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2019/10/20

Não São Liberalistas São Mesmo Fascistas!

Contra os populismos que meteram os pés na porta
(Manuel Augusto Araújo, AbrilAbril, 2019/10/15)

Os desafios futuros para a esquerda, contra a tralha neoliberal e os populismos em marcha, não são fáceis. Há que lutar, contra todas as evidências, sabendo de ciência certa que a razão está do lado da esquerda mesmo.

Pela primeira vez três partidos, Livre, Iniciativa Liberal (IL) e Chega, meteram o pé na porta da Assembleia da República (AR), colocando um deputado cada e o outro, o PAN, que já tinha metido o pé na porta nas eleições anteriores elegendo um deputado, viu aumentada a sua representação para quatro deputados. A direita viu a sua presença na AR ampliada em número de partidos embora com menos 18 deputados do que tinha em 2015. As esquerdas, embora aumentassem o número de deputados em relação a 2015, mais dezasseis deputados, perderam quase 50 mil votantes, o que deve preocupar. Nestas contas direitas/esquerdas não entra o PAN que afirma não ser de direita nem de esquerda. Uma espécie de partido sem eira nem beira, de um oportunismo sem peias.

2019/10/09

Democratações Censuradoras

Quinze dias contra a corrente
(Manuel Augusto Araújo, AbrilAbril, 2019/10/03)

Um tempo em que se exige às esquerdas coerentes a reinvenção da política e a intensificação da luta de classes em que as lutas eleitorais são uma das suas frentes.

Os períodos eleitorais nas democracias representativas são um interregno controlado na desinformação continuada dos meios de comunicação social, mesmo os de serviço público, sobre a actividade política na sua generalidade e, em particular, na dos partidos políticos que se desenquadram do sistema prevalecente, lutando dentro dele contra ele. Interregno que atenua mas não invalida a deformação comunicacional que, entre eleições para o poder central, poder local, europeias e presidenciais, e mesmo durante esse período, é produzida pelos celebrados critérios editoriais que beneficiam descaradamente uns em detrimento de outros. Vários estudos universitários demonstram, sem margem para quaisquer dúvidas, o enviesamento dos media, ainda que partam de princípios discutíveis como o de colocarem todos os comentadores do Partido Socialista do lado da esquerda – o que, ouvindo-os e lendo-os, é altamente questionável e é ainda mais superlativamente contestável com os supostamente independentes. A conclusão, por mais ginásticas que se pratiquem, é que a direita é francamente maioritária, que a representação parlamentar não se repercute nos tempos de antena concedidos.

2019/08/01

Um Entrevistado Inteligente

Entrevista Miguel Tiago: “Sou um traidor da minha classe” 
(Nuno Ribeiro, Público, 2018/08/27)

A cumprir 39 anos, o ex-deputado do PCP sente-se honrado por ter barrado o caminho ao poder de Passos e Portas. Quanto à reedição da fórmula que permitiu ao PS governar, tudo depende do momento político pós-eleições.

É filho da Margem Sul e tem no horizonte trabalhar como geólogo na área de Setúbal após a saída da bancada parlamentar comunista, depois de ter sido um dos jovens deputados do PCP. Motard de alta cilindrada, vai na terceira Super Ténéré 1200, e já participou na concentração de Góis. Pratica aikido, mas diz que durante um ano como porteiro de discoteca recorreu à persuasão para evitar conflitos. Desde o 25 de Abril que a família materna vive no Brasil, onde nasceu por acaso, e confessa: “Sou um traidor da minha classe.”

Sai do Parlamento em Setembro para a comissão de actividades económicas do Comité Central, e para se dedicar à sua actividade profissional, a geologia. Como lida com um trabalho político de retaguarda após ter estado na primeira fila?
Vou lidar bem, estive 13 anos no Parlamento, mas estive desde 1994 na Juventude Comunista Portuguesa e desde 1997 no PCP. A experiência no Parlamento é marcante, tem características próprias, uma exposição que se traduz em responsabilidade. Não sei como a mudança se reflectirá na minha vida, espero que não haja alterações, pois enquanto estive no Parlamento sempre fiz o possível por preservar o meu estilo de vida e as minhas características.

