2019/12/30

Vacinemo-nos Contra a Ideologia Dominante

A armadilha das "teorias da conspiração" funciona porque algumas delas são tão reais que, na ausência de bases teóricas explicativas bem fundamentadas, muitos de nós acabamos a deixar-nos enredar nas outras que são meras manobras da ideologia dominante.

Um exemplo preocupante é a campanha anti-vacinação que vai ganhando terreno numa esquerda alternativa esvaziada dos fundamentos marxistas, por definição humanistas, adeptos da ciência e do método cientifico e que colocam a luta de classes como motor da história e, portanto, a existência de duas classes com interesses antagónicos, no centro de qualquer análise de qualquer problema socio-económico.

O caso da vacinação não escapa a uma análise classista, mas comecemos por uma argumentação mais cientifica.

Desde Koch e Pasteur a vacinação já conseguiu eliminar uma doença - a varíola - e esteve quase a eliminar outra, a tuberculose que matava essencialmente os sub-alimentados das classes baixas , os que não podiam pagar os prolongados e repetidos tratamentos nas estâncias termais das altas montanhas. Só não a erradicou nos anos 70-80 do século XX porque, subitamente, a OMS deu a doença como "controlada" e acabou com a vacinação mundial massiva.

Num interlúdio político (teoria da conspiração?) importa notar que a decisão da OMS acontece a par da onda neo-liberalizante privatizadora (Reagan-Teatcher-Wojtyła), também na saúde, e que, como resultado dessa decisão, hoje, as várias versões das tuberculoses multiresistentes montadas em cima da sida são campo de investigação e de lucros multimilionários para a big-farma.

Voltemos aos factos. Uma vacina é essencialmente uma pequena porção de "doença" (bacilos, bactérias, vírus) suficientemente "morta" (envenenados, queimados, entoxicados, estraçalhados) para não "infetar" o hospedeiro (o ser humano) mas suficientemente viva para despertar e produzir no organismo humano os anticorpos que possam lutar contra a "doença" quando ela surgir na versão "vivinha-e-pronta-a-matar". É por isso absolutamente natural que se encontrem nas vacinas vestígios de mil e um venenos, tóxicos e lixos. Do pó de talco à soda cáustica vale tudo para enfraquecer até à quase morte a bactéria. Os venenos todos estão lá em quantidade suficiente para manter o agressor "quase-morto" e insuficiente para fazer mal ao organismo humano no seu todo. Esses tóxicos estão lá, não subrepticiamente, mas propositadamente para manter os responsáveis pela doença "quase-mortos" ou mesmo "mortos".

Regressemos então à nossa teoria da conspiração, mas a uma que use a visão classista da sociedade, para deixar algumas perguntas cujas respostas talvez ajudem os adeptos progressistas da não vacinação a compreender porque é que este movimento, nascido no seio das comunidades mais retrógradas e conservadoras dos eua, só recentemente foi empurrado para as portas da "naturalidade" das comunidades alternativas, culturalmente radicalizadas na desconfiança da ciência e social e economicamente alienadas do marxismo.

Na sua inevitável e incessante busca do maior lucro, a big farma prefere as soluções que erradiquem uma doença ou as que "tratem" a doença quando ela surgir?

Quantas vacinas da gripe pode a big farma vender a um cidadão para evitar a gripe e quantas embalagens de comprimidos lhe consegue impingir para a tratar?

Quem estará interessado e quem não estará numa prevenção barata e universal de uma doença até à sua erradicação?

Será razoável deixar nas mãos de uma indústria capitalista a escolha das linhas de investigação no combate ou prevenção da doença? Irá essa indústria guiar-se pelos interesses da humanidade ou pela maximização do lucro quando tiver (e tem!) de escolher entre o doente e o lucro?

Como é que, no contexto de uma já tradicional vacinação contra a gripe, surgiu o pânico da "gripe das aves", de origem asiática, que originou o fabrico apressado e mal atamancado de uma pseudo-vacina para a "gripe-asiática" que salvou um potentado norte-americano da falência? A quem interessou essa "vigarice"? Quem lucrou? Qual o real impacto dessa "vigarice" no movimento antivacinação?

