2019/09/13

Media Nacionais Ignoram o 5º Fórum Económico Oriental

Todo o Extremo Oriente esteve reunido em Vladivostoque, na Rússia, e os media nacionais nem deram por isso. «Não existem dúvidas de que está em desenvolvimento uma nova era de multilateralismo e de relacionamento multipolar, quer os media ocidentais noticiem ou não. Uma nova era sintetizada pela reunião bem-sucedida das nações do Leste Asiático em Vladivostoque. O que também está bastante claro é que o tempo da hegemonia de um país que trata os outros como vassalos está a chegar ao fim. É um sistema inviável, insustentável e indigno. O mundo não pode arcar com o unilateralismo conflituoso dos Estados Unidos e dos seus satélites europeus»

A quinta edição do Fórum Económico Oriental, que decorreu em Vladivostoque, demonstrou que o multilateralismo e a cooperação mutuamente vantajosa são possíveis mesmo entre nações que têm um passado – e até um presente – de antagonismo. No Extremo Oriente, sob a égide da Rússia, várias nações asiáticas enviaram esta mensagem ao mundo – a de que uma nova ordem internacional é possível - significativamente ignorada pelos meios de comunicação mainstream.



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Esta realidade é tanto mais importante quanto é certo que várias das nações que estiveram presentes têm ou tiveram acesas disputas: a Rússia e o Japão, a Coreia do Sul e a Coreia do Norte, a China e a Índia, a Mongólia e o Japão e, mais recentemente, o Japão e a Coreia do Sul. No entanto, o facto de esses países terem participado e de se terem empenhado em promover o desenvolvimento mútuo é um sinal claro dos benefícios da diplomacia e do multilateralismo.

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As relações multilaterais, naturalmente, apenas podem florescer com desenvolvimento mútuo e cooperação pacífica, isto é, quando as nações se envolvem de maneira decidida nos caminhos da diplomacia e do respeito mútuo. Milhares de milhões de pessoas tiram proveito quando existe uma partilha dos recursos naturais que possa permitir elevar o nível material das suas vidas e, em última análise, quando essa cooperação contribui para dissipar potenciais conflitos. Todas as nações que participaram no Fórum de Vladivostoque estiveram já envolvidas em situações extremamente agressivas, incluindo guerras desastrosas. No entanto, hoje existem novos cenários, verdadeiramente esperançosos, confirmando que o multilateralismo pode vencer a divisão e a hostilidade.

O Ocidente ignorou

Um dado muito significativo da semana do Fórum de Vladivostoque foi a escassez de notícias e reportagens sobre a reunião nos meios de comunicação social ocidentais, apesar de terem estado presentes importantes investidores europeus. Ignorar um acontecimento tão importante, envolvendo alguns dos mais destacados dirigentes mundiais, representa uma enorme falta de profissionalismo e um desrespeito muito grande por quem confia nestes media.

Naturalmente, trata-se de uma atitude intencional, para evitar dar destaque aos êxitos obtidos no sentido do multilateralismo.

Os consumidores destes meios de comunicação ficaram privados, deste modo, de terem contacto com a realidade do multilateralismo, uma vez que continuam mantidos num ambiente de dependência unilateral e no qual o conceito de “multilateralismo” não tem conteúdo, mesmo quando é invocado por dirigentes europeus.

É óbvio, por outro lado, que se os grandes meios de comunicação ocidentais dessem uma cobertura normal a um fórum deste tipo teriam inevitavelmente que entrar em contradição com o estereótipo da Rússia que estão sentenciados a transmitir – o de um poder isolado e maligno.

Outro dado significativo é o forte contraste entre o multilateralismo exposto em Vladivostoque e unilateralismo polarizador dos Estados Unidos, com repercussões através do mundo ocidental. Não se passa uma semana sem que Washington decrete sanções contra uma ou outra nação. Enquanto decorria o fórum na Rússia o governo Trump aplicou mais sanções contra o Irão, numa flagrante tentativa para estancar a actividade vital que é o transporte de petróleo do país. Washington chegou a usar subornos e chantagens para tentar ganhar o controlo sobre um petroleiro que transportava exportações iranianas.

Não será exagero dizer que a agressividade imprudente dos Estados Unidos contra o Irão, a China, a Rússia e outros países está mais ao nível de um sindicato da máfia do que de um suposto Estado democrático que se considera a si mesmo “líder do mundo livre”.

Sanções, agressões, ameaças e desrespeito das normas internacionais básicas de diplomacia tornaram-se a marca registada dos Estados Unidos. Washington não hesita sequer em usar esses métodos contra os seus aliados europeus para os manter na linha. O governo Trump rejeitou uma proposta francesa de abrir uma linha de crédito de 15 mil milhões de dólares ao Irão, atitude que representa mais um golpe no acordo nuclear internacional. E a Alemanha foi advertida pelo senador norte-americano Ted Cruz de que será atingida com sanções se prosseguir com o projecto de gasoduto Nord Stream 2 em conjunto com a Rússia.

Se fossem necessárias provas de que os Estados Unidos desprezam os aliados europeus, elas não faltaram durante a semana do Fórum Económico de Vladivostoque.

Os europeus, no entanto, continuam a manifestar uma estranha e contraditória deferência em relação a Washington. A União Europeia ampliou sanções contra a Rússia na última semana. Sanções que prejudicam a vacilante economia europeia; sanções ditadas principalmente pelos Estados Unidos.

Não existem dúvidas de que está em desenvolvimento uma nova era de multilateralismo e de relacionamento multipolar, quer os media ocidental noticiem ou não. Uma nova era sintetizada pela reunião bem-sucedida das nações do Leste Asiático em Vladivostoque.

O que também está bastante claro é que o tempo da hegemonia de um país que trata os outros como vassalos está a chegar ao fim. É um sistema inviável, insustentável e indigno. O mundo não pode arcar com o unilateralismo conflituoso dos Estados Unidos e dos seus satélites europeus

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