2017/08/29

Não, não são todos iguais não senhor

E então no mundo autárquico a diferença é abissal.

Vêm-me estas palavras a propósito do titulo de um artigo do Carlos Narciso no Portugal Alerta que, seguindo o caudaloso senso comum alimentado pela ideologia dominante, teima em despejar no mesmo saco realidades tão diferentes como as do compadrio e das desavenças de comadres, reinante na atribuição de prebendas, feudos e forais a potenciais autarcas do centrão (PS ou PSD ou CDS) com os processos usados pela esquerda que, na generalidade dos casos, dão origem a listas sólidas plenas de competência, honestidade e gente trabalhadora.

Talvez para conseguir usar o titulo sonante tivesse de espremer para dentro do saco dois casos que só com esforço, muito esforço, poderam ser para lá espremidos, talvez, mas fez o esforço e conseguiu espremer o caso da Vidigueira em que a antiga vice-presidente da autarquia, Maria Helena D’Aguilar, decidiu concorrer pelo Movimento Vidigueira Independente, um direito que lhe assiste uma vez que estava já excluida da lista onde anteriormente tinha concorrido ou o do "independente" Luís Mourinha, em Estremoz, que pode perder o mandato e assim ser impedido de se candidatar novamente como independente. Dois casos que claramente não têm nada a ver com guerras internas ou externas a darem origem a candidaturas "independentes".

Mas vamos então reformatar o molho de quesilias e desavenças listadas sob o titulo "Autárquicas, conflitos internos nos partidos na escolha dos candidatos" para ver como todas elas vão desabar nos mesmo três do centrão que nos desgovernou durante 40 anos.

Braga - guerrilha no PS «As estruturas socialistas também não se entenderam quanto ao nome do candidato socialista em Fafe (Braga) e, em Barcelos (Braga), [o que levou] a que o líder desta concelhia, Domingos Pereira, se candidatasse por um movimento independente. »

Braga - troca PS pelo PSD/CDS «[...] [O] atual presidente de Amares (Braga), Manuel Moreira, eleito em 2013 pelo PS e que agora se recandidata por uma lista PSD/CDS-PP.»

Covilhã - condenado do PSD tenta recandidatar-se como "Independente" «Carlos Pinto, antigo presidente da Covilhã (Castelo Branco) durante 20 anos, 16 dos quais interruptamente, sempre eleito pelo PSD, candidata-se desta vez como independente. Este antigo presidente foi condenado em julho a uma pena de prisão suspensa de três anos de prisão, passível de recurso, por um crime de prevaricação.»

Lisboa - guerra de trincheiras no PSD, pegando nas palavras de Carlos Narciso «[...] Teresa Leal Coelho não foi um nome consensual e abriu uma guerra interna no PSD. A concelhia contestou ter sido excluída do processo de escolha, [...] As discordâncias entre as estruturas nacionais e concelhias dos partidos acerca dos candidatos a escolher levaram a ruturas que aumentaram o número de candidaturas independentes.»

Lisboa - guerra entre o Isaltino Morais e Paulo Vistas. Olha que dois e mais nem digo, mas vale a pena ler a breve descrição no artigo do Jornal Tornado.

Loures - escaramuça entre PSD e CDS-PP, de acordo com o artigo «[PSD e CDS-PP] apresentaram a candidatura conjunta de André Ventura para presidente da Câmara, mas os centristas retiraram o apoio ao candidato após acusações polémicas deste, dirigidas à comunidade cigana. O PSD manteve o seu apoio ao candidato.»

Matosinhos - guerra aberta no PSD, do artigo em apreço«A concelhia do PSD [...] escolheu para candidato o biólogo Joaquim Jorge, mas a distrital do Porto impôs o médico Jorge Magalhães, o que levou os dirigentes concelhios a demitirem-se.»

Matosinhos - guerra aberta no PS «[A escolha] da deputada socialista Luísa Salgueiro para candidata do PS a Matosinhos, contra a concelhia, que tinha optado pela candidatura do seu líder Ernesto Páscoa, levou a que este tenha impugnado judicialmente as listas do PS à câmara e a que o ex-presidente da Junta de Freguesia de Matosinhos, António Parada, se candidatasse como cabeça de lista do Movimento de Cidadãos de Matosinhos – SIM, desfiliando-se do PS em rotura com a federação distrital.»

Ourém - candidatura inválida do PS. «[...] Paulo Fonseca (PS) tinha assumido a recandidatura ao terceiro mandato à Câmara Municipal, mas o tribunal, por duas vezes, invalidou a intenção, por insolvência pessoal, na sequência de um processo por dívida de 350 mil euros.»

Pedrógão - troca PSD pelo PS. «[O] atual presidente, Valdemar Alves, eleito pelo PSD, vai concorrer pelo PS.»

Porto - escaramuça entre o PS e o Rui Moreira, diz-nos Carlos Narciso «[O] PS começou por apoiar o independente Rui Moreira, mas a candidatura do atual presidente do município acabou por decidir que não havia condições para manter o apoio socialista. [...] O PS decidiu então avançar com uma candidatura própria liderada pelo vereador Manuel Pizarro.»

Vila do Bispo - guerra aberta no PS, sempre de acordo com o Portugal Alerta «Os membros da comissão política concelhia socialista de Vila do Bispo [...] demitiram-se em bloco em janeiro, acabando por apoiar listas independentes, por “discordarem da imposição” da comissão nacional na escolha do candidato autárquico Adelino Soares, a quem o PS local, em 2014, retirou a confiança política.»

Concluindo, se nos restringirmos aos casos em que guerras internas deram origem a trocas e baldrocas ou candidaturas independentes, excluindo portanto os dois que Carlos Narciso tenta espremer para dentro do saco, talvez para compor o titulo, vemos o PS envovido em 7 casos, o PSD em 6 e o CDS em 2. Esquerda 0, Zero, nicles, picles, batatóides.

São todos iguais? Não, não são todos iguais, há de facto uns que são melhores do que os outros, mais competentes, mais honestos, mais trabalhadores ;-)

Sempre que me lembrarem virei aqui continuar a contabilidade.

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