2019/06/11

Sobre as Conclusões da reunião do CC do PCP de 28/5

Caríssimos amigos, companheiros e camaradas, só está autorizado a ler este post quem primeiro leia os 36 000 caracateres de conclusões da reunião em epígrafe! Pois!

Queridos camaradas, os 36 000 caracteres da resolução do CC suscitam-me as seguintes elocubrações:

1. Vocês fazem-me falta.

2. Infelizmente não me parece haver condições objectivas para revoluções a curto médio prazo, mesmo que tenhamos de continuar a fazer por isso, também a bem da humanidade e de um desenvolvimento sustentável.

3. Eu preciso do PCP e concordo com o PCP nas questões laborais, económicas e financeiras e por isso ainda consigo continuar a votar no PCP.

4. Eu vejo no PCP uma grande deriva conservadora em tudo o que sobre o mundo moderno o confronta (touradas e animais, morte assistida, drogas, prostituição, turismo, ecologia, etc, etc, etc) e/ou uma enorme incapacidade para fazer passar a nossa mensagem.

5. Eu acho que precisamos todos (urgentemente) de debater muito e conversar muito sobre muitos destes e de outros temas por forma a que as posições e propostas do PCP em todas essas áreas sejam suficientemente sólidas, pelo menos tão sólidas como as que já tivemos sobre a IVG, as Artes e o Trabalho quando encabeçávamos o que de humanista e progressista havia no mundo.

6. Produzir 36 000 caracteres de resoluções em menos de 24 horas não me parece que possa reflectir as grandes, profundas e leninistas discussões de outras reuniões de outros comités centrais que fizeram progredir este e outros partidos comunistas noutros e recuados tempos e deram origem a verdadeiras transformações.

7. Não encontro nessas conclusões nenhum apelo explicito a linhas de actuação e/ou formas de trabalho que possam inflectir os maus resultados das duas últimas eleições.

Para terminar deixo-vos dois pedidos.

Peço-vos que confrontem as duas páginas com 20 parágrafos de letras gordas saídas das reuniões dos partidos comunistas nos primórdios do século XX com as vinte páginas de profunda e verborreica análise da sua fase de estagnação estalinista. As primeiras eram lidas e discutidas e serviram para qualquer coisa, as outras profundas análises deram no que deram.

Peço-vos que dêem alguma formação aos funcionários amigos, companheiros e camaradas sobre "intervenção em redes sociais", enfim, um pouco do que o Bannon também faz lá na academia dele em Itália porque a verdade é que a direita sabe promover campanhas nas redes sociais e infiltrar-se nas vossas páginas e vocês ainda não sabem fazer passar a vossa mensagem nestes novos ciberespaços.

Um abraço e cá estaremos para, também em Outubro, dar mais força à CDU ;-)

PS (salvo seja :-): sabem porque é que perdemos 200 000 votos com o melhor candidato que tivemos até hoje? O mais explicito, o mais cristalino, o mais assertivo no discurso? Porque os "vossos" voluntaristas camaradas estalinistas acham que "quanto-pior-melhor" e centralismo democrático tá bem tá bem, mas é para os outros ;-)

2019/06/01

A Espuma das Europeias

A desconstrução dos 49% de abstenção, o valor real dos 200 neofascistas com assento à mesa do capital e a antecipação das negociatas entre os empregados dos donos-disto-tudo pelas reais prebendas do poder europeu. Um contributo para compreender melhor os antros do poder que vai mandar na nossa economia e na politica nacional durante os próximos 5 a 10 anos. @Refe&ncia

União desunida e alheada
(José Goulão, AbrilAbril, 2019/05/30)

Com as recentes eleições europeias, os dois grandes pilares (sociais-democratas e conservadores) em que tem assentado a política autoritária e austeritária da União Europeia sofreram um abalo relevante.

O instantâneo da União Europeia obtido pelas eleições para o Parlamento Europeu é o de uma entidade cada vez mais desunida e desafinada, incapaz de cativar metade dos eleitores, chocando o ovo da serpente nazifascista e onde os fundamentos do próprio poder, tal como tem existido, estão a ser seriamente corroídos. Uma caricatura de democracia.

2019/04/08

Os Custos da União Europeia - A Realidade dos Factos

A Classe publicou uma pesada lista de factos associados à presença portuguesa na ue. E nós tínhamos de lhe arranjar um cantinho, mais à mão, para usar em futuras refer&ncias.

