Quanto mais os coletes amarelos afirmam exigências de esquerda e ganham consistência organizativa, mais os media corporativos os pintam com as cores da violência, que "por acaso" existe e, não por acaso, é acesa por provocadores infiltrados pelo poder. A segunda Assembleia de Assembleias aprovou uma proposta de manifesto que será agora votada por todas as assembleias locais de ativistas. Após longas e difíceis discussões ficaram lavradas em letra de carta a «condenação unânime da violência das repressões policiais de que são vítimas, da sua obstinada vontade de colocar no coração do movimento a democracia directa, de pensar e reinventar formas autênticas desta última, a partir da base, sem líder autoproclamado ou chefe recuperado, de encontrar o “equilíbrio entre espontaneidade e organização”. É o coletivo que vem em primeiro lugar, na “horizontalidade”». O texto aprovado diz «não à violência imposta por uma minoria de privilegiados contra todo um povo; Diz “sim” à anulação das penas impostas a presos e condenados do movimento dos coletes amarelos. “As violências policiais são um acto de intimidação política, procuram aterrorizar-nos para nos impedir de agir. A repressão judicial vem em seguida para sufocar o movimento. (…) Aquilo que vivemos hoje é o quotidiano dos bairros populares desde há décadas"». O manifesto saído da Assembleia das Assembleias quer «melhorar as nossas condições de vida, (…) reconstruir os nossos direitos e liberdades, (…) fazer desaparecer as formas de desigualdades, de injustiças, de discriminações. Para que finalmente a “solidariedade e a dignidade” cheguem, será necessário mudar de sistema: “conscientes de que temos de lutar contra um sistema global, consideramos que será necessário sair do capitalismo "» Sobre isto e muito mais leia-se o artigo de Remy Herrera saídinho do Diário.info.
Assembleia dos “Coletes Amarelos”: «Será necessário sair do capitalismo»
(Rémy Herrera, in O Diário.info, 2019/04/19)
«Só há liberdade a sério quando houver a paz, o pão, a habitação, a saúde, a educação. Só há liberdade a sério quando pertencer ao povo o que o povo produzir.»(Sérgio Godinho)
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2018/12/22
Revolta dos Coletes Amarelos Franceses Continua
A vigarice de Macron não funciona!
(Rémy Herrera, Resistir.info, 2018/12/15)
Num curto discurso televisivo difundido segunda-feira 10 de Dezembro às 20h00, o presidente Emmanuel Macron enunciou as medidas destinadas, segundo ele, a acalmar a cólera popular dos "coletes amarelo": 1) a remuneração dos trabalhadores que recebem o Smic (ou salário mínimo interprofissional de crescimento) aumentaria "em 100 euros por mês" a partir de Janeiro de 2019; 2) um bónus "que não terá nem imposto nem encargo" seria pago no fim do ano de 2018 por "todos os empregadores que o puderem"; 3) o pagamento das horas suplementares seria novamente desfiscalizado": e 4) o aumento da CSG (contribuição social generalizada) seria anulado em 2019 para os reformados que recebem menos de 2000 euros mensais.
(Rémy Herrera, Resistir.info, 2018/12/15)
Num curto discurso televisivo difundido segunda-feira 10 de Dezembro às 20h00, o presidente Emmanuel Macron enunciou as medidas destinadas, segundo ele, a acalmar a cólera popular dos "coletes amarelo": 1) a remuneração dos trabalhadores que recebem o Smic (ou salário mínimo interprofissional de crescimento) aumentaria "em 100 euros por mês" a partir de Janeiro de 2019; 2) um bónus "que não terá nem imposto nem encargo" seria pago no fim do ano de 2018 por "todos os empregadores que o puderem"; 3) o pagamento das horas suplementares seria novamente desfiscalizado": e 4) o aumento da CSG (contribuição social generalizada) seria anulado em 2019 para os reformados que recebem menos de 2000 euros mensais.
2018/12/02
Maio em Dezembro? Pintado com o Amarelo dos Coletes ...
Vamos mesmo deixar passar? Outra vez? Olhar para o lado? Ficar a ver do passeio?
Em 68 levámos mais de uma semana a perceber os estudantes. Em 2018 ainda não percebemos bem o que se passa. Continuamos a olhar, a ver passar, a deixar andar. Até quando?
