Perante o brutal assalto do capital aos direitos do Trabalho, a central sindical portuguesa decidiu fazer do dia do trabalhador um dia de luta pelo trabalho digno e com direitos.
Acordou com a Direcção Geral de Saúde as normas de segurança sanitária, chamou 800 activistas sindicais, transportou-os aos grupos de 16 em autocarros de 60 lugares, com máscaras e dispensadores de gel desinfectante e, ordeira e organizadamente, os 800 activistas colocaram-se a 4-5 metros uns dos outros com a bandeira do seu sindicato a representar o trabalho que paga a crise. Em Lisboa, Porto e mais 16 capitais de distrito o trabalho esteve na rua graças à coragem dos seus activistas sindicais.
E sim, os activistas sindicais deslocaram-se dos conselhos limítrofes até à Alameda cumprindo as regras de distanciamento social e ao abrigo da lei que permite deslocações por motivos laborais, e de facto eles foram trabalhar em prol dos nosso direitos.
Cumpriram-se as regras de distanciamento social e mostrou-se ao país o crescente número de desempregados, a precariedade a justificar desemprego, os despedimentos abusivos e fora da lei, os recursos ao lay-off por empresas que distribuem lucros, as necessidades de quem já nem trabalho tem, a fome mais mal do que bem escondida,
É dever de cada um de nós reconhecer o valor de quem ali esteve, por nós, a fazer ver ao capital que não é por termos de ficar em casa, que nos vamos deixar roubar sem dar luta.
E ela vai ser necessária para reverter o big brother que se agigantou a reboque da pandemia.
Aqui ficam outras opiniões à revelia da ideologia dominante e dominada pelas aChegas ben-turristas.
Os indignados
(Anabela Fino, Avante!, 2020/05/07)
«É inaceitável.» «É uma pouca vergonha.» «Assim não!» A ruidosa indignação, revolta, fúria, ira, raiva de Rui Rio, logo secundada pela opinião publicada de uns quantos cães de guarda do establishment e replicada por quantos, no seu profundo reaccionarismo ou infinita ignorância não atinam em distinguir emergência sanitária de emergência totalitária, é digna de registo.
«Só há liberdade a sério quando houver a paz, o pão, a habitação, a saúde, a educação. Só há liberdade a sério quando pertencer ao povo o que o povo produzir.»(Sérgio Godinho)
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2018/07/27
2018/06/08
2018/01/23
No lutar é que está o ganho
Os trabalhadores da Panpor, em greve parcial de 8 a 20 de Janeiro, conseguiram ver reconhecidas as suas reivindicações pela administração, nomeadamente os aumentos salariais e a questão da meia hora de refeição imposta pela empresa, a qual, afirmam os trabalhadores, «não é verdadeiramente tempo de refeição, mas sim tempo de trabalho». Em declarações ao AbrilAbril, Rui Matias, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (SINTAB/CGTP-IN), reiterou que os «objectivos [da greve] foram plenamente conseguidos». ;-)
2017/10/09
A nossa economia política é o trabalho
A nossa economia política é o trabalho
(João Rodrigues in Público 2017/10/06)
Há 150 anos atrás, em 1867, saía o primeiro livro de O Capital, da autoria de Karl Marx, que se tornaria uma obra central na história da economia política. A certa altura, Marx exorta o leitor a segui-lo “até ao lugar oculto da produção”, franqueando a porta que diz proibida a entrada a pessoas estranhas ao serviço. Só aí, onde se trabalha e cria valor, se tornaria visível para todos “como o capital produz, mas também como se produz ele próprio, o capital”.
Esta exortação mantém no século XXI uma grande actualidade em termos de método, de possibilidade de conhecimento, e em termos políticos. De facto, as relações laborais continuam a ser o elo central das sociedades capitalistas. Isto não impede, antes pelo contrário, que exista todo um esforço ideológico liberal para as ocultar. Mas de vez em quando, por denúncia de quem trabalha, o leitor tem um vislumbre do que se passa num tempo em que os freios e contrapesos legislativos e sindicais ao poder patronal foram enfraquecidos.
Recentemente, o PÚBLICO expunha o lado laboral oculto do só aparentemente glamoroso sector turístico, com o exemplo do que se passa nos barcos do Douro: “Salários baixos. Contratos maioritariamente temporários, quase sempre de três ou de seis meses. Sazonalidade. Jornadas laborais de 60 horas semanais. Contínuas. Folgas em plano b. Dormidas a bordo em espaços exíguos, sem privacidade. Refeições feitas de restos.