O problema está nas vacinas ou em quem as produz?

Podemos confiar na indústria capitalista para nos tratar da saúde?

Uma indústria que precisa de lucrar com a doença prefere tratamentos, curas ou prevenções?

Os 10% de detentores dos meios de produção preferem uma saúde privada, paga, de onde possam extrair lucros ou uma saúde pública e gratuita com o intuito único de curar?

E para os 90% que não lucram nada, nunca? Qual a escolha mais óbvia?

2019/12/26

Combata-se a crise ambiental com seriedade

Acabe-se com o capitalismo!

Nas eleições de Maio passado para o Parlamento Europeu, o PCP avançou com quatro orientações para combater eficazmente as crises climática e ambiental que lhe está subjacente.

1. «O fim do mercado do carbono, com o fim do regime de comércio de licenças de emissão da UE. A abordagem de mercado deve dar lugar a uma abordagem normativa, devendo as emissões incluídas neste regime ser consideradas em legislação já existente visando limitar as emissões, designadamente industriais (caso da Directiva do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, IPPC, por exemplo);»

A solução não pode passar por mais casinos bolsistas que engordam o capital à custa da ingenuidade dos pequenos investidores, a solução é limitar e diminuir as emissões. Ponto.

2. «Modificação das políticas agrícolas e comerciais vigentes, entre outros aspectos orientando as políticas agrícolas para a salvaguarda da soberania alimentar e para o apoio à produção local e às cadeias de abastecimento curtas, e orientando as políticas comerciais para a complementaridade e não para a competição (como pressupõe a desregulação e liberalização do comércio internacional) – entre produções, produtores e países;»

Está mais do que provado que a agropecuária intensiva é ecologicamente insustentável. Está mais do que provado que as longas cadeias de abastecimento são responsáveis por massivas perdas de bens alimentares entre a produção e o consumo. A solução está no apoio à produção local e à auto suficiência alimentar.

3. «Consolidação e aprofundamento das medidas tomadas no âmbito do passe social, tendo em vista, a prazo, uma gratuitidade dos transportes públicos (avaliando e eventualmente replicando experiências em curso noutros países);»

O transporte individual, não só mas mais expressivamente em meios urbanos, não é ecologicamente sustentável, nem pelo fabrico de milhões de unidades, nem pela poluição gerada, nem pelas emissões de CO2. A solução passa pela disponibilização pública, universal e gratuita de transportes colectivos de elevada qualidade.

4. «Controlo público do sector energético» com o qual a China, por exemplo, conseguiu apresentar-se na COP25 como o país com maior crescimento nas energias renováveis.

«Quatro propostas. Quatro orientações que permitiriam lograr uma redução das emissões de gases com efeito de estufa (com origem antropogénica) para a atmosfera terrestre. Além de outros efeitos positivos sobre o ambiente, a economia e a sociedade.»

«Estas quatro propostas e orientações chocavam de frente com as políticas da União Europeia e com as suas orientações sectoriais. Razão pela qual, referia o PCP, no imediato, a luta em defesa da Natureza, do planeta e dos seus recursos, como a luta pelo direito ao desenvolvimento – dois objectivos que não são contraditórios, antes complementares – exigem um confronto com as políticas e orientações da União Europeia.»

Alguém se lembra de as ver debatidas nas televisões?

No seminário que o Partido Comunista Português (PCP) e o Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Verde Nórdica (GUE/NGL) organizaram em Setembro deste ano, em Palmela, «O Capitalismo não é verde. Uma visão alternativa sobre as alterações climáticas» foram debatidas e apresentadas estas e outras propostas e tendenciais de desenvolvimento, assim como o lugar pioneiro da ciência soviética no estudo dos impactos climáticos de grandes projectos ou o discurso de Fidel Castro, na Assembleia Geral das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, de 1992, e onde explicou serem os pobres os mais afectados pelas alterações climáticas: «Os primeiros a sofrer as consequências das alterações ao meio ambiente são os pobres. Eles não possuem carros, ar condicionado nem, possivelmente, móveis, isto se tiverem casa. Sobre eles caiem mais directamente os efeitos das grandes emissões de dióxido de carbono causadoras do aquecimento da atmosfera».