• Por dia, Portugal recebe 10 milhões de euros de fundos da União Europeia, mas paga 20 milhões de euros em juros da dívida.

• O Banco Central Europeu (BCE) lucrou 7,8 mil milhões de euros entre 2010 e 2018 com dívida portuguesa

• Só desde 2011 saíram de Portugal 25,8 mil milhões de euros em dividendos pagos ao exterior

A privatização e a entrega ao capital estrangeiro de várias empresas e sectores estratégicos tem custos enormes para Portugal.

• Desde a adesão ao Euro o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu menos de 1% ao ano

• Desde a adesão ao Euro aumentou o desemprego de longa duração
Aumentou 66% entre 1999 e 2019.

• Desde a adesão ao Euro aumentou o desemprego jovem
Aumentou 131% entre 1999 e 2018.

• Desde a adesão ao Euro aumentou a precariedade
Aumentou 56% entre 1999 e 2018.

• Desde a adesão ao Euro diminuiu a parte da riqueza que vai para os salários de 38,4% para 35%.

• Importamos 70% do peixe que consumimos. Na maioria oriundo de países da União Europeia, algum dele pescado nas nossas águas. Temos a 3ª maior Zona Económica Exclusiva da União Europeia, e uma enorme faixa costeira.

• Desde a entrada na CEE (1986) foi destruída 56% da frota pesqueira
Foram abatidas 10145 embarcações.

• Desde a entrada na CEE (1986) a indústria passou de representar 27% da riqueza criada para apenas 13% (2017)

• Desde a entrada na CEE (1986) foram abandonados 700 mil hectares de produções agrícolas. Cerca de 400 mil explorações agrícolas (quebra de 40% no número de pessoas a trabalhar no campo).

• Portugal importa cerca de 95% do trigo que consome e tem hoje dos maiores défices alimentares da Europa

• Desde a adesão ao Euro a dívida pública passou de 50% para 121,5% do PIB.

• Desde 2007 os sucessivos governos apoiaram a banca privada com mais de 17 mil milhões de euros.

• O Risco de Pobreza na União Europeia atinge quase um quarto da população. Em 2017, 22,4% da população na UE28 estava em risco de pobreza ou de exclusão social. Em Portugal esse valor era de 23,3%.

• 2014 e 2018 morreram 17.918 pessoas no Mar mediterrâneo. Eram seres humanos que fugiam da guerra, da fome, da pobreza e da perseguição de grupos terroristas e de crime organizado que floresceram com as guerras que a União Europeia apoiou.

• O Tratado Orçamental impõe a ditadura do défice. É um instrumento de constante ingerência e pressão direccionado para cortar no investimento público e nas despesas com serviços públicos e políticas sociais. Teve e tem o apoio de PS, PSD e CDS.

• A escolha dos administradores dos bancos portugueses, incluindo o banco público, têm de passar pelo Banco Central Europeu.

• Em nome da “concorrência” a UE impede que o Estado apoie sectores estratégicos para o desenvolvimento do País

• O Estado mete milhares de milhões no Novo Banco? Para a UE não há problema. O Estado quer modernizar a sua rede de transporte publico? A UE obriga a que esse financiamento considere todos os operadores por igual (obstaculizando, por exemplo, o investimento de uma empresa pública de transportes).

• Os deputados eleitos pela CDU apresentaram alterações ao Regimento do PE, para alargar a intervenção dos deputados. As propostas foram rejeitadas pelo PS, PSD e CDS, os mesmos que com o seu voto deixaram passar um Regimento do Parlamento Europeu que impõe limitações à intervenção dos deputados e grupos políticos mais pequenos.

• PS, PSD e CDS sempre se opuseram a qualquer consulta popular sobre a integração europeia. Agora, que a contestação à União Europeia cresce, todos falam que é necessário “democratizar” a União Europeia, e que é necessária “uma maior participação” dos cidadãos. Mas, PS, PSD e CDS, quando PCP propôs um referendo sobre a adesão à moeda única ou a ratificação dos Tratados, recusaram. Mas quando o PCP propôs um referendo sobre a adesão á moeda única ou à ratificação de Tratados, PS, PSD e CDS recusaram.

