2022/01/08
2021/10/31
Sobre o chumbo provocado pela dupla martelo-governo
Mas, que fique claro, a "geringonça" foi uma enorme vitória da esquerda. Primeiro, porque permitiu reverter muitos dos crimes praticados ao abrigo do pacto de agressão pelas duas troikas, a externa da ce-bce-fmi, e a interna do cavaco-psd-cds, segundo, porque provou que a esquerda pode e sabe assumir responsabilidades na área da governação, e, finalmente, porque o entendimento à esquerda ficou definitivamente atravessado na garganta da direita que tudo fará para que não se repita. E nós, a esquerda, vamos deixar que outra maioria absoluta faça vir ao de cima o pior do socratismo? Vamos abster-nos e abrir o caminho a uma direita revanchista com sede de sangue? Ou vamos reagir, votar massivamente à esquerda e pugnar por outra oportunidade?
Entretanto proponho-vos reler o Pedro Tadeu, o André Solha e o José Soeiro, pela ordem dos tempos e dos factos. E acabar com uns números do António Filipe.
Quem matou a geringonça?
(Pedro Tadeu, in Diário de Notícias, 2021/10/28)
Quando, nesse mesmo Código do Trabalho, reforçou as possibilidades do patronato ficar livre das regras da contratação coletiva, ao ampliar os motivos para a caducidade dos acordos feitos entre sindicatos e patrões, prejudicando a capacidade de negociação dos trabalhadores, deu um tiro de espingarda na geringonça.
2021/10/29
3 argumentos contra o senso comum da opinação dominante
1. Está por provar que a recusa de continuar a suportar um governo cuja minoria parlamentar votou sistematicamente com o psd (1500 vezes) e apenas 1050-1030 com os partidos que lhe aprovaram os orçamentos, tenha um peso negativo no eleitorado da esquerda. Só as eleições poderão provar isso ou o seu contrário e o coro de pessimismo só reforça a possibilidade de uma profecia auto-realizada.
2. Pedro Tadeu no dn online explica como é que o António Costa dinamitou a geringonça, vale a pena ler para ter uma ideia de como os factos são deturpados pelo coro de senso comum.
3. Se a esquerda, em vez de se perder em exercicios de sectarismo e autocomiseração, se preocupar em olhar os factos de frente, nada obsta a que após as eleições, se separem as águas e se perceba se o ps quer passar a governar à esquerda, com o trabalho, ou a governar à direita com os votos da esquerda. E os factos são a) a direita não ganhou as eleições nem nada, repito n a d a, leva a crer que mesmo toda junta as consiga vencer, nem sondagens, nem estado de espirito da população, nem falta de memória da última experiência governativa da troika-psd-cds. b) o desempenho do governo no debelar da pandemia, bem explorado, pode valer-lhe votos, assim consiga ultrapassar o rubicão dos media corporativos, clara e ideologicamente militantes contra o ressurgimento de uma geringonça. c) o papel da esquerda na melhoria dos orçamentos só não é óbvio para os media corporativos, cabe-nos, a nós, esquerda, desmascarar a campanha de intoxicação sobre "a desgraça" que, na minha modesta opinião, não é mais do que a desejo realizado do pm (por umas razões) e do presidente-de-fação (por outras), e a experiência diz-me que o António Costa é um estratega da 1ª liga, ao passo que o martelo não passa de um intriguista algo incapaz que precisou de 20 anos a opinar nas televisões para chegar a presidente.
2021/10/26
Sobre o OE de 2022, A(provações) e Desa(provações)
- Em 2020 PCP propôs que o Salário Mínimo Nacional subisse para os 850€
- O governo não aceitou nem em 2020 nem em 2021.
- Em Março deste ano o governo propôs um SMN de 705€ para 2022
- O PCP convergiu e propôs-se aceitar um SMN de 800€ para 2022
- O Governo recusa a proposta
- O PCP convergiu ainda mais e propôs começar o ano com o SMN nos 750€ e crescer ao longo do ano para terminar 2022 nos 800€.
- O Governo mantém a intransigência dos 705€ em 2022.
Quem converge, quem diverge, quem quer e quem não quer acordos?
Sobre a Dedicação Exclusiva dos médicos no Serviço Nacional de Saúde:
- O PCP propôs 50% de majoração da remuneração pela dedicação exclusiva, majoração de 25% do tempo de serviço para efeitos de progressão nas carreiras, orçamentação e regulamentação para entrada em vigor em 1 de janeiro de 2022.
- O governo contrapropõe que fique inscrito no orçamento a regulamentação ao longo do 1º trimestre do ano.
- Quem não se lembra das regulamentações sucessivamente cativadas ao longo de 2020 e 2021?
«O SNS já está, hoje, numa situação de rutura, ou há avanços no sentido de resolução dos problemas já, hoje, ou daqui por um ano já não haverá nada a fazer.» (João Oliveira, RTP2)
Sobre as alegadas oportunidades perdidas:
- O Governo afirma: sem orçamento lá se vão os 10 euros de aumento dos reformados.
«O PCP lutou pelos 10 euros porque isso era um mínimo dos mínimos. O que diriam os reformados se, depois de terem 10 euros de aumento, tivessem de pagar 30 euros por uma consulta no privado porque o SNS não dá resposta? Ou vissem a renda aumentar em 100 euros porque os aumentos de renda não forma regulamentados?» (João Oliveira, RTP2)