrida tese.

Resumidamente, o articulista defende que corrupção à esquerda é um cancro da democracia, mas corrupção à direita é fofinha, cometida por gente de bem, que nem más intenções tinha.

2018/04/22

De Esquerda? O Ferreira Fernandes? Desde Quando?

Porquê a refer&ncia? Por dois motivos. Porque dá uma boa panorâmica da distribuição da direita pela jornaleirice nacional, e porque menciona "O Zarolho" João Merkel Taberneiro a afirmar que o Ferreira Fernandes é de esquerda, no dia em que o martelo afirma não haver extrema-esquerda, [paralamentar] cá pelo burgo.  Mais uma falhada graçola d'O Zarolho? @Refer&ncia

Sem Titulo
(Uma Página Numa Rede Social, 2018/04/22)

David Ribeiro, David Dinis, José António Saraiva, José Manuel Fernandes, António Costa e o grupo do co-fundador do PSD - cuja informação económica e política é dirigida por personagens como José Gomes Ferreira, João Vieira Pereira ou Bernardo Ferrão - ditam a informação nacional. Praticamente todas as redacções dos noticiários de referência do país já tiveram um ou mais destes cavalheiros na direcção - Correio da Manhã, Expresso, Público, SOL, i, Observador, ECO, TSF, Diário Económico, entre outros - e muitos ainda lá estão.

A sobrerrepresentação da direita nas direcções da informação nacional é evidente, e há direita para todos os gostos, desde a direita populista, do Correio da Manhã de Otávio Ribeiro, à extrema-direita, do SOL de José António Saraiva, passando pela direita moderada, pela conservadora, pela libertária e pela neo-liberal, do Expresso ou do Observador. Para quem lê notícias em Portugal, não há como fugir à mensagem dos devotos de São Passos, padroeiro das Tecnoformas.

Subitamente, os proprietários do Diário de Notícias escolhem um director que não é de direita e João Miguel Tavares - que chegou a trabalhar no Diário de Notícias - fica imediatamente convencido de que a nomeação faz parte de uma grande conspiração da esquerda para controlar as notícias. Génio.

Parece uma daquelas teorias da conspiração próprias de maluquinhos do calibre da malta do Info Wars? Parece, pois. No entanto, é a teoria defendida pelo opinador do Público, que questiona a capacidade de Ferreira Fernandes, um dos melhores e mais reputados jornalistas portugueses, para dirigir o Diário de Notícias. Ironicamente, João Miguel Tavares nunca chega perguntar-se a si próprio porque é que ele, um opinador medíocre e que preenche artigos com banalidades genéricas, é presenteado com tanto destaque no jornal dirigido pelo ex-assessor de Durão Barroso.
Em casa de ferreiro...

2017/10/14

Obrigado, Passos Coelho

Obrigado, Passos Coelho
(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 13/10/2017)

Tem sido comovente ler os vários artigos de opinião de colunistas que choram a partida de Passos Coelho. Colunistas que dizem que o País lhe deve a sua sobrevivência. Apesar de ser hoje sabido que, nas negociações com a troika, o governo aproveitou o embalo para medidas austeritárias que nem sequer nos eram exigidas por Bruxelas, num aproveitamento de uma situação de fragilidade para impor uma agenda que se sabia ultraminoritária. Apesar de sabermos que foi por convicção para lá da troika e que se não o tivesse feito ter-se-iam salvado pelo menos alguns empregos, algumas empresas, algumas partidas para o estrangeiro. Apesar de sabermos que Passos desejou a intervenção externa e até fez tudo para a facilitar e com ela poder chegar ao poder. Pelo que fez ao país, não devemos qualquer agradecimento a Passos Coelho. Mas a narrativa do salvador incompreendido é fundamental para evitar que as suas bandeiras caiam por evidente falta de sucessores políticos.

A agenda radical que Passos Coelho acabou por impor ao seu partido e ao país tem os seus cultores e não corresponde à tradição histórica do PSD. Ela tem crescido entre jovens vanguardistas apostados em vencer o que consideram ser o “status quo” socialista, a que nós chamamos apenas de Estado Social e que tem um fortíssimo apoio popular. Jovens que foram promovidos e protegidos por intelectuais que trocaram a revolução maoísta pela revolução liberal-conservadora, sem, nessa troca, terem perdido nenhum mau hábito antigo.

