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2025/07/22

A ideologia por trás da “Nova América” é mais perigosa do que parece


A ideologia por trás da “Nova América” é mais perigosa do que parece
Os super-humanos estão a chegar – e o perigo também.
(Artyom Lukin(*), RT, 2025/07/20)
Nos últimos 500 anos, o Ocidente reinou como a civilização dominante do mundo. Embora o seu domínio tenha diminuído nos últimos anos, o Ocidente — especialmente os Estados Unidos — continua a ser a força mais poderosa na política global e na economia internacional. Este poder, embora capaz de construir muito, também tem o potencial de destruir muito.

Hoje, uma nova ideologia está a tomar forma no Ocidente, particularmente nos EUA. Nas condições certas, pode ser tão perigoso para a humanidade como foram o fascismo e o nazismo no século passado. A reeleição de Donald Trump pode marcar um ponto de viragem decisivo, transferindo poder para pessoas e ideias que são, na melhor das hipóteses, profundamente ambíguas.

Esta “Nova América” não é movida por uma visão única do mundo, mas antes por uma convergência de quatro facções ideológicas.

Os restauracionistas imperiais

No centro está o próprio Trump e os seus aliados — reminiscências da era do imperialismo das grandes potências. O discurso inaugural de Trump para lançamento do seu segundo mandato deixou poucas dúvidas: apelou à expansão territorial, ao crescimento industrial e a um militarismo ressurgente. A América, declarou, é “a maior civilização da história da humanidade”. Falou com aprovação do presidente William McKinley e de Theodore Roosevelt, ambos arquitetos do imperialismo americano.

A visão é inconfundível: o excepcionalismo americano, imposto pelo poderio militar e impulsionado pela lógica da conquista. É a linguagem do império.

Os conservadores nacionalistas

Depois, há os populistas de direita – figuras como o vice-presidente J.D. Vance, o estratega Steve Bannon e o jornalista Tucker Carlson. O seu grito de guerra é “América em primeiro lugar”. Defendem os valores tradicionais, afirmam falar pela classe trabalhadora e desprezam a elite liberal concentrada nas cidades costeiras.

Opõem-se ao globalismo, apoiam o protecionismo comercial e promovem o isolacionismo na política externa. Esta fação não é particularmente nova na política norte-americana, mas a sua influência aprofundou-se, especialmente sob o patrocínio de Trump.

Vice President JD Vance em visita a Los Angeles depois do distúrbios provocados pelas rusgas do ICE © Getty Images

Os multi-milionários tecno-libertários

Um elemento mais novo — e talvez mais perturbador — da ideologia emergente dos Estados Unidos é representado pelos multimilionários de Silicon Valley. Elon Musk é a figura mais visível, tendo chefiado brevemente o Departamento de Eficiência Governamental de Trump no início de 2025. Mas o ator mais influente pode ser Marc Andreessen, o capitalista de risco e pioneiro da internet que se tornou conselheiro informal de Trump.

A mudança política de Andreessen ocorreu após a sua frustração com as regulamentações da era Biden sobre criptomoedas e inteligência artificial. Em 2023, publicou um manifesto chamado ‘O Tecno-Otimista’, um documento que prega a aceleração tecnológica desenfreada. Na sua opinião, a inovação científica e o mercado livre podem resolver todos os problemas da humanidade, desde que o governo não interfira.

Andreessen cita Nietzsche e invoca a imagem do “predador de topo” – uma nova geração de super-homens tecnológicos que está no topo da cadeia alimentar. Escreve: “Não somos vítimas, somos conquistadores… o predador mais forte no topo da cadeia alimentar.”

Esta linguagem pode parecer metafórica, mas é reveladora. A lista de inspirações intelectuais de Andreessen inclui Filippo Marinetti, o futurista que ajudou a lançar as bases estéticas do fascismo italiano e morreu a combater o Exército Vermelho em Estalinegrado.

Marc Andreessen

O filósofo-fazedor de reis

O pensador mais intelectualmente desenvolvido do campo tecno-libertário é Peter Thiel, cofundador da PayPal e da empresa de vigilância de dados Palantir Technologies. Thiel já não é uma figura marginal – é agora, sem dúvida, o segundo ideólogo mais importante da Nova América, depois do próprio Trump.

Thiel é também um mestre estratega. Orientou e financiou pessoalmente Vance, agora vice-presidente e possivelmente herdeiro aparente de Trump. Ao mesmo tempo, apoiou Blake Masters no Arizona, embora esta aposta não tenha resultado. Thiel lê a Bíblia, cita Carl Schmitt e Leo Strauss e fala abertamente sobre os limites da democracia. “A liberdade já não é compatível com a democracia”, disse.

Comparou a América moderna à Alemanha de Weimar, defendendo que o liberalismo está esgotado e deve surgir um novo sistema. Apesar das suas inclinações libertárias, as empresas de Thiel desenvolvem ferramentas de IA para o Pentágono e financiam sistemas de armas de última geração através de empresas como a Anduril.

Thiel acredita que os Estados Unidos entraram num longo declínio – e que são necessários avanços tecnológicos radicais para o inverter. Um dos seus projetos favoritos é o “Enhanced Games”, uma competição onde o doping e o biohacking são permitidos. Coorganizado com Donald Trump Jr., o evento reflete a obsessão de Thiel com o transumanismo e o aperfeiçoamento humano.

