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2022/09/20

Entretanto na Frente Financeira da Guerra


Inquietudes existenciais: a Guerra Financeira Contra o Ocidente Começa a Morder

(Alastair Crooke, 2022/09/05, Strategic Culture Foundation)

O Clube de Roma, fundado em 1968 como um colectivo de pensadores líderes a ponderarem questões globais, tomou como seu lema a doutrina de que ver os problemas da humanidade individualmente, isoladamente ou como “problemas capazes de serem resolvidos nos seus próprios termos”, estava condenado ao fracasso – “todos estão inter-relacionados”. Agora, cinquenta anos depois, isto tornou-se uma “verdade revelada” inquestionável para um segmento chave das populações ocidentais.

2022/09/18

Entretanto no sul global ...

O “Espirito Samarcanda” será guiado pelas “potências responsáveis” Rússia e China
(Pepe Escobar, 2022/09/16)


Entre sérios terramotos no mundo da geopolítica, foi extremamente apropriado que a cúpula dos Chefes de Estado da Organização de Cooperação de Xangai (SCO) deste ano tivesse lugar em Samarcanda – o último cruzamento da Rota da Seda em 2.500 anos.

2022/09/09

Sobre os Objetivos Russos na Ucrânia

Segundo Dmitry Trenin, aqui chegados e após seis meses de conflito, a Rússia poderá já não se contentar com a Crimeia e o Donbass, como tudo apontava em Fevereiro-Março, mas antes prolongar a guerra até à completa aniquilação do estado ucraniano através de uma divisão com varsóvia, para quem deixaria o noroeste historicamente polaco. Quem o afirma é professor e investigador na Escola Superior de Economia e investigador principal do Instituto de Economia Mundial e Relações Internacionais, além de ser membro do Conselho de Assuntos Internacionais da Rússia.
(A Referência )
 
Seis meses de conflicto: O que é exatamente que a Rússia espera alcançar na Ucrânia
Dmitry Trenin, Russia Today, 2022/09/08

Os últimos comentários de Putin revelam que o pensamento de Moscovo mudou e o compromisso não está mais na agenda

Na semana passada, o presidente russo, Vladimir Putin, referiu-se à Ucrânia como um “enclave anti-russo” que deve ser removido. Também afirmou que os soldados russos que participaram da operação militar estavam a lutar pelo seu “próprio país”. Estas declarações comportam importantes implicações.

2022/03/01

4 Opiniões Sobre a Guerra da Ucrânia e dois epílogos servidos frios

 

Agora, depois de muitos se pronunciarem sobre a catástrofe que se abateu sobre a Europa, tive a oportunidade de encontrar quatro coincidentes olhares de quatro indivíduos. São pessoas com as quais estou geralmente em desacordo, se bem que em graus diversos, porque, se o mundo é a cores, as mentes humanas são universos de cor. Pena é que as queiram reduzir a um mesmo cinzento próprio dos tempos negros que varreram o mundo faz agora uns provectos oitenta anos, quase um século.

Arrisco começar com a perspetiva de um douto constitucionalista da nossa praça, passando em seguida pelo olhar de um perigoso extremista, de onde navegaremos para a visão de um pequeno-burguês com tribuna nos media corporativos, para terminar com um dos oráculos nacionais. Todos eles partilhando a mesma categoria de reais cripto-comunistas mascarados de anti-comunistas ferrenhos ao longo dos últimos 30 anos. Como sobremesa, sirvo os conselhos de Henry Kissinger, envelhecidos em cascos de carvalho desde 2014 e a posição dos comunistas portugueses, a frio, em cima da ceia, como sorvete que pare a digestão de tão lauto banquete, farto de bom senso tardio.

2022/02/23

Sobre o Confronto Rússia vs. EUA

Não sei quem ganhará, mas sei que nós, os pacifistas bem intencionados já somos os principais derrotados. As duas panorâmicas que aqui recolhi não auguram nada de bom para os próximos tempos e ambos os autores têm leituras muito lúcidas da realidade, um sobre o que Putin esteve a explicar durante uma hora e outro sobre a indiscritivel passividade da União Europeia face aos vários desmandos que os EUA lhe têm imposto. Vejamos primeiro que disse Putin.

