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2018/12/02

Alemães Solidários com Setúbal

Gosto disto. Gosto da solidariedade internacionalista.

Trabalhadores na cidade portuária de Emden (Alemanha) recusam-se a descarregar um navio procedente de Setúbal, em solidariedade com a greve dos estivadores portugueses.

Foi a fotografia escolhida para Imagem do Dia no AbrilAbril e eu tinha de a guardar aqui bem perto para futuras refer&ncias.

2018/11/29

Policias Alugados ao Capital Portuário

Novos Ratinhos
(Manuel Rocha, N' As Beiras, 2018/11/24)

Setúbal. A guarda chegou na manhã para afastar os trabalhadores portuários que impediam a passagem do autocarro que, literalmente, iria furar a greve por direitos laborais. Não se disseram, mas poderiam ter-se dito - mesmo que outra seja a seara - as falas que José Saramago deixou escritas em Levantado do Chão: "Estão agora dois grupos de trabalhadores frente a frente, dez passos cortados os separam. Dizem os do norte, Há leis, fomos contratados e queremos trabalhar. Dizem os do sul, Sujeitam-se a ganhar menos, vêm aqui fazer-nos mal, voltem para a vossa terra, ratinhos. Dizem os do norte, Na nossa terra não há trabalho, tudo é pedra e tojo, somos beirões, não nos chamem ratinhos, que é ofensa. Dizem os do sul, São ratinhos, são ratos, vêm aqui para roer o nosso pão. Dizem os do norte, Temos fome. Dizem os do sul, Também nós, mas não queremos sujeitar-nos a esta miséria, se aceitarem trabalhar por esse jornal, ficamos nós sem ganhar. Dizem os do norte, A culpa é vossa, não sejais soberbos, aceitai o que o patrão oferece, antes menos que coisa nenhuma, e haverá trabalho para todos, porque sois poucos e nós vimos ajudar. Dizem os do sul, É um engano, querem enganar-nos a todos, nós não temos que consentir neste salário, juntem-se a nós e o patrão terá de pagar melhor jorna a toda a gente”.

2018/11/22

Contratados por SMS ou a Tele Praça de Jorna

Já poucos se lembrarão das praças de jorna onde, pelos nasceres do sol desses alentejos, se apresentavam os jornaleiros, diariamente, para serem contados e escolhidos e aceitarem ou não a jorna por que trabalhariam até ao pôr do sol.

E a casa do conto? A praça de jorna dos estivadores? Ainda ontem uma amiga narrava como o pai por lá passou meia vida, todos os dias, uns contado outros não. Gostava de dizer que tudo isso é passado, mas não é. Hoje, a casa do conto cabe no telemóvel onde o jornaleiro recebe o SMS, com a convocação para o turno da estiva, e com ela o contrato com despedimento garantido no fim do turno. Hoje, como há cem anos.

Hoje, com os 90 estivadores do porto de Setúbal, precários vai para vinte anos, em greve pela contratação coletiva, a policia de intervenção alugada pelo governo aos patrões mafiosos, protegeu a entrada no porto dos amarelos fura greves, protegeu o autocarro de vidros fumados que escondia os cobardes amarelos, fura greves, que fizeram dois turnos de caras tapadas, escondidas envergonhadas com a vergonha da miséria amarela. Ninguém sabe quem são, todos sabemos o que são: miseráveis amarelos fura greves. O lôdo chegou aos cais de Setúbal. A casa do conto continua de boa saúde no porto de Setúbal.