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2024/07/31

Para compreender o que está em causa

Primeiro os factos:

O Maduro é comunista? 
Nem por sombras, nem nada que se pareça! 

"A candidata"(*) da oposição levada ao colo pelo Ocidente Global com os EUA à frente e a UE a fazer de carro vassoura ganhou alguma coisa? 
Nem por sombras, nem nada que se pareça! 

Depois a minha opinião:

... fundamentada em anos e anos de análise critica da desinformação: se a multinacional Biden-Blinken & Borrel diz que é verdade eu facilmente concluo, baseado no historial das revoluções coloridas, que é mentira. Se o milei diz uma coisa, eu digo o contrário, acerto sempre. Se o Grupo da Lima quer empossar uma Guaidá II, eu corto-lhe o paço. Se a OEA, que a Venezuela já abandonou e que o Obrador diz ser uma degenerescência em estado comatoso, vomita, eu tapo o buraco para esconder o cheiro. 

O Partido Comunista da Venezuela acha que não e que pode ficar do lado de atores como estes em defesa da "democracia" que ninguém respeita? Não aprendeu com a democracia chilena a que estes mesmo atores puseram fim em 1973? Ou com o respeito da vontade eleitoral pelas elites peruanas que encarceraram o presidente legitimamente eleito? Eles lá sabem, até porque eles é que conhecem a realidade do terreno deles, mas saberemos nós quem são eles? Ainda me lembro dos sindicatos venezuelanos que apoiaram o golpe que prendeu o Chaves ... afinal eram os mais corruptos da américa latina. Mudaram alguma coisa? Ou continuam na mesma senda?

Concluindo: pela minha parte, aplico à Venezuela o mesmo critério que aplico a Cuba: primeiro, os EUA, a UE, e restante panóplia de piratas, bandidos e mafiosos, retiram todas as sanções, bloqueios e guerras hibridas, depois, deixamos passar uns 15 anos para ver o que esses países conseguem com as suas politicas se não estiverem debaixo de uma guerra predadora, e, depois disso, veremos como se comportam em relação aos restantes países da américa latina. Até lá? Até lá não acredito em nada do que as têvês me metem pela casa dentro.

Finalmente, deixo aqui  três peças essenciais, e um linkezinho em forma de epílogo, para que cada um possa fazer os seus juízos de valor honestamente informados.

2021/10/31

Sobre o chumbo provocado pela dupla martelo-governo

Agora, passados uns dias sobre o inevitável e anunciado chumbo, provocado por uma parelha de bilderberguistas: um primeiro ministro que governou com a direita e um escorpiónico presidente de fação que foi dispondo pedras, ameaças e chantagens num caminho eivado de desconfianças, tenho de deixar aqui, para referência futura, uns três ou quatro textos sobre o anunciado assassinio da geringonça e quem lhe espetou as facas, o estado de espirito em que o geringoncídio deixou as esquerdas e o que se pode esperar para um futuro que se quer próximo. Termino com uns números que ilustram bem quem governou à direita com os orçamentos aprovado pela esquerda.

Mas, que fique claro, a "geringonça" foi uma enorme vitória da esquerda. Primeiro, porque permitiu reverter muitos dos crimes praticados ao abrigo do pacto de agressão pelas duas troikas, a externa da ce-bce-fmi, e a interna do cavaco-psd-cds, segundo, porque provou que a esquerda pode e sabe assumir responsabilidades na área da governação, e, finalmente, porque o entendimento à esquerda ficou definitivamente atravessado na garganta da direita que tudo fará para que não se repita. E nós, a esquerda, vamos deixar que outra maioria absoluta faça vir ao de cima o pior do socratismo? Vamos abster-nos e abrir o caminho a uma direita revanchista com sede de sangue? Ou vamos reagir, votar massivamente à esquerda e pugnar por outra oportunidade?
Entretanto proponho-vos reler o Pedro Tadeu, o André Solha e o José Soeiro, pela ordem dos tempos e dos factos. E acabar com uns números do António Filipe.

Quem matou a geringonça?
(Pedro Tadeu, in Diário de Notícias, 2021/10/28)

Quando em 2019 o governo de António Costa aprovou alterações ao Código do Trabalho e passou o período experimental de 90 para 180 dias (mas em que planeta é preciso seis meses para verificar se um trabalhador é competente?!…) deu um tiro de pistola na geringonça.

Quando, nesse mesmo Código do Trabalho, reforçou as possibilidades do patronato ficar livre das regras da contratação coletiva, ao ampliar os motivos para a caducidade dos acordos feitos entre sindicatos e patrões, prejudicando a capacidade de negociação dos trabalhadores, deu um tiro de espingarda na geringonça.