Não Sejamos Otimistas
(Francisco Seixas da Costa, CNN Portugal, 2022/02/22)

Não tendo uma natural vocação masoquista, dei comigo a pensar, no final da tarde de segunda-feira, por que razão, por quase uma hora, me entretive tanto a ouvir, numa muito profissional interpretação simultânea (num site russo, em espanhol), a integralidade da comunicação que Vladimir Putin fez ao país e ao mundo.

2019/11/03

Para Compreender o Conflito de Faz de Conta

A Rússia e a autodeterminação dos curdos em 26 notas
(Nazanín Armanian, ODiário.info, 2019/11/01)

1. Quem semeia ventos colhe tempestades, insinuou o embaixador russo na ONU, Vasili Nebenzia, sobre a dramática situação dos curdos após o ataque militar da Turquia de 9 de Outubro no norte da Síria: “Nós incentivámos os curdos a terem um diálogo directo com o Governo sírio, mas eles preferiram outros protectores e agora podem ver o que sucede”. Depois, na votação do Conselho de Segurança, recusou-se a condenar a agressão militar ilegal turca contra a Síria “soberana” e só pediu ao agressor “máxima contenção”. Por outro lado, Donald Trump, para se defender dos que o chamam “traidor dos curdos”, disse que esses “não são anjos” e que alguns líderes do PKK são piores que o Daesh e deveria ser-lhes dado tempo para lutarem entre si para depois ir separá-los, deixando uma porta aberta para reocupar a Síria. Traidor? Não foi uma equipa da CIA e a Mossad quem capturou no Quénia o líder curdo Abdullah Öcalan e o entregou à ditadura turca em 1999?

2019/09/13

Media Nacionais Ignoram o 5º Fórum Económico Oriental

Todo o Extremo Oriente esteve reunido em Vladivostoque, na Rússia, e os media nacionais nem deram por isso. «Não existem dúvidas de que está em desenvolvimento uma nova era de multilateralismo e de relacionamento multipolar, quer os media ocidentais noticiem ou não. Uma nova era sintetizada pela reunião bem-sucedida das nações do Leste Asiático em Vladivostoque. O que também está bastante claro é que o tempo da hegemonia de um país que trata os outros como vassalos está a chegar ao fim. É um sistema inviável, insustentável e indigno. O mundo não pode arcar com o unilateralismo conflituoso dos Estados Unidos e dos seus satélites europeus»

A quinta edição do Fórum Económico Oriental, que decorreu em Vladivostoque, demonstrou que o multilateralismo e a cooperação mutuamente vantajosa são possíveis mesmo entre nações que têm um passado – e até um presente – de antagonismo. No Extremo Oriente, sob a égide da Rússia, várias nações asiáticas enviaram esta mensagem ao mundo – a de que uma nova ordem internacional é possível - significativamente ignorada pelos meios de comunicação mainstream.

2019/02/20

EUA - Os Donos do Mundo

Bases Planetárias dos EUA: O Império do Terror
(Jorge Fonseca de Almeida, O Lado Oculto, 2019/02/16)

A Organização das Nações unidas (ONU) agrega 193 estados soberanos, a quase totalidade dos que existem sobre a Terra. Alguns são gigantescos como a Rússia, o Canadá, os Estados Unidos e a China, outros são minúsculos como o Vaticano, o Mónaco, o Nauru, o Tuvalu ou São Marino. Maior que número de países do mundo é, contudo, o número de bases militares norte-americanas instaladas fora do seu território.

São cerca de 800 as bases militares norte-americanas espalhadas pelo mundo, e se bem distribuídas dariam para estacionar quatro em cada país do planeta (Férnandez, 2018). Esta rede de bases constitui uma forte tenaz que impede os países de acederem verdadeiramente à independência plena e é um dos pilares do império norte-americano sobre vastas regiões do planeta. Nenhum país pode ser verdadeiramente independente quando está ocupado por tropas estrangeiras.