• Seis países têm o poder de decidir sobre 80% da legislação da União Europeia que é aplicada em todos os Estados-membros (Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Espanha e Polónia).

• Os deputados eleitos pela CDU são os que mais trabalham e que recusam benefícios pessoais por serem deputados. Para além de desenvolverem um trabalho ímpar, os eleitos da CDU têm um percurso de recusa de benefícios e privilégios pelo exercício de cargos públicos, como o comprova o facto de terem rejeitado o nivelamento por cima que o Parlamento Europeu instituiu para as suas remunerações.

• Os deputados eleitos pela CDU foram os únicos deputados portugueses que se bateram contra a redução do peso de Portugal no Parlamento Europeu. Nunca desistiram que Portugal tivesse mais voz no Parlamento Europeu. Após a saída do Reino Unido da União Europeia, propuseram a recuperação por Portugal dos 4 deputados que perdeu ao longo dos anos. PS, PSD, CDS, BE e MPT votaram contra.

• As despesas militares da UE vão aumentar 1095%. Ao mesmo tempo os fundos destinados à Coesão, à Agricultura e às Pescas sofreram, na proposta da Comissão Europeia, o maior corte de sempre.

• Os deputados eleitos pela CDU votaram contra a Directiva sobre Direitos de Autor no Mercado Único Digital. PSD e CDS votaram a favor desta directiva, assim como a esmagadora maioria dos deputados PS.

• Apenas dois Estados membro assinaram e ratificaram o Tratado das Nações Unidas de Proibição de Armas Nucleares. Áustria e a República da Irlanda. Proposta que foi sucessivamente chumbada pela maioria no PE (Partido Socialista Europeu e Partido Popular Europeu), avessa ao desarmamento nuclear e à paz.

• Foram os deputados da CDU que denunciaram a intenção da Comissão Europeia de criar um Fundo de Pensões Europeu com gestão privada. A Comissão Europeia pretendia entregar à multinacional privada norte-americana BlackRock a sua gestão, ou seja, o caminho para a privatização dos sistemas públicos de segurança social dos Estados-Membros.

2019/03/08

Eu assino por baixo

No Manifesto74 o Miguel Tiago continua a escrever contra a corrente da ideologia dominante e a impor uma frescura e combatividade que por vezes nos falta, por isso, e porque também eu apoio o PCP por muitas das razões que ele enumera, tenho de reproduzir aqui este texto para futura @Refer&ncia.

PCPorquê?
(Miguel Tiago, Manifesto 74, 2019/02/25)

Para lá do campeonato das bandeirinhas entre quem conseguiu o quê nos orçamentos do estado e nos debates parlamentares e outras dimensões da vida institucional e política nacional, há todo um verdadeiro conjunto de motivos para apoiar o PCP e as estruturas eleitorais em que participa, como a CDU.

2019/02/08

Porquê umas e não outras?

«Porquê umas e não outras?» Perguntava o Vitor Vieira num comentário a um post do Vitor Dias a propósito das declarações do Zapatero antes de o patrão lhos ter apertado. E deixava alguns dados que consultou nas duas CNE:

- O Maduro obteve 67,8% dos votos expressos, o que correspondeu a 31,7% do total de eleitores inscritos, com 54% de abstenção.

- O Marcelo obteve 52% dos votos expressos, o que correspondeu a 24,8% do total de eleitores inscritos, com 51,3% de abstenção

- O primeiro ganha em dois indicadores e até a abstenção foi semelhante, com uma diferença inferior a 3 pontos percentuais.

Qual a diferença? Respondo eu, a Venezuela tem as maiores reservas de petróleo verificadas do planeta.

2019/02/07

Os EUA como Paradigma da Democracia

Após 25 eleições em vinte anos, das quais o chavismo venceu 23, os EUA decidiram que a Venezuela precisa de ser democratada.

Vale a pena passar em revista a qualidade das "eleições" presidenciais no seio do império que decide quem deve e quem não deve ser democratado.

O ocupante da cadeira da casa branca não é nomeado em resultado de eleições directas "cada-pessoa-um-voto", mas por um colégio eleitoral. Lembram-se do salazarismo?

O tal colégio eleitoral emerge de umas eleições em que, tradicionalmente e principalmente pelos métodos e valores financeiros envolvidos nas campanhas, só dois candidatos podem almejar à nomeação: o candidato do partido (neoliberal) democrático e o candidato do partido (neoliberal) republicano.