Na política externa, Thiel vê a China como o principal inimigo dos Estados Unidos. Chamou-lhe "gerontocracia semifascista e semicomunista" e pressionou pela completa dissociação económica. Curiosamente, Thiel é muito menos hostil à Rússia, que vê como culturalmente mais próxima do Ocidente. Na sua opinião, empurrar Moscovo para os braços de Pequim é um erro estratégico.
Peter Thiel

O Iluminismo Sombrio

O último grupo por trás da Nova América é o dos teóricos do “Iluminismo Sombrio”, ou movimento neo-reacionário. Estes provocadores intelectuais rejeitam os valores do Iluminismo que outrora definiram o Ocidente.

Nick Land, um filósofo britânico que vive em Xangai, está entre os pensadores fundadores desta escola. Prevê o fim da humanidade tal como a conhecemos e a ascensão de sistemas pós-humanos e tecno-autoritários governados pelo capital e pelas máquinas. Para Land, a moralidade é irrelevante; o que interessa é a eficiência, a evolução e a potência bruta.

Curtis Yarvin (também conhecido por Mencius Moldbug), um programador norte-americano, é outra figura central. Amigo de Thiel e membro do círculo intelectual de Trump, Yarvin defende a substituição da democracia por uma monarquia de estilo corporativo. Imagina um futuro de cidades-estado soberanas geridas como empresas, onde a experimentação de leis e tecnologias é irrestrita.

Yarvin é claro na sua rejeição da liderança global americana. Acredita que os EUA se devem retirar da Europa e deixar que as potências regionais resolvam as suas próprias disputas. Fala calorosamente da China, e as suas opiniões sobre a Segunda Guerra Mundial são pouco ortodoxas, para dizer o mínimo — sugerindo que Hitler foi motivado por cálculos estratégicos e não por ambições genocidas.
Curtis Yarvin

O que aí vem?

Muitas destas ideias podem parecer marginais. Mas as ideias marginais têm poder — sobretudo quando ecoam pelos corredores da influência política e tecnológica. As teorias jurídicas de Carl Schmitt permitiram a Hitler tomar poderes ditatoriais em 1933. Hoje, os aliados intelectuais de Trump e Thiel estão a elaborar as suas próprias narrativas de "emergência", "decadência" e "despertar".

O que está a surgir na América não é um recuo da hegemonia, mas uma reformulação da mesma. A ordem internacional liberal já não é vista como sagrada — nem mesmo pelo país que a construiu. A nova elite americana pode estar a retirar tropas da Europa, do Médio Oriente e da Coreia, mas as suas ambições não diminuíram. Em vez disso, estão a recorrer a métodos mais subtis de controlo: IA, domínio cibernético, guerra ideológica e superioridade tecnológica.

O seu objetivo não é um mundo multipolar, mas um mundo unipolar redesenhado — governado não por diplomatas e tratados, mas por algoritmos, monopólios e máquinas.

A ameaça ao mundo já não é apenas política. É civilizacional. Os super-humanos estão em marcha.

(*) Professor associado de relações internacionais na Universidade Federal do Extremo Oriente em Vladivostok, Rússia

Este artigo foi publicado pela primeira vez pela Rússia na Global Affairs, traduzido e editado pela equipa da RT.

2019/12/08

Os Liberalistas São Fascistas

Os tubarões não são vegetarianos
(Manuel Augusto Araújo, AbrilAbril 2019/11/08)

Os cotrins figueiredos e os venturas são faces da mesma perigosíssima moeda. O fascismo está sempre no horizonte dos liberais, se a desenfreada exploração capitalista for posta em causa.

As intervenções de dois dos novos partidos com representação na Assembleia da República (AR), Chega e Iniciativa Liberal, são bem elucidativas da sua raiz, que os faz percorrer, por caminhos diversos, o objectivo comum de pôr em prática políticas económicas e sociais para que a exploração desbragada do capital sobre o trabalho não conheça fronteiras. Há quem lhes cole o selo edulcorado de extrema-direita para não os identificar com o que na realidade são: fascistas. O que também é uma forma de não reconhecer que o fascismo, nas diferentes expressões, é o alfa e o ómega do capitalismo.

2019/10/20

Não São Liberalistas São Mesmo Fascistas!

Contra os populismos que meteram os pés na porta
(Manuel Augusto Araújo, AbrilAbril, 2019/10/15)

Os desafios futuros para a esquerda, contra a tralha neoliberal e os populismos em marcha, não são fáceis. Há que lutar, contra todas as evidências, sabendo de ciência certa que a razão está do lado da esquerda mesmo.

Pela primeira vez três partidos, Livre, Iniciativa Liberal (IL) e Chega, meteram o pé na porta da Assembleia da República (AR), colocando um deputado cada e o outro, o PAN, que já tinha metido o pé na porta nas eleições anteriores elegendo um deputado, viu aumentada a sua representação para quatro deputados. A direita viu a sua presença na AR ampliada em número de partidos embora com menos 18 deputados do que tinha em 2015. As esquerdas, embora aumentassem o número de deputados em relação a 2015, mais dezasseis deputados, perderam quase 50 mil votantes, o que deve preocupar. Nestas contas direitas/esquerdas não entra o PAN que afirma não ser de direita nem de esquerda. Uma espécie de partido sem eira nem beira, de um oportunismo sem peias.

2019/06/01

A Espuma das Europeias

A desconstrução dos 49% de abstenção, o valor real dos 200 neofascistas com assento à mesa do capital e a antecipação das negociatas entre os empregados dos donos-disto-tudo pelas reais prebendas do poder europeu. Um contributo para compreender melhor os antros do poder que vai mandar na nossa economia e na politica nacional durante os próximos 5 a 10 anos. @Refe&ncia

União desunida e alheada
(José Goulão, AbrilAbril, 2019/05/30)

Com as recentes eleições europeias, os dois grandes pilares (sociais-democratas e conservadores) em que tem assentado a política autoritária e austeritária da União Europeia sofreram um abalo relevante.