Diz-nos o Remy Herrera em directo de Paris «Muito mais preocupante é o facto de as direcções dos partidos e dos sindicatos de esquerda se terem – até ao momento ainda, e muito amplamente – mantido à distância desta rebelião popular. Não compreendem elas que, com a revolta dos «coletes amarelos», se abre a segunda etapa das lutas do povo francês contra a tirania neoliberal e pela justiça social? Não se apercebem de que se trata da continuação, sob uma forma inovadora, combativa, viva, e a uma escala extraordinariamente ampliada, do mesmo processo de generalização das mobilizações que lançaram em greves e manifestações milhares de camaradas sindicalizados na última primavera? Não vêm elas que os «coletes amarelos», à sua maneira (mas não sem coragem, nem risco e perigo) estão decididos a ocupar o enorme vazio deixado desde há décadas pela esquerda institucionalizada, de defender os interesses de classe de todos os trabalhadores e o internacionalismo em relação a todos os povos do mundo? Não sabem que é a luta de classes que faz a história?»
Os media corporativos descobrem extremas-direitas por trás dos coletes. Será assim? Diz-nos o mesmo Remy Herrera em directo do local, sem filtros: «É evidente que a direita e a extrema-direita tentam «recuperar» a mobilização dos «coletes amarelos», desprovida de líderes visíveis. Tal como o é a insistência insidiosa dos grandes media, tentando desacreditar o movimento e lançar gasolina sobre o fogo, em referir (raríssimas) afirmações xenófobas e homofóbicas surgidas nestas acções pela voz de alguns manifestantes (de resto detidas de imediato pelos seus próprios amigos no local). No quadro do capitalismo selvagem e de uma ideologia dominante que atiça ódios e volta uns contra outros tentando salvar as elites, o povo que resiste e sofre é também, infelizmente, feito dessas contradições; mas é precisamente o papel que cabe aos progressistas militantes e esclarecidos o de estarem ao seu lado nas lutas para mostrar aos que se tresmalham o caminho da solidariedade e da fraternidade.»
Quando é que vou começar a ver coletes vermelhos ao lado dos amarelos?
Mais sobre o tema aqui:
A mobilização dos « Coletes Amarelos», nova etapa das lutas em França
Rumo a uma convergência das lutas? Ao lado dos "coletes amarelos", coletes... vermelhos!
Coletes amarelos” voltam a ocupar as ruas da capital francesa
Manifestações em França contra políticas anti-populares
Protestos em várias cidades francesas, Paris em brasa
Os coletes amarelos na terra queimada de Macron
Em 68 levámos mais de uma semana a perceber os estudantes. Em 2018 ainda não percebemos bem o que se passa. Continuamos a olhar, a ver passar, a deixar andar. Até quando?
Diz-nos o Remy Herrera em directo de Paris «Muito mais preocupante é o facto de as direcções dos partidos e dos sindicatos de esquerda se terem – até ao momento ainda, e muito amplamente – mantido à distância desta rebelião popular. Não compreendem elas que, com a revolta dos «coletes amarelos», se abre a segunda etapa das lutas do povo francês contra a tirania neoliberal e pela justiça social? Não se apercebem de que se trata da continuação, sob uma forma inovadora, combativa, viva, e a uma escala extraordinariamente ampliada, do mesmo processo de generalização das mobilizações que lançaram em greves e manifestações milhares de camaradas sindicalizados na última primavera? Não vêm elas que os «coletes amarelos», à sua maneira (mas não sem coragem, nem risco e perigo) estão decididos a ocupar o enorme vazio deixado desde há décadas pela esquerda institucionalizada, de defender os interesses de classe de todos os trabalhadores e o internacionalismo em relação a todos os povos do mundo? Não sabem que é a luta de classes que faz a história?»
Os media corporativos descobrem extremas-direitas por trás dos coletes. Será assim? Diz-nos o mesmo Remy Herrera em directo do local, sem filtros: «É evidente que a direita e a extrema-direita tentam «recuperar» a mobilização dos «coletes amarelos», desprovida de líderes visíveis. Tal como o é a insistência insidiosa dos grandes media, tentando desacreditar o movimento e lançar gasolina sobre o fogo, em referir (raríssimas) afirmações xenófobas e homofóbicas surgidas nestas acções pela voz de alguns manifestantes (de resto detidas de imediato pelos seus próprios amigos no local). No quadro do capitalismo selvagem e de uma ideologia dominante que atiça ódios e volta uns contra outros tentando salvar as elites, o povo que resiste e sofre é também, infelizmente, feito dessas contradições; mas é precisamente o papel que cabe aos progressistas militantes e esclarecidos o de estarem ao seu lado nas lutas para mostrar aos que se tresmalham o caminho da solidariedade e da fraternidade.»