O actual ocupante da casa branca, representante do partido (neo-liberal) republicano, que decretou a necessidade de democratar a Venezuela, teve 46% de votos nas urnas, menos 5% de votos do que a derrotada do partido (neoliberal) democrático, mas "conseguiu" a maioria do colégio eleitoral.

Os dois últimos ocupantes da casa branca pelo partido neoliberal republicano foram nomeados pelo colégio eleitoral com menos votos nas urnas do que o candidato derrotado do partido neoliberal democrático.

Na primeira votação que conduziu à nomeação do Bush Jr. foram inúmeras as irregularidades e fraudes reportadas, tendo a recontagem dos votos sido suspensa pelo Supremo Tribunal quando o candidato Al Gore estava já prestes a ganhar o decisivo estado da Florida.

Algumas das irregularidades passaram pela remoção de milhares de afro-americanos dos cadernos eleitorais nos estados do sul e pela utilização, na Florida, dos famosos boletins borboleta em que o eleitor premia o botão para votar num candidato e o cartão ficava perfurado noutro, de tal forma que num circulo de maioria judaica venceu um candidato neonazi.

O Bush Jr. foi nomeado pelo colégio eleitoral com menos 1% de votos e menos 500 000 votos do que o derrotado Al Gore, tendo este ficado conhecido como o primeiro ex-futuro presidente dos EUA.

O candidato do partido neoliberal democrático é nomeado por um colégio eleitoral em que 2/3 dos grandes eleitores são eleitos e 1/3 é nomeado pela nomenclatura do partido neoliberal democrático, o que permitiu que o candidato Bernie Sanders tivesse vencido as "directas" mas perdido a nomeação pelo colégio eleitoral do partido neoliberal democrático a favor de uma outra candidata mais neoliberal.

Alguém vê num regime destes alguma legitimidade para se pronunciar sobre a democraticidade do que quer que seja ou pela necessidade de democratar o que quer que seja?


2019/01/12

Por uma Europa dos Trabalhadores e dos Povos

Apelo comum para as eleições para o Parlamento Europeu
(Gabinete de Imprensa do PCP, 2019/01/11)

Apelo comum para as eleições para o Parlamento Europeu «Por uma Europa dos trabalhadores e dos povos»

As eleições para o Parlamento Europeu realizam-se numa conjuntura em que os trabalhadores e os povos dos Estados-membros da União Europeia (UE) enfrentam enormes problemas e impasses. Os trabalhadores são confrontados com a precariedade no trabalho e a fragilização da sua situação social, com as desigualdades, com a pobreza, com os ataques aos salários, às pensões e aos seus direitos. Os povos e, em particular, os jovens são confrontados com o desemprego, a migração económica forçada, o acesso cada vez mais difícil à educação, à saúde e à habitação. Realidade que é reflexo das políticas de intensificação da exploração e de empobrecimento promovidas pela UE.

Aprofundam-se as assimetrias e as desigualdades de desenvolvimento entre os Estados-membros da UE. A própria UE permanece em crise e enfrenta uma séria turbulência.

A UE, as classes dominantes e as forças que as representam já não podem dissimular o descontentamento social provocado pelas suas políticas: o neoliberalismo na economia, a natureza anti-democrática e centralizada do seu funcionamento, o militarismo e o intervencionismo nas relações internacionais. Hoje, alastra o reconhecimento de que as declarações e promessas da UE e das forças que a lideram foram refutadas. A realidade com que os povos dos nossos países estão confrontados é bem diferente.

2019/01/11

As Policias do Capital

Polícias eleitorais ou as duas faces da mesma moeda
(José Goulão, O Lado Oculto, 2019/01/10)

As fake news e as novelas das supostas ingerências externas em actos eleitorais são o pretexto para a criação de corpos transnacionais de polícia eleitoral e o reforço do neoliberalismo como fascismo social.

A par da convergência dos populismos e neofascismos para as muitas campanhas eleitorais que aí vêm no plano internacional, está também em campo uma variante aglutinadora que contribui para replicar, mais coisa menos coisa, as eleições presidenciais norte-americanas de 2016. Incluindo aquilo a que o mainstream parece reduzir a política de hoje: as fake news e as novelas das supostas ingerências externas em actos eleitorais. Tudo a funcionar como nevoeiro para disfarçar o grande objectivo em jogo: reforçar o neoliberalismo como fascismo social – com mais ou menos fascismo político.

