Epá o esforço que eu tenho feito neste últimos dias para deixar passar e seguir em frente sem zurzir no gajo!
Epá! É qu'eu gramo buéé do gajo. É um comuna pacífico, dialogante, tenta desesperadamente explicar aos patrões que não podem ser assim tão vergonhosamente garganeiros sob pena do Zé Ferrugem ficar memo chateado, e não o queiram ver chateado que não é boa pinta, tenta desesperadamente explicar aos gajos que os sindicatos são uns gajos porreiros que lhes fazem imensa falta, porque enquanto forem os sindicatos a organizar a raiva talvez ela não chegue a esventrar máquinas, queimar carros e partir montras.
Enfim, eu gramo memo do gajo e quando o deixam até diz duas seguidas bem alinhavadas.
O problema é que a gente já sabe que quando bai á trebisão é pa não nos deixarem alinhavar duas seguidas e a mocinha é useira e vezeira em não deixar ninguém falar. Não sei se aquilo é estilo, ou má educação ou a mania de que as cabeças dos outros são tão oucas comá dela e só assimilam sound bites bissilábicos. O que é certo é que toda a gente conhece a Judite pela capacidade de interromper o entrevistado. Eu nem nunca percebi bem para que é que ela precisa de alguém do outro lado. Acho que sozinha fazia entrevistas muito melhores. Pergunta, pergunta, interrompe, interrompe, pergunta, interrompe, insiste, insiste, assim comássim quem veja as entrevistas dela também nunca chega a perceber bem o que é que o entrevistado está ali a fazer e muito menos o que é ele pensará sobre o que quer que seja.
Enfim, deixemos a moça em paz que não tem culpa nenhuma. Aquilo é a maneira de ser dela e quem quiser que a veja a dar o seu melhor a interromper o entrevistado e a enervar o espectador.
Epá! E não se enganem que nem sequer é má vontade, ó menos a Judinha, justiça lhe seja feita, é igualmente intragável a entrevistar quem quer que seja.
Desta vez o meu drama é mesmo com o entrevistado. Um gajo porreiro, com montes de coisa importantes e relevantes pa dizer e que ao longo de 30 minutos não conseguiu alinhavar duas seguidas.
Mais parecia um peixinho maluco, sempre de isco em isco, debica aqui, debica ali, não come daqui mas morde e fica, e lá foi ficando pendurado em cada anzol que debicava até se soltar com umas barbatanadas, só pa voltar a morder no anzol do lado, atrás de cada pergunta, de cada interrupção, de cada interjeição da Judinha, como se a anterior já tivesse fugido "né?", sem nunca conseguir retomar o raciocinio no ponto em que o deixou, sem nunca conseguir deixar-me perceber o que pensa sobre a precariedade, os baixos salários, o edividamento, a exploração o vale-tudo-até-tirar-olhos a que chegámos ...
E eu até sei o que ele pensa!
Imagino o que terão percebido os que não sabem o que ele pensa! Sinceramente acho que ficaram a perceber que ele não pensa memo nada. E olhem que é mentira, os gajos, esses dos sindicatos, pensam memo muita coisa bem pensada sobre muita coisa. A gente é que nunca tem oportunidade de os ouvir pensar :)
Há já muito tempo que não via ninguém tão bem manipuladinho, tão enganadinho, tão rabiadinho a sangue frio a deixar-me um amargo na boca que raistapartiça!
Prontes malta lá fiquei eu triste outra vez. Lá menfrasquei nuns prozacs, jurei e rejurei que deixa andar co meu pai é bombeiro e os gajos que se lixem que nunca mais aprendem a diferença entre discursar pa duzentos mil amigos e explicar uma coisa a um inimigo, a diferença entre falar num plenário de trabalhadores e falar na trebentina, a diferença entre discutir um acordo colectivo com os bosses da indústria e enfrentar o horário nobre da trebisão.
Poças coisinhos! Mas quando é que vocês aprendem que se é pa irem ao horário nobre é pa perderem o dia a preparar a guerra! Se querem dizer alguma coisinha a alguém têm que perder pelo menos um dia a pensar como é que a vão dizer, a treinar, a pensar, a cortar, a burilar, a discutir, mas não numa de amigalhaços, têm memo de arranjar dois gajos, a entrevistadora é senhora? Arranjem duas gajas, perdão, duas camaradas, duas senhoras, pa barrarem o Carvalho com salvas de perguntas, interrupções, interjeições, pa lhe cortarem o raciocinio passo a passo, marcação cerrada.
Poças malta aprendam a enfrentar o inimigo com as armas dele e não me chateiem qu'eu tou a ficar raivosamente furioso.
E não me venham dizer que ele até esteve muito bem, dadas as circunstâncias! Mas quais circunstâncias? Mas bem o quê? Em trinta minutos de toma lá dá cá não se percebeu rigorosamente nada sobre as propostas da CGTP!
Se tiverem aquilo gravado, vejam lá a coisa com olhos de ver e digam-me: se tivessem de explicar a alguém o que ele ali quis dizer, apenas com base no que ali foi dito, como é que descalçavam a bota?
Vêm aí as eleições todas, as entrevistas todas, os debates, os plenários. Arranjem lá uns diazinhos de estágio, gravem as entrevistas com o Paulo Portas e o Loicinha e aprendam qualquer coisinha cos gajos poças!
Fechem-se numa sala com dois ou três gajos dispostos a fazer de chatos e enfrentem-nos 4 horas seguidas em toda a sua chatice! Até à exaustão!
Capacitem-se de que sempre que forem à trebentina vão enfrentar um inimigo tenebroso que está lá pa vos arrasar.
E deixem de se queixar que os "media não passam a nossa mensagem", que "deturpam as nossas palavras", que ninguém gosta da gente, ca gente somos uns pobrezinhos.
A culpa é toda vossa!
Salvo raríssimas excepções, sempre que têm uma oportunidadezinha de dizer qualquer coisa de relevante à malta, perdem-na por incapacidade, impreparação e irresponsabilidade.
Já acho que vocês fazem de propósito, vão-se mas é lixar!
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