2021/08/17

Afeganistão: em três fotos, uns comentários e uma cronologia

Assim muito rapidamente em duas fotos e uma capa roubadas ao Manifesto74: Os combatentes do Ronald Reagan na casa branca com o Santo Ronald Reagan, as raparigas afegãs que os combatentes do Ronald Reagan foram "libertar" ao Afeganistão e o empresário saudita que o Ronald Reagan contratou para recrutar os combatentes que foram libertar as raparigas afegãs nos anos 80 do século XX. 

Está tudo nas fotos.
Nos anos oitenta do século XX o ator Ronaldo e os contratados pelo empresário saudita Osama Bin Laden, em Washington, na Casa Branca, conversam sobre como é que vão libertar as raparigas afegãs que se passeiam por Cabul na foto abaixo.
As raparigas afegãs que os contratados do Ronald Reagan iam libertar ainda se passeiam por Cabul, em saia e camisa, nos anos oitenta, antes de serem definitivamente libertadas deste mundo pelo Ronald Reagan seus apaniguados & CIA.
Uma reportagem do britânico "The Independent" sobre o empresário saudita Osama Bin Laden que o Ronald Reagan & CIA contrataram para recrutar e treinar os criminosos que foram libertar as raparigas afegãs da foto acima, depois de as ter libertado e de ter começado a pôr os seus contratados no "caminho da paz" que iria, uns anos mais tarde, rebentar com as torres gémeas de quem lhe armou o exército.


E como os comentadeiros e seus patrões mediáticos tentam desesperadamente iludir a História, aqui ficam, quase todos retirados do Manifesto74, alguns marcos essenciais para compreender o último século afegão:

2020/08/26

Não há festa como esta

«Para eles será sempre milagre nós irmos, como cantava o Zeca, sem sabermos de dores nem mágoas. Lembras-te? Das praias do mar onde o vento cortou amarras na baía do Seixal? Lembras-te das vagas, virando a proa à nossa galera, no mar de gente a descer à noite em direcção ao Palco 25 de Abril? Lembras-te de navegarmos na fresca brisa, onde a vitória ainda nos espera para dançar a carvalhesa? E não andamos ainda todos, de formas diferentes, é certo, à procura da moura encantada? E não esperamos, no fundo, que ainda venha a manhã clara?» (António Santos, Manifesto74)

Precisamos cada vez mais de textos bonitos, textos que nos espelhem a alma, nos acalentem a esperança. Nestes tempos de crescentes escuridões, do neoliberalismo, da pandemia, da precariedade, do desemprego, precisamos de coisas bonitas, da beleza da festa que é de todos os que a quiserem fazer. Vem isto a propósito da campanha de escuridão com que os donos disto tudo querem trancar as nossas almas do lado de fora da festa. Não vão conseguir. Vamos entrar pela festa dentro com toda a esperança num mundo onde a beleza seja de todos. 

2020/02/15

Ninguém Quer Matar Ninguém!

A morte medicamente assistida a pedido do paciente «não obriga ninguém a morrer, tal como o aborto não obriga ninguém a abortar, o divórcio não obriga ninguém a divorciar-se e o casamento homossexual não obriga ninguém a casar-se com alguém do mesmo sexo. [...] Os direitos não são obrigações.»

Dito isto, e clarificada a minha posição de principio sobre o "meu" direito sobre a "minha" vida, nada obsta, muito pelo contrário, a que: 1. Se apresentem projetos de lei que superem as insuficiências dos existentes. 2. Se invista mais na saúde, na investigação e num sns de qualidade 3. Se invista mais e melhor em cuidados paliativos. 4. Se o que acima ficou escrito é motivo de preocupação, amarre-se por lei o "nosso" direito a «tomar nas nossas mãos os destinos das nossas vidas» ao digno financiamento e a uma gestão pública de um SNS livre de lucros.

Dito de forma mais abstrata: Exceptuando a ganância do capital, nada obsta a que a sociedade faça tudo o que entenda necessário para que eu não escolha usufruir do meu direito de acabar com a minha vida.

Para quem, como eu, veja na história da luta de classes a história da emancipação das forças produtivas a opção é sempre por mais e melhor liberdade, por mais e melhores direitos. O limite é sempre e só a liberdade dos outros.

A "minha" decisão sobre o momento da "minha" morte não é do foro da moral de terceiros.