2018/12/10

Eleições na Venezuela: Alguém Soube?

Ainda ontem aqui se escreveu sobre o silenciamento das eleições municipais na Venezuela. No jornaleirismo corporativo, até ontem, nada. Nem uma linha, Ontem foram as eleições, nada. Hoje conheceram-se os resultados, nada. Só o AbrilAbril faz jus ao jornalismo com um artigo de corpo inteiro onde reporta uma arrasadora vitória do "chavismo". A realidade é mais forte do que a ficção fabricada pelas agências de propaganda. @Refer&ncia

O «chavismo» arrasa nas eleições municipais venezuelanas
(AbrilAbril, 2018/12/10)

Com 92,3% dos resultados conhecidos, os partidos que defendem a Revolução Bolivariana obtêm uma vitória arrasadora nas eleições municipais venezuelanas, que se celebraram este domingo.

Os resultados destas eleições municipais, ainda que provisórios, evidenciam que o «chavismo» continua a ser apoiado pelo povo

De acordo com os primeiros dados oficiais avançados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), os partidos do Grande Pólo Patriótico, que defendem o chavismo, obtêm mais de 90% das câmaras municipais da Venezuela.

2018/12/09

Venezuela: as eleições que não vão ter lugar

É sabido, conhecido e reconhecido. Se não passou na TV não aconteceu. Isto é, até pode ter acontecido, até pode ser um facto, mas se for silenciado, é como se não tivesse ocorrido.

O mesmo podemos dizer sobre futuros acontecimentos.

Se o Capital estiver interessado em levar a cabo uma primavera árabe, ou uma revolução de veludo, começaremos a ouvir falar nos sentimentos revolucionários, ou nos primaveris despertares dos "povos", meses antes de esses povos terem sequer adormecido, quanto mais acordado ao lado das frescas primas veras.

Vem esta conversa sobre aveludados silenciamentos e invernais primaveras a propósito das eleições "consejales" que vão ter lugar dentro de um mês, com a participação de 50 partidos, na sempre vilipendiada Venezuela.

Alguém ouviu falar? Alguém sabe que vão ter lugar? Alguém ouviu dizer que na Venezuela, pela 20ª vez em 25 anos, o povo vai ser chamado a votar?

Não?

Talvez porque o Capital não quer que o Trabalho saiba?

Talvez porque em 2019 todo o petróleo Venezuelano passará a ser vendido em Petros e nenhum vá ser vendido em dólaras.

Motivos mais do que suficientes para, aqui na Refer&ncia, se fazer propaganda das eleições na Venezuela, com 50 forças politicas e 18 600 candidatos.

Quem vai silenciar e quem vai falar destas eleições? Quem partilha e quem diz que gosta mas prefere ficar em casa a ver se dá na tv? De que lado da barricada vamos estar?

2018/11/14

Os Culpados do Pacheco E Os Reais Culpados

Dá jeito, dá likes e lava consciências.

Dá jeito. Despejar culpas em cima das esquerdas dá jeito, dá likes e lava consciências.

Enquanto o pau vai e vem folgam as costas e escondem-se os Fascistas Henriques Cardosos, os Cir'i'os Gomos de Laranja e os Ronaldos Atchins para quem a democracia brasileira nunca esteve em perigo e a eleição do neofascista bol'o'sonaro é um fait diver na lama de corrupção em que estão todos atolados.

Vem esta raiva toda a propósito de mais um destrambolhamento do pacheco, a propósito de mais uma das suas invectivas contra as esquerdas, suave, sempre suavemente, culpadas de tudo o que de mal vem ao mundo, mas duplamente por ele culpabilizadas pela vitória nas urnas brasileiras do Messias neo-fascista. A propósito da salomónica e equitativamente distributiva visão do pacheco sobre as esquerdas duplamente "Culpadas", primeiro pelo que fizeram enquanto oposição ao poder dos BBB's instalado no parlamento de Brasília, e depois pelo que disseram enquanto candidatas à presidência de Brasília.

