Preocupa-me esta deriva conservadora do PCP em matérias socio-culturais. Esta é a terceira vez em perto de um ano que me encontro em confronto com as linhas orientadoras, e as opções de voto de um partido que se afirma como vanguarda do proletariado.
Agora, opondo-se à permissão para casar sem periodo de nojo pós-divórcio viu-se, pela terceira vez, em matérias algo afastadas do dominio económico, ao lado da direita mais ultramontanamente retrógrada.
Ensina-me a história que quando os meus inimigos de classe me aplaudem, tenho de ver cuidadosamente onde errei.
Desde quando os comunistas defendem como único modelo de família o casamento para a vida? Ou isso também é uma manifestação da cultura popular que se deve preservar a todo o custo? Não vou repetir aqui argumentos com mais de um século, mas era essencial que o sg e o secretariado e o cc lessem o que sobre a instituição contratual entre seres livres e iguais disseram as feministas hà mais de cem, as kolontais, a rosas luxemburgo, ou mesmo os engels e os marxes.
E note-se que não podemos olhar para essas análises com mais de um século como dogmas ou verdades reveladas, muito pelo contrário, desde aí muita água passou debaixo das pontes, tanta àgua que a sociedade já aceita pacificamente o divórcio, a poligamia, as relações abertas, os casamentos homosexuais, o casamento civil, as amizades coloridas ... só o pcp deste século xxi parece parado no tempo, ao lado do cds, pela terceira vez, temeroso em liderar a evolução e refém de "manifestações de cultura popular".
Espero bem ver rapidamente o dia em que o apoio a estas "manifestações de cultura popular" será finalmente visto como "um desvio conservador", entretanto resta-me ir votando no pcp porque é o único que vai defendendo coerentemente os meus interesses na àrea económica. Mas até quando?
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