Mais uma.
Depois da Srª dos Abraços a ganhar não me lembro quanto, depois da associação que vendia não sei em que feira das Malveiras as roupas oferecidas para os pobrezinhos da paróquia, agora veio a lume o caso da raríssima srª que anda de beamer 520 à custa dos donativos, compra 200 euros de camarão com os dinheiros recebidos e paga viagens a deputadas com os nossos impostos.
Lembram-se daquela conversa neo-liberal sobre diminuir os impostos? Sobre diminuir o estado para o melhorar? Vê-se! Eis mais um bom exemplo do que isso dá. Diminuem-se os impostos (sobre a jogatina bolsista) para os bem aventurados jogadores do casino poderem doar uns cobres, dedutíveis em sede de IRS, a umas associações de caridade privadas que depois os irão investir em beamers, camarões e viagens. Devia ser a estes empresários do sul que o ainda presidente do gangue dos ecofinos se referia há uns meses. Finalmente percebi a conversa.
Agora a sério. Quando deixamos o estado demitir-se das suas responsabilidades estamos a abrir caminho para os patos bravos que cobram deslocações casa-serviço em carros da "outra". Quando o estado deixa a saúde e o bem estar das nossas crianças entregue à "iniciativa privada" é natural que ela tome a iniciativa de meter mais uns euros ao bolso, afinal é para isso que eles têm iniciativa, privada.
Menos estado? Mais vigarice, mais patos bravos, mais trafulhas, mais vacas loucas, mais legionella, mais filas de espera nos hospitais.
E como não estou sozinho a pensar assim, vou deixar aqui as devidas referências:
Sem Titulo
(Miguel Tiago in facebook, 2017/12/10)
Eu quero lá saber para onde vai o dinheiro da Raríssimas. Nunca lhes dei nada. Muito provavelmente, o pessoal que está espantado com as gambas da presidente também nunca lhes deu nada. E se deu devia ter ido ver para onde ia o dinheiro. É uma cena privada de caridade e fazem com o dinheiro aquilo que os seus sócios decidirem. É a lógica do privado. Se queremos a lógica do público, não privatizemos tudo e mais alguma coisa.
Eu quero é saber porque é que num país com 43 anos de "democracia" é preciso associações privadas fazerem o que o Estado devia fazer. Eu quero é saber porque é que muitas vezes o Estado não faz e dá dinheiro a verdadeiras empresas para fingirem que fazem. Eu quero é saber porque é que os meus impostos não pagam o apoio às crianças com todas as doenças do mundo. Porque é que o dinheiro dos meus impostos não é investido no Serviço Nacional de Saúde para acolher quem não tem saúde mental, para apoiar quem não tem casa, para tratar quem tem