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2025/08/27

A Única Teoria Credível Sobre a Destruição do NordStream

Jornalista lendário afirma que mergulhadores americanos fizeram explodir o oleoduto Nord Stream
(RT Castelhano, 08/02/2023)

De acordo com um artigo de Seymour Hersh, vencedor do Prémio Pulitzer de 1970, Joe Biden decidiu sabotar o oleoduto Nord Stream após mais de nove meses de discussões secretas com a equipa de segurança nacional.

O lendário repórter Seymour Hersh fez uma revelação chocante no seu artigo "Como os EUA destruiram o oleoduto Nord Stream", publicado no seu blogue pessoal na quarta-feira. Hersh, vencedor do Prémio Pulitzer de 1970, afirmou que os mergulhadores da Marinha dos EUA colocaram os explosivos sob o oleoduto Nord Stream em junho de 2022.

De acordo com uma fonte familiarizada com o assunto, a operação foi realizada sob a cobertura dos exercícios BALTOPS 22 da NATO. Três meses depois, os dispositivos foram ativados remotamente para destruir os oleodutos.

Sem surpresa, a Casa Branca rejeitou quaisquer acusações que ligassem os EUA às explosões, apesar da visão de Joe Biden de que os gasodutos seriam um meio que permitiria a Vladimir Putin usar "o gás natural como arma para as suas ambições políticas e territoriais".

Adrienne Watson, porta-voz da Casa Branca, classificou tais suposições como "uma ficção completamente falsa", enquanto Tammy Thorp, porta-voz da Agência Central de Inteligência (CIA), comentou de forma semelhante, afirmando que "esta alegação é completa e absolutamente falsa", recorda a jornalista.

De acordo com o seu artigo, Biden decidiu sabotar o Nord Stream após mais de nove meses de discussões secretas com a equipa de segurança nacional de Washington, explorando diferentes abordagens para encontrar a melhor.

"Durante grande parte desse tempo, a questão não era se a missão deveria ser executada", mas como fazê-la sem deixar provas claras "de quem era o responsável", disse Hersh. Dado que as explosões ocorreram no meio de hostilidades entre Moscovo e Kiev, qualquer "acção que pudesse ser atribuída ao governo violaria as promessas dos EUA de minimizar o conflito directo com a Rússia. O secretismo era essencial".

A Elaboração do Plano

À medida que as tensões entre a Ucrânia e Moscovo aumentavam, o governo de Biden também se concentrou no Nord Stream. "Enquanto a Europa continuasse a depender dos gasodutos para gás natural barato, Washington temia que países como a Alemanha estivessem relutantes em fornecer à Ucrânia o dinheiro e as armas necessárias para derrotar a Rússia", escreveu o repórter, referindo que "foi neste momento instável que Biden autorizou Jake Sullivan [Conselheiro de Segurança Nacional] a convocar um grupo interagências para elaborar um plano".

"O que ficou claro para os participantes, de acordo com a fonte com conhecimento direto do caso, é que Sullivan pretendia que o grupo apresentasse um plano para destruir os dois oleodutos Nord Stream e que estava a cumprir a vontade do presidente", lê-se no artigo.

Num primeiro momento, a Marinha propôs a utilização de um submarino para atacar o oleoduto diretamente, enquanto a Força Aérea considerou o lançamento de bombas com espoletas de retardamento que pudessem ser ativadas remotamente. No entanto, a CIA insistiu que qualquer método teria de ser secreto. "Isto não é uma brincadeira de crianças", disse a fonte, acrescentando que, se o ataque pudesse ser rastreado até aos Estados Unidos, seria interpretado como "um ato de guerra".

Neste contexto, a força-tarefa da CIA trabalhou para desenvolver um plano para uma operação secreta que utilizaria mergulhadores de profundidade para provocar uma explosão, embora a ideia tenha sido inicialmente recebida com ceticismo por membros do grupo interagências. Um dos factores que os preocupava era que as águas do Mar Báltico eram fortemente patrulhadas pela Marinha Russa e não existiam plataformas petrolíferas que pudessem ser utilizadas como cobertura para uma operação de mergulho.

A Operação

Para dar continuidade ao plano, os americanos decidiram pedir ajuda à Noruega. "Eles odiavam os russos, e a Marinha Norueguesa estava repleta de excelentes marinheiros e mergulhadores, com gerações de experiência na exploração altamente lucrativa de petróleo e gás em águas profundas", disse a fonte, acrescentando que os noruegueses saberiam como manter as coisas em segredo, uma vez que destruir o Nord Stream lhes permitiria vender muito mais gás natural à Europa.

Em março, alguns membros da equipa voaram dos EUA para a Noruega para se reunirem com o Serviço Secreto e a Marinha Norueguesa. "Uma das principais questões era exatamente onde no Mar Báltico seria o melhor local para plantar os explosivos", explicou o jornalista. Os noruegueses não desiludiram e rapidamente encontraram o local certo.

Posteriormente, decidiu-se que uma sonobóia seria lançada à água, emitindo "uma sequência de sons tonais únicos e de baixa frequência, muito semelhantes aos emitidos por uma flauta ou piano", que seriam reconhecidos pelo temporizador para a ativar e detonar os oleodutos.

A 26 de setembro de 2022, uma aeronave de vigilância da Marinha Norueguesa realizou um voo aparentemente rotineiro e lançou uma sonobóia. "O sinal estendeu-se debaixo de água, inicialmente até ao Nord Stream 2 e depois até ao Nord Stream 1." Poucas horas depois, os explosivos de alta potência foram ativados e "três dos quatro oleodutos foram desativados". "Em poucos minutos, as bolsas de gás metano que restavam nos oleodutos fechados podiam ser vistas a espalhar-se pela superfície da água, e o mundo soube que algo irreversível tinha acontecido", concluía o artigo.

Quem é Hersh?

Seymour Hersh é um famoso jornalista norte-americano que ganhou o Prémio Pulitzer pela sua cobertura da Guerra do Vietname. O repórter tem sido o flagelo dos presidentes dos EUA desde a década de 1960 e já foi descrito pelo Partido Republicano como "a coisa mais próxima que o jornalismo americano tem do terrorismo".

Com apenas 30 anos, cobriu o massacre de My Lai, no Vietname, e foi o primeiro a reportar o bombardeamento do Camboja. Expôs a espionagem da CIA em solo americano contra ativistas anti-guerra e o plano de golpe contra Salvador Allende no Chile. Os seus artigos também ajudaram Washington a restringir o seu programa de armas químicas. Hersh alertou ainda para a falácia das armas nucleares no Iraque e expôs a tortura na prisão de Abu Ghraib.