O método
(Gonçalo Carneiro, Avante!, 2019/10/31)
O método nada tem de científico, mas resulta quase sempre: quando se quiser formar uma opinião acerca do que se passa em alguma parte do mundo basta ver o que dizem as televisões portuguesas… e concluir exactamente o contrário.
Este método (não sustentado na ciência, insista-se) teria sido útil a muitos nesse já distante ano de 1999, quando as nossas tv’s apresentaram o UCK, do Kosovo, como baluarte da democracia, muito embora os seus líderes estivessem, como ainda estão, envolvidos em práticas – certamente democráticas – como o tráfico de seres humanos. O tratamento do conflito balcânico foi tudo menos «noticioso». Os sérvios foram diabolizados e todos os outros pintados de tons coloridos: os croatas, responsáveis pela limpeza étnica da Krajina; os bósnios, entre os quais pontificavam fundamentalistas islâmicos que fizeram ali o seu baptismo de fogo; os já referidos kosovares albaneses, cujos chefes eram vulgares criminosos.
«Só há liberdade a sério quando houver a paz, o pão, a habitação, a saúde, a educação. Só há liberdade a sério quando pertencer ao povo o que o povo produzir.»(Sérgio Godinho)
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2019/11/02
2018/02/21
A Sérvia, ainda e sempre a Sérvia, uma e outra vez
Não conheço o sr. major-general, e até hoje só simpatizei com um outro, um de engenharia que foi primeiro-ministro durante os mais fantásticos meses da minha vida, mas este sr. general esteve lá, viu e presenciou. Não fala por ouvir dizer, por ver na têvê, ou ler nos jornais, fala com base no que viu.
O que conta lembra-me que Slobodan Milošević acabou fulgurantemente suicidado com um enfarte de miocárdio, na prisão do tribunal que o ilibou discretamente, depois de os mediáticos produtores de fake-news o terem condenado publicamente, em lume brando, durante os muitos anos em que a sra. Del Ponte recolhia provas e testemunhos das limpezas étnicas que, vimos hoje a saber, terão sido levadas a cabo pelos aliados dos alemães e dos estado-unidenses.
A verdade é como o azeite, mas por vezes vem tarde de mais, só chega depois de os vencedores reescreverem a história com «factos-alternativos» @Refer&ncia
Uma tese polémica: “O grande genocídio aconteceu na Krajina, não em Srebrenica”
(Entrevista com o Major-general na reserva Carlos Branco in Expresso 2016/11/23)
Esta será, muito provavelmente, uma das teses mais polémicas do livro que o major-general Carlos Branco lança esta quinta-feira em Lisboa. Duas décadas depois de ter sido alcançada a paz, o antigo observador militar ao serviço da ONU na Bósnia critica ainda os media internacionais por terem coberto conflito nos Balcãs alinhados com os interesses das grandes potências e a forma pouco isenta como os crimes de guerra foram julgados pelo Tribunal Internacional Penal para a Antiga Jugoslávia.
O que conta lembra-me que Slobodan Milošević acabou fulgurantemente suicidado com um enfarte de miocárdio, na prisão do tribunal que o ilibou discretamente, depois de os mediáticos produtores de fake-news o terem condenado publicamente, em lume brando, durante os muitos anos em que a sra. Del Ponte recolhia provas e testemunhos das limpezas étnicas que, vimos hoje a saber, terão sido levadas a cabo pelos aliados dos alemães e dos estado-unidenses.
A verdade é como o azeite, mas por vezes vem tarde de mais, só chega depois de os vencedores reescreverem a história com «factos-alternativos» @Refer&ncia
Uma tese polémica: “O grande genocídio aconteceu na Krajina, não em Srebrenica”
(Entrevista com o Major-general na reserva Carlos Branco in Expresso 2016/11/23)
Esta será, muito provavelmente, uma das teses mais polémicas do livro que o major-general Carlos Branco lança esta quinta-feira em Lisboa. Duas décadas depois de ter sido alcançada a paz, o antigo observador militar ao serviço da ONU na Bósnia critica ainda os media internacionais por terem coberto conflito nos Balcãs alinhados com os interesses das grandes potências e a forma pouco isenta como os crimes de guerra foram julgados pelo Tribunal Internacional Penal para a Antiga Jugoslávia.
2018/02/05
A (in) Justiça dos Democratadores
TPIJ, braço «judicial» da destruição da Jugoslávia
(Gustavo Carneiro in Avante!, 2018/01/18)
Em Fevereiro de 1933, poucos dias após assumirem a chefia do governo alemão, os nazi-fascistas incendiaram o edifício do parlamento germânico, o Reichstag, e responsabilizaram os comunistas pelo crime. Nos dias seguintes, militantes e eleitos do Partido Comunista Alemão foram presos e acusados da autoria do incêndio, juntamente com três comunistas búlgaros, entre os quais o dirigente da Internacional Comunista Georgui Dimitrov. A encenação de julgamento realizada em Leipzig, com transmissão via rádio, tinha tudo para se transformar num auto de fé anticomunista e na definitiva consagração do poder nazi, não fosse a vibrante e corajosa defesa de Dimitrov ter deixado claro aos olhos do mundo que tinham sido os fascistas e não os comunistas a atear o fogo.
Sessenta anos depois, o Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia teve objectivos semelhantes, ao pretender conceder uma aparência jurídica ao criminoso processo de desmantelamento da Jugoslávia e de alargamento para Leste da NATO e da União Europeia, promovido sobretudo pelos EUA e Alemanha. Ao mesmo tempo, procurava legitimar a agressão externa ao país balcânico, que muito embora tenha tido nos bombardeamentos da NATO de 1999 o seu ponto alto se encontrava já nessa altura em marcha acelerada: o Estado federal multinacional e os seus principais defensores, os sérvios, foram os alvos principais; as vítimas, essas, foram aos milhares, de praticamente todas as nacionalidades e grupos étnicos.
(Gustavo Carneiro in Avante!, 2018/01/18)
Em Fevereiro de 1933, poucos dias após assumirem a chefia do governo alemão, os nazi-fascistas incendiaram o edifício do parlamento germânico, o Reichstag, e responsabilizaram os comunistas pelo crime. Nos dias seguintes, militantes e eleitos do Partido Comunista Alemão foram presos e acusados da autoria do incêndio, juntamente com três comunistas búlgaros, entre os quais o dirigente da Internacional Comunista Georgui Dimitrov. A encenação de julgamento realizada em Leipzig, com transmissão via rádio, tinha tudo para se transformar num auto de fé anticomunista e na definitiva consagração do poder nazi, não fosse a vibrante e corajosa defesa de Dimitrov ter deixado claro aos olhos do mundo que tinham sido os fascistas e não os comunistas a atear o fogo.
Sessenta anos depois, o Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia teve objectivos semelhantes, ao pretender conceder uma aparência jurídica ao criminoso processo de desmantelamento da Jugoslávia e de alargamento para Leste da NATO e da União Europeia, promovido sobretudo pelos EUA e Alemanha. Ao mesmo tempo, procurava legitimar a agressão externa ao país balcânico, que muito embora tenha tido nos bombardeamentos da NATO de 1999 o seu ponto alto se encontrava já nessa altura em marcha acelerada: o Estado federal multinacional e os seus principais defensores, os sérvios, foram os alvos principais; as vítimas, essas, foram aos milhares, de praticamente todas as nacionalidades e grupos étnicos.
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