2017/08/15

Os coisos que dizem coisas

A propósito de mais um destrambelhamento do José Quê dos Cantos lembrei-me de fazer aqui uma lista de «famosos», principalmente coisistas e escrevinhadores, mas não só, também terão lugar, neste alfabético top 100, alegados vigaristas, vigários, vigarinhos, vigarões, vigarominosos e outros alegados criminosos, tudo alegado e alegadamente porque vivemos numa democratadura em que quem (alegadamente) recebe do Capital  tem muito mais disponibilidade para recorrer à (in)justiça de classe (dominante).

Com o tempo vou tentar vir cá deixar as coisas que eles vão coisificando nos caneiros e pasquins onde lhes pagam tribuna.

Abominável Homem das Neves
(Cómico lunático da vigaronomia neolibertalha)
- Lunático defensor da minimização do salário mínimo, passou o quatriénio 2015-18 a anunciar o cataclismo eminente que teima em não chegar, constrói larachas em torno de sound-bytes do estilo: "a maior parte dos pensionistas não são pobres, fingem" ou "subir o salário minimo é mau para os pobres"

Camelo Bolorenço
(Coisista de serviço)
- Escrevinha umas larachas.

Clara Loireira de Bilderberg em Castalves
(Opinadeira de serviço dos bolsanamão)
- Famosa por ter varrido os tapetes numa reunião dos Bilderbergers entretém-se atualmente a anticomunizar esquizofrenicamente.

Danilinho Presença de Carvalho
(Dono Disto Tudo Por Baixo da Mesa)
- Famoso por presidir ao escritório de advogados que inter-medeia os negócios públicos, privados, públicos com privados, uns com os mesmos, com os outros, com terceiros, do mesmo ou de sexos opostos, ou todos ó molho é gamar vilanagem, ocupa atualmente um reduzido número de cargos incluindo o de supra referido sócio-presidente da Uría Menéndez - Proença de Carvalho e acumulando com presidente da Cimpor - Cimentos de Portugal, presidente da assembleia geral da Galp Energia, SGPS, da Socitrel, da Renova, da Velha, da Antiga e de mais umas quantas. Ainda arranja tempo para escrevinhar opinações onde lhe dêm tribuna.

Ganda Nóia (aka Parques Pentes)
(Vidente nos caneiros bolsanamão)
- Famoso por antecipar estatísticas do INE publicadas duas semanas antes e fazer desaparecer noticias de jornais.

Grunho Ventura
(Comentador futebolístico do Partido Grunhadal Renovador travestido de candidato autárquico do PSD)
- Grunhe.

João Merkel Taberneiro
(Cómico substituto no prime das sextas à noite)
- Cognominado "O Zarolho" pelos anteparos que lhe turvam a visão, tenta provocar riso em telespectadores desprevenidos afiambrando um ar de quem se leva a sério.

José Papel Feirantes
(Observadeiro monocular direito)
Oriundo de uma facção maoista de um partido estalinista, começou a navegação de jornaleiro na udêpista voz do povo, de onde transitou para o xuxalista Jornal, onde rumou ao público da sonae, onde fez longa carreira como porta voz corporativo. Acabou encaixotado no extremo direito do lixo desinformativo.

José Quê dos Cantos
(Pretendedor de caneiro televisivo) 
- De cognome "U Órelhas", ficou famoso por ter narrado em directo e com grande entusiasmo a invasão do Iraque. Dedica-se atualmente à mais desbragada propaganda pafista.

Leonildora (Serial Killer) Belinha
(Presidenta dos cadáveres do totta)
- Famosa por ter (alegadamente) mandado injectar nos hemofilicos o sangue contaminado que a mãe vendia no mercado, acabou posteriormente por ver caducar a acusação de que (alegadamente) o teria feito de propósito quando afinal o fez (alegadamente) porque estava distraida.

Maria Farrusca Bonifrates
(observadeira liberalha cripto achegada)
Desbronca-se de cada vez que bolsa extrumadeiras e assume a mais óbvia das verdades: "O Libelarismo nunca foi democrático" afirma ela, saindo assim do armário chegano onde se escondia e rebentando de uma penada com o castelo de cartas dos democratadores iliberalistas cá da casa.

Miguel Boulsa Taverneiro
(Ex-pai, ex-filho e ex-pirito santo)
Bolsa opinações nos caneiros bolsanamão sobre realidades imaginárias, construídas sobre nuvens negras de preconceitos anti-comunistas. Indiferente perante factos que o desmintam, malha nos sound-bytes que inventa. Numa das suas sabedoras arrancadas e em reposta a uma pergunta "Da" Cristina Ferreira esclareceu que a tecnologia blockchains, tal como o próprio nome indica é uma tecnologia que bloqueia em cadeia. Sobre a credibilidade do opinadeiro não temos nada a crescentar.