Dá jeito, porque enquanto o pacheco destila culpas em cima dos discursos das esquerdas, tapa com poeira as acções dos democratadores candidatos das direitas e dos insignes pais das democracias, os por lá Cardosos e por cá Soares, que por lá e por cá, preferiram sempre as fontes iluminadas com as tochas das direitas às democracias socialmente preocupadas das "perigosíssimas" e "vermelhíssimas" esquerdas.

likes porque as equidistâncias mascaradas de objectividade, que deslocam a norma dos discursos e das diz-culpas para um ponto médio, situado entre a extrema direita neo-fascista e o centrão-oligárquico-sempre-no-poder, agradam à turba acrítica para quem são sempre todos iguais. São e serão todos iguais até ao dia em que surgir um Messias, travestido de Santa Ana ou de Bento Ventura, a cavalgar o ódio "à politica e aos políticos" que afinal somos todos nós e o que fazemos.

E lava-lhe a consciência, pois, isso, o insigne ex-deputado e ex-apoiante dos neoliberais portugais-à-frente, actualmente remetido para historiador da marmeleira e opinador em horário nocturno nos caneiros bolsanamão, tem a consciência pesada, carregada com o peso de engrossar uma outrora social-democracia, hoje desenvergonhadamente neoliberal e por isso descambadamente neofascista. E sente uma imensa necessidade de a lavar, quanto mais não seja com a água suja das acusações contra os que nas ruas chamaram os bois pelos nomes.

Pois é pacheco, desvia lá a pontaria um bocado para a direita. Ali para os lados dos Cardosos que agora andam aqui pela Europa a lavar com lixívia a cara do Messias. Para cima dos Cardosos que fecharam as portas e se sentaram nos sofás a ler uns livros, quando foi preciso barrar o caminho ao neofascismo. Desvia lá a pontaria para cima desses e do Cir'i'o, que veio passar umas férias na Europa e deixou o irmão a atirar lama ao candidato anti-fascista.

Vá lá pachecozito, perdes uns likes mas a água com que lavas a consciência vai sair mais limpa.

2018/11/13

Cuidado! Bannon Vem para a Europa

Ideólogo de Trump Chefia Fascistas Europeus
(Pilar Camacho, O Lado Oculto, 2018/11/09)

Steve Bannon, ex-banqueiro do Goldman Sachs, organizador e ideólogo da campanha para eleger Donald Trump, vai dirigir a partir de Bruxelas a campanha dos partidos de extrema-direita na União Europeia para as eleições do Parlamento Europeu a realizar no próximo ano. Enquanto Washington acusa Moscovo, sem apresentar provas, de interferir nas eleições norte-americanas e no referendo de que resultou Brexit, a iniciativa de Bannon confirma uma velha realidade: são os Estados Unidos a potência que se ingere nos assuntos de outros países e organizações.

2018/10/28

Brasil

Brasil
(Manuel Rocha, in As Beiras, 2019/10/28)

Chico Buarque subiu à tribuna e disse “eu tenho a esperança de que nas periferias, que é afinal onde está o povo que mais sofre com a miséria e a violência, onde votaram por mais violência e mais miséria – votaram contra si mesmos – talvez na última hora virem o voto. Não queremos mais mentira, não queremos mais força bruta. Queremos paz. Queremos alegria. Queremos Fernando (Haddad) e Manuela (D’ Ávila). Queremos democracia”. E mais não disse porque a voz embargou-se-lhe e, nesse quase-pranto, selou o mais curto e comovente dos discursos de campanha no Brasil.

2018/10/26

Sobre a Desinformação do Candidato Presidencial Fascista

Dentro das redes do fascismo: duas semanas entre os grupos de WhatsApp de eleitores do Bolsonaro
(Sebástian Valdomir, in Carta Maior, 23/10/2018)

– Ingressar nos grupos de WhatsApp e Telegram de Bolsonaro não é difícil. Sobretudo nos que foram ativados para o segundo turno e que tiveram como eixo a agitação digital nos estados e cidades do Nordeste do país, onde o candidato perdeu contra Fernando Haddad no primeiro turno.