(João Rodrigues in Público 2017/10/06)
Há 150 anos atrás, em 1867, saía o primeiro livro de O Capital, da autoria de Karl Marx, que se tornaria uma obra central na história da economia política. A certa altura, Marx exorta o leitor a segui-lo “até ao lugar oculto da produção”, franqueando a porta que diz proibida a entrada a pessoas estranhas ao serviço. Só aí, onde se trabalha e cria valor, se tornaria visível para todos “como o capital produz, mas também como se produz ele próprio, o capital”.
Esta exortação mantém no século XXI uma grande actualidade em termos de método, de possibilidade de conhecimento, e em termos políticos. De facto, as relações laborais continuam a ser o elo central das sociedades capitalistas. Isto não impede, antes pelo contrário, que exista todo um esforço ideológico liberal para as ocultar. Mas de vez em quando, por denúncia de quem trabalha, o leitor tem um vislumbre do que se passa num tempo em que os freios e contrapesos legislativos e sindicais ao poder patronal foram enfraquecidos.
Recentemente, o PÚBLICO expunha o lado laboral oculto do só aparentemente glamoroso sector turístico, com o exemplo do que se passa nos barcos do Douro: “Salários baixos. Contratos maioritariamente temporários, quase sempre de três ou de seis meses. Sazonalidade. Jornadas laborais de 60 horas semanais. Contínuas. Folgas em plano b. Dormidas a bordo em espaços exíguos, sem privacidade. Refeições feitas de restos.
2017/09/08
Auto-Europa: no lutar é que está o ganho
Tiveram noticias da reunião da Comissão Sindical do SITE SUL com a administração da Auto Europa?
Não? De certeza? Não viram nada?
Queres ver que os caneiros e os pasquins que andaram atrás do choradinho deixaram passar a reunião em que a administração da ae ia anunciar a tão, por eles, desejada e apregoada deslocalização da fábrica para o kuala-lompur?
Ah, não, afinal sempre se reuniram com o sindicato e parece que ainda não será desta que põem os robots no Gana.
Segundo o único jornal com jornalistas ainda existente, o abrilabril, a «administração [da auto europa] reconheceu que o modelo de horário apresentado continha aspectos negativos para a vida dos trabalhadores, do ponto de vista social, familiar, económico, etc.», mostrando-se «disponível para encontrar outra solução, [...] tendo ficado acordado a realização de uma nova reunião nos próximos dias, com data a agendar.»
Parece que o comunicado do sindicato afeto à CGTP, a quem o tó birrento ainda não conseguiu partir a espinha, também informa que, no passado dia 6, o SITE SUL se reuniu com responsáveis do IG Metall, Sindicato Industrial dos Metarlurgicos, da Alemanha, que se mostraram «solidários e disponíveis para estar ao lado dos trabalhadores da Volkswagen Autoeuropa».
Viram alguma coisa nas sincas e nos correios cheios de manha? Não? É pra saberem a qualidade da livre e plural informação da classe dominante que grassa nas nossas benditas democrataduras burguesas ;-)
Não? De certeza? Não viram nada?
Queres ver que os caneiros e os pasquins que andaram atrás do choradinho deixaram passar a reunião em que a administração da ae ia anunciar a tão, por eles, desejada e apregoada deslocalização da fábrica para o kuala-lompur?
Ah, não, afinal sempre se reuniram com o sindicato e parece que ainda não será desta que põem os robots no Gana.
Segundo o único jornal com jornalistas ainda existente, o abrilabril, a «administração [da auto europa] reconheceu que o modelo de horário apresentado continha aspectos negativos para a vida dos trabalhadores, do ponto de vista social, familiar, económico, etc.», mostrando-se «disponível para encontrar outra solução, [...] tendo ficado acordado a realização de uma nova reunião nos próximos dias, com data a agendar.»
Parece que o comunicado do sindicato afeto à CGTP, a quem o tó birrento ainda não conseguiu partir a espinha, também informa que, no passado dia 6, o SITE SUL se reuniu com responsáveis do IG Metall, Sindicato Industrial dos Metarlurgicos, da Alemanha, que se mostraram «solidários e disponíveis para estar ao lado dos trabalhadores da Volkswagen Autoeuropa».
Viram alguma coisa nas sincas e nos correios cheios de manha? Não? É pra saberem a qualidade da livre e plural informação da classe dominante que grassa nas nossas benditas democrataduras burguesas ;-)
2017/09/06
Sobre a Campanha Negra Anti-Sindical
A Autoeuropa e o Fervor Anti-Sindical
(Alfredo Maia in AbrilAbril, 2017/09/05)
A última semana foi marcada pela greve dos trabalhadores da Autoeuropa, que os órgãos de comunicação social não se cansaram de rotular de «histórica», mas não necessariamente pelas melhores razões segundo a leitura prevalecente nos próprios media.