Sobre o devoto e evangélico pedido de que se não mate, resta esclarecer que 1. Nenhum dos projectos de lei defende a morte de ninguém. 2. Todos eles pretendem legalizar o "meu" direito de "eu" me pronunciar sobre o momento em que "eu" queira pôr fim à "minha" vida e 3. Só pretendem que, não podendo "eu" fazê-lo pelos "meus" próprios meios e necessite de pedir a ajuda de terceiros, esses não sejam, como atualmente, acusados de assassinio por "me" ajudarem a "mim" a livrar-me do "meu" sofrimento.

Não vejo onde é que no meio de tanto "eu", "meu", "minha" alguém consegue meter a moral de terceiros.

Não se pretende que "ninguém" mate ninguém. Não se pretende que "ninguém" ajude ninguém a morrer contra a sua vontade e sem a sua consciente, lúcida e expressa vontade.

Tudo o que vos peço é que por instantes se deitem, fechem os olhos e não se movam. Imaginem-se imóveis por um dia, um mês, um ano, dois, dez, vinte ...

Serviu este escrito para introduzir uma série de textos, pró e contra os projetos de lei em discussão, nos quais reconheço argumentos válidos.

2019/11/08

Subsidiodependente é a iniciativa privada!

A subsidiodependência do capital
(André Solha, Manifesto74, 2019/10/28)

Na rádio, um representante da patronal dos transportes de passageiros (ANTROP) diz que a medida dos passes intermodais não foi bem pensada e não levou em conta a incapacidade dos operadores de transportes públicos de responder ao aumento da procura, queixando-se em seguida da falta de financiamento público à aquisição de frota.

No dia seguinte às eleições, em pleno Prós & Contras, João Cotrim Figueiredo (Iniciativa Liberal) acusava o governo PS de ter cortado no investimento público.

2019/11/04

Bafio e podridão num velho com 17 anos

Carta aberta a um fascista de 17 anos
(Lúcia Gomes, Manifesto74, 2019/11/03)

Tem 17 anos e já transpira colonialismo e saudosismo bafiento em cada palavra. A sua genealogia ditou que pudesse ser publicado num jornal de referência do mofo salazarista mas o seu artigo é, para além de decadente (porque o jovem com tanto para dar mais parece uma criatura mumificada acabada de encontrar num qualquer cenotáfio de um panteão com festas de uma startup), perigoso e sintomático de uma pretensa elitezinha que acha que o país precisa deles.

2019/10/16

Fascistas Aqui Não!

Os fascistas, racistas e xenófobos deitam as garras ás redes sociais, infiltram-se em grupos regionais e temáticos, usam perfis falsos e bombardeiam o ciberespaço com mentira, raiva e ódio. Vai sendo mais do que tempo de os começar a pôr com dono: fascistas aqui não!

Fascismo à beira-mar plantado
(Ivo Rafael e Lúcia Gomes, Manifesto 74, 2019/10/16)

A eleição de forças de extrema-direita para o parlamento português foi um balão de oxigénio para muito fascista envergonhado e contido. Para além destes, que agora exibem sem pudor a sua vontade de gasear ciganos e expatriar pretos, há também uma cavalgante onda de propaganda fascista a invadir as redes sociais. Não é apenas uma petição, não é só um meme, não é apenas um ou dois comentários, é uma campanha orquestrada que está em toda a parte.

2019/07/28

A MenTVI MenTVIu !

A TVI mentiu. Nem é novidade, nem foi a primeira, nem a segunda nem a terceira vez, nem é a única, mas mentiu e importa, mais uma vez, repor a verdade. «O que se exige é que a TVI dê conta agora, com expressão idêntica à que dedicou à ofensa ao PCP e ao seu Secretário-geral, da Deliberação agora adoptada pela ERC. E, sobretudo, que peça desculpa pública ao PCP e a Jerónimo de Sousa, assim como às centenas de milhar de telespectadores que durante semanas deliberadamente enganou para sustentar, em pleno período pré-eleitoral, uma operação com indisfarçáveis e repudiáveis objectivos políticos»

Depois de um caneiro televisivo ter, durante dois meses, espalhado a infâmia, vou recolher aqui as noticias que for encontrando sobre o desmentido. Até ao momento nem uma menção da decisão da ERC nas página do caneiro desinformativo.


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A calúnia
(Rui Sá, JN, 2019/07/29)

O filme "A calúnia", de Sydney Pollack, estreado em 1981 com dois grandes atores - Paul Newman e Sally Field - aborda a história de uma jornalista manipulada que conta uma história falsa sobre um homem que é inocente - e que, deste modo, fica com o seu nome manchado para sempre.