Faltando poucos dias para o segundo turno das eleições no Brasil, foram conhecidos alguns detalhes da estratégia e funcionamento dos grupos de mensagens digitais da campanha de Jair Bolsonaro. O tema já vinha sendo abordado por analistas políticos e comunicacionais como uma peça relevante da sua campanha, mas sem maiores repercussões. Na semana passada, o The New York Times publicou uma coluna sobre o funcionamento da divulgação massiva de conteúdos falsos por grupos de mensagens, e finalmente, na quinta-feira (18/10), o diário Folha de São Paulo deu cobertura à conexão entre as empresas e o financiamento da estratégia de divulgação de notícias falsas contra o adversário de Bolsonaro, o petista Fernando Haddad.

Sobre a desinformação, suas forma e efeitos

Brasil: a destruição do espaço público é o triunfo do poder absoluto do mais forte
(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 26/10/2018)

Por andar a escrever bastante sobre o Brasil e por Gregório Duvivier (“Porta dos Fundos”) ter partilhado uma entrevista que lhe fiz nas redes sociais, tenho tido muitas reações de brasileiros que vivem em Portugal e no Brasil. Por essa via tive, há uns tempos, uma experiência antropológica interessante. Um brasileiro enviou-me um conjunto de “notícias” sobre a esquerda brasileira. Desde leis apresentadas no Congresso, com links não acessíveis por se tratarem de fotografias e com resumos onde se fala de “promoção do ateísmo” ou do ensino de que “ninguém nasce homem ou mulher”, até o já famoso “kit gay”. De forma pedagógica e paciente, fui enviando os links para as propostas de lei referidas, para que o meu interlocutor verificasse que os resumos eram falsos, e links para notícias que desmentiam o vídeo que ele me enviava da TV Record (da IURD).

2018/10/23

Hoje no Brasil, Amanhã em Portugal

A menos de uma semana das eleições no Brasil, o candidato fascista continua à frente em todas as sondagens. 

Hoje já sabemos como é que o "messias" conseguiu ludibriar uma parte dos 30 milhões de brasileiros arrancados à pobreza extrema por 10 anos de social-democracia, como é que o neo-fascista captou votos no meio de estudantes, que só o são porque os governos petistas abriram 18 novas universidades estaduais, como é que pôs mulheres a votar pela misogenia, negros pelo racismo e gays pela homofobia.

Hoje sabemos que o Capital esteve sempre do lado dele, sempre a dar-lhe dinheiro, propaganda e publicidade fácil. Hoje sabemos que o Capital, quando pôde escolher entre um democrata socialmente preocupado ou um fascista declarado, optou, hoje tal como em 1936, pelos fascistas declarados. 

Hoje já podemos dizer abertamente que as igrejas todas, as televisões todas, as das igrejas do capital e as do Capital com C maiúsculo, com a Record e a Globo à cabeça, fizeram tudo o que foi preciso para limpar o fascismo da cara do fascista e elevá-lo à categoria de messias com messias no nome.

Hoje já sabemos como se processam as campanhas negras do século XXI: alimentam-se as ignorâncias com notícias falsas, aquecem-se as #FakeNews com o fogo dos medos e deixam-se destilar os ódios no alambique das redes sociais. O capital vai lá estar para pagar os milhões de pacotes de whatsapp necessários para difundir o veneno.

Finalmente, cereja no topo do bolosonaro, os "democratas ", com d pequenino, vão falar em extremismoS, difusão de #fakeNews pelaS campanhaS dos candidatoS, corrupçõeS, tudo no plural, tudo bem embrulhado, para, no final, não escolherem o lado democrata da barricada anti-fascista e maquilharem com umas pinceladas de base os resquícios de fascismo ainda visíveis na cara do "esfaqueado".

O PT+PCdeB também tem culpas? O PT+PCdeB também errou? Também!

Mas agora, a quente, vamos olhar para Portugal, vamos ver emergir o alimentar das ignorâncias a esconder a transferência, do Capital para o Trabalho, de 3 mil milhões de euros, operada nestes últimos três anos por um governo social-democrata apoiado na esquerda parlamentar. 

É a quente que temos de denunciar como inaceitável a propagação de fotografias de ladrões sentados no chão e já manietados, substituto contemporâneo dos autos de fé no Rossio, em que a turba podia satisfazer a violência da sua miséria arremessando excrementos, e propagar os medos com que os neofascistas aquecem a ignorância para destilar ódios.

O dinheiro para propagar a peste já está a escorrer dos bolsos do capital para comprar os alambiques.