O instantâneo da União Europeia obtido pelas eleições para o Parlamento Europeu é o de uma entidade cada vez mais desunida e desafinada, incapaz de cativar metade dos eleitores, chocando o ovo da serpente nazifascista e onde os fundamentos do próprio poder, tal como tem existido, estão a ser seriamente corroídos. Uma caricatura de democracia.

2019/05/24

Quatro Perigosos Malucos

O Mundo nas Mãos de um Triunvirato Fascista
(José Goulão, O Lado Oculto, 2019/05/22)

A humanidade e o planeta estão nas mãos de um triunvirato de energúmenos, indubitavelmente potenciais serial killers, que rodeiam o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Não há qualquer maneira de dourar a pílula. Michael Pence, vice-presidente, Michael Pompeo, secretário de Estado, e John Bolton, conselheiro de Segurança Nacional associam mentalidades políticas fascistas a comportamentos em realidades paralelas nas quais a vida humana não tem qualquer valor. São eles que contribuem decisivamente para as atitudes do presidente em matérias sensíveis como são a guerra e a paz, as relações internacionais e a prática imperial.

Elemento ainda mais inquietante: foi este trio que veio dar estabilidade à administração Trump. Até ao momento em que passou a agir institucionalmente no gabinete oval da Casa Branca a equipa presidencial fora inconstante, sucederam-se os afastamentos e as demissões, mesmo nos cargos mais relevantes. Depois disso, há exactamente 13 meses, o trumpismo assentou, definiu-se, passou a ter mais iniciativa e não serão necessários esforços de análise para concluir que o mundo e os seres humanos estão hoje bastante mais ameaçados.

2019/04/21

A Tempestade Perfeita

Sondagens recentes apontam para que os fascistas consigam alcandorar-se a terceira força no parlamento europeu. Stephen Bannon, o chefe deles nos eua e arquitecto do trumpismo, transferiu-se com armas e bagagens para a Europa, fundou uma academia numa igreja de Trisuli em Itália e prepara-se para catapultar o neo-nazismo a terceira força no parlamento europeu, só para começar. Aparentemente, dinheiro não lhe falta, e eu pergunto-me se não virá dos mesmos cofres que juntaram mil milhões numa semana para reconstruir a Notre Dame.

Aparentemente, o ex-papa Bento XVI, aka Ratzinger como é conhecido aqui na refer&ncia, reformado compulsivamente por envolvimento no "encobrimento" da pedofilia no seio da hierarquia católica e substituído por uma figura menos repulsiva, pronunciou-se por uma igreja ainda mais conservadora enquanto o chefe Bannon «proselitava» ali ao lado, em Roma. «O Papa Francisco assumiu uma posição muito mais firme contra a pedofilia», por exemplo, ao retirar os estatutos de cardeal e de sacerdote ao «ex-arcebispo de Washington DC, Theodore McCarrick, politicamente influente. McCarrick tem amigos poderosos nos círculos de direita, incluindo a prelatura pró-fascista Opus Dei, que tem o fundador da empresa de mercenários Blackwater (agora Academi), Erik Prince, como um dos seus apoiantes na área de Washington. A irmã de Prince, Betsy DeVos, é a titular da Educação no governo de Donald Trump.» Enfim tal como nos anos trinta do século passado juntaram-se os três à esquina, o capital, a selvajaria e a igreja, a tocar a concertina e a queimar a humanidade. Mas desta vez não temos do nosso lado uma União Soviética para lhes fazer frente. Até onde é que os vamos deixar crescer? Sobre isto e muito mais fala-nos o artigo de Wayme Madsen publicado n'O Lado Oculto. Eu arranjei-lhe um cantinho aqui em baixo para Refer&encia futura.

Ovo da Serpente em Abadia Italiana
(Wayne Madsen, Strategic Culture/O Lado Oculto, 2019/0421)

2019/03/14

A direita é má, violenta, discrimina e destrói

O mundo ensandeceu. Ou o mundo ou eu. Um dos dois não está bem.

É verdade que o partido popular aqui do lado quer impedir a deportação de imigrantes grávidas se estas entregarem os filhos para adopção? Mas no século XXI ainda é preciso explicar porque é que separar os filhos dos pais é um crime desumano?

Mas os franquistas espanhóis ainda não perceberam que o rapto dos filhos de republicanos e sua entrega a famílias franquistas foi um crime hediondo? Que não podem vir, agora, no século XXI, repetir os crimes que praticaram no século passado? Pelos vistos não. É o mundo que está louco ou fui eu que li mal?

É mesmo verdade que o presidente do parlamento europeu, o italiano António Tajani, da Forza Itália, paladino da democratação venezuelana, pela força das armas e da sabotagem se preciso for, afirmou mesmo que o Mussolini até construiu umas infraestruturas? Que «até ter declarado guerra ao mundo inteiro, seguindo Hitler, e ter promovido as leis raciais [contra os judeus, a partir de 1938], além da questão dramática de Matteotti [dirigente socialista assassinado em 1924], fez coisas positivas» É o mundo que está louco ou fui eu que li mal? E continua a presidir ao pe? E não foi preso por branqueamento do fascismo? Mas o Tajani de má memória nem percebe as "construções" do fascista foram destruídas pela guerra em que enterrou a humanidade?

Mas os camisas negras italianos ainda não se arrependeram do rasto de morte e miséria que deixaram em Itália e no mundo?

Mas era este mundo desumano que se escondia, envergonhado, por trás das invectivas contra o socialismo real que pregava a liberdade, a igualdade e a fraternidade, a paz e o pão para todos?