Mas alguém viu esse seminário nas têvês?

Precisamente. O capitalismo não é verde e importa trabalhar com os ambientalistas e trazê-los para esta nossa visão mais global, abrangente e verdadeiramente radical do ambientalismo: há que pôr fim ao sistema selvagem e intrinsecamente predador que trouxe o planeta para as actuais crises climática, bélica, alimentar e de extrema desigualdade em que os 1% mais ricos continuam a querer negociar o planeta habitado pelos restantes 99%.

(*) Este escrito inspirou-se (e reciclou) muito da segunda metade de um artigo de opinião do António Abreu, publicado no AbrilAbril, com o qual tenho de discordar com o titulo, o cabeçalho e a premência de toda a primeira metade.

2019/12/24

O Natal O Trabalho Infantil e O Preço Justo

Preço justo? O capital? Hehehe! Eu explico. Movido pela concorrência selvagem o capital é forçado a maximizar a expropriação privada da mais valia socialmente produzida. Os segmentos do capital que não o façam são cilindrados pelos que agirem dentro da força normalizadora da marxista lei da maximização da expropriação da mais valia. Os seja: se a ferrero não usar mão de obra infantil (moi) a nestlé, que também usa moi, cilindra-a e acaba-se a ferrero. Claro que podemos tentar minimizar "esse efeito dessa lei" pela via cultural não comprando ferrero nem nestlé, e há quem ande a tentar fazê-lo há mais de 200 anos com mercados liberalizados "que se autocontrolam"... sem sucesso. Depois há os que defendem que é mais eficaz manter rédea curta nesses mercados, proibir a selvajaria e pagar bem a fiscais para fazerem cumprir a lei, mas os bons fiscais custam impostos e "as familias" preferem democrataduras mais baratas. Depois há os perigosos radicais comunistas, como eu, que propõe acabar com as ferreros e as nestlés privadas e repartir socialmente a mais valia socialmente produzida. Em cuba não há trabalho infantil (nem ferrero rocher) ... são opções ;-)

2019/12/23

Bolivia: Golpistas Preparam-se para Ilegalizar 50% da População

O golpe de estado da extrema-direita facho-evangelista boliviana desapareceu dos media públicos e corporativos ocidentais.

De acordo com os produtores de conteúdos que mandam nas redações dos media corporativos, desde o golpe de estado da Añez e sus muchachos que, na Bolivia, «No Pasa Nada!»

Acabo de perceber porquê! O golpe ainda continua a decorrer e importa esconder do mundo a democratação em curso numa Bolivia que a social-democracia de Evo Morales arrancou ao século XIX.

Há dias, o regime golpista de Añez emitiu um mandado de captura para o Presidente democraticamente eleito, Evo Morales, refugiado na Argentina. A informação correu nas redes sociais e nos media corporativos dois ou três dias antes, mas os media corporativos calaram fundo os rumores e, depois do facto consumado, noticiaram-no em nota de rodapé.

Acaba de surgir nas redes sociais um vídeo dos Anónimos onde se anuncia a intenção dos golpistas de ilegalizar o Movimento de Ação Socialista - MAS que venceu as últimas eleições com mais de 50% e detém a maioria no parlamento e no senado.

Estejamos atentos à forma como irão reagir, ao longo dos próximos dias, os media públicos e corporativos, assim como os meios de informação onde trabalham jornalistas honestos e credíveis pois disso pode depender o aprofundamento ou não do golpe.

E tenhamos sempre presente que, num clima de intensa guerra mediática, um vídeo anónimo, como este, pode sempre enquadrar-se numa operação de falsa bandeira destinada a incendiar confrontos e tentar justificar os banhos de sangue a que o imperialismo estado-unidense já nos habituou.