Foi uma greve tão histórica que pelo menos dois jornais1 guindaram a «figura da semana», não o líder sindical ou a organização sindical que conduziu a importante jornada de luta, mas, de forma exaltante, nada menos que a pessoa – o antigo coordenador da Comissão de Trabalhadores – que mais se destacou no ataque ostensivo e ofensivo aos sindicatos e aos próprios trabalhadores que massivamente votaram e cumpriram a greve.
Com o fervor anti-sindical dos editocratas e para gáudio dos patrões2, que vêem reflorescer o divisionismo entre os trabalhadores, os media, que abandonaram há quase três décadas a «rotina» informativa sobre trabalho e sindicalismo, mostraram sem pudor o lado obscuro da captura do campo jornalístico pelos interesses do capital.
Mário Soares teve a ambição de «partir a espinha à Intersindical», mas não o conseguiu, nem com a central sindical fabricada com conluio com Sá Carneiro. Revisitando o que se leu, ouviu e viu nos meios de informação em relação à luta dos trabalhadores da Autoeuropa – na senda, de resto, do comportamento em relação a outras lutas –, apetece perguntar se os media se assumem os herdeiros dessa missão.
O que é patente é que, sem a mínima prudência no resguardo de imparcialidade que deveriam seguir, os órgãos de informação que se reclamam independentes tomaram partido por um dos lados, numa ressonância pública e impúdica das campainhas de alarme dos interesses patronais que retiniram com fragor nas redacções.
Uma análise, mesmo não exaustiva, ao conteúdo da «cobertura» jornalística da jornada, tanto na sua preparação desde o início de Agosto como no próprio dia e nos dias seguintes, evidencia oito linhas-força, ou ideias-chave, da narrativa patronal e do divisionismo, à qual os meios de informação deram enfático destaque.
Em muitos casos, fizeram-no com abundância e sobrevalorização de pormenores, designadamente as «contrapartidas» da empresa, que os mal-agradecidos trabalhadores parecem recusarem, como se tivessem ensandecido, para escândalo de editorialistas, patrões e dirigentes do CDS, do PSD e… de outros partidos que se dizem de esquerda.
Ei-las:
Primeira – Portugal necessita absolutamente da Autoeuropa e do reforço da sua capacidade produtiva, pois a empresa, com um volume de negócios anual de 1,5 milhões de euros3, representa 4% das nossas exportações4 e 1% do PIB5.
Segunda – Essa necessidade justifica e legitima alterações gravosas aos horários de trabalho, com a imposição de trabalho ao sábado, que passa a ser dia «normal», e a diminuição da retribuição do trabalho suplementar, que na realidade passa a ser pago com bonificações que, evidentemente, os trabalhadores deveriam aceitar6.
Terceira – A Comissão de Trabalhadores estabeleceu um pré-acordo com a Administração da Empresa, mas os trabalhadores, acometidos por uma súbita irresponsabilidade colectiva, decidiram causar danos muito sérios à «paz social» que reinou, praticamente incólume, durante mais de duas décadas na empresa, rejeitando o texto com 74,6% dos resultados de uma consulta directa e por voto secreto.
Quarta – Isso aconteceu porque os trabalhadores foram instrumentalizados «por quatro ou cinco populistas»7 do sindicato8 «afecto à CGTP» e desautorizaram a Comissão de Trabalhadores, que se demitiu em consequência dos resultados da consulta9.
Quinta – O sindicato, que pelos vistos não metia prego nem estopa na Autoeuropa, está a «preencher o vazio deixado pela demissão» da CT, ameaçando a obra de paz social e obtendo um «protagonismo» ilegítimo, pois a Administração só negoceia com a dita comissão10.
Sexta – O sindicato carece de legitimidade não só para conduzir a luta, mas também para representar os trabalhadores, apesar a confirmação da rejeição do pré-acordo entre a CT e a administração e da greve do dia 30, bem como o mandato para que represente os trabalhadores em reunião urgente com a Administração ter sido sufragada em plenário com mais de três mil trabalhadores, com apenas sete abstenções e um voto contra11.
Sétima – Se a administração da empresa «não conseguir convencer os trabalhadores»12, o mais certo, numa linha de pura chantagem, é deslocalizar a produção do novo modelo da Wolkswagen para outro país, como acontecera, alega-se, com a fábrica da Opel na Azambuja.
Oitava – Tudo o que doravante acontecer de mau será culpa dos sindicatos13.
