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2018/12/21

Solidariedade dos Privados com os Enfermeiros do Público?

Estranheza
(Anabela Fino, Avante!, 2018/12/20)

Solidariedade: (...) responsabilidade recíproca entre elementos de um grupo social, profissional, institucional ou de uma comunidade; adesão ou apoio a uma causa, a um movimento ou a um princípio... (in Dicionário infopédia da Língua Portuguesa).

Nada mais claro: ser solidário é/pode ser um sentimento e/ou uma nobre atitude. Mas não é preciso cogitar muito para perceber que não há nobreza – no sentido filosófico do termo, ou seja, relacionado com valores morais humanos como a generosidade, a lealdade, a honestidade – na solidariedade com causas que atentam contra o bem comum. Tal como não há nobreza nenhuma no recurso a mecanismos obscuros para atingir inconfessáveis fins.

Vem isto a propósito do crowdfunding que financia a greve dos enfermeiros aos blocos operatórios, que recolheu 370 mil euros até 22 de Novembro e se propõe angariar, para nova greve, 400 mil euros até 14 de Janeiro. Catarina Barbosa, uma dos cinco enfermeiros que integram o Movimento Greve Cirúrgica, disse ao DN que preferem chamar-lhe «ajuda solidária», mas é no mínimo curioso que o sistema, anunciado por Santana Lopes aquando da formação do seu partido Aliança, tenha sido implementado por duas organizações recém-formadas, ao que consta por fracções do PSD, e aplaudido pela bastonária da Ordem dos Enfermeiros, também do PSD.

Diz Catarina Barbosa que o processo é «transparente», que a maioria dos donativos é de «enfermeiros», que todas as contribuições ficam registadas «através do NIB». Será modalidade nova, esta, a de o NIB revelar a profissão?

Por justas que sejam as reivindicações dos enfermeiros, causa estranheza a facilidade em angariar fundos para uma greve que atinge o SNS quando o SNS está sob o fogo cerrado dos que querem acabar com ele. Ou não?

2018/11/16

A Normalização do Neonazismo

Acordai
(Anabela Fino, Avante!, 2019/11/15)

Uma associação neonazi que dá pelo nome «Wir für Deutschland» («Nós pela Alemanha»), promoveu a 9 de Novembro, em Berlim, uma manifestação para assinalar o 80.º aniversário da tragicamente célebre «Noite de Cristal». Recorda-se que nessa data, em 1938, as forças de choque nazis atacaram sinagogas e estabelecimentos comerciais judeus partindo vidros e incendiando-os, perseguiram e espancaram pessoas, dando início à era de terror do consolado de Hitler que dizimou comunistas, socialistas, democratas, gente sem partido, judeus ou não, minorias étnicas.

2018/11/08

O Fascista Henrique Cardoso

Afinal balança
(Anabela Fino, in Avante, 2018/11/08)

«Sou contrário às tendências de Bolsonaro, mas tenho que torcer pelo Brasil. Tenho que torcer para que ele acerte e não para que erre». Esta declaração de Fernando Henrique Cardoso (FHC) em entrevista à RTP3, na semana passada, bastaria para definir o posicionamento político do ex-presidente eleito pelo PSDB, sociólogo, cientista, professor universitário, tido como democrata, face a um presidente eleito que se assume como admirador da ditadura, racista, homofóbico, xenófobo, machista. Um presidente que se apresenta como «restaurador da ordem», com um discurso que apela aos princípios mais retrógrados da tenebrosa triologia Deus, Pátria e Família. Um presidente calorosamente saudado por Trump e Netanyahu e que logo anunciou a transferência da embaixada brasileira em Israel para Jerusalém.

2018/11/03

A Democracia Segundo os Moscovici

Qual democracia?
(Anabela Fino in Avante!, 2018/10/31)

De tudo o que já se disse sobre o resultado das eleições de domingo no Brasil a afirmação mais espantosa é provavelmente a do comissário europeu de Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, que atribui o triunfo de Jair Bolsonaro a uma espécie de «cansaço democrático» fruto dos efeitos da crise que deixou «desigualdades impressionantes».