Nuno Melro
(Candidato a condutor do uber do xicão)
«Independente de direita, entre Salazar e Rolão Preto, em tamanho reduzido viu na referência ética e espiritual do ELP e MDLP, o cónego Melo, “uma personalidade com um papel ativo, à sua escala, para a implantação da República tal como hoje (2008) a vivemos”, e que, lastimoso, propôs um voto de pesar à AR, quando do passamento do explosivo clérigo. [...] Não se coibiu de afirmar que “o VOX não é um partido de extrema-direita” quando logrou obter deputados na Andaluzia com um decálogo programático fascista.»

Portocarteiro
(Opinadeiro num pasquim)
- Bolsa umas coisas monossilábicas conotadamente mononeuronais em papel de jornal, assume-se como dinossaurico da direita trauliteira mais ultramontana.

Rui Taverneiro
(Ex-bloguista, ex-eurodeputado, ex-independente, ex-toriador, ex-tudo-e-mais-alguma-coisa-e-o-seu-contrário)
- Kautskizinho nacional de pacotilha, tornou-se famoso por continuar a ocupar a cátedra euro-paralamentar dos 17 000/mês mesmo depois de cortar relações com os camaradas broquistas que lhe estenderam o tapete. Atualmente dedica-se a pedinchar umas migalhas pelas boutades que escrevinha nas tribunas que lhe dão esmola. Por vezes parece acreditar no que escreve personalizando o Paradoxo da Mediatização Forçada(1) sob a acção do Impulso "Viktor Dedaj"(2) . Também apelidado de Tavarish pelo carinho e «des-vê-los» que demonstra pela esquerda toda ... dele,

Sabastão Bagulho
(Expinadeiro protofascista travestido de €€€ deputado laranjinha)
- Diz que tá fartinho d'a trabalhar desde que começou a escrever opinações mais ou menos pagas a metro até o promoverem aos 17000€/mês. Velho bafiento com pinta de beto, catapultado pelos telefonemas da mãe a opinadeiro ao serviço de quem lhe pagar bem.

Tó Barrete (aka tó birrento)
(Presidiário de think tank neoliberal)
- Mais conhecido como coveiro da Reforma Agrária nos finais dos 70 do século passado, dedica-se a escrever obituários do PCP mais ou menos a cada 15 dias e, escorregando na baba raivosa que lhe escorre pelo canto da boca tenta reescrever a história mais ao jeito do seu genético estalinismo. Mas, ironias à parte, importa lembrar que este tem as mãos sujas com o sangue dos trabalhadores Casquinha e Caravela que lhe escorre dos dentes e ensanguenta a barba. Sobre a coisa em apreço e o seu conceito de justiça escreve aqui o Alfredo Barroso e aqui o xxx.

U Órêlhas
(Ah eh éh dintandunrámhhhtomtamlitáários he he)
- Cognome de um tijolo entre duas órêlhas que se ri, he he, das asneiras que debita e das boçalidades que escreve.(ver tbm José Quê dos Cantos)

Zabel Janada
(Profissional da caridade)
- Especialista em ensinar os pobrezinhos dela a não comerem bifes nem lavarem os dentes com a água a correr, sugeriu recentemente uns cursos de formação para os pobrezinhos dela aprenderem a gastar os 125 euros que o costa lhes devolveu.

Zé Gomes Farfalheira
(Comendador de vigaronomia nos caneiros dos bolsanamão)
- Achou mal que o balanço do comércio interno da união europeia fosse nulo! Mas, qual cereja no topo do bolo, ei-lo a declarar em video e entusiasticamente que «ao ouvir um idoso, numa conversa de café a dizer que estava tudo mal com o BES» fez questão de lhe explicar «pessoalmente que não senhor, estava tudo muito bem com o BES, o problema é com o GES, mas o BES está perfeitamente protegido» ... tudo isto 5 semanas antes da falência ... do BES. Aldrabão? Avençado? Fanático? Só ignorante? Não! Como inveterado tudólogo assume-se bipolar-negacionista-climático