Em contrapartida, aspectos essenciais foram claramente subvalorizados, desvalorizados e até escamoteados, designadamente o direito ao descanso, à saúde e às relações sociais e familiares, o valor efectivamente baixo da retribuição do trabalho suplementar, o risco de retrocesso de direitos, incluindo, de futuro, o de descanso ao domingo, bem como a obrigação da empresa de respeitar os seus compromissos com o Estado Português14, que a tem apoiado.
Mas isso, face aos sacrossantos interesses do capital, são minudências informativas pouco relevantes…
***************************************************
1. Sol (suplemento B.I.) e Público, edições de 2 de Setembro
2. Veja-se, entre outros materiais, a entrevista – mais uma! – do presidente da CIP ao Expresso (edição de 22 de Setembro): «O que se passa na Autoeuropa é uma luta por poder sindical, adulterando um activo enorme que é a estabilidade social da empresa».
3. Expresso, 2 de Setembro
4. Público, 29 de Agosto e 2 de Setembro
5. Diário de Notícias, 29 de Setembro
6. Pormenores sobre esta contrapartida encontram-se na generalidade dos meios de informação, incluindo em editoriais e artigos de opinião, valorizando a generosidade da empresa. Só falta sugerirem que, tendo em conta a importância estratégica da Autoeuropa, não viria mal ao mundo se os trabalhadores vendessem também o domingo…
7. António Chora, entrevista, aliás carregada de insultos, incluindo à inteligência e à autonomia dos trabalhadores, ao Jornal de Negócios, 30 de Agosto
8. Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Sul (SITE Sul)
9. É curioso que nenhum órgão de informação, que se tenha presente, tenha perguntado à Comissão de Trabalhadores por que razões não acatou a decisão democrática, aliás tão esmagadora, dos trabalhadores
10. Veja-se, entre outras muitas outras peças, que incensam o «papel único» da CT, numa espécie de sindicalismo de substituição, isto é, arredando para fora da empresa os sindicatos e pondo-a a negociar matérias da competência legal dos sindicatos, a já referida entrevista de Chora ao «Negócios» e a curiosa chamada a toda a largura da primeira página do i de 30 de Agosto: «Trabalhadores das empresas fornecedoras da Autoeuropa estão contra a greve». Dentro, o jornal destaca que empresas fornecedoras e a comissão coordenadora das comissões de trabalhadores do Parque Industrial de Palmela insurgem-se contra «o protagonismo dos sindicatos». Esquece-se apenas de referir que a posição da referida «coordenadora» data de 27 dias antes e que já não era propriamente novidade…
11. Público, 29 de Agosto
12. Diário de Notícias, 29 de Agosto
13. Veja-se, entre outras peças, escamoteando que a deslocalização da fábrica da Opel estava há muito decidida, a entrevista de Chora já referida, o parágrafo final do editorial do Diário de Notícias de 30 de Agosto: «Em 22 anos, só duas greves gerais beliscaram a paz social na Autoeuropa. Essa tradição parece ter os dias contados e, perante a manobra do poder dos sindicatos nas últimas semanas, só resta esperar que os mais de 3300 trabalhadores da Autoeuropa não acabem estes dias carregados de direitos e sem fábrica para trabalhar».
14. Como alerta, em rara referência, o dirigente do SITE Sul, Público, 29 de Agosto
(Alfredo Maia in AbrilAbril, 2017/09/05)
A última semana foi marcada pela greve dos trabalhadores da Autoeuropa, que os órgãos de comunicação social não se cansaram de rotular de «histórica», mas não necessariamente pelas melhores razões segundo a leitura prevalecente nos próprios media.
Foi uma greve tão histórica que pelo menos dois jornais1 guindaram a «figura da semana», não o líder sindical ou a organização sindical que conduziu a importante jornada de luta, mas, de forma exaltante, nada menos que a pessoa – o antigo coordenador da Comissão de Trabalhadores – que mais se destacou no ataque ostensivo e ofensivo aos sindicatos e aos próprios trabalhadores que massivamente votaram e cumpriram a greve.
Com o fervor anti-sindical dos editocratas e para gáudio dos patrões2, que vêem reflorescer o divisionismo entre os trabalhadores, os media, que abandonaram há quase três décadas a «rotina» informativa sobre trabalho e sindicalismo, mostraram sem pudor o lado obscuro da captura do campo jornalístico pelos interesses do capital.
Mário Soares teve a ambição de «partir a espinha à Intersindical», mas não o conseguiu, nem com a central sindical fabricada com conluio com Sá Carneiro. Revisitando o que se leu, ouviu e viu nos meios de informação em relação à luta dos trabalhadores da Autoeuropa – na senda, de resto, do comportamento em relação a outras lutas –, apetece perguntar se os media se assumem os herdeiros dessa missão.
