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2019/06/23

Tempos de Solidariedade com os Heróis

Em três penadas: Duas centenas de Seres Humanos, com S's e H's muito grandes, fizeram-se ao mar para salvar vidas(1). Arriscaram as suas e salvaram cerca de catorze mil. Salvaram catorze mil homens, mulheres e crianças. Cada um destes heróis salvou setenta pessoas. Um punhado de Seres Humanos resgatou da morte certa, no mar que liga a costa do sofrimento à terra do pão e do mel, catorze mil vidas de outros tantos seres humanos.(2)(3)

Meses depois, um bando de animais raivosos processou em tribunal os Seres Humanos por estes não terem deixado morrer no mare nostrum mais 14 000 homens, mulheres e crianças.(4)(5)

A comunidade internacional ainda não prendeu os animais raivosos. O TPI ainda não os processou por crimes contra a humanidade, ainda nem sequer começou a investigar os mandantes. A Itália ainda não está debaixo de pesadas sanções por promover a indiferença perante a vida humana. Os italianos que votaram nos animais raivosos ainda não morreram amarelos de vergonha. E nós? Vamos ficar calados? A ver os Heróis arrastados pelos tribunais da ideologia dominante?

Raras são as pessoas que actualmente me inspiram profundo respeito e admiração, um Lula da Silva (6), um Julian Assange (7), e agora, mais que todos, o Miguel Duarte. O Miguel e os outros 199 heróis, todos, estes 200, estas 16 tripulações que entre Junho de 2016 e Agosto de 2017 puseram no mar 200 homens e mulheres, mulheres e homens que agora estão a ser culpabilizados por terem salvo vidas humanas. Salvar vidas não pode ser um crime.(8)

Nesta vergonhosa sucessão de actos estão bem representados os dois extremos da cadeia alimentar. De um lado, uma mão cheia de animais raivosos sem princípios ou moral, do outro, duas centenas de seres que todos os idosos gostariam de ter sido, todos os adultos gostariam de ser e todas as crianças ambicionam vir a ser quando um dia chegarem à juventude. Não encontro melhor e mais consensual exemplo de heróis que teremos de medalhar mais cedo do que mais tarde.(9)(10)

Ficava-nos bem, era bonito homenagear o que de melhor, mais solidário, mais generoso o país tem para dar.

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O Grito
(Nuno Ramos de Almeida, wort.lu, 2019/06/19)

Há muito que a política de Estado de muitos países europeus é o assassinato dos migrantes que tentam chegar à Europa.

2019/03/14

A direita é má, violenta, discrimina e destrói

O mundo ensandeceu. Ou o mundo ou eu. Um dos dois não está bem.

É verdade que o partido popular aqui do lado quer impedir a deportação de imigrantes grávidas se estas entregarem os filhos para adopção? Mas no século XXI ainda é preciso explicar porque é que separar os filhos dos pais é um crime desumano?

Mas os franquistas espanhóis ainda não perceberam que o rapto dos filhos de republicanos e sua entrega a famílias franquistas foi um crime hediondo? Que não podem vir, agora, no século XXI, repetir os crimes que praticaram no século passado? Pelos vistos não. É o mundo que está louco ou fui eu que li mal?

É mesmo verdade que o presidente do parlamento europeu, o italiano António Tajani, da Forza Itália, paladino da democratação venezuelana, pela força das armas e da sabotagem se preciso for, afirmou mesmo que o Mussolini até construiu umas infraestruturas? Que «até ter declarado guerra ao mundo inteiro, seguindo Hitler, e ter promovido as leis raciais [contra os judeus, a partir de 1938], além da questão dramática de Matteotti [dirigente socialista assassinado em 1924], fez coisas positivas» É o mundo que está louco ou fui eu que li mal? E continua a presidir ao pe? E não foi preso por branqueamento do fascismo? Mas o Tajani de má memória nem percebe as "construções" do fascista foram destruídas pela guerra em que enterrou a humanidade?

Mas os camisas negras italianos ainda não se arrependeram do rasto de morte e miséria que deixaram em Itália e no mundo?

Mas era este mundo desumano que se escondia, envergonhado, por trás das invectivas contra o socialismo real que pregava a liberdade, a igualdade e a fraternidade, a paz e o pão para todos?

Mas vocês querem mesmo um mundo de desigualdades gritantes, violência sobre os mais fracos, guerras e fome? A sério? Já alguém mais se apercebeu que a queda do bloco socialista foi uma perda para a humanidade que agora estamos a pagar com um recuo civilizacional de séculos?

Tudo isto a propósito das seguranças e inseguranças que alimentam neofascismos.

2018/10/31

Ninguém É Ilegal

Lei da Nacionalidade, O Lugar da Não Existência
(Lúcia Gomes, in Manifesto74, 2018/10/32)

O Paulo nasceu em Portugal. Nunca viu Cabo Verde. Nunca foi lá. Não sabe quais os cheiros, as cores, não conhece a ancestralidade que os documentos dizem ser a sua nação. Tem pouco mais de 20 anos e toda a sua vida viveu na Cova da Moura. Conheci o Paulo porque foi torturado brutalmente pela polícia. É um miúdo calado, reservado. Muito educado. Insiste em tratar-me por você - quase como se houvesse uma hierarquia entre nós porque sou branca e licenciada - sempre com modos que fariam envergonhar um qualquer nobre cavaleiro.