Quando é que vou começar a ver coletes vermelhos ao lado dos amarelos?
Mais sobre o tema aqui:
A mobilização dos « Coletes Amarelos», nova etapa das lutas em França
Rumo a uma convergência das lutas? Ao lado dos "coletes amarelos", coletes... vermelhos!
Coletes amarelos” voltam a ocupar as ruas da capital francesa
Manifestações em França contra políticas anti-populares
Protestos em várias cidades francesas, Paris em brasa
Os coletes amarelos na terra queimada de Macron
2018/10/16
Toda a Economia É Politica
O Marxismo, crítica da economia política ou economia política?
(Rémy Herrera in ODiário.info, 2018/10/12)
O marxismo é uma das armas teórico-práticas mais poderosas – senão a mais poderosa – de que as classes trabalhadoras dispõem para travar as suas lutas. Isso explica simultaneamente a sua presença marginal nas esferas académicas e intelectuais, onde essas classes não estão (ou quase não estão) representadas e onde a influência ideológica da burguesia é asfixiante, e também o facto de o marxismo não desaparecer, apesar de sinais evidentes de declínio e das esperanças dos seus inimigos – incluindo os sociais-democratas. No entanto, a sua relação com a economia, enquanto disciplina científica, não é evidente. Primeiro, porque a economia dita “política”, que apareceu na Europa ocidental entre os séculos XVI e XVIII, é um subproduto da evolução histórica do sistema capitalista.
(Rémy Herrera in ODiário.info, 2018/10/12)
O marxismo é uma das armas teórico-práticas mais poderosas – senão a mais poderosa – de que as classes trabalhadoras dispõem para travar as suas lutas. Isso explica simultaneamente a sua presença marginal nas esferas académicas e intelectuais, onde essas classes não estão (ou quase não estão) representadas e onde a influência ideológica da burguesia é asfixiante, e também o facto de o marxismo não desaparecer, apesar de sinais evidentes de declínio e das esperanças dos seus inimigos – incluindo os sociais-democratas. No entanto, a sua relação com a economia, enquanto disciplina científica, não é evidente. Primeiro, porque a economia dita “política”, que apareceu na Europa ocidental entre os séculos XVI e XVIII, é um subproduto da evolução histórica do sistema capitalista.
2018/05/30
Podem Não Ver, Mas Lá Por Baixo Já Está Tudo a Arder!
Operações «Robin dos Bosques» e tartarugas militantes
(Rémy Herrera in ODiário.info, 2018/05/18)
Neste fim de Maio a movimentação social continua em numerosas localidades de França. A sua própria prolongada duração aproxima-se de um endurecimento dos conflitos. A contestação de fundo, dirigida contra as políticas neoliberais aplicadas desde há um ano pelo governo do Presidente Emmanuel Macron, não perde força. Mesmo que não seja nada fácil para muitas das famílias de trabalhadores mobilizados nas greves ver as suas folhas de pagamento amputadas no fim do mês, ou dispor sempre da energia para participar no enorme número de manifestações que são planeadas pelas assembleias gerais e pelas organizações sindicais.
(Rémy Herrera in ODiário.info, 2018/05/18)
Neste fim de Maio a movimentação social continua em numerosas localidades de França. A sua própria prolongada duração aproxima-se de um endurecimento dos conflitos. A contestação de fundo, dirigida contra as políticas neoliberais aplicadas desde há um ano pelo governo do Presidente Emmanuel Macron, não perde força. Mesmo que não seja nada fácil para muitas das famílias de trabalhadores mobilizados nas greves ver as suas folhas de pagamento amputadas no fim do mês, ou dispor sempre da energia para participar no enorme número de manifestações que são planeadas pelas assembleias gerais e pelas organizações sindicais.
2018/05/01
França - A Luta que as tv's escondem
Guerra social e guerra imperialista
(Rémy Herrera in ODiário.info, 2018/04/23)
A França está habituada a greves e manifestações. Mas neste início de primavera a atmosfera está invulgarmente pesada, tensa. Os discursos presdenciais e mediáticos afirmando que a ordem está em vias de ser reestabelecida são demasiado frequentes para que possamos estar seguros de que nada de sério esteja em preparação. Os descontentamentos subiram de tom nas últimas semanas. Graças a Macron, principalmente, que diz estar a ouvir os protestos e aparece a dialogar com os que o interpelam em particular, mas que faz espancar tudo o que mexe.