(1) Impulso Viktor Dedaj - «Todo o corpo intelectual mergulhado num meio mediático amorfo sofre uma força vertical dirigida de cima para baixo, e oposta ao peso dos argumentos desenvolvidos. Esta força é designada impulso Viktor Dedaj». Wikipédia (edição 2050)

(2) O Paradoxo da Mediatização Forçada (aka Paradoxo de Viktor Dedaj) enuncia-se como uma questão do tipo "a galinha ou o ovo" através da pergunta: «É a mediatização que os torna assim ou são mediatizados por serem assim?». Obtendo da parte do filósofo uma resposta quântica de dualidade onda-partícula «Provavelmente é as duas coisas ao mesmo tempo: são autorizados a entrar no campo mediático devido à compatibilidade do seu discurso com o quadro pré-estabelecido das expressões toleradas, e a sua presença continuada provoca, por sua vez, através de uma espécie de instinto de sobrevivência no sentido de não se ver condenado a uma «morte mediática», uma conformação do seu discurso a esse quadro.» Wikipédia (edição 2050)



Voando sobre um ninho de cucos – 4 – Nuno Melo (CDS)

Na observação da ornitologia política a que me propus, antes de regressar aos pássaros de maior porte, vale a pena depenar um pardal da direita dura, Nuno Melo, que pretende substituir o atual presidente da comissão liquidatária, Francisco Rodrigues dos Santos.

O deputado profissional, em Lisboa e Bruxelas, sem possibilidade de euro-deputar, quer deputar em Lisboa, sendo obrigado a disputar a liderança do clube, o CDS, ao Chicão.

Nuno Melo é uma ave canora da capoeira da direita tesa, capturada por Cavaco, Passos Coelho e Paulo Portas, onde Cavaco era considerado um intelectual e Passos Coelho estadista. Pontificavam aí os Drs. Relvas, Marco António e Nuno Melo, quando Cavaco entrou em defunção política, Portas no mundo dos negócios, e Passos Coelho na cátedra universitária que lhe arranjou Sousa Lara, ex-censor de Saramago e futuro porta-voz do partido fascista, e a D. Cristas geria o CDS. Um bando de aves sonoras!

Nuno Melo, independente de direita, entre Salazar e Rolão Preto, em tamanho reduzido, considera o Chicão com falta de maturidade democrática, ele que viu na referência ética e espiritual do ELP e MDLP, o cónego Melo, “uma personalidade com um papel ativo, à sua escala, para a implantação da República tal como hoje (2008) a vivemos”, e que, lastimoso, propôs um voto de pesar à AR, quando do passamento do explosivo clérigo.

O antigo pajem de Paulo Portas viu aprovada contra si uma moção de censura proposta pela direção de Ribeiro e Castro. Nuno Melo voou sempre à direita do seu bando.
Este pardal ficou mudo quando o CDS foi expulso do PPE por conduta antidemocrática e quando a fotografia do fundador, Freitas do Amaral, foi retirada do Largo do Caldas, mas não se coibiu de afirmar que “o VOX não é um partido de extrema-direita” quando logrou obter deputados na Andaluzia com um decálogo programático fascista.

Santana Lopes e Nuno Melo eram os delfins quando Rui Rio, no PSD, venceu a tralha cavaquista e Francisco R. dos Santos, no CDS, foi o insólito herdeiro dos despojos da D. Cristas.

Perante as lutas intestinas da direita, inconformado por não estar mais à direita, nem ter credibilidade eleitoral, para apagar o incêndio que lavrava nas suas hostes, teve de sair dos bastidores o incendiário-mor, D. Marcelo, que agora dirige as operações contra o PS, para já, e contra toda a esquerda no futuro próximo.

Nuno Melo tem grandes hipóteses de voar, muito baixinho, que a envergadura eleitoral não lhe augura grandes alturas, e é o preferido do regente da orquestra que, ansioso, teve de fazer uma OPA amigável dos partidos da direita democrática.

Eanes tentou lançar um partido novo, a D. Marcelo bastou-lhe falar aos microfones para lhe caírem 2 no regaço. Nuno Melo é o ornamento do PSD à espera de entrar para a AR.

Começa a ser intolerável a conduta do PR em relação aos partidos de esquerda. Não lhe permite a fogosidade nem a ambição manter-se na área das suas competências e evitar a intriga e a chantagem, sobre os partidos de esquerda e sobre o eleitorado.

Para já, foi determinante na candidatura de Paulo Rangel e do irrelevante Nuno Melo, mas, enquanto patrocina as aves referidas, devia recolher as asas e as garras.