2019/03/08

Eu assino por baixo

No Manifesto74 o Miguel Tiago continua a escrever contra a corrente da ideologia dominante e a impor uma frescura e combatividade que por vezes nos falta, por isso, e porque também eu apoio o PCP por muitas das razões que ele enumera, tenho de reproduzir aqui este texto para futura @Refer&ncia.

PCPorquê?
(Miguel Tiago, Manifesto 74, 2019/02/25)

Para lá do campeonato das bandeirinhas entre quem conseguiu o quê nos orçamentos do estado e nos debates parlamentares e outras dimensões da vida institucional e política nacional, há todo um verdadeiro conjunto de motivos para apoiar o PCP e as estruturas eleitorais em que participa, como a CDU.

2019/01/19

BE Mais Uma Vez Contra as Democracias Latino-Americanas

Já sobre a Nicarágua tive a oportunidade de ler uns escritos no esquerda.net claramente inspirados nas narrativas mais bolorentas do imperialismo estado unidense que pôs no poder brasileiro o fascista bolsonaro. Na altura tentei comentá-los mas a democracia implementada no site do BE não mo permitiu. Desta vez o alvo é a Venezuela. Pergunto-me: estarão os opinadeiros desses escritos a ser financiados com os trinta dinheiros das democratadoras fundações do George Soros? @Refer&ncia

O BE defende um golpe militar na Venezuela?
(Bruno Carvalho, Manifesto74, 2019/01/18)

O Bloco de Esquerda publica um artigo inenarrável contra a Venezuela que defende um golpe militar, assinado por Tomás Marquez, que repete o argumentário utilizado pelos governos, partidos de direita e órgãos de comunicação social alinhados com o imperialismo. Vamos desmontar, ponto por ponto, uma posição que se inscreve na linha histórica do BE de se orientar na sua reflexão sobre política internacional por aquilo que é dito por Washington ou pela União Europeia.

2018/12/13

Da Série "Sobre o Silenciamento Sistemático" (I)

Independentemente de este imperdível escrito do Manifesto74 descrever objectivamente a incontornável realidade do silenciamento ideológico, noto duas ausências, a do Honório Novo, creio que na RTP 3 em debate com não me lembro quem, e a do João Ferreira na SIC noticias. Também não vejo rasto da Clara Loireira de Bilderberg em Castalves, do coelhone, do douto pml, ou do filósofo da marmeleira, só para mencionar os principais, ou ainda da acéfala manada de extremistas com tribuna no porta voz da extrema direita caceteira.

Silêncio
(Ricardo M. Santos, Manifesto74, 2018/11/30)

Calados, caladinhos, cabeça baixa, orelhas que tapem os ouvidos, que vão falar os comunistas. Os velhos e cansados, os que desde 1921 que vão acabar, os retrógrados e contra o progresso, mais o liberalismo que é o futuro, mais o feminismo urbano-burguês. Mudos, calados obedientes, que o pensamento é só um, só pode ser um, que é a natureza humana. Calem-se as ideologias estafadas da igualdade de oportunidades do trabalho com direitos e do direito ao trabalho. São millenials, querem T0 com 2 metros quadrados, querem Uber e Glovo, que se foda quem paga as motas e os carros. Isto salva-se com o Banco Alimentar, desde que não haja bifes, porque temos de deixar que nos roam os ossos. Não há uma app que mastigue por mim? É a vida, só há um caminho, é a natureza humana, que é fodida, porque o ser humano é egoísta quando nasce. Claro que há igualdade desde que não abane o défice, que o défice cai bem em qualquer mesa, não pode é haver muita chatice, diz que é pessoal lá em Bruxelas que diz que somos uns calões; calados e mudos. O quarto poder e tal, que anda um bocado mau, o senhor Presidente da República até falou sobre isso.

2018/11/18

As Neonazis Origens do PAN

Quem viu a reportagem dos justiceiros linchadores, apanhou no ar o ténue odor das violencias neonazis. Quem estava atento a esses pequenos sinais, viu umas peles mais escuras e uns cabelos encrespados nas imagens desfocadas de quem estava a tratar mal o cão, cheirou o ambiente nómada em redor da senhora que comprou o cavalo branco para tratar dele, detectou a esquerda cosmopolita na mulher que denunciou um partido por não receber em audiência a ONG a que presidia. Curiosa selecção de agressores de animais. Pergunto-me se foi aleatória ou representativa do panorama nacional de torturadores de animais. Onde estão ali os toureiros? Ou esses são demasiado bem vestidos para se tornarem vitimas do terrorismo?