Mas vocês querem mesmo um mundo de desigualdades gritantes, violência sobre os mais fracos, guerras e fome? A sério? Já alguém mais se apercebeu que a queda do bloco socialista foi uma perda para a humanidade que agora estamos a pagar com um recuo civilizacional de séculos?

Tudo isto a propósito das seguranças e inseguranças que alimentam neofascismos.

2019/01/11

As Policias do Capital

Polícias eleitorais ou as duas faces da mesma moeda
(José Goulão, O Lado Oculto, 2019/01/10)

As fake news e as novelas das supostas ingerências externas em actos eleitorais são o pretexto para a criação de corpos transnacionais de polícia eleitoral e o reforço do neoliberalismo como fascismo social.

A par da convergência dos populismos e neofascismos para as muitas campanhas eleitorais que aí vêm no plano internacional, está também em campo uma variante aglutinadora que contribui para replicar, mais coisa menos coisa, as eleições presidenciais norte-americanas de 2016. Incluindo aquilo a que o mainstream parece reduzir a política de hoje: as fake news e as novelas das supostas ingerências externas em actos eleitorais. Tudo a funcionar como nevoeiro para disfarçar o grande objectivo em jogo: reforçar o neoliberalismo como fascismo social – com mais ou menos fascismo político.

2019/01/08

Não é populismo, é fascismo

Não é populismo, é fascismo
(Carvalho da Silva, DN, 2019/01/06)

É surpreendente que sociedades carregadas de injustiças e desigualdades, polarizadas em guetos, se tornem perigosas? Sociedades onde uma ínfima minoria é muita rica e manipula todos os poderes, uma grande parte é extremamente pobre e não tem voz, e no meio fica um enorme massa de seres humanos a deslizar para o lado da privação e da desesperança são sociedades em perigo. Neste contexto, será surpresa surgirem messias providenciais que, prometendo autoridade e segurança, encontram um público disponível para os apoiar e até para lhes propiciar vitórias eleitorais? Não, não é. Está a acontecer hoje o que já aconteceu no passado.

2019/01/05

A Ucrânia Nazi Sem os "filtros" dos Media Corporativos

Pai Natal de Washington Recompensa Nazis
(Finian Cunningham, Strategic Culture/O Lado Oculto, 2019/01/04)

Que grande saco com prendas chegou há dias ao regime de Kiev, remetido directamente de Washington! E mesmo a tempo do Natal, apenas algumas semanas depois de o presidente da Ucrânia, Petro Porochenko, ter tentado iniciar uma guerra com a Rússia através de uma provocação naval no Estreito de Kerch.

Em primeiro lugar, o enviado do governo norte-americano, Kurt Volker, anunciou que o Congresso estava a empacotar mais armas de guerra, no valor de 250 milhões de dólares, com destino à Ucrânia. Logo a seguir, instituições financeiras internacionais com sede em Washington, o FMI e o Banco Mundial, assinaram empréstimos no valor de milhares de milhões de dólares ao regime de Poroshenko.

Fascismo como Face Oculta do Capitalismo

É Matemático
(Hugo Dionisio, Facebook, 2018/01/04)

Começa sempre de mansinho… Uma palavra dita ao acaso, do tipo: “o 25 de Abril foi evolução”. Depois chegaram os “colaboradores”, “o estado ocupa muito espaço na economia”, ou “o estado deve diminuir o peso na economia”, para além de “o capital faz falta, o tempo da luta de classes acabou”. Alguém constatou que estes eram os princípios estampados no Estatuto Nacional do Trabalho de Salazar? Uma cópia quase fiel da Carta Del Lavoro de Mussolini?

2018/12/22

Neofascismo 0 - Trabalho 1

Acabou o dia e já se pode fazer o computo geral da amarelândia. Sem exagero, foram mais de 500 tristes a passear o colete, nessa coisa esquisita, sem sindicatos nem organizações, anti os partidos todos - menos o daquele sr. do pênêrê - anti-tudo e o seu contrário, pela pátria marchar, para angola em força, abaixo tudo, tudo pela nação, que eles são todos iguais.

Uns 100 no marquês, mais de 100 no nó de francos, cerca de 100 no algarve, 60 em Coimbra, 50 em Braga e mais uns quantos por aí fora, no total, foram de certeza muito mais de 500, talvez perto de 600.

Muito abaixo do que as televisões todas andaram a prometer na véspera. Nem O Organizador da coisa, entrevistado pela sic noticias lhes valeu, nem ele nem o serviço de propaganda da rêtêpê, nem a manha toda do correio nem as vistas de queluz. Os esforços todos dos media corporativos todos, aliados à geringonça de propaganda do pênêrê, arregimentaram meia centena de tristes, para dar corpo à indignação da cristas que tem o marido na uber, a recrutar amarelândios com veiculo para alugar ao metro.

Podemos dormir descansados? Não!

Foi a primeira tentativa dos neofascistas fazerem qualquer coisa. Com o tempo e os calos aprendem a fazê-las.

Se o poder do centro-direita ps-psd-cds continuar a roubar o trabalho, e os media corporativos continuarem a silenciar a esquerda, só têm de esperar. O tempo, a ignorância e o medo jogam a favor deles.

Se nós, comunistas, esquerda, democratas não travarmos o passo a estes 500, enquanto são só 500, não lhes roubarmos o terreno arado com descontentamento, daqui a um ano vão ser bastante mais, quase tantos como os que já gritam cobras e lagartos no facebook, e são todos iguais no tweeter, e fora os pretos no whatshap.

E esta primeira tentativa já lhes encheu as comunidades virtuais com umas centenas de milhar de ouvintes a quem fazer a cabeça e engordar com fake-news. É esperar até às europeias.

