Afinal balança
(Anabela Fino, in Avante, 2018/11/08)
«Sou contrário às tendências de Bolsonaro, mas tenho que torcer pelo Brasil. Tenho que torcer para que ele acerte e não para que erre». Esta declaração de Fernando Henrique Cardoso (FHC) em entrevista à RTP3, na semana passada, bastaria para definir o posicionamento político do ex-presidente eleito pelo PSDB, sociólogo, cientista, professor universitário, tido como democrata, face a um presidente eleito que se assume como admirador da ditadura, racista, homofóbico, xenófobo, machista. Um presidente que se apresenta como «restaurador da ordem», com um discurso que apela aos princípios mais retrógrados da tenebrosa triologia Deus, Pátria e Família. Um presidente calorosamente saudado por Trump e Netanyahu e que logo anunciou a transferência da embaixada brasileira em Israel para Jerusalém.