O que é patente é que, sem a mínima prudência no resguardo de imparcialidade que deveriam seguir, os órgãos de informação que se reclamam independentes tomaram partido por um dos lados, numa ressonância pública e impúdica das campainhas de alarme dos interesses patronais que retiniram com fragor nas redacções.
Uma análise, mesmo não exaustiva, ao conteúdo da «cobertura» jornalística da jornada, tanto na sua preparação desde o início de Agosto como no próprio dia e nos dias seguintes, evidencia oito linhas-força, ou ideias-chave, da narrativa patronal e do divisionismo, à qual os meios de informação deram enfático destaque.
Em muitos casos, fizeram-no com abundância e sobrevalorização de pormenores, designadamente as «contrapartidas» da empresa, que os mal-agradecidos trabalhadores parecem recusarem, como se tivessem ensandecido, para escândalo de editorialistas, patrões e dirigentes do CDS, do PSD e… de outros partidos que se dizem de esquerda.
Ei-las:
Primeira – Portugal necessita absolutamente da Autoeuropa e do reforço da sua capacidade produtiva, pois a empresa, com um volume de negócios anual de 1,5 milhões de euros3, representa 4% das nossas exportações4 e 1% do PIB5.
Segunda – Essa necessidade justifica e legitima alterações gravosas aos horários de trabalho, com a imposição de trabalho ao sábado, que passa a ser dia «normal», e a diminuição da retribuição do trabalho suplementar, que na realidade passa a ser pago com bonificações que, evidentemente, os trabalhadores deveriam aceitar6.
Terceira – A Comissão de Trabalhadores estabeleceu um pré-acordo com a Administração da Empresa, mas os trabalhadores, acometidos por uma súbita irresponsabilidade colectiva, decidiram causar danos muito sérios à «paz social» que reinou, praticamente incólume, durante mais de duas décadas na empresa, rejeitando o texto com 74,6% dos resultados de uma consulta directa e por voto secreto.
Quarta – Isso aconteceu porque os trabalhadores foram instrumentalizados «por quatro ou cinco populistas»7 do sindicato8 «afecto à CGTP» e desautorizaram a Comissão de Trabalhadores, que se demitiu em consequência dos resultados da consulta9.
Quinta – O sindicato, que pelos vistos não metia prego nem estopa na Autoeuropa, está a «preencher o vazio deixado pela demissão» da CT, ameaçando a obra de paz social e obtendo um «protagonismo» ilegítimo, pois a Administração só negoceia com a dita comissão10.
Sexta – O sindicato carece de legitimidade não só para conduzir a luta, mas também para representar os trabalhadores, apesar a confirmação da rejeição do pré-acordo entre a CT e a administração e da greve do dia 30, bem como o mandato para que represente os trabalhadores em reunião urgente com a Administração ter sido sufragada em plenário com mais de três mil trabalhadores, com apenas sete abstenções e um voto contra11.
Sétima – Se a administração da empresa «não conseguir convencer os trabalhadores»12, o mais certo, numa linha de pura chantagem, é deslocalizar a produção do novo modelo da Wolkswagen para outro país, como acontecera, alega-se, com a fábrica da Opel na Azambuja.
Oitava – Tudo o que doravante acontecer de mau será culpa dos sindicatos13.
Em contrapartida, aspectos essenciais foram claramente subvalorizados, desvalorizados e até escamoteados, designadamente o direito ao descanso, à saúde e às relações sociais e familiares, o valor efectivamente baixo da retribuição do trabalho suplementar, o risco de retrocesso de direitos, incluindo, de futuro, o de descanso ao domingo, bem como a obrigação da empresa de respeitar os seus compromissos com o Estado Português14, que a tem apoiado.
Mas isso, face aos sacrossantos interesses do capital, são minudências informativas pouco relevantes…
***************************************************
1. Sol (suplemento B.I.) e Público, edições de 2 de Setembro
2. Veja-se, entre outros materiais, a entrevista – mais uma! – do presidente da CIP ao Expresso (edição de 22 de Setembro): «O que se passa na Autoeuropa é uma luta por poder sindical, adulterando um activo enorme que é a estabilidade social da empresa».