Sobre a guerrilha mediática levada a cabo pelos media corporativos, note-se a abissal diferença de cobertura televisiva entre:

a) os seis meses de violência, sempre igual, sempre incendiária, dos "jovens pró-democracia" de Hong-Kong, onde morreram duas pessoas e, apesar de não haver democracia, a oposição pró-democracia venceu as mais recentes eleições locais e ...

b) o uso de chumbo grosso, pela policia do neo-liberal de direita piñera, no chile, que já cegou completamente 28 pessoas e parcialmente mais de 300, o assassinio pela mesma policia de 36 manifestantes em dois meses, o atropelamento de um jovem manifestante por um blindado da policia e as manifestações massivas na praça da dignidade em Santiago, ou

c) a repressão dos golpistas bolivianos sobre os legitimos vencedores das mais recentes eleições bolivianas, país onde, agora, depois do golpe, o regime de Trump afirma "haver democracia" enquanto pretende ilegalizar a oposição.

2019/12/22

Sobre Bananas a Propósito da Ideologia Dominante

As bananas e suas cascas
(Manuel Augusto Araújo, AbrilAbril, 2019/12/17)

Anda o mundo infestado de performers que fazem parte da epifania colectiva destes tempos de danação em que quase deixa de haver lugar para a criação artística excepto como forma de ganhar dinheiro.

Um artista, Maurizio Castellan, cola numa parede uma banana com fita adesiva prateada, em três versões, duas provas de artista e uma final, depois de um ano a «trabalhar nessa ideia». Um trabalho muitíssimo árduo como se presume, em que acabou por escolher três bananas entre as centenas que andam pelos mercados. Aos compradores, entre eles um museu, a «obra» foi vendida por 120 mil dólares. O curador da galeria explica que é necessário ir substituindo a banana todas as semanas, «como uma flor».

2019/12/21

As #fakenews da RTP (I)

Assim se vai reescrevendo a história, ao sabor da propaganda facciosa, paga com dinheiros públicos.

Não podendo já repetir, em programas jornalísticos, a campanha de desinformação que levou a cabo ao longo de dois anos, a televisão pública opta por usar imagens dessa campanha mistificadora e facciosa num separador em que pretende enaltecer as suas alegadas virtudes informativas.

Note-se como o desplante da direcção de informação da televisão pública, chegou ao ponto de usar #fakenews, para enaltecer alegadas qualidades informativas. O problema é quando alguém dá pela mistificação.

Acabaram-se os jornalistas?


«Num separador da RTP3 sobre "Estórias com QQC" um assalariado da RTP comenta imagens de um famoso camião, comprovadamente incendiado por guarimbistas do lado colômbiano da fronteira, afirmando que os incendiários recusam ter sido eles a incendiá-lo. Depois de duas semanas de campanha mentirosa, a afirmar que teria sido culpa da guarda nacional bolivariana, o assalariado foi clara e cabalmente desmentido pela análise que o New York Times fez do vídeo onde (cortado pelo regime colombiano) se pode ver claramente o cocktail a resvalar da mão de um guarimbista para cima do camião e a incendiá-lo. Já não discuto o péssimo e faccioso trabalho que o assalariado fez enquanto propagandista de um golpista actualmente atolado em esquemas de corrupção. Já nem falo da ausência de retratação da RTP por ter transmitido durante semanas uma versão absolutamente facciosa dos acontecimentos na Venezuela. Já não falo da completa ausência de profissionalismo de um assalariado que há época jurava a pés juntos que o povo venezuelano estaria prestes a derrubar um regime que, passado quase um ano, continua alegremente a comprar pernil de porco francês para o Natal dos Venezuelanos, pago em cash porque os EUA mantêm um bloqueio e uma depredação dos bens público venezuelanos. Já não discuto o facto de o assalariado não ter, uma única vez, mencionado a guerra híbrida que os EUA conduzem desde 2002 contra a Venezuela. Mas, passados 6 meses continuar a propagandear #fakenews? Vergonha! Acabadinho de enviar para o provedor do espectador.»(*)

Sobre os dias e a operação de guerra híbrida que envolveu a encenação de uma "entrega de ajuda humanitária estado-unidense" à Venezuela, a mais superficial comparação dos comboios de ajuda humanitária da ONU, com dezenas da camiões completamente carregados, para cidades arrasadas por conflitos armados, com os três camiões com quatro paletes cada, na fronteira colombiana e "mais" a meia dúzia de furgonetes, com uns pacotes, do lado brasileiro da fronteira, seria suficiente para qualquer observador isento ver ali uma mera operação de ingerência externa de onde estaria ausente, por manifesta insuficiência, qualquer tentativa de entrega de qualquer que fosse (por inexistente) ajuda humanitária a "Um País Inteiro Carente de Alimentos".

