A censura já é uma realidade e, actualmente, está a ser massivamente exercida na vertente da distribuição da informação, mais do que na sua produção.
A censura é actualmente executada de duas formas, limitando a distribuição de narrativas que possam desmontar a "verdade única" criada pelas "a"gências de "i"informação "c"entralizada e inundando as televisões e o ciberespaço com essa mesma "verdade única", assim diluindo, e por isso censurando, eventuais afloramentos das factuais narrativas que possam contradizer a "verdade única" autorizada com a chancela das ocidentais "a"gências de "i"informação "c"entralizada.
Nas sociedades capitalistas actuais todos somos livres de presenciar factos e de os narrar no circulo mais ou menos restrito da família, dos amigos e dos conhecidos. A barreira coloca-se quando tentamos expor essa informação às ilhas de cidadãos potencialmente interessados mas estranhos ao nosso circulo restrito de contactos directos. É nesse momento, quando tentamos "distribuir" narrativas que ponham em causa a "verdade única", que se erguem as barreiras censórias das redes sociais e dos motores de busca, todos eles submetidos a "contratos" de funcionamento com organismos anti-democráticos construídos à revelia do escrutínio dos cidadãos.
Se estivermos atentos à (des)informação veiculada pelos media corporativos é impossível não notarmos a ausência do contraditório, das imagens do outro lado, das palavras que afinal ficam por dizer. É gritantemente óbvia a forma como os media corporativos se agarram a uma "verdade única" distribuída pelas "a"gências de "i"nformação "c"entralizada, mesmo que para tal tenham de contradizer verbalmente ou por escrito as imagens que mostram uma outra realidade.
Os exemplos são inúmeros e gritantes. O apagão informativo que reduziu o maior evento politico-cultural do país, a Festa do Avante! comunista, a uma "rentrée" com um comício, umas barracas de comes e bebes e uns espectáculos é só o mais recente exemplo, mas a lista poderia continuar com um Nuno Rogeiro a afirmar que "o chavismo está a perder influência", em voz off, enquanto as imagens em directo mostram uma gigantesca manifestação chavista com mais de um milhão de participantes, ou o embuste dos capacetes brancos, especialistas na encenação de "ataques químicos" na Síria a serem promovidos por hollywood como heróicos socorristas. Outro exemplo gritante de como a meia informação sobre meia verdade acaba por constituir uma colossal mentira é o tratamento dado pelos media corporativos à invasão do Iémene pela Arábia Saudita. A invasão do Iémene é exclusivamente apresentada como intervenção a favor de uma das partes, numa guerra civil da qual apenas nos são dadas imagens do lado do invasor saudita. Em três ou quatro anos de guerra ainda não ouvi nenhuma declaração dos alegados "insurrectos" huttis que o exército pago com o petróleo do golfo ainda não conseguiu exterminar.
Nos últimos meses, o José Goulão, um jornalista com um vasto historial de produção informativa fidedigna tem abordado a instauração de organismos censórios tanto na sua newsletter "O Lado Oculto" como no jornal digital Abril Abril. Vamos tentar coligir aqui esses textos. @Refer&ncia
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A NATO como polícia de opinião
(José Goulão, AbrilAbril, 2019/09/05)
É necessário desarticular a carga de conteúdos verdadeiramente perigosos para a democracia e para a liberdade de expressão que esconde a queixa da NATO de manipulação nas redes sociais.
O Centro de Excelência de Comunicação Estratégica da NATO queixa-se de manipulação nas redes sociais. E quando o Centro de Excelência de Comunicação Estratégica da NATO se queixa só há que esperar uma intensificação das acções policiais de censura na internet, com o pretexto de que as redes sociais são incapazes de se regularem a si próprias. O cerco às opiniões divergentes da doutrina oficial atlantista e europeísta aperta-se e a NATO afina mecanismos policiais para que não haja desvios à opinião única.
«Só há liberdade a sério quando houver a paz, o pão, a habitação, a saúde, a educação. Só há liberdade a sério quando pertencer ao povo o que o povo produzir.»(Sérgio Godinho)
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2019/09/15
2019/08/16
UE gasta 3 000 milhões a censurar informação independente
Viagem ao mundo da verdade única
(José Goulão, AbrilAbril, 2019/08/15)
Para aos dirigentes europeus só existem a verdade de Bruxelas e a mentira do Kremlin. É preto ou branco, quem discorda de Bruxelas concorda com o Kremlin e com os terroristas islâmicos.
Uma viagem ao mundo da «estratégia de comunicação» da União Europeia e respectivas emanações é uma experiência indispensável para confirmar os indícios de que os dirigentes europeus convivem cada vez mais desconfortavelmente com a liberdade de opinião. Na verdade, como ilustra essa incursão, já encaram a informação como propaganda, o contraditório como um abuso e a liberdade como um delito. Está aberto o caminho para a imposição da opinião única, em que se baseiam todas as formas de censura, desde a dos coronéis à dos «fact-checkers» contratados a peso de ouro por Bruxelas.
(José Goulão, AbrilAbril, 2019/08/15)
Para aos dirigentes europeus só existem a verdade de Bruxelas e a mentira do Kremlin. É preto ou branco, quem discorda de Bruxelas concorda com o Kremlin e com os terroristas islâmicos.
Uma viagem ao mundo da «estratégia de comunicação» da União Europeia e respectivas emanações é uma experiência indispensável para confirmar os indícios de que os dirigentes europeus convivem cada vez mais desconfortavelmente com a liberdade de opinião. Na verdade, como ilustra essa incursão, já encaram a informação como propaganda, o contraditório como um abuso e a liberdade como um delito. Está aberto o caminho para a imposição da opinião única, em que se baseiam todas as formas de censura, desde a dos coronéis à dos «fact-checkers» contratados a peso de ouro por Bruxelas.
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