3. Expresso, 2 de Setembro
4. Público, 29 de Agosto e 2 de Setembro
5. Diário de Notícias, 29 de Setembro
6. Pormenores sobre esta contrapartida encontram-se na generalidade dos meios de informação, incluindo em editoriais e artigos de opinião, valorizando a generosidade da empresa. Só falta sugerirem que, tendo em conta a importância estratégica da Autoeuropa, não viria mal ao mundo se os trabalhadores vendessem também o domingo…
7. António Chora, entrevista, aliás carregada de insultos, incluindo à inteligência e à autonomia dos trabalhadores, ao Jornal de Negócios, 30 de Agosto
8. Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Sul (SITE Sul)
9. É curioso que nenhum órgão de informação, que se tenha presente, tenha perguntado à Comissão de Trabalhadores por que razões não acatou a decisão democrática, aliás tão esmagadora, dos trabalhadores
10. Veja-se, entre outras muitas outras peças, que incensam o «papel único» da CT, numa espécie de sindicalismo de substituição, isto é, arredando para fora da empresa os sindicatos e pondo-a a negociar matérias da competência legal dos sindicatos, a já referida entrevista de Chora ao «Negócios» e a curiosa chamada a toda a largura da primeira página do i de 30 de Agosto: «Trabalhadores das empresas fornecedoras da Autoeuropa estão contra a greve». Dentro, o jornal destaca que empresas fornecedoras e a comissão coordenadora das comissões de trabalhadores do Parque Industrial de Palmela insurgem-se contra «o protagonismo dos sindicatos». Esquece-se apenas de referir que a posição da referida «coordenadora» data de 27 dias antes e que já não era propriamente novidade…
11. Público, 29 de Agosto
12. Diário de Notícias, 29 de Agosto
13. Veja-se, entre outras peças, escamoteando que a deslocalização da fábrica da Opel estava há muito decidida, a entrevista de Chora já referida, o parágrafo final do editorial do Diário de Notícias de 30 de Agosto: «Em 22 anos, só duas greves gerais beliscaram a paz social na Autoeuropa. Essa tradição parece ter os dias contados e, perante a manobra do poder dos sindicatos nas últimas semanas, só resta esperar que os mais de 3300 trabalhadores da Autoeuropa não acabem estes dias carregados de direitos e sem fábrica para trabalhar».
14. Como alerta, em rara referência, o dirigente do SITE Sul, Público, 29 de Agosto
2009/03/22
Istéumundesofrimente
Epá o esforço que eu tenho feito neste últimos dias para deixar passar e seguir em frente sem zurzir no gajo!
Epá! É qu'eu gramo buéé do gajo. É um comuna pacífico, dialogante, tenta desesperadamente explicar aos patrões que não podem ser assim tão vergonhosamente garganeiros sob pena do Zé Ferrugem ficar memo chateado, e não o queiram ver chateado que não é boa pinta, tenta desesperadamente explicar aos gajos que os sindicatos são uns gajos porreiros que lhes fazem imensa falta, porque enquanto forem os sindicatos a organizar a raiva talvez ela não chegue a esventrar máquinas, queimar carros e partir montras.
Enfim, eu gramo memo do gajo e quando o deixam até diz duas seguidas bem alinhavadas.
O problema é que a gente já sabe que quando bai á trebisão é pa não nos deixarem alinhavar duas seguidas e a mocinha é useira e vezeira em não deixar ninguém falar. Não sei se aquilo é estilo, ou má educação ou a mania de que as cabeças dos outros são tão oucas comá dela e só assimilam sound bites bissilábicos. O que é certo é que toda a gente conhece a Judite pela capacidade de interromper o entrevistado. Eu nem nunca percebi bem para que é que ela precisa de alguém do outro lado. Acho que sozinha fazia entrevistas muito melhores. Pergunta, pergunta, interrompe, interrompe, pergunta, interrompe, insiste, insiste, assim comássim quem veja as entrevistas dela também nunca chega a perceber bem o que é que o entrevistado está ali a fazer e muito menos o que é ele pensará sobre o que quer que seja.
Enfim, deixemos a moça em paz que não tem culpa nenhuma. Aquilo é a maneira de ser dela e quem quiser que a veja a dar o seu melhor a interromper o entrevistado e a enervar o espectador.
Epá! E não se enganem que nem sequer é má vontade, ó menos a Judinha, justiça lhe seja feita, é igualmente intragável a entrevistar quem quer que seja.
Desta vez o meu drama é mesmo com o entrevistado. Um gajo porreiro, com montes de coisa importantes e relevantes pa dizer e que ao longo de 30 minutos não conseguiu alinhavar duas seguidas.
Mais parecia um peixinho maluco, sempre de isco em isco, debica aqui, debica ali, não come daqui mas morde e fica, e lá foi ficando pendurado em cada anzol que debicava até se soltar com umas barbatanadas, só pa voltar a morder no anzol do lado, atrás de cada pergunta, de cada interrupção, de cada interjeição da Judinha, como se a anterior já tivesse fugido "né?", sem nunca conseguir retomar o raciocinio no ponto em que o deixou, sem nunca conseguir deixar-me perceber o que pensa sobre a precariedade, os baixos salários, o edividamento, a exploração o vale-tudo-até-tirar-olhos a que chegámos ...