20 paletes de comida para um país? Só com muita desonestidade, facciosismo e burrice se pode tentar fazer passar 20 paletes do que quer que seja por "Ajuda Humanitária a Um País".

Mas púnhamos de lado argumentos baseados em competência, honestidade e profissionalismo já que são categorias estranhas aos tarefeiros que a Direcção de Informação da televisão pública escolhe enviar para operações de desinformação encomendadas sabe deus onde e por quem.

Concentremos a atenção no camião, videográfica e comprovadamente, incendiado por um guarimbista.

Os Factos

- Do lado colombiano da fronteira um guarimbista filmava, com telemóvel, os distúrbios provocados por outros igualmente guarimbistas em redor dos 3 camiões com 4 paletes.

- O video mostra um guarimbista do lado colombiano a arremessar um cocktail molotov sobre a Guarda Nacional Bolivariana no lado boliviano da fronteira que acaba por cair num camião assim incendiado pelo guarimbista.

- O video é difundido em directo na internet.

- O regime colombiano trunca o video, mostra o camião a arder com guarimbistas em cima do camião a "salvarem" o saque, e acusa a GNB de incendiar o camião.

- Os propagandistas, presentes no lado colombiano da fronteira, com o aval dos superiores nos media em que estão avençados, ecoam a versão do regime de Ivan Duque sem sequer visionarem o video original existente no ciberespaço.

- Durante uma semana e meia os media públicos e corporativos propagandeiam o video truncado e a versão engendrada em Langley e distribuida pelo regime de narcotraficantes colombiano atualmente debaixo de pesada contestação popular.

- À vigarice propagandeada pelas Agências de Informação Centralizada, os jornalistas presentes nos três lados das fronteiras (Brasil-Venezuela-Colômbia) contrapôem os factos em media alternativos e redes sociais.

- Aos factos os media ocidentais, públicos e corporativos, contrapõem uma barreira de comentadeiros e opinadeiros que chegam ao cúmulo de defender que o video original, onde se vê o guarimbista a incendiar o camião, seria uma montagem do governo venezuelano, de que é exemplo o comentador da SIC para toda a obra Nuno Rojeiro.

- Passada mais de uma semana de barragem mistificadora, o New York Times faz uma análise forense ao video original e reconhece que foi um guarimbista do lado colombiano da fronteira a incendiar o camião usado na operação estado-unidense de agressão à Venezuela.

- Em Portugal os canais de informação noticiam a conclusão do NYT não lhe dando um relevo sequer comparável à semana de continuada mistificação.

Pós- factos e algumas perguntas

O que aconteceu aos tarefeiros que a SIC, a RTP e a TVI enviaram a Caracas para subscrever a versão previamente acordada sobre o que deveriam ser "os factos"? Advertências? Perda de credibilidade? Vergonha? Processos disciplinares?

Como reagiu a comissão da carteira profissional à mancha inflingida por três assalariados na reputação de uma profissão?

O que é que as direcções de informação aprenderam sobre a credibilidade da informação proveniente das agências estado-unidenses depois desta ocorrência? E da tentativa de "golpe de estado com amplo apoio nas forças armadas" que se lhe seguiu e que não conseguiu tomar uma única base? E da tentativa de golpe de estado de 2002 com amplo apoio de centrais sindicais que, como se apurou mais tarde, eram das mais mafiosas da américa latina, mas cujo caráter os desonestos assalariados das televisões fizeram por ignorar enquanto narravam um suposto levantamento popular contra um "alegado" ditador cujo partido acabou a vencer 23 de 25 eleições entre 2002 e 2019?

