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2018/03/12

Convidaram o Passos Para Quê?

Experiquê em ciquê politiquê? O passos-dias-a-gamar que fêz o país recuar 20 anos para testar uma teoria económica ideológica que já falhou no chile, na argentina, por todo o mundo onde o fmi pôs a bota e continua a falhar na grécia? Esse ex-jotinha que ganhou umas eleições com a jura de fazer o oposto do que acabou a fazer? Nem para a univ. de verão dos amigalhaços tem curriculo. Talvez, quando muito, para cantar um libreto do lá féria, e mesmo isso só com cachet de figurante. @Refer&ncia

2017/10/14

Obrigado, Passos Coelho

Obrigado, Passos Coelho
(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 13/10/2017)

Tem sido comovente ler os vários artigos de opinião de colunistas que choram a partida de Passos Coelho. Colunistas que dizem que o País lhe deve a sua sobrevivência. Apesar de ser hoje sabido que, nas negociações com a troika, o governo aproveitou o embalo para medidas austeritárias que nem sequer nos eram exigidas por Bruxelas, num aproveitamento de uma situação de fragilidade para impor uma agenda que se sabia ultraminoritária. Apesar de sabermos que foi por convicção para lá da troika e que se não o tivesse feito ter-se-iam salvado pelo menos alguns empregos, algumas empresas, algumas partidas para o estrangeiro. Apesar de sabermos que Passos desejou a intervenção externa e até fez tudo para a facilitar e com ela poder chegar ao poder. Pelo que fez ao país, não devemos qualquer agradecimento a Passos Coelho. Mas a narrativa do salvador incompreendido é fundamental para evitar que as suas bandeiras caiam por evidente falta de sucessores políticos.

A agenda radical que Passos Coelho acabou por impor ao seu partido e ao país tem os seus cultores e não corresponde à tradição histórica do PSD. Ela tem crescido entre jovens vanguardistas apostados em vencer o que consideram ser o “status quo” socialista, a que nós chamamos apenas de Estado Social e que tem um fortíssimo apoio popular. Jovens que foram promovidos e protegidos por intelectuais que trocaram a revolução maoísta pela revolução liberal-conservadora, sem, nessa troca, terem perdido nenhum mau hábito antigo.

2017/08/26

Resultados de um pafismo bolorento

Do «TINA» ao «TIA»: o exemplo português na imprensa britânica
Nuno Serra em Ladrões de Bicicletas 2017/08/25

«Em dois anos, as despesas na Educação sofreram um corte devastador de 23%, sendo igualmente afetados os serviços de Saúde e Segurança Social. [...] o desemprego atingiu os 17,5% em 2013, a falência de empresas disparou em 41% e a pobreza aumentou.»

Quando os bancos mergulharam o mundo ocidental no caos económico, foi-nos dito que apenas os cortes orçamentais permitiriam salvar a economia. Em 2010, quando os conservadores e os liberais constituíram a coligação da austeridade, foi dito ao eleitorado - em tom apocalíptico - que sem o bisturi de George Osborne a Grã-Bretanha seguiria pelo caminho da Grécia. A metáfora, economicamente analfabeta, de comparar o Estado a um orçamento familiar, foi imposta e executada de modo implacável, tornando popular uma falácia ideológica deliberada: se ninguém pode gastar mais quando tem dívidas, por que deveria um país poder fazê-lo?

Mas hoje, graças a Portugal, conhecemos o enorme fracasso da experiência da austeridade aplicada em toda a Europa. O país foi um dos países europeus mais atingidos pela crise económica e, no contexto do resgate da troika, que incluiu o FMI, os credores exigiram medidas severas de austeridade, adotadas com entusiasmo pelo então governo conservador em Lisboa. Serviços e empresas públicas foram privatizados, o IVA aumentou, impôs-se uma sobretaxa aos rendimentos, os salários do setor público, as pensões e benefícios sociais foram reduzidos e o horário de trabalho alargado.

Em dois anos, as despesas na Educação sofreram um corte devastador de 23%, sendo igualmente afetados os serviços de Saúde e Segurança Social. O impacto nas pessoas foi terrível: o desemprego atingiu os 17,5% em 2013, a falência de empresas disparou em 41% e a pobreza aumentou. A lógica era a da necessidade de tudo isto para curar a doença do excesso de despesa.

No final de 2015, esta experiência chegou ao fim. Um novo governo socialista – com o suporte dos partidos mais à esquerda no parlamento – tomou posse. O primeiro ministro, António Costa, prometeu "virar a página da austeridade" que, como então afirmou, fez o país regredir três décadas. Os opositores de direita anteviram um desastre, apelidando a mudança de “economia voodoo”: um novo resgate poderia estar a caminho, conduzindo à recessão e a novos cortes.

(...) A lógica económica do novo governo era clara: os cortes na despesa pública tinham como consequência a retracção da procura. Por isso, uma verdadeira recuperação da economia pressupunha o seu relançamento. O governo aumentou o salário mínimo, reverteu o aumento regressivo de impostos, repôs os salários e as pensões nos níveis anteriores à crise (...) e reintroduziu os quatro feriados eliminados pelo anterior governo. A proteção social das famílias mais pobres foi aumentada, ao mesmo tempo que se aplicou uma taxa de luxo a casas com valor superior a 600.000 euros.
A profecia do desastre não se concretizou. No outono de 2016 – um ano depois de chegar ao poder – o governo podia orgulhar-se de um crescimento sustentado e de um aumento em 13% no investimento das empresas. E em 2017 os números mostram uma redução do défice para mais de metade (2,1%, o valor mais baixo em quarenta anos de democracia). Pela primeira vez, Portugal passava a cumprir as regras da zona euro, com a economia a crescer há treze trimestres consecutivos.
(...) A austeridade na Europa tem sido justificada com o mantra do "não há alternativa", numa lógica de submissão dos povos: no fim de contas temos que ser adultos e encarar a realidade. Mas o caso português permite rejeitar veementemente esta lógica. E por isso a Europa deve inspirar-se na experiência portuguesa para remodelar a União Europeia e pôr fim à austeridade em toda a zona euro.»

Excertos do artigo imperdível de Owen Jones no The Guardian de ontem, com uma frase de destaque que sintetiza o essencial: «Durante anos disseram-nos que apenas cortes profundos na despesa podiam salvar a nossa economia. Em Portugal, o governo liderado por socialistas provou o contrário». Ou seja, o «TIA» («There Is No Alternative») tirou o tapete ao TINA. Sim, confirma-se: há alternativas à austeridade e à «economia-do-pingo-que-nunca-pinga», por mais que as pessoas e os países empobreçam.

Já agora, e ainda a propósito de pensamento único e de alternativas, parece que o Prof. Cavaco Silva vai participar na Universidade de Verão do PSD. Para tema da sua intervenção, escolheu «Os Jovens e a Política: Quando a realidade tira o tapete à ideologia». Considerando que estamos perante o economista humilde, que «nunca se engana e raramente tem dúvidas», talvez não seja difícil imaginar a motivação e o fio condutor do discurso. Mas devemos ceder à tentação e esperar. Para já, ficámos a saber que uma coisa é a realidade e outra é a ideologia. O que já não é pouco.