E eu até sei o que ele pensa!
Imagino o que terão percebido os que não sabem o que ele pensa! Sinceramente acho que ficaram a perceber que ele não pensa memo nada. E olhem que é mentira, os gajos, esses dos sindicatos, pensam memo muita coisa bem pensada sobre muita coisa. A gente é que nunca tem oportunidade de os ouvir pensar :)
Há já muito tempo que não via ninguém tão bem manipuladinho, tão enganadinho, tão rabiadinho a sangue frio a deixar-me um amargo na boca que raistapartiça!
Prontes malta lá fiquei eu triste outra vez. Lá menfrasquei nuns prozacs, jurei e rejurei que deixa andar co meu pai é bombeiro e os gajos que se lixem que nunca mais aprendem a diferença entre discursar pa duzentos mil amigos e explicar uma coisa a um inimigo, a diferença entre falar num plenário de trabalhadores e falar na trebentina, a diferença entre discutir um acordo colectivo com os bosses da indústria e enfrentar o horário nobre da trebisão.
Poças coisinhos! Mas quando é que vocês aprendem que se é pa irem ao horário nobre é pa perderem o dia a preparar a guerra! Se querem dizer alguma coisinha a alguém têm que perder pelo menos um dia a pensar como é que a vão dizer, a treinar, a pensar, a cortar, a burilar, a discutir, mas não numa de amigalhaços, têm memo de arranjar dois gajos, a entrevistadora é senhora? Arranjem duas gajas, perdão, duas camaradas, duas senhoras, pa barrarem o Carvalho com salvas de perguntas, interrupções, interjeições, pa lhe cortarem o raciocinio passo a passo, marcação cerrada.
Poças malta aprendam a enfrentar o inimigo com as armas dele e não me chateiem qu'eu tou a ficar raivosamente furioso.
E não me venham dizer que ele até esteve muito bem, dadas as circunstâncias! Mas quais circunstâncias? Mas bem o quê? Em trinta minutos de toma lá dá cá não se percebeu rigorosamente nada sobre as propostas da CGTP!
Se tiverem aquilo gravado, vejam lá a coisa com olhos de ver e digam-me: se tivessem de explicar a alguém o que ele ali quis dizer, apenas com base no que ali foi dito, como é que descalçavam a bota?
Vêm aí as eleições todas, as entrevistas todas, os debates, os plenários. Arranjem lá uns diazinhos de estágio, gravem as entrevistas com o Paulo Portas e o Loicinha e aprendam qualquer coisinha cos gajos poças!
Fechem-se numa sala com dois ou três gajos dispostos a fazer de chatos e enfrentem-nos 4 horas seguidas em toda a sua chatice! Até à exaustão!
Capacitem-se de que sempre que forem à trebentina vão enfrentar um inimigo tenebroso que está lá pa vos arrasar.
E deixem de se queixar que os "media não passam a nossa mensagem", que "deturpam as nossas palavras", que ninguém gosta da gente, ca gente somos uns pobrezinhos.
A culpa é toda vossa!
Salvo raríssimas excepções, sempre que têm uma oportunidadezinha de dizer qualquer coisa de relevante à malta, perdem-na por incapacidade, impreparação e irresponsabilidade.
Já acho que vocês fazem de propósito, vão-se mas é lixar!
Epá! É qu'eu gramo buéé do gajo. É um comuna pacífico, dialogante, tenta desesperadamente explicar aos patrões que não podem ser assim tão vergonhosamente garganeiros sob pena do Zé Ferrugem ficar memo chateado, e não o queiram ver chateado que não é boa pinta, tenta desesperadamente explicar aos gajos que os sindicatos são uns gajos porreiros que lhes fazem imensa falta, porque enquanto forem os sindicatos a organizar a raiva talvez ela não chegue a esventrar máquinas, queimar carros e partir montras.
Enfim, eu gramo memo do gajo e quando o deixam até diz duas seguidas bem alinhavadas.
O problema é que a gente já sabe que quando bai á trebisão é pa não nos deixarem alinhavar duas seguidas e a mocinha é useira e vezeira em não deixar ninguém falar. Não sei se aquilo é estilo, ou má educação ou a mania de que as cabeças dos outros são tão oucas comá dela e só assimilam sound bites bissilábicos. O que é certo é que toda a gente conhece a Judite pela capacidade de interromper o entrevistado. Eu nem nunca percebi bem para que é que ela precisa de alguém do outro lado. Acho que sozinha fazia entrevistas muito melhores. Pergunta, pergunta, interrompe, interrompe, pergunta, interrompe, insiste, insiste, assim comássim quem veja as entrevistas dela também nunca chega a perceber bem o que é que o entrevistado está ali a fazer e muito menos o que é ele pensará sobre o que quer que seja.