2018/11/09

Noticias do Mundo Real 2018/11/09

Os media corporativos continuam a censurar 99% do que no mundo acontece. Desde os assassínios perpetrados pela potência ocupante israelita na Palestina, passando pelas greves no Peru e as manifestações na Argentina, até à invasão do Iémene pela Arábia Saudita e seus aliados ocidentais ou à aprovação pela ONU da 27ª resolução, em 27 anos consecutivos, contra o cerco dos EUA à heróica pátria cubana, nada disso aconteceu esta semana nos telecaneiros ou capas dos pasquins corporativos. Felizmente são cada vez mais - e melhores - os media alternativos portugueses onde se pratica jornalismo informativo, honesto e de qualidade. Nesta semana em que se assinalam os aniversários da Guerra e da Revolução, aqui vos deixo uma série de ligações para notícias sobre o que de facto se passa no mundo real com que entreter um fim de semana que se antevê chuvoso.

CENTENÁRIOS E REVOLUÇÕES
101 anos depois: a luta continua: A Revolução de Outubro, cujo aniversário hoje se assinala, marcou o século XX e a luta dos trabalhadores e dos povos, concretizando a aspiração secular do homem - a sua libertação social e humana.

A perturbadora nostalgia da guerra: O armistício que pôs fim a uma das maiores e mais cruéis chacinas mundiais está a ser celebrado na Europa através de paradas militares. Portugal excedeu-se convocando o maior desfile militar de sempre. (José Goulão)

Do Armistício e do 7 de Novembro: A revolução soviética de 1917 resultou da necessidade, tão actual, do proletariado retirar do poder as classes então dominantes, e se libertar do capitalismo libertando dele a humanidade.


2018/06/22

E o Skripal?

Sim, concordo, é um verdadeiro saque, mas tenho desculpa. As Palavras São Armas revelou-se uma verdadeira arca do tesouro e dos muitos que gostaria de ter escrito, deixo aqui só mais um para Refer&ncia futura. Lembram-se dos Skripal? Pai e filha? Desaparecidos depois de ressuscitados? Pois! @Refer&ncia

Putin, o mágico
(As Palavras São Armas, 2018/06/04)

Recordei os espetáculos no Circo de Moscovo em Paris e em Moscovo, e das artes mágicas que me deixaram a cabeça em água. Após o assassinato do jornalista russo em Kiev e da sua ressurreição no dia seguinte, disse para com os meus botões: isto só pode ser magia!

Para confirmar esta suspeita, fui sem a ajuda dos russos, revisitar o caso Skripal. Garanto-vos que é o melhor espetáculo de ilusionismo, no circo dos media, a nível internacional.

Espreitei na dona googlesa as grandes parangonas:

2018/04/14

Peritos da OPAQ Chegavam Hoje à Síria para Investigar Ataque Químico

O Eixo do Mal, EUA-UK-França, lançou hoje um ataque com mais de 100 mísseis contra a Síria. Logo hoje, quando chegariam a Damasco os peritos da Organização para a Proibição de Armas Químicas.

A Síria acusa o Eixo do Mal de tentar apagar provas do fracassado embuste usado para tentar justificar mais uma invasão.

Tal como no Iraque há 15 anos, quando chegarem as provas de que, mais uma vez, o Eixo do Mal (EUA-UK-França) mentiu para justificar uma guerra, já os novos senhores da guerra, trumps, mayas e mardons, terão assassinado a sangue frio mais uns milhares de mulheres e crianças.

Desta vez são os novos senhores da guerra deste eixo do mal que se encontram a braços com graves problemas internos. Trump a ver investigada a alegada intervenção russa nas eleições, Theresa à-rasca-com-o-brexit May, tal como o próprio nome indica, atolada nos revezes de um brexit catastrófico e Mardon a enfrentar a maior contestação laboral das últimas décadas, encontraram aqui o fait-diver por excelência para reunir adeptos em torno do seu único ideal: a Guerra.

Independentemente do que o governo Sírio tenha ou não feito, e que iria hoje começar a ser investigado pelos peritos da OPAQ, os ataques com mísseis foram realizados sem a aprovação do Conselho de Segurança da ONU, em violação da Carta das Nações Unidas e de normas e princípios do direito internacional e constituem um ato de agressão contra um Estado soberano. Isto são factos.

Algumas das notícias sobre mais este vil e traiçoeiro ataque de um Ocidente sedento de guerras:
A notícia da RT centra-se nos factos e alerta para prevista chegada hoje dos peritos da OPAQ.
A notícia do SAPO usa o press realease da  Novosti e as declarações do ministérios da defesa francês. Aqui informa que o governo russo vai pedir uma reunião de urgência do conselho de segurança da ONU.
O Público mantém uma cronologia atualizada em tempo real.
Diz o Carlos Narciso no facebroncas "A verdade é a primeira vítima da Guerra" e por uma vez estou de acordo com o que ele afirma.