2017/08/14

Outro coiso que diz coisas

Não, não vou aqui publicar-lhe o nome, mas vou transcrever o texto d'O Tempo das Cerejas chamando-lhe o que é, um tó birrento.

Apresentando uma factura a certos anticomunistas 
Vitor Dias in O Tempo das Cerejas

"Cem anos. Tantos anos!
 "Com a chegada dos dias santos
de Setembro a Novembro,
começam as comemorações. 
Na Praça Vermelha,
em Moscovo, com pouco lustro
e ainda menos entusiasmo.
Na Praça Kim Il-sung, em Pyonyang,
com aprumo e disciplina.
Na Praça da Revolução, em Habana,
com rum e saudades de Fidel.
Na Quinta da Atalaia, na Festa do Avante!,
com música e bifanas. E pouco mais."
Tó Birrento no "DN"

Em curiosa coincidência temporal com o Portocarrero do «Observador», [Tó Birrento] perpetra hoje no DN o seu 159º julgamento sumário e epitáfio do «comunismo».

Não, não vou discutir um texto que celebra o século das independências coloniais mas se esquece da contribuição da URSS para isso. Não, não vou discutir um texto que, no fundo, equipara nazismo e comunismo mas se esquece de quem deu a maior contribuição militar, e com mais sacrifícios e mortos, para a derrota do primeiro. Não, não vou discutir este bafiento truque de reduzir a luta heróica dos comunistas de todo o mundo, desde logo com as resistências europeias ao fascismo e ao nazismo, à história e percurso da URSS e de outros países de Leste feitos de epopeias e tragédias.

Não, nada disso. Vou sim escrever algo que ando há muito tempo para lembrar por causa deste e de outros Barretos, ou seja, de alguns que foram comunistas e depois (casos há como o de Barreto que até começou por sair pela «esquerda») se tornaram ferozes anticomunistas.

É que ninguém nasce reaccionário ou fascista ou antifascista e democrata. Ora muitos destes Barretos o que nunca contam é como, no Portugal de Salazar, se tornaram democratas. Excluindo os casos de influência familiar directa, o que bem se pode dizer é que muitos deles, com alta probabilidade, se tornaram democratas porque em determinado momento das suas vidas tomaram contacto com uma qualquer ou várias das expressões da radicação e influência do PCP na sociedade portuguesa, seja uma colectividade, uma associação de estudantes, um cineclube, um suplemento literário, uma campanha eleitoral da oposição democrática, etc., etc.

Se não estivessem toldados pela cegueira e ódio anticomunistas, podiam ao menos agradecer ao PCP e ao famoso «comunismo» o facto de, chegado o 25 de Abril, terem podido ser, dizer-se ou apresentar-se como democratas.

2016/11/22

Mais um Trumpista Encapotado


Bem! Munchau! Escreves tanta asneira que eu nem sei por onde começar. 

Vamos por partes ...

1. A forma ou a falácia - ao longo da tua opinião vertes um churrilho de chavões sem a menor preocupação com a fundamentação do que quer que seja. Alguns exemplos. «líder do Mundo Livre»? O que é um líder? E o que é esse mundo livre? Ainda andas nessa? 30 anos depois? Livre? Livre de quê? O M5Estrelas «desafia o conceito de direita e esquerda» dizes tu,  ou será "o teu conceito de esquerda direita marchar marchar" ? Tens uns "conceitos" muito mainstream. Tão mainstream que os Trumpismos dos teus conceitos também devem desafiar os teus conceitos. Enfim, sobre a forma das tuas falácias podíamos ficar aqui uns 30 000 caracteres mas não tenho dedos para tanto.

2. Onde é que foste buscar que «Em países democráticos, é comum os partidos da oposição acabarem por chegar ao poder»? Quantos partidos de (verdadeira) oposição nunca chegaram ao poder? A não ser que para ti os partidos se resumam àqueles dois ou três que costumam trocar cadeiras e galhardetes no banquete da coisa pública tipo Labour&Tories, Reps&Dems Hollande&Sarkozy. É isso, certo? Mais uma vez a tua visão é tão mainstream que vais acabar a chorar lágrimas de crocodilo pela eleição de um qualquer trumpista europeu.