Enfim, deixemos a moça em paz que não tem culpa nenhuma. Aquilo é a maneira de ser dela e quem quiser que a veja a dar o seu melhor a interromper o entrevistado e a enervar o espectador.
Epá! E não se enganem que nem sequer é má vontade, ó menos a Judinha, justiça lhe seja feita, é igualmente intragável a entrevistar quem quer que seja.
Desta vez o meu drama é mesmo com o entrevistado. Um gajo porreiro, com montes de coisa importantes e relevantes pa dizer e que ao longo de 30 minutos não conseguiu alinhavar duas seguidas.
Mais parecia um peixinho maluco, sempre de isco em isco, debica aqui, debica ali, não come daqui mas morde e fica, e lá foi ficando pendurado em cada anzol que debicava até se soltar com umas barbatanadas, só pa voltar a morder no anzol do lado, atrás de cada pergunta, de cada interrupção, de cada interjeição da Judinha, como se a anterior já tivesse fugido "né?", sem nunca conseguir retomar o raciocinio no ponto em que o deixou, sem nunca conseguir deixar-me perceber o que pensa sobre a precariedade, os baixos salários, o edividamento, a exploração o vale-tudo-até-tirar-olhos a que chegámos ...
E eu até sei o que ele pensa!
Imagino o que terão percebido os que não sabem o que ele pensa! Sinceramente acho que ficaram a perceber que ele não pensa memo nada. E olhem que é mentira, os gajos, esses dos sindicatos, pensam memo muita coisa bem pensada sobre muita coisa. A gente é que nunca tem oportunidade de os ouvir pensar :)
Há já muito tempo que não via ninguém tão bem manipuladinho, tão enganadinho, tão rabiadinho a sangue frio a deixar-me um amargo na boca que raistapartiça!
Prontes malta lá fiquei eu triste outra vez. Lá menfrasquei nuns prozacs, jurei e rejurei que deixa andar co meu pai é bombeiro e os gajos que se lixem que nunca mais aprendem a diferença entre discursar pa duzentos mil amigos e explicar uma coisa a um inimigo, a diferença entre falar num plenário de trabalhadores e falar na trebentina, a diferença entre discutir um acordo colectivo com os bosses da indústria e enfrentar o horário nobre da trebisão.
Poças coisinhos! Mas quando é que vocês aprendem que se é pa irem ao horário nobre é pa perderem o dia a preparar a guerra! Se querem dizer alguma coisinha a alguém têm que perder pelo menos um dia a pensar como é que a vão dizer, a treinar, a pensar, a cortar, a burilar, a discutir, mas não numa de amigalhaços, têm memo de arranjar dois gajos, a entrevistadora é senhora? Arranjem duas gajas, perdão, duas camaradas, duas senhoras, pa barrarem o Carvalho com salvas de perguntas, interrupções, interjeições, pa lhe cortarem o raciocinio passo a passo, marcação cerrada.
Poças malta aprendam a enfrentar o inimigo com as armas dele e não me chateiem qu'eu tou a ficar raivosamente furioso.
E não me venham dizer que ele até esteve muito bem, dadas as circunstâncias! Mas quais circunstâncias? Mas bem o quê? Em trinta minutos de toma lá dá cá não se percebeu rigorosamente nada sobre as propostas da CGTP!
Se tiverem aquilo gravado, vejam lá a coisa com olhos de ver e digam-me: se tivessem de explicar a alguém o que ele ali quis dizer, apenas com base no que ali foi dito, como é que descalçavam a bota?
Vêm aí as eleições todas, as entrevistas todas, os debates, os plenários. Arranjem lá uns diazinhos de estágio, gravem as entrevistas com o Paulo Portas e o Loicinha e aprendam qualquer coisinha cos gajos poças!
Fechem-se numa sala com dois ou três gajos dispostos a fazer de chatos e enfrentem-nos 4 horas seguidas em toda a sua chatice! Até à exaustão!
Capacitem-se de que sempre que forem à trebentina vão enfrentar um inimigo tenebroso que está lá pa vos arrasar.
E deixem de se queixar que os "media não passam a nossa mensagem", que "deturpam as nossas palavras", que ninguém gosta da gente, ca gente somos uns pobrezinhos.
A culpa é toda vossa!
Salvo raríssimas excepções, sempre que têm uma oportunidadezinha de dizer qualquer coisa de relevante à malta, perdem-na por incapacidade, impreparação e irresponsabilidade.
Já acho que vocês fazem de propósito, vão-se mas é lixar!
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