2018/04/06

O Espião da Velha Albion na Pérfida Moscóvia

Gosto de tudo neste recente thriler de espionagem policial da #WhereIsTheresa À-Rasca-Com-o-Brexit May.

Gosto da tentativa de assassinato de um espião alegadamente britânico com nome russo. Gosto do agente quimico fabricado god knows where. Gosto dos familiares britânicos do Novitchok, armazenados em Porton Down, a escassos 15km do, ainda incerto, local da tentativa de assassinato. Gosto do nome do cabeça de casal usado na tentativa. Novitchok ou novoshike é novo e é chique, nome todo modernaço para uma familia de armas quimicas cromossomaticamente semelhantes no facto de poderem ser produzidas com genes de uso comercial. Gosto, gosto, gosto. O que é que querem? Acho um romance fabuloso e pleno de criatividade.

Gosto da berraria estridente das virgens ofendidas porque a Al-Nushra fabricava armas quimicas em Ghouta, ou Guta, ou às goutas, nunca cheguei a perceber. Não? Percebi mal? Não eram os terroristas moderados que bravamente defenderam as goutas sirias do terrível exército árabe sírio, aka "terrificantes forças de hassad" como é conhecido aqui no burgo o exército da república àrabe siria que ... Escrevia eu, não foram os capacetes brancos a fabricar o perfume do tipo "novoshike"? Não? Foram os russos? Foi o malvado Putin? A pérfida moscóvia? Foi a rússia que fabricou o veneno da familia Novitchok? Quando? Há 30 anos? Onde? Num quistão qualquer? Ou terá sido a Royal Family a ficar com os chiques, quando os amigos Americanos limparam as fábricas dos quistões, ao amigo Boris, em meados dos 90 do século passado?

Eu sei, eu sei que é uma sequela com atores de série b do famoso sucesso "Never Found Saddam WMD's Inc." levado à cena no dealbar do século pelo trio maravilha com cathering do Zé Manel Dôuurãou Barouusô, entretanto desviado para outros dourados saques. Eu sei isso tudo. Mas vocês acham que eles não sabem que nós sabemos que eles sabem?

Antes de comprarem o romance, aconselho vivamente a critica do AbrilAbril e a recensão literária dos alinháceos da aspirina b, neste último não percam o brilhante comentário de um alegado Joaquim Camacho: «Francamente, Júlio, no caso Sergei Skripal, não percebo as tuas dúvidas sobre a culpabilidade da Rússia e do Putin. Na ‘jurisprudência internacional’ (criei agora o conceito, uma espécie de pot pourri de diarreias sortidas, nomeadamente de alinháceos cacarejantes) surgiu, qual ovo de Colombo flamejante, um não menos novo conceito (a febre criadora não chegou só a ti e a mim). É um conceito milagroso, que dispensa provas, julgamentos e outros preceitos e conceitos, serôdios e ultrapassados, como o famigerado ‘in dubio pro reo’, e dá pela graça de ‘altamente provável’ culpabilidade. No altamente excitante cacarejar de D. Theresa-à-rasca-com-o-Brexit-May, o maravilhoso ‘highly likely’, garantia de gigantescas poupanças futuras na administração ocidental da justiça, que lhe valerá, se em Oslo e Estocolmo não andarem distraídos, o próximo Nobel da Alquimia. Vejamos: o bendito Skripal foi preso em 2004 na Rússia, quando se descobriu que se tinha vendido ao MI6 britânico. Foi julgado em 2006, logicamente ainda na Rússia, condenado por alta traição a 13 anos de prisão, que começou a cumprir igualmente na Rússia, até que, em 2010, foi solto pela mesmíssima Rússia numa troca de espiões com os EUA. É absolutamente evidente que, tendo estado à mercê dos russos, com o diabólico Vladimir Putin à cabeça, durante uma carrada de anos, enquanto preso, só não o mataram por absoluta distracção e estupidez. Coisa de russos, topas? E só essa absoluta distracção e estupidez explicam que apenas em 2018, oito anos depois de o mandarem em paz e liberdade, se tenham finalmente lembrado de que, calhando, era capaz de ser boa ideia limpar-lhe o sebo, lá na casa do caralho mais velho onde ele estava agora. E ideia ainda melhor seria limpar-lhe o sebo com uma arma que identificasse imediatamente o limpador, topas? Que, dentro dessa lógica inatacável, tenham deixado no local do crime a dita arma cheiinha de impressões digitais, acompanhada por um cartão a assumir a culpa, com assinatura reconhecida e tudo, para imediatamente a seguir, inevitavelmente descobertos, negarem a autoria da assinatura, estava a tinta ainda fresquinha, explica-se do mesmo modo: coisa de russos, topas? Assim a modos que escorpião da anedota, não conseguem evitar. Fartinhos de saber que, sendo-lhes assacado o crime, lhes cairia toda a plastificada indignação ocidental em cima, inevitavelmente acompanhada de medidas altamente penalizadoras, nem assim aquele antro de lacraus resistiu, está-lhes na natureza, perversidade is their middle name! Francamente again, Júlio, o que esperavas tu da pérfida Moscóvia? A ponderação e bom senso de um Boris Johnson, um Donald Trump, um John Bolton, uma Killary Klingon ou outros altamente qualificados produtos destas nossas democráticas e ocidentais praias? É melhor esperares sentado!»