Dos actos terroristas, levados a cabo pelos arruaceiros da ira nacional, emanava um intenso odor a práticas neonazis, uma estranha selecção dos alvos a abater, uma predilecção por mulheres que me levou a comentar em família que aqueles gajos não tinham nada a ver com defesas de animais, não passavam de uns neonazis quaisquer a capitalizar audiências num campo tradicionalmente dominado pelos seres humanos progressistas e civilizados.

Dois dias depois caiu-me em cima este post publicado nos idos de 2015 pelo Manifesto74. Fez-se luz. A simpatia dos dirigentes do PAN pelos arruaceiros vem de trás, dos tempos em que eram todos amigos. E sim, a teoria da conspiração impõe-se. Ninguém vê uma estranha coincidência na ajudinha que o Steve Bannon prometeu ás extremas-direitas europeias para as eleições de 2019 e a repentina mediatização dos Andrés Venturas e das ira's a quem ninguém tinha dado ainda a devida atenção? Cuidado com os apelos à "justiça da raiva" e aos linchamentos na praça pública, quem acaba por capitalizar com essas alarvidades é sempre a direita mais ultramontanamente neofascista. Foi assim que começou a violenta pregação evangelista do #EleNão. @Refer&ncia.

2018/10/31

Ninguém É Ilegal

Lei da Nacionalidade, O Lugar da Não Existência
(Lúcia Gomes, in Manifesto74, 2018/10/32)

O Paulo nasceu em Portugal. Nunca viu Cabo Verde. Nunca foi lá. Não sabe quais os cheiros, as cores, não conhece a ancestralidade que os documentos dizem ser a sua nação. Tem pouco mais de 20 anos e toda a sua vida viveu na Cova da Moura. Conheci o Paulo porque foi torturado brutalmente pela polícia. É um miúdo calado, reservado. Muito educado. Insiste em tratar-me por você - quase como se houvesse uma hierarquia entre nós porque sou branca e licenciada - sempre com modos que fariam envergonhar um qualquer nobre cavaleiro.

2018/07/01

Mais um Tavares

Mais uma entrada e duas notas de rodapé para Os coisos que dizem coisas:

Na sequência da crítica literária de Ricardo Santos publicada no Manifesto74, vi-me na necessidade de inserir uma nova entrada no top 100 dos coisificadores de serviço.

Rui Taverneiro
(Ex-bloguista, ex-eurodeputado, ex-independente, ex-toriador, ex-tudo-e-mais-alguma-coisa-e-o-seu-contrário)
- Kautskizinho nacional de pacotilha, tornou-se famoso por continuar a ocupar um sofá-cama euro-paralamentar de 17 000/mês mesmo depois de cortar relações com os camaradas broquistas que lhe estenderam o tapete. Atualmente dedica-se a pedinchar umas migalhas pelas boutades que escrevinha nas tribunas que lhe dão esmola. Por vezes parece acreditar no que escreve personificando o Paradoxo da Mediatização Forçada(1) sob a acção do Impulso "Viktor Dedaj"(2)

(1) O Paradoxo da Mediatização Forçada (aka Paradoxo de Viktor Dedaj) enuncia-se como uma questão do tipo "a galinha ou o ovo" através da pergunta: «É a mediatização que os torna assim ou são mediatizados por serem assim?». Obtendo da parte do filósofo a resposta de que «Provavelmente é as duas coisas ao mesmo tempo: são autorizados a entrar no campo mediático devido à compatibilidade do seu discurso com o quadro pré-estabelecido das expressões toleradas, e a sua presença continuada provoca por sua vez, através de uma espécie de instinto de sobrevivência no sentido de não se ver condenado a uma «morte mediática», uma conformação do seu discurso a esse quadro. Wikipédia (edição 2050)

(2) Impulso Viktor Dedaj - «Todo o corpo intelectual mergulhado num meio mediático amorfo sofre uma força vertical dirigida de cima para baixo, e oposta ao peso dos argumentos desenvolvidos. Esta força é designada Impulso Viktor Dedaj». Wikipédia (edição 2050)

O que me diverte neste vigarinho (vigarista pequenininho) é que aparentemente ele acredita nas boutades que escrevinha. Há vigarões (são os grandalhões) que a gente vê logo só estarem ali para receber "as dólaras" ao fim do mês, mas este não, aos olhos dos mais incautos até parece mesmo que não anda ali pelos óbulos. Acham que ele acredita mesmo nas vigarologias que escrevinha? Mas já chega de conversa fiada, passemos ao prato principal. @Refer&ncia

Tarefas Urgentes para Rui Tavares
(Ricardo M Santos in Manifesto74, 2018/06/20)

Rui Tavares acordou estremunhado, banhado em suores frios e percebeu que, afinal, está na hora de pegarmos em armas e combater o fascismo em todas as suas formas. Bem, não todas. Porque temos de escolher bem e combater o fascismo mas defender a UE. Já lá iremos. Um historiador estremunhado e assustado, nas manhãs de calor como as que temos vivido, pode ser um caso alarmante. Ao ponto de ser o próprio a referir que nunca pensou que “a versão atualizada [do fascismo] do século XXI viesse a ser tão caricaturalmente parecida com o original”. Um historiador como Rui Tavares, devia saber que a “História repete-se, pelo menos, duas vezes”, dizia Hegel, “a primeira como tragédia, a segunda como farsa”, disse Marx.

Apanhado de surpresa, Tavares esbraceja, alvoroçado, com o que está a passar-se em Itália, na Hungria, esquece Polónia e Ucrânia, Espanha, a vergonha do Mediterrâneo potenciada pelas intervenções externas a cobro – imagine-se – da UE nos países do Médio Oriente e norte de África, que Rui tavares tão bem conhece dos seus tempos de eurodeputado. Sem esquecer o tratado de extradição de refugiados assinado entre a progressista e europeísta Grécia e a Turquia.

2017/11/28

PS: A Flutuar Como os Submarinos desde 1974

O PS A Flutuar Como os Submarinos desde 1974
Eu não diria melhor, quem tivesse dúvidas viu na votação final global do OE que:

«a "flutuação para a esquerda" na política do Governo actual, provocada pela circunstância específica de ser necessária a viabilização do mandato do PS, é uma anomalia no comportamento do PS mas não uma alteração matricial no seu posicionamento.»

«O passado também demonstra que o PS tem um comportamento de poder comprometido com os grandes interesses económicos, com a estrutura proprietária e com a sua concentração num grupo cada vez mais pequeno de grandes proprietários. Igualmente, demonstra que o compromisso fundamental do PS é para com o grande capital transnacional e para com a exploração do trabalho dos portugueses, aliado a uma constante entrega de sectores fundamentais a privados, em detrimento da qualidade dos serviços e dos direitos de quem os presta e de quem deles usufrui.»

«O passado demonstra igualmente que o PS é um partido que protagoniza, quando liberto para tal, uma política eminentemente de retrocesso social e de decadência económica.
O passado também demonstra que o PS tem um comportamento de poder comprometido com os grandes interesses económicos, com a estrutura proprietária e com a sua concentração num grupo cada vez mais pequeno de grandes proprietários. Igualmente, demonstra que o compromisso fundamental do PS é para com o grande capital transnacional e para com a exploração do trabalho dos portugueses, aliado a uma constante entrega de sectores fundamentais a privados, em detrimento da qualidade dos serviços e dos direitos de quem os presta e de quem deles usufrui.»

«O passado demonstra igualmente que o PS é um partido que protagoniza, quando liberto para tal, uma política eminentemente de retrocesso social e de decadência económica.»

Di-lo o Miguel Tiago hoje no Manifesto74 e eu assino por baixo.

PS: Um Jogo Novo?
(Miguel Tiago in Manifesto74 2017/11/28)
A brilhante intervenção do Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares no encerramento do debate do Orçamento do Estado para 2018 é a prova de que o Partido Socialista pode constituir-se como força de esquerda através da alteração da correlação de forças entre PS e PCP no quadro geral da Assembleia da República.

Agora que já tenho a vossa atenção, vejamos os 3 motivos principais por que é falsa a afirmação anterior:

1. O Passado

O passado demonstra claramente que o PS tem uma postura discursiva variável consoante o momento histórico, para preservar a política de direita e o favorecimento da predação do trabalho pelo capital através daquilo a que chamam a "economia social de mercado"(1). A utilização de figuras como Manuel Alegre, ou as alusões de Mário Soares ao "socialismo democrático" foram afinal de contas, como a História demonstra sem margem para grandes dúvidas, apenas as máscaras e camuflagens que o PS sempre utilizou para capitalizar dividendos junto do movimento progressista português, particularmente em fases em que a hegemonia permitia alcançar conquistas e avanços para o proletariado que o próprio PS se encarregou de travar e neutralizar, impondo a política da União Europeia e o capitalismo monopolista, provocando o afastamento de Abril e a aproximação a Novembro.

2017/11/26

Kerenskys, Mários e Carlos, Tudo Fruta do Chão

Kerenskys, Mários e Carlos, Tudo Fruta do Chão
Escrevia o Rafael Silva no Manifesto 74 , aqui há umas semanas, «que se a força da independência emanar do povo, ela por si só vencerá. Se emanar de gabinetes ou dos interstícios do parlamentarismo oco e burocrata, não passará de um gigantesco fracasso.».

Passados 20 dias os intervenientes do que foi uma janela revolucionária começam a levantar o véu sobre o que se passou nos gabinetes, nos interstícios do poder oco e burocrata e nas cabeças dos burgueses que cavalgaram o povo das ruas.

Desta vez foi o Carlos, não o príncipe windsoriano mas o burguês Puigdemont. Se os kerenskys e os mários do passado nunca tiveram dúvidas sobre a burguesa necessidade de correr com o povo das ruas para lhe cercear ânsias de poder, este Carlos teve dúvidas, no último instante hesitou sobre a melhor forma de tirar o povo das ruas. Apaziguá-lo com uma independenciazinha republicana ou mandá-lo para casa com umas eleiçõezinhas monárquicas. Há noite, sozinho em casa, decidiu recuar, voltar aos doces braços da sonolenta monarquia. Mas ao acordar, pela manhã, o povo das ruas lá o empurrou, e ele, titubeante, lá declarou a independência. Dizem agora que a contragosto. Dizem.

Razão tem o Rafael Silva.

E não, esclareça-se já. Eu não fui partidário de primeira hora de uma Catalunha independente. Ainda hoje me sinto dividido nessa questão. Ainda hoje hesito entre os princípios impostos por um cosmopolita internacionalismo que quer derrubar todas as fronteiras e a realidade de um povo na rua a levantar uma fronteira nacionalista, republicana verdade seja dita e notada, mas burguesa e nacionalista, frise-se. Agora, uma vez espartilhado entre o povo das ruas e a repressão da monarquia castelhana não pude vacilar, deixei de ter escolha, a reacção monárquica empurrou-me para o lado certo da barricada e aí chegado os catalães escolheram por mim.

Só aqui chegado, a este lado da barricada, mais por imposições alheias do que por livre e antecipada escolha, consegui ver no burguês e republicano levantamento nacionalista catalão o que não foi e podia ter sido.

Não foi uma revolução. Felizmente? Infelizmente? Não sei. Sei que a esquerda revolucionária, a que pugna por transformar o mundo, parece já não saber liderar revoluções, aparenta ter perdido esse conhecimento na medida inversa em que o poder capitalista aprendeu a provocá-las, aqui nas ucranianas europas, lá pelas líbias bordas mediterrânicas ou nos longínquos brasis sul-americanos. Estaremos nós no século das revoluções regressistas, reaccionárias? Até quando? Até onde os deixaremos continuar a roubar impunemente o nosso trabalho?

Mas foi qualquer coisa. Foi qualquer coisa de fresco, solidário, recheado de risos e sorrisos, cravos e vilas morenas, gente com filhos nas ruas, pacíficos, sorridentes. Violento só o poder castelhano, personificado por uma guarda civil militarizada e respaldado no dinossáurio olé-franquismo. Foi uma janela revolucionária, foram momentos em que quem mandava não conseguia impor e quem obedecia não se sujeitava, foram umas horas em que o povo se apoderou das urnas e votou na República, uma e outra vez, foram umas horas em que o poder esteve na rua. Faltou quem o agarrasse, quem o liderasse e o conduzisse a algo de mais profundo. Entretanto desfez-se em desistências, fugas e prisões.

Como resultado, vamos ter, dizem as sondagens burguesas, um parlamento catalão de onde os conservadores monárquicos do PPC serão varridos e os independentistas conservadores reduzidos a um terço da sua atual representação. Tudo isto para serem substituídos pelos C's, bombeiros de serviço reacionariamente neoliberais, que reinarão num segundo lugar com cerca de trinta eleitos. E aqui chegados fica o negro apagão da imprensa de classe ao serviço do Capital: o tão autodenominado global e objetivo El Pais esconde da capa as previsões para a evolução do Catalunya Sí que es Pot (CSQP)(*), agora Catalunya en Comú, onde estão os Comunistas da Catalunha. Na 1ª página completo silêncio, nada, nem uma palavra para quem tem 11 deputados no atual parlamento, tantos como o monárquico e reacionário PPC de extrema-direita. Nem uma palavra sobre a esquerda que, de acordo com a sondagem deles, passará a contar com o dobro dos deputados do PPC. A objetividade jornaleiristica da imprensa de classe faz-se destas cirúrgicas e omnipresentes omissões, destas omniausências.

(*) Cataluña Si Se Puede em castelhano.

2017/11/05

A Castelhana (In) Justiça de Classe

Independencia, desobediencia
E, ainda sobre a (in)justiça castelhana, lembremo-nos do que ela fez ao juiz que se atreveu a querer investigar o genocídio franquista. Lembremo-nos que o honesto burguês  Baltazar Garçon está suspenso das suas funções.

Lembremo-nos de que por pouco não foi preso quando quis abrir as valas comuns franquistas onde jazem os corpos dos heróis republicanos, homens e mulheres que defenderam a legalidade republicana, democraticamente sufragada e golpisticamente afogada num mar de sangue, violência e tortura pelo caudilho que, de áfrica, veio repor a monarquia dos bourbons, nunca democraticamente votada, nunca democraticamente sufragada, e que agora  se arroga de uma qualquer (in)justiça para punir homens e mulheres eleitos com um programa que garantia a execução de um referendo.

Lembremo-nos sempre que a justiça espanhola continua a ser, antes de mais, a justiça franquista, falangista, fascista, criada em cima dos cadáveres republicanos.

E porque o Rafael Silva levanta a lebre da (in)justiça castelhana na repressão das livres aspirações do povo catalão, vou aqui arranjar-lhe um outro poiso para ficar mais à mão. @Refer&ncia

Catalunha: ou o Povo ou Nada
(Rafael Silva, in Manifesto74, 2017/11/04)
O escândalo de corrupção conhecido como “caso Gürtel”, envolvendo directamente o Partido Popular espanhol e alguns dos seus mais destacados membros, começou em Novembro de 2007 e, volvidos dez longos anos, ainda não se acha concluído pela justiça espanhola. Em Julho deste ano, o chefe de governo, Mariano Rajoy, o ultimamente tido como arauto da justiça e da legalidade, foi ouvido pelas autoridades para dizer que “desconhecia” as questões económicas e financeiras do seu partido, até porque, à altura dos factos, se ocupava apenas de “questões políticas”. Outro dos casos de corrupção no mesmo país, desta feita envolvendo membros da família real – o caso Nóos ou Urdangarín – levou sete anos a ser concluído. Terminou com a sentença de prisão para Iñaki e uma ténue multa à infanta Cristina, que, coitada, “não sabia de nada”. Ou seja, eis a duplicidade da justiça que alguns alegam existir no seio da “pura” e “democrática” Espanha “constitucional”: anos e anos a julgar casos de complexa mas comprovada corrupção; escassos dias para meter na cadeia todo um governo catalão democraticamente eleito pelo povo!

2017/10/26

O Terrorismo Incendiário no Ciberespaço

Se bem me lembro, o primeiro a levantar a lebre, leia-se teoria da conspiração, terá sido o José Goulão, no AbrilAbril, ainda em Agosto, ainda em plena famigerada «época de incêndios». Depois dele, muitos outros por esse ciberespaço fora têm vindo a mostrar estranheza por não ver os poderes instituídos a explorar a possibilidade de estarmos perante uma vaga de terrorismo.

Deixo aqui as referências com os links de cada um dos artigos conspirativos que for encontrando. Para memória futura. @Refer&ncia

Portugal devastado: rotina ou terrorismo
(José Goulão, in AbrilAbril 2017/08/17)
«O princípio da abordagem é tão óbvio que a comunicação social foge dele como o diabo da cruz: o fogo que alastra em Portugal, sem descanso, resulta da acumulação de incêndios isolados provocados por fenómenos naturais ou pela demência de pirómanos? Ou é uma vaga terrorista organizada para devastar o país, delapidar o que resta da sua riqueza natural e impedir o governo de governar até que mãos salvadoras venham encarreirar a pátria nos trilhos de onde jamais deveria ter saído?»

Sem Titulo
(Vitor Cunha, in facebook 2017/10/15)
«Começa a ser muito difícil olhar para estes fogos como se fossem todos eles produto de causas naturais ou de incendiários loucos ou doentes. A coisa tem, inclusivamente, contornos demasiado odiosos para ser obra do chamado lobby dos fogos. Não, por mim deixei de ter dúvidas, isto faz-me lembrar os incêndios às sedes do PCP por esse país fora (sobretudo a Norte, também), no Verão quente de 1975, com o intuito de enfraquecer e derrubar o poder político da época.»