Nós, comunistas, esquerda, democratas temos de apostar no proselitismo que nos fez crescer de 1800 a 1900, na esperança e solidariedade que nos fizeram crescer de 1900 a 1950, na discussão sã, aberta, esclarecida que potencia a nossa prática honesta, de classe, sempre sempre com O Trabalho, sempre sempre contra a exploração e o roubo do capital.

2018/12/15

Com redes se pescam votos

A extrema-direita já está a lançar, nas redes sociais nacionalistas, o isco com que pescou os votos trumpistas por esse mundo fora. Foi assim nos EUA, em Itália, no Brasil, e agora, mais recentemente, na espanhola Andaluzia. Sempre com bons resultados.

Primeiro lança o isco, sob a forma de eventos e polémicas que atraiam potenciais incautos para a zona onde serão lançadas as redes. Já por aí anda uma convocatória para um protesto amarelo que, mesmo trazendo pouca gente para a rua, vai certamente atrair muito mais para os grupos, páginas e comunidades que se multiplicam por essas redes social-nacionalistas. É isso que eles querem.

Lançado o isco é pescar, com as redes sociais, potenciais seguidores que possam, mais tarde, antes e durante as campanhas eleitorais, ser alvo de lavagens ao cérebro com maior ou menor grau de toxicidade.

Para perceber ao que vêm os coletes nacionalistas, vejam-se algumas das propagadas reivindicações. Cabe lá tudo e o seu contrário, da Lua a Vénus, do populista ao muito mau:
- Aumento de 80% do salário mínimo. Digo eu: venha ele! Mas a sério? 480 euros de aumento? Até eu gostava.
- Diminuição da taxação dos estrangeiros ricos. E aqui as coisas começam a entortar. Porquê "dos ricos"?
- Aumento do IVA da cultura. De facto! Cultura para quê? Faz falta a alguém? Mata a fome? Quem quiser teatro que o pague. Certo? Errado! Uma cultura cara é uma cultura dos e para os ricos. Já está tudo entornado.
- Quatro deputados por distrito. Os 32 000 habitantes de Évora elegeriam 4 deputados e o milhão de eleitores de Lisboa os mesmos 4. A sério? 8000 votos com o mesmo peso de 250 000? Ou é só para capitalizar nos amigos do botas que se deram tão bem durante os 48 anos de partido único? Partidos para quê? Afinal "os políticos" não "são todos iguais"? Basta um gauleiter para governar isto tudo. Ou não?

Resumindo, até eles sabem que dia 21 vão pôr meia dúzia de tristes na rua. O que eles querem são as redes, os contactos, os likes, a adesão aos grupos, às comunidades, às páginas. O que a extrema direita quer é pescar seguidores para mais tarde lhes fazer a cabeça.

E nós? Vamos deixar ou vamos começar já a denunciá-los? A cercá-los? A expô-los? A denunciar os discursos de ódio? Xenofobia? Anti-cultura? Do ódio aos "políticos que são todos iguais"? Até eles virem com o bolo-ventura deles!

2018/12/05

Neoliberalismo é Neofascismo

Neoliberalismo, o caminho negro para o fascismo
(Chris Hedges, in Resistir.info, 2018/11/27)

O neoliberalismo como teoria económica sempre foi um absurdo. Tinha tanta validade quanto as ideologias dominantes do passado, como o direito divino dos reis e a crença fascista no Übermensch . Nenhuma das suas alardeadas promessas era remotamente possível.

Ao concentrar a riqueza nas mãos de uma elite oligárquica global – oito famílias detêm hoje tanta riqueza quanto 50% da população mundial – enquanto procedia à demolição de controlos e regulamentações governamentais, gerou sempre maciças desigualdades de rendimento, poder dos monopólios, alimentou o extremismo político e destruiu a democracia. Não é necessário folhear as 577 páginas de Capital in the Twenty-First Century de Thomas Piketty para descobrir isso. Mas a racionalidade económica nunca foi o ponto. O ponto era a restauração do poder de classe.

Como ideologia dominante, o neoliberalismo foi um êxito brilhante. A partir dos anos 70 do século XX, os seus principais críticos keynesianos foram expulsos das universidades, instituições estatais e organizações financeiras, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial e excluídos dos media. Os cortesãos e intelectuais impostores, como Milton Friedman , foram preparados em locais como a Universidade de Chicago, foram-lhes dados lugares proeminentes e pródigos fundos de grandes empresas. Disseminaram os dogmas oficiais de teorias económicas desacreditadas, popularizadas antes por Friedrich Hayek e pela escritora de terceira categoria Ayn Rand .

Uma vez ajoelhado diante dos ditames do mercado, anulando regulamentações governamentais, reduzindo os impostos para os ricos, permitindo o fluxo de dinheiro através das fronteiras, destruindo sindicatos e assinando acordos comerciais que desviavam empregos para fábricas sem condições na China, o mundo seria mais feliz e livre, um lugar mais rico. Foi um golpe. Mas funcionou.

"É importante reconhecer as origens de classe deste projeto, que ocorreu na década de 1970, quando a classe capitalista estava em grandes dificuldades, os trabalhadores estavam bem organizados e começavam a avançar", disse David Harvey , autor de A Brief History of Neoliberalism , quando falámos em Nova York. "Como qualquer classe dominante, eles precisavam de ideias dominantes. Assim, a liberdade do mercado, as privatizações, o empreendedorismo do eu, a liberdade individual e tudo o mais deveriam ser as ideias dominantes de uma nova ordem social, e foi essa a ordem implementada nos anos 80 e anos 90".