2018/03/31

Para a História de Uma Estória Muito Mal Contada (II)

Os dias de uma guerra apenas sem data
(José Goulão in AbrilAbril 2018/03/29)

Em 18 de janeiro de 2018, Sir Nicholas Carter disse o seguinte durante um discurso solene e mediatizado: a agressão russa «começará mais cedo do que o previsto e através de um acontecimento imprevisto»1.

Sir Nicholas Carter, além de cavaleiro de Sua Majestade é o chefe do Estado Maior das Forças Armadas do Reino Unido2 e agora também, por inerência, ponta de lança da doutrina imperial britânica reciclada através do soundbite estratégico lançado pela primeira-ministra Theresa May – «global Britannia».

Não é ainda tempo de perceber por inteiro se a história venenosa dos assassínios do duplo-espião Serguei Skripal e filha é o tal «acontecimento imprevisto» que marca o início da «agressão russa», ou seja, o toque a rebate para desencadear a tão preparada ofensiva – obviamente «defensiva» – da NATO contra Moscovo. Parece pouco ambiciosa, apesar da grande amplitude, a retaliação baseada na excitada e contabilística expulsão massiva de membros do corpo diplomático ao serviço do diabólico Putin. Tudo leva a crer, e disso existem provas factuais, que alguns acontecimentos projectados deveriam ter-se desenvolvido de modo mais belicoso durante estes dias de Março, mas alguma coisa correu mal aos que se habituaram a lançar conflitos no mês dedicado a Marte, o deus da guerra. Já lá iremos dentro de algumas linhas.

Para a História de uma Estória Muito Mal Contada (I)

O caso Skripal e as dúvidas que ainda subsistem
(Major General Carlos Branco in Espesso, 2018/03/29)

Na sequência das declarações de Theresa May, a primeira-ministra britânica, no parlamento, a 12 de março, e de Boris Johnson, o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, sobre o alegado envenenamento do agente duplo Sergei Skripal e de sua filha Yulia, as relações político-diplomáticas entre os países ocidentais - nomeadamente Estados Unidos e Reino Unido - e a Rússia deterioram-se a um ponto nunca visto desde o fim da guerra-fria, piores mesmo do que nos anos cinquenta do século passado.

Theresa May acusou a Rússia de ser “muito provavelmente” responsável pelo duplo envenenamento. O assassinato “teria sido planeado diretamente pelo Kremlin”, ou a “Rússia teria permitido que o gás tivesse caído em mãos erradas”.

2018/03/30

Vêm aí os Russos

Cuidado com os Russos
(Blogue O Jumento, 2018/03/30)

No imaginário ocidental os russos fazem o papel de lobo mau, passa-se a imagem de grunhos que passam a vida a encontrar meios de prejudicar o Ocidente, como se a história da Europa e, mais tarde e com a implantação do comunismo, todos os perigos do maravilhoso mundo Oriental viessem do leste. Temos bons e maus que são os russos, armas atómicas boas e as más que são as russas, armas químicas boas e armas químicas más que são as russas, extremistas islâmicos bons e árabes maus que são os apoiados pela Rússia. Temos um Trump bom e um Putin mau. Até os fascistas são bons se forem ucranianos e quiserem fazer frente a Putin.

