Já todos passámos por momentos desses. Um amigo, alguém a quem normalmente até damos crédito, riposta que não, nem pensar nisso, é um direito histórico, já existe há um ror de tempo, era p'rái uma revolução, um pé de vento ...
A última de que tenho memória já foi há mais de sete anos. Depois do jantar, sobremesa, café, mais conversa, o olhar no fumo do cigarro (ainda fumava), disparo eu, mais tarde do que mais cedo ainda acabam com o subsídio de natal.
- Nem pensar! Impossível! Ninguém vai mexer nisso, ninguém deixa. Porque o comércio, e a igreja, e os direitos adquiridos, e o Papa, e os sindicatos, era um pé de vento.
Dois anos depois foi o que se viu. Andamos agora a correr atrás dele. Agora por cada "nem pensar" sai logo um subsidio em duodécimos. Lembras-te?
Vem isto a propósito dos reconditos desejos dos patrões, do patronato, dos empreendedeiros, do Capital, agora postos a nú por um padeiro desbocado.
Andamos nós a provar à saciedade, com contas de produtividade, modelos de crescimento, números do desemprego, realidade experimentada no norte da europa que o horário de trabalho tem de baixar para as seis horas diárias e o Capital, pela calada, a pagar tão pouco pelas oito que os obriga a pedir para trabalhar dez e doze, a ver se conseguem dar de comer aos filhos.
A ter dois e três empregos.
A ter dois ou três, antes um sem as horas, pensam eles, e vai de pedir ao patrão um contratozito de sessenta, desses que o sr. coelho liberalizou, dos de doze por dia, a ver se dá para pagar a casa.
E o patrão lá faz o favor. Das sessenta horas. Faz o favor. Mas só aos bons, aos melhores, aos que cumprem venerandos e obrigados, aos que chegam antes da hora, de gravata, e saem quando a padaria está limpa, a brilhar para um novo dia. De sessenta horas.
E não é possível exterminá-lo?
(O poster foi roubado ao Manifesto 74)
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