2018/12/02

Maio em Dezembro? Pintado com o Amarelo dos Coletes ...

Vamos mesmo deixar passar? Outra vez? Olhar para o lado? Ficar a ver do passeio?

Em 68 levámos mais de uma semana a perceber os estudantes. Em 2018 ainda não percebemos bem o que se passa. Continuamos a olhar, a ver passar, a deixar andar. Até quando?

Diz-nos o Remy Herrera em directo de Paris «Muito mais preocupante é o facto de as direcções dos partidos e dos sindicatos de esquerda se terem – até ao momento ainda, e muito amplamente – mantido à distância desta rebelião popular. Não compreendem elas que, com a revolta dos «coletes amarelos», se abre a segunda etapa das lutas do povo francês contra a tirania neoliberal e pela justiça social? Não se apercebem de que se trata da continuação, sob uma forma inovadora, combativa, viva, e a uma escala extraordinariamente ampliada, do mesmo processo de generalização das mobilizações que lançaram em greves e manifestações milhares de camaradas sindicalizados na última primavera? Não vêm elas que os «coletes amarelos», à sua maneira (mas não sem coragem, nem risco e perigo) estão decididos a ocupar o enorme vazio deixado desde há décadas pela esquerda institucionalizada, de defender os interesses de classe de todos os trabalhadores e o internacionalismo em relação a todos os povos do mundo? Não sabem que é a luta de classes que faz a história?»

Os media corporativos descobrem extremas-direitas por trás dos coletes. Será assim? Diz-nos o mesmo Remy Herrera em directo do local, sem filtros: «É evidente que a direita e a extrema-direita tentam «recuperar» a mobilização dos «coletes amarelos», desprovida de líderes visíveis. Tal como o é a insistência insidiosa dos grandes media, tentando desacreditar o movimento e lançar gasolina sobre o fogo, em referir (raríssimas) afirmações xenófobas e homofóbicas surgidas nestas acções pela voz de alguns manifestantes (de resto detidas de imediato pelos seus próprios amigos no local). No quadro do capitalismo selvagem e de uma ideologia dominante que atiça ódios e volta uns contra outros tentando salvar as elites, o povo que resiste e sofre é também, infelizmente, feito dessas contradições; mas é precisamente o papel que cabe aos progressistas militantes e esclarecidos o de estarem ao seu lado nas lutas para mostrar aos que se tresmalham o caminho da solidariedade e da fraternidade.»

Quando é que vou começar a ver coletes vermelhos ao lado dos amarelos?

Mais sobre o tema aqui:
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