"Como projeto político, foi muito habilidoso, disse ele. "Conseguiu muito consentimento popular porque falava sobre liberdade individual e liberdade de escolha. Quando eles falavam sobre liberdade, era a liberdade do mercado. O projeto neoliberal disse à geração de 68: "Tudo bem, você quer liberdade? É Isso que o movimento estudantil pretende nós vamos dar isso a vocês, mas vai ser a liberdade do mercado. A outra coisa que você procura é justiça social – esqueça. Então, vamos dar-lhes liberdade individual, mas esqueçam a justiça social. Não se organizem". O objetivo era desmantelar as instituições, as instituições coletivas da classe trabalhadora, particularmente os sindicatos e pouco a pouco os partidos políticos que representassem algum tipo de preocupação com o bem-estar das massas".

"A grande coisa sobre a liberdade do mercado é que parece ser igualitária, mas não há nada mais desigual do que o tratamento igual dos desiguais", continuou Harvey. "Promete igualdade de tratamento, mas se você for extremamente rico, isso significa que pode ficar ainda mais rico. Se você for muito pobre, é mais provável que fique ainda mais pobre. O que Marx mostrou brilhantemente no primeiro volume de O Capital é que a liberdade de mercado produz níveis cada vez maiores de desigualdade social ".

A disseminação da ideologia do neoliberalismo foi altamente organizada por uma classe capitalista unificada. As elites capitalistas financiaram organizações como a Business Roundtable, a Câmara de Comércio e grupos de reflexão como a The Heritage Foundation para vender a ideologia ao público. Inundaram universidades com doações, desde que as universidades retribuíssem com fidelidade à ideologia dominante. Usaram a sua influência e riqueza, bem como serem donos dos media, para transformar a imprensa no seu porta-voz. Silenciaram ou dificultaram o emprego a quaisquer heréticos. O aumento dos valores das ações, em vez da produção, tornou-se a nova medida da economia. Tudo e tudos foram financiarizados e tornados mercadorias.

"O valor é fixado por qualquer que seja o preço verificado no mercado", disse Harvey. "Assim, Hillary Clinton é muito valiosa porque fez uma palestra na Goldman Sachs por 250 mil dólares. Se eu der uma palestra para um pequeno grupo no centro da cidade e receber 50 dólares, então obviamente ela vale muito mais do que eu. A valorização de uma pessoa e do seu conteúdo é avaliada por quanto consegue obter no mercado".

"Esta é a filosofia por trás do neoliberalismo", continuou. "Temos de atribuir um preço às coisas. Mesmo que não sejam realmente coisas que devam ser tratadas como mercadorias. Por exemplo, a assistência médica torna-se uma mercadoria. Habitação para todos torna-se uma mercadoria. A educação torna-se uma mercadoria. Assim, os estudantes têm de pedir emprestado para obter a educação que lhes dará um emprego no futuro. Esse é o golpe da coisa. Basicamente, diz-se que se você é um empreendedor, se se qualificar, etc, receberá a justa recompensa. Se não recebe uma justa recompensa é porque não se qualificou suficientemente. Adquiriu o tipo errado de cursos. Fez cursos de filosofia ou de clássicos em vez de aprender técnicas de gestão de como explorar mão-de-obra.

O contra do neoliberalismo é agora amplamente compreendido em todo o espectro político. É cada vez mais difícil esconder a sua natureza predatória, incluindo suas exigências de enormes subsídios públicos (a Amazon, por exemplo, recentemente solicitou e recebeu incentivos fiscais multimilionários de Nova York e Virgínia para estabelecer centros de distribuição nesses estados). Isso forçou as elites dominantes a fazerem alianças com demagogos de direita que usam as táticas cruas do racismo, islamofobia, homofobia, fanatismo e misoginia para canalizar a raiva e a crescente frustração do público para longe das elites e canaliza-la para os mais vulneráveis.

Esses demagogos aceleram a pilhagem pelas elites globais e, ao mesmo tempo, prometem proteger os trabalhadores e as mulheres. A administração de Donald Trump, por exemplo, aboliu numerosas regulamentações , das emissões de gases do efeito estufa [1] à neutralidade da Internet e reduziu os impostos para os indivíduos e empresas mais ricos, eliminando cerca de 1,5 milhão de milhões de dólares de receita do governo nos próximos dez anos, adotando linguagem e formas autoritárias de controlo.

O neoliberalismo gera pouca riqueza. Em vez disso, redistribui-a para as mãos das elites dominantes. Harvey chama isso de "acumulação por desapossamento".

"O principal argumento da acumulação por desapossamento baseia-se na ideia de que quando as pessoas ficam sem capacidade de produzir ou fornecer serviços, elas criam um sistema que extrai riqueza de outras pessoas", disse Harvey. "Essa extração então torna-se o centro de suas atividades. Uma das maneiras pelas quais essa extração pode ocorrer é criando mercados onde antes não existiam. Por exemplo, quando eu era mais jovem, o ensino superior na Europa era essencialmente um bem público. Cada vez mais [este e outros serviços] se tornaram uma atividade privada como os serviços de saúde. Muitas dessas áreas que você consideraria não serem mercadorias no sentido comum, tornam-se assim mercadorias. Habitação para a população de baixos rendimentos era frequentemente vista como uma obrigação social. Agora tudo tem de passar pelo mercado. Impõe-se uma lógica de mercado em áreas que não deveriam estar abertas ao mercado".

"Quando eu era criança, a água na Grã-Bretanha era fornecida como um bem público", disse Harvey. "Então, é claro, foi privatizada. Você começa a pagar taxas de água. Eles privatizaram o transporte [na Grã-Bretanha]. O sistema de autocarros é caótico. Há empresas privadas a circularem por toda parte. Não é o sistema que as pessoas realmente precisam. A mesma coisa acontece na ferrovia. Uma das coisas agora interessantes na Grã-Bretanha é que o Partido Trabalhista diz: 'Vamos trazer tudo isso de volta à propriedade pública porque a privatização é totalmente insana e tem consequências insanas, não está a funcionar devidamente. A maioria da população concorda com isto".