Como é que esses mesmos caneiros e avençados "narrariam" hoje, depois da Elsa e do Fabien e da greve dos camionistss de matérias perigosas, uma tentativa espanhola de envio de 20 paletes de ajuda humanitária, rodeada por umas centenas de arruaceiros a arremessarem cocktails molotov de Badajoz sobre o posto de Elvas da Guarda Nacional Republicana?


(*) Encontrado, perdido, numa página de uma rede social
https://www.facebook.com/jose.braz.5680/posts/10157897273119468

2019/12/15

O Capitalismo Não É Verde

A Grande Ilusão da Economia Verde
(Carl Boggs, CounterPunch/Adaptação de O Lado Oculto, 2019/12/11)

Sucedem-se as cimeiras climáticas, multiplicam-se as promessas para atingir metas de curto, médio e longo prazo, transformaram-se as questões ambientais em artigos da moda política e mediática e o aquecimento global continua a sua ascensão sem retorno. No centro de toda a novíssima inquietação ecológica estão as elites políticas, governamentais e, sobretudo, empresariais que colocaram o mundo no caminho da catástrofe. Isto é, os que estragam o planeta são os mesmos que cuidam agora de consertá-lo com base em enxurradas de promessas, mas sem mudar de atitudes e comportamentos. Ou seja, a tão propagandeada “economia verde” não passa de uma grande ilusão, melhor dizendo, uma imensa fraude.

2019/12/14

Neoliberalistas Não Sobrevivem Sem o Estado

Sem Estado, não há startups
(Bárbara Reis, Púbico, 2019/11/08)

As startups são projectos da iniciativa privada, mas sem o Estado não existiam. Nem nos EUA, nem em Portugal.

Na “carta ao meu país”, o jovem Manuel Bourbon Ribeiro cita São Tomás de Aquino para dizer que “o principal intuito do Estado deve ser o bem viver das pessoas”.

Parece uma evidência inocente, mas muitos dos que comentaram o texto foram directos à ideia que alimenta parte da direita: um leitor falou da “teta do Estado”, outro disse que Portugal “só serve para se ser escravo dos impostos” e outro disse que o Estado “castiga a iniciativa privada”.

2019/12/13

Para a História Factual da Bolívia Recente

A História absolverá Evo Morales
(Boaventura de Sousa Santos, Portal Vermelho, 2019/12/09)

Eis um balanço do processo boliviano, por quem o viveu ao lado dos movimentos sociais. Os sucessos e os erros, em 13 anos de governo. A trama do golpe, pelas elites locais e Washington. O engano grosseiro dos que se omitiram. As possíveis lições para a esquerda

Depois de 500 anos de ausência política, os 13 anos de governo Evo Morales foram forçosamente confusos e até contraditórios.

Os Liberalistas Precisam do Estado

“O que seria da Google sem a Internet e o GPS? Nada”
(Mariana Mazzucato, ao Púbico, 2017/12)

Mariana Mazzucato, economista especialista em política de inovação, defende que “o Estado tem de ser recompensado pelos riscos que assume”, esteve em Sintra, no Fórum do Banco Central Europeu.

Com a publicação do livro “The Entrepreneurial State” em 2013, a economista Mariana Mazzucato passou a ser uma voz incontornável nos debates em torno das questões da inovação e do crescimento. Professora na University College de Londres, esta economista, com cidadania italiana e norte-americana, tenta contrariar a ideia de um Estado que apenas tem o papel de regular um sector privado extremamente dinâmico, defendendo que muitos dos avanços tecnológicos mais importantes foram o resultado de uma acção mais ambiciosa do Estado. Ao PÚBLICO diz que não é pela sua pequena dimensão que Portugal não pode seguir uma estratégia em que o Estado é o grande dinamizador da inovação, sendo importante contudo definir à partida uma grande ideia sobre aquilo que se pretende fazer.