A Rússia ficou com a Crimeia onde a esmagadora maioria da população é russa, num território historicamente russo, mas ninguém o que a Rússia fez na Crimeia não foi o mesmo que os EUA fizeram no Texas, uma província que era mexicana e onde os colonos invasores estavam em minoria? A Rússia tem nas suas fronteiras menos territórios conquistados pela força do que os EUA, onde se queixam de em muitas regiões nem ser necessário falar inglês, ignorando que a língua materna desses Estados antes da ocupação era o castelhano.

Não foram os russos que invadiram a França, mas sim Napoleão que tentou conquistar a Rússia. Não foi Stalin que tentou conquista a Alemanha, mas sim Hitler que tentou ficar com a Rússia. Que se saiba a única vez que os ingleses foram à Rússia não foi para libertar aquele país, mas sim para tentar voltar a colocar o Czar no poder. Já os mesmo não se pode dizer dos russos, a primeira vez que invadiram a Europa Ocidental foi para a libertar e ajudar os ingleses a não serem derrotados pelos alemães.

É verdade que os russos invadiram o Afeganistão e o Ocidente apoiou os que se opuseram, foram apresentados como libertadores, os mesmos libertadores que uns anos depois mandaram abaixo as torres gémeas. Os mesmos que voltaram a ser considerados libertadores no Iraque e na Síria, até ao dia em que degolaram um jornalista americano e começaram a promover atentados no Ocidente. Mais uma vez a Rússia esteve do lado errado, protegendo patrimónios como Palmira e a vida de muitos cristãos, enquanto os americanos apoiaram novamente os seus “heróis”.

Boris Jhonson, Theresa May, Trump e até o nosso esganiçado do Rangel têm razão, esses russos são um perigo! Se o Trump ainda andasse a promover a sua virilidade pagando a atrizes pornográficas, a Teheresa May andasse a fazer bolinhos e o Rangel se limitasse a ganhar umas massas em Estrasburgo o mundo estaria bem mais seguro.

2018/03/09

Sobre a Crise do Capitalismo

Contradições
(Jorge Cadima in Avante!, 2018/03/08)

Chovem notícias indicando o aprofundamento da crise do capitalismo. A guerra comercial proteccionista, até aqui encoberta sob a capa de sanções, multas ou questões sanitárias, é cada vez mais aberta. Trump anunciou tarifas sobre todas as importações de aço (25%) e alumínio (10%), invocando a «segurança nacional» (Washington Post, 1.3.18). No ano passado o défice comercial dos EUA em bens e serviços foi de 566 mil milhões de dólares, «o maior desde 2008», com um défice recorde em mercadorias com a China de 375 mil milhões (New York Times, 2.3.18). Mas a China não figura sequer entre os dez maiores exportadores de aço para os EUA, sendo a lista encabeçada por quatro aliados dos EUA: Canadá (16% das importações dos EUA), Brasil (13%), Coreia do Sul (10%) e México (9%). O anúncio suscitou ameaças de represálias do presidente da Comissão Europeia, Juncker, entre outros. É previsível uma escalada. A cooperação é cada vez mais substituída pela confrontação entre potências que procuram sacudir para cima de outros os efeitos da crise.

2018/03/06

Nova Rota da Seda

A rota terrestre a cor de laranja, amarelo e vermelho.
A rota marítima a Azul.
Porque é que a nova rota da seda aterroriza Washington
(A Arte da Omissão, 2016/10/17 [*])

Há quase seis anos, o Presidente Putin propôs à Alemanha a ‘criação de uma comunidade económica harmoniosa que se estendesse desde Lisboa a Vladivostok’.
Esta ideia representou um empório comercial imenso, unindo a Rússia e a UE, ou, nas palavras de Putin, “um mercado continental unificado com uma capacidade de triliões de dólares.”

Em poucas palavras: a integração euro-asiática (Eurásia). Washington entrou em pânico. O registo mostra como a visão de Putin – embora extremamente sedutora para as industriais alemães – acabou por descarrilar pela demolição controlada de Washington na Ucrânia.