Sob o neoliberalismo, o processo de "acumulação por desapossamento" é acompanhado pela financiarização.

"A desregulamentação permitiu que o sistema financeiro se tornasse um dos principais centros de atividade redistributiva através da especulação, predação, fraude e roubo", escreve Harvey no seu livro, talvez o melhor e mais conciso relato da história do neoliberalismo. "Promoções de ações, esquemas Ponzi, destruição de ativos estruturados pela inflação, espoliação de ativos por meio de fusões e aquisições, promoção de níveis de endividamento que reduzem populações inteiras – mesmo nos países capitalistas avançados – à escravidão pelas dívidas. Para não falar em fraudes empresariais, desapropriação de ativos, invasão de fundos de pensão dizimados em colapsos de ações e por manipulação do crédito e do valor de ações, tudo isso se tornou uma característica central do sistema financeiro capitalista".

O neoliberalismo, exercendo um tremendo poder financeiro, é capaz de fabricar crises económicas para deprimir o valor dos ativos e depois apossar-se deles.

"Uma das maneiras pelas quais se pode engendrar uma crise é cortar o fluxo de crédito". "Isso foi feito no leste e sudeste da Ásia em 1997 e 1998. De repente, a liquidez secou. As principais instituições deixam de emprestar dinheiro. Havia um grande fluxo de capital estrangeiro para a Indonésia. Eles fecharam a torneira. O capital estrangeiro fugiu. Fecharam a torneira do crédito em parte porque, uma vez que as empresas fossem à falência, poderiam vir a ser compradas e colocadas novamente a funcionar. Vimos a mesma coisa durante a crise da habitação aqui [nos EUA]. As execuções hipotecárias das habitações deixaram muitas vazias que poderiam ser apanhadas a preços muito baixos. A Blackstone [2] apareceu, comprou todas as casas e é agora o maior senhorio dos Estados Unidos. Tem 200 mil propriedades ou algo parecido. Está à espera que o mercado dê uma volta. Quando o mercado muda, o que pode acontecer em breve, então poderá vender ou arrendar e ganhar imensos lucros com isso. Desta forma, a Blackstone ganhou uma fortuna a crise dos arrestos hipotecários, onde todos perderam. Foi uma enorme transferência de riqueza".

Harvey adverte que a liberdade individual e a justiça social não são necessariamente compatíveis. A justiça social, escreve ele, requer solidariedade social e "disposição de subordinar necessidades e desejos individuais à causa de uma luta mais geral por, digamos, igualdade social e justiça ambiental". A retórica neoliberal, com ênfase em liberdades individuais pode efetivamente "separar as ideias de liberdade, identidade política, o multiculturalismo e, eventualmente, o consumismo narcisista, das forças sociais alinhadas na procura de justiça social através da conquista do poder de Estado".

O economista Karl Polanyi entendeu que existem dois tipos de liberdade. Há as más liberdades para explorar os que nos rodeiam e extrair enormes lucros sem levar em conta o bem comum, incluindo o mal que é feito ao eco-sistema e às instituições democráticas. Essas más liberdades têm origem no facto de as grandes empresas monopolizarem as tecnologias e os avanços científicos a fim de obter enormes lucros, mesmo quando, como no caso da indústria farmacêutica, um monopólio significa que as vidas daqueles que não podem pagar preços exorbitantes são colocadas em risco. As boas liberdades – liberdade de consciência, liberdade de expressão, liberdade de reunião, liberdade de associação, liberdade de escolher o seu trabalho – acabam por ser extintas pela primazia dada às más liberdades.

"Planeamento e controlo são atacados como negação da liberdade", escreveu Polanyi. "A livre iniciativa e a propriedade privada são declaradas essenciais para a liberdade. Uma sociedade construída sobre outros fundamentos é dito que não merece ser chamada de livre. A liberdade que a regulamentação cria é denunciada como falta de liberdade; a justiça, a liberdade e o bem-estar que ela oferece são denunciados como uma camuflagem da escravidão".

"A ideia de liberdade" degenera, assim, numa mera defesa da livre iniciativa, que significa "a plenitude da liberdade para aqueles cujo rendimento, lazer e segurança não precisam ser promovidos, e uma mera margem de liberdade para as pessoas que podem em vão tentar fazer uso de seus direitos democráticos para se defenderem do poder dos donos do capital", escreve Harvey, citando Polanyi. "Mas se, como é sempre o caso, "nenhuma sociedade é possível em que o poder e a compulsão estejam ausentes, nem num mundo em que a força não seja necessária", então a única maneira pela qual esta visão utópica liberal poderia ser sustentada é pela força, violência e autoritarismo. A utopia liberal ou neoliberal está condenada, na opinião de Polanyi, a ser frustrada pelo autoritarismo, ou mesmo pelo fascismo total. As boas liberdades estão perdidas, as más são assumidas.

O neoliberalismo transforma a liberdade de muitos em liberdade para alguns. O resultado lógico é o neofascismo. O neofascismo abole as liberdades civis em nome da segurança nacional e classifica grupos inteiros como traidores e inimigos do povo. É o instrumento militarizado usado pelas elites dominantes para manter o controlo, dividir e separar a sociedade e acelerar ainda mais a pilhagem e a desigualdade social. A ideologia dominante, não sendo mais crível, é substituída pela bota militar.