Integrando a eleição de Bolsonaro na tendência de recuo das «democracias liberais» em todo o mundo, Moscovici considera que este fenómeno «está talvez ligado a uma forma de cansaço democrático, sobre a qual aqueles que têm a democracia no coração deveriam reflectir, de modo a organizar um contra-ataque».

2018/09/10

Festa do Avante - Sobre o Vil Silenciamento

O Perigo
(Anabela Fino, Avante!, Ed. Especial, 2018/09/09)

A receita é velha de mais de quatro décadas, mas à falta de melhor continua a ser usada, seja porque escasseia a imaginação seja porque se acredita que ainda pode dar frutos. A coisa é simples: primeiro ignora-se, esconde-se, omite-se; depois ataca-se com venenos vários, mentiras torpes, malévolas insinuações. Salvo as raras e honrosas excepções, que as há, é assim que a Festa é tratada na comunicação social dominante desde a sua primeira edição. Tanta persistência, tanta raiva, tanto ódio figadal tem obviamente una razão de ser: já que a morte tantas vezes anunciada do ideal comunista se revelou e revela manifestamente exagerada, há que continuar a malhar (ainda que o ferro esteja frio) nem que seja para apresentar serviço ou aliviar a bílis.

2018/07/13

Sobre os Preocupados com o Interior

Haja Paciência
(Anabela Fino in Avante!, 2018/07/05)

O interior está na moda. Melhor dizendo, as alegadas «preocupações» com o interior estão na ordem do dia, pelo menos no que à agenda política de alguns partidos diz respeito. Dando de barato o absurdo da insistente e persistente tónica posta no termo interior aplicado a um país que tem como comprimento máximo pouco mais de 500 km e uma largura que não vai além dos 218 km, mais a mais com um relevo em que, no continente, a montanha mais alta não chega aos dois mil metros e menos de 12 por cento do território está acima dos 700 metros de altitude, o que objectivamente faz de Portugal uma língua – e estreita –, dando de barato tamanho absurdo, dizia, ocorre perguntar o que faz correr os novos defensores do interior.

2018/06/07

«O jogo que importa não faz manchetes»

Jogos
(Anabela Fino in Avante!, 2018/06/07)

Graças ao massacre mediático a que o País tem estado sujeito poucos serão os portugueses que nunca ouviram falar da saga BrunodeCarvalhoSportingclubista, sacrilégio só admissível por ponderosas e comprovadas razões de força maior, tipo estado comatoso ou morte declarada. A importância dada ao tema, que arrolou quase tudo o que havia para arrolar na grande área dos comentadores com livre passe nos órgãos de comunicação social, foi tanta ou tão pouca que se pode dizer estarmos perante um fenómeno de eucaliptalização das notícias: seca (quase) tudo o que está fora do candente assunto.

Se alguém se lembrasse de fazer uma sondagem a perguntar quem é Larry Fink, o que é a BlackRock (PedraNegra) ou do que trata o Pan-European Personal Pension Product (PEPP) é certo e sabido que 99 por cento dos inquiridos (estimativa conservadora) não fariam a mais pálida ideia.

2018/04/12

Jornalista Morto no Iraque pelo Exército Invasor

Xosé
(Anabela Fino in Avante!, 2018/04/11)

Todos os lugares e todos os dias têm histórias por contar, e por maioria de razões os locais e os tempos em que por força das circunstâncias se concentram gentes e atenções. Não é segredo que não raras vezes as histórias que passam à História carregam tantos silêncios, tantas omissões, tantos desígnios espúrios que em certas ocasiões se torna indispensável, para um correcto entendimento dos factos, raspar a patine do tempo e resgatar do olvido o que não pode nem deve ser esquecido. É o caso do conjunto formado pelo hotel Palestina, 7 de Abril de 2003 e José Couso, elementos que hoje pouco ou nada dirão à grande maioria das pessoas.