2019/12/11

Como O Times Fabrica Os Falsos Consentimentos

A longa história do apoio do New York Times a golpes promovidos pelos EUA
(Alan MaCleod, O Diário.info, 2019/12/11)

O presidente boliviano Evo Morales foi deposto por um golpe de Estado apoiado pelos EUA no início deste mês, depois de generais do exército boliviano apareceram na televisão exigindo a sua renúncia. Enquanto Morales fugia para o México, o exército nomeou a senadora de direita Jeanine Añez como sua sucessora. Añez, uma conservadora cristã que tem descrito a maioria indígena da Bolívia como "satânica", chegou ao palácio presidencial segurando uma enorme Bíblia, declarando que a Cristandade estava de regresso ao governo. Anunciou de imediato que iria "tomar todas as medidas necessárias" para "pacificar" a resistência indígena à sua tomada do poder.

2019/12/08

Os Liberalistas São Fascistas

Os tubarões não são vegetarianos
(Manuel Augusto Araújo, AbrilAbril 2019/11/08)

Os cotrins figueiredos e os venturas são faces da mesma perigosíssima moeda. O fascismo está sempre no horizonte dos liberais, se a desenfreada exploração capitalista for posta em causa.

As intervenções de dois dos novos partidos com representação na Assembleia da República (AR), Chega e Iniciativa Liberal, são bem elucidativas da sua raiz, que os faz percorrer, por caminhos diversos, o objectivo comum de pôr em prática políticas económicas e sociais para que a exploração desbragada do capital sobre o trabalho não conheça fronteiras. Há quem lhes cole o selo edulcorado de extrema-direita para não os identificar com o que na realidade são: fascistas. O que também é uma forma de não reconhecer que o fascismo, nas diferentes expressões, é o alfa e o ómega do capitalismo.

2019/12/06

Censura sionista no Facebook

O Facebook aderiu à guerra virtual contra o povo palestino
(MPR, Resistir.info, 2019/11/09)

No dia 9 de Outubro o Facebook eliminou a página do Centro Palestino de Informação (PIC) sem sequer contactar seus administradores.

A página contava com quase cinco milhões de seguidores no Facebook e, para os provocadores ao serviço de Israel nas redes sociais, era outro inimigo a abater.

Assim, o Facebook tornou a demonstrar seu servilismo para com o Tel Aviv e o seu apoio ao racismo e ao apartheid.

2019/12/05

Um "Fundo Europeu para a Paz" para a vender armamento em Africa?

«Não se conhecem objectivos pacifistas no armazenamento e uso de armas letais» Não sou eu quem o diz, é um embaixador de um país da UE que, comandada pela dupla frança-alemanha, quer criar um fundo para financiar a venda de armamento aos países africanos onde tropas de países europeus mantêm governos neo-coloniais. E o mais interessante é ver como os critérios editoriais dos media corporativos "optam" por não noticiar as formas como o capital usa os nossos impostos socialmente pagos para engordar os lucros privados deles.

União Europeia Fornece Armas com Orçamento Paralelo
(Pilar Camacho, Bruxelas, O Lado Oculto, 2019/11/30)

Chamam-lhe “Fundo Europeu para a Paz”, mas o objectivo pretendido é o de Bruxelas fornecer armamento letal a exércitos de países africanos com um orçamento paralelo ao da União Europeia, mas sob supervisão comunitária. A ideia tem um ano e foi discutida ao nível de embaixadores no dia 27 de Novembro.

2019/12/02

As Provas de que a Bolivia Foi Vitima de Um Golpe Fascista

Golpe de Washington na Bolívia: As Provas
(W.T. Whitney Jr., Global Research/O Lado Oculto, 2019/12/01)

O general Kaliman, que “sugeriu” a demissão de Morales, vive agora nos Estados Unidos e foi agraciado com um milhão de dólares; a CIA, a Embaixada norte-americana em La Paz e empresas contratadas minaram as redes sociais com vagas de fake news para provocarem a agitação social; dinheiro e armas com origem em Washington choveram em Santa Cruz, o epicentro fascista da conspiração; funcionários da Embaixada compraram votos rurais e coordenaram a acção com colegas do Brasil, Paraguai e Argentina; os conspiradores estiveram em contacto directo com os mesmos senadores dos Estados Unidos envolvidos nos golpes de Guaidó contra a Venezuela. Estes e outros factos, designadamente o papel da OEA, comprovam a condução norte-americana do recente golpe de Estado fascista na Bolívia.