[1] O autor toma como boa a maior impostura científica da história da humanidade: a teoria do aquecimento global. Ver Aquecimento global: uma impostura científica e Acerca da impostura global
[2] Blackstone: é o fundo abutre que em Portugal adquiriu o Novo Banco (ex-Banco Espírito Santo) por preço praticamente nulo.

[*] Jornalista. Durante quase duas décadas foi correspondente estrangeiro na América Central, Médio Oriente, África e Balcãs. Fez reportagens em mais de 50 países e trabalhou para The Christian Science Monitor, National Public Radio, Dallas Morning News e The New York Times, no qual foi correspondente estrangeiro durante 15 anos.

O original encontra-se em www.informationclearinghouse.info/50680.htm

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
04/Dez/18

2018/11/26

Atlas Network & Atlantic Council: duas armas do neoliberalismo fascizante

O neofascismo ganha ímpeto pelo mundo fora. Ucrânia, Hungria, Polónia, Brasil são países onde, com a colaboração das direitas mais e menos democráticas, se implantaram governos neo-fascistas. Na Alemanha foi desmontada uma conspiração que contava já mais de duzentos neonazis infiltrados no exército. Um novo golpe de estado nas Honduras criou outro exército de "migrantes". Vais sendo tempo de compreender que o capital não olha a meios para maximizar a expropriação de mais valia. Se não consegue calar o trabalho democraticamente, privatiza a democracia e impõe democrataduras.

Rede Atlas numa gala da conspiração neoliberal globalista
(Franklin Frederick, O Lado Oculto, 2018/11/23)

O jornal canadiano CBC, na sua edição de 26 de outubro passado, publicou um artigo sobre a eleição do candidato Jair Bolsonaro no Brasil informando que:
"Para as empresas canadianas, a Presidência de Bolsonaro pode abrir novas oportunidades de investimento, especialmente nos sectores de recursos naturais, finanças e infraestrutura, já que ele prometeu cortar a regulamentação ambiental na floresta Amazónica e privatizar algumas das empresas públicas brasileiras".

2018/11/25

Fascismo - A Solução Capitalista

Comércio Livre e Fascismo Global
(Franklin Frederick , Jornal CGN/O Lado Oculto, 2018/11/19)

«Nos últimos anos tem havido uma tendência em direcção à democracia e às economias de mercado. Isso diminuiu o papel do governo, algo que os empresários tendem a favorecer. Mas o outro lado da moeda é que alguém tem de ocupar o lugar dos governos e o sector do negócio privado parece-me ser a entidade lógica para o fazer.» David Rockefeller

«Mesmo nos países democráticos estamos muito mais envenenados pela mentalidade totalitária do que pensamos». Jean Guéhenno, Journal 1937

2018/11/16

A Normalização do Neonazismo

Acordai
(Anabela Fino, Avante!, 2019/11/15)

Uma associação neonazi que dá pelo nome «Wir für Deutschland» («Nós pela Alemanha»), promoveu a 9 de Novembro, em Berlim, uma manifestação para assinalar o 80.º aniversário da tragicamente célebre «Noite de Cristal». Recorda-se que nessa data, em 1938, as forças de choque nazis atacaram sinagogas e estabelecimentos comerciais judeus partindo vidros e incendiando-os, perseguiram e espancaram pessoas, dando início à era de terror do consolado de Hitler que dizimou comunistas, socialistas, democratas, gente sem partido, judeus ou não, minorias étnicas.

2018/11/13

Cuidado! Bannon Vem para a Europa

Ideólogo de Trump Chefia Fascistas Europeus
(Pilar Camacho, O Lado Oculto, 2018/11/09)

Steve Bannon, ex-banqueiro do Goldman Sachs, organizador e ideólogo da campanha para eleger Donald Trump, vai dirigir a partir de Bruxelas a campanha dos partidos de extrema-direita na União Europeia para as eleições do Parlamento Europeu a realizar no próximo ano. Enquanto Washington acusa Moscovo, sem apresentar provas, de interferir nas eleições norte-americanas e no referendo de que resultou Brexit, a iniciativa de Bannon confirma uma velha realidade: são os Estados Unidos a potência que se ingere nos assuntos de outros países e organizações.

2018/11/08

O Fascista Henrique Cardoso

Afinal balança
(Anabela Fino, in Avante, 2018/11/08)

«Sou contrário às tendências de Bolsonaro, mas tenho que torcer pelo Brasil. Tenho que torcer para que ele acerte e não para que erre». Esta declaração de Fernando Henrique Cardoso (FHC) em entrevista à RTP3, na semana passada, bastaria para definir o posicionamento político do ex-presidente eleito pelo PSDB, sociólogo, cientista, professor universitário, tido como democrata, face a um presidente eleito que se assume como admirador da ditadura, racista, homofóbico, xenófobo, machista. Um presidente que se apresenta como «restaurador da ordem», com um discurso que apela aos princípios mais retrógrados da tenebrosa triologia Deus, Pátria e Família. Um presidente calorosamente saudado por Trump e Netanyahu e que logo anunciou a transferência da embaixada brasileira em Israel para Jerusalém.

2018/11/07

Organizar a Resistência no Brasil

Organizar a Resistência e unir as Forças Populares, Democráticas e Patrióticas Contra o Fascismo!
(Comité Central do Partido Comunista Brasileiro - PCB)

Apesar do crescimento, nos últimos dias, de uma onda democrática em oposição à ameaça representada pela candidatura fascista, confirmou-se a eleição de Jair Bolsonaro para a presidência da República. A sociedade brasileira defronta-se com um novo momento da dominação capitalista no nosso país. Foi derrotado o ciclo da conciliação de classes, e uma nova fase da política brasileira tem início desde agora.