3. Dizes tu que se o Renzi se demitir é o caos politico. Outras vez ? Se o Syriza ganhar é o fim! Foi? Se o brexit ganhar é o inferno, lembras-te ? Foi? Não há alternativa à austeridade? Não? Viu-se. Pára lá de gritar e abanar as mãos que vem ai o lobo, respira fundo, desce à terra e olha para a realidade sem os teus óculos de chavões pré-concebidos.

4. «De todos os candidatos que se assumiram como tal, ela [a le pena] é a que está mais bem preparada» dizes tu e mais quem? Mas preparada para quê? Para expulsar emigrantes? Queimar muçulmanos? Acabar com os sindicatos? Ilegalizar partidos? Largar skinheads trauliteiros? São os munchaus como tu que por levarem ao colo os fascistas acabam por elegê-los. És mesmo só bronco ou és realmente o fascista disfarçado de cordeiro que pareces?

A opinião dos munchaus anda por aqui caso alguém a queira ler.

2008/12/25

Bem! Como não se pode dar sempre no cavalo ...

Não haja dúvida que eu tenho um galo do caraças.

Já não lia aquilo desde os tempos em que morreu o Cáceres Monteiro.

Mas esta semana ...

Tava ali na bicha pó bolo rei da Nacional como todo o alfacinha que se preza e os olhos não me saiam da capa branca que anunciava figuras e problemas, fotos e acontecimentos.

Vai daí, lá dei os dois passos até ao quiosque dos jornais, enchi-me de brios e pedi a revista e um maço de tabaco pa entreter o tempo - faltavam sair 250 bolos rei prá minha senha.

E não é que em vez de começar pelos fins e ir logo às parvoeiradas do RAP deu-me pa começar pelas primeiras páginas?

E não é que dei logo de caras com uma crónica dum tal Peixe-Espada a queixar-se dos paizinhos que lhe deixaram uma suciedade de empréstimos, prestações e precariedade?

Só me lembrei logo do outro burguês que dormia com as criadas e acabou a queixar-se que o “Zé Ninguém” o tinha traído!

Atão não é que o Zé Peixoto até acha que sabe que os paizinhos dele já lhe ensinaram onde levar(v)am os Caminhos de Abril?

Parafraseando o outro só me apetece perguntar-lhe: Ó zezinho, mas onde é que tu estavas no 11 de Março? Agarrado aos cueiros da tua mãezinha?

Tás paí a queixar-te das precariedades e das prestações. Mas em que sindicato é que tás filiado? Ou também achas que sabes que os sindicatos não servem pa nada?

E em quem é que tens votado? Ou também achas qu’isso de votar é só pós caretas comós teus paizinhos que não te ensinaram a distinguir Nacionalizações de Socializações de Prejuízos?

Pois é zezinho. O Problema é que como ganhas mais de 500€ por mês achas que um dia ainda vais ter dinheiro pa comprar um Porche!

Mas olha que tás muito enganado zezinho. Ao Porche só chegas a vender quartas na esquina ou a gamar “piquenos” investidores em fundos de capital garantido pelo rol da mercearia do teu paizinho.

Quanto aos caminhos de Abril que tu achas que sabes onde vão dar, deixa-me explicar-te que se por acaso recebes subsídio de natal ao Gonçalvismo o deves. E se tens direito a férias pagas, idem idem aspas aspas. Deixa-me deixar preto no branco que se não fossem esses caminhos de Abril ainda estavas a receber umas "gratificaçõezinhas" proporcionais aos sapatos que lambes em cada crónica.

E quando os teus colegas fazem greve ... é pelo teu direito a uma vida menos precária e menos endividada.

E quando o sindicato pa onde devias descontar 1% do teu salário te avisa que a caducidade da contratação colectiva é uma machadada terrível nos teus direitos, talvez seja melhor não assobiares pó lado pa depois não vires chorar lágrimas de crocodilo.

Mas tu zezinho não sabes nada disto, não sabes e dificilmente virás a saber porque vais continuar pendurado no teu galho a debitar leviandades sobre precariedades e endividamentos com o douto ar de quem tem o rei na barriga.

Se fosse só “azar o teu” nem me dava ao trabalho de me irritar contigo. Mas como esta sociedade de que dizes não gostar é feita com a tua falta de Consciênciazinha de Classe e depois sobra pa cima de mim que não tenho culpa nenhuma da tua sacrassentíssima ignorância, apesar de já ser dia de Natal, tinha mesmo de vir aqui verborrar a irritação que me vai na alma!

Agora já posso ir dormir na santa paz dos anjinhos, como todo o “Novo” proletário que se quer bem :)