Em meados de Abril enviou 2500 militares para evacuar uma centena de activistas da «zona a defender» (ZAD) em Notre-Dame-des-Landes, no oeste do país. Esses militantes, ligados a movimentos ecologistas e autónomos (extrema-esquerda) tinham aí impedido a construção de um aeroporto e permaneciam no local, transformado em ocupação a céu aberto, procurando espaços agrícolas alternativos, colectivos, e recusando a propriedade individualizada. No dia seguinte à intervenção os «zadistas» tinham multiplicado por cinco o número dos que afrontavam as forças da ordem. Na mesma altura, Macron lançava a polícia de choque para desalojar os estudantes que ocupavam a Sorbonne e Tolbiac para protestar contra a «reforma educativa». Foram de imediato ocupas, ou reocupadas, outras universidades, como em Nanterre – e mesmo Sciences Po, grande escola em que o Presidente da República se diplomou. Em Lille, os estudantes tiveram que encaminhar-se para os exames entre duas alas de polícias.
(Rémy Herrera in ODiário.info, 2018/04/23)
A França está habituada a greves e manifestações. Mas neste início de primavera a atmosfera está invulgarmente pesada, tensa. Os discursos presdenciais e mediáticos afirmando que a ordem está em vias de ser reestabelecida são demasiado frequentes para que possamos estar seguros de que nada de sério esteja em preparação. Os descontentamentos subiram de tom nas últimas semanas. Graças a Macron, principalmente, que diz estar a ouvir os protestos e aparece a dialogar com os que o interpelam em particular, mas que faz espancar tudo o que mexe.
Em meados de Abril enviou 2500 militares para evacuar uma centena de activistas da «zona a defender» (ZAD) em Notre-Dame-des-Landes, no oeste do país. Esses militantes, ligados a movimentos ecologistas e autónomos (extrema-esquerda) tinham aí impedido a construção de um aeroporto e permaneciam no local, transformado em ocupação a céu aberto, procurando espaços agrícolas alternativos, colectivos, e recusando a propriedade individualizada. No dia seguinte à intervenção os «zadistas» tinham multiplicado por cinco o número dos que afrontavam as forças da ordem. Na mesma altura, Macron lançava a polícia de choque para desalojar os estudantes que ocupavam a Sorbonne e Tolbiac para protestar contra a «reforma educativa». Foram de imediato ocupas, ou reocupadas, outras universidades, como em Nanterre – e mesmo Sciences Po, grande escola em que o Presidente da República se diplomou. Em Lille, os estudantes tiveram que encaminhar-se para os exames entre duas alas de polícias.
2018/04/21
Lutas Silenciadas Pelos Media Corporativos
«No caminho» de um novo Maio de 68?
(Rémy Herrera in ODiário.info, 2018/04/18)
O Presidente Macron tem razão : «France is back»! Mas não a dos postais ilustrados. A da cólera. Uma cólera que germina no fundo da sociedade francesa, e que tem as suas razões, múltiplas. Não é necessário inventariá-las, estas linhas seriam insuficientes para isso. Uma predomina sobre as outras: desde há décadas, o prosseguimento continuado, obstinado, de políticas neoliberais dilacerou o tecido social, empobreceu as classes trabalhadoras, precarizou os empregos, comprimiu os salários, lançou massas de gente para o desemprego, maltratou as solidariedades. Agudizou os egoísmos, glorificou abjectos valores capitalistas, promoveu os grosseiros reflexos do consumismo, adestrou todas as inteligências à submissão.
E queriam que o povo não reagisse ?
(Rémy Herrera in ODiário.info, 2018/04/18)
O Presidente Macron tem razão : «France is back»! Mas não a dos postais ilustrados. A da cólera. Uma cólera que germina no fundo da sociedade francesa, e que tem as suas razões, múltiplas. Não é necessário inventariá-las, estas linhas seriam insuficientes para isso. Uma predomina sobre as outras: desde há décadas, o prosseguimento continuado, obstinado, de políticas neoliberais dilacerou o tecido social, empobreceu as classes trabalhadoras, precarizou os empregos, comprimiu os salários, lançou massas de gente para o desemprego, maltratou as solidariedades. Agudizou os egoísmos, glorificou abjectos valores capitalistas, promoveu os grosseiros reflexos do consumismo, adestrou todas as inteligências à submissão.
E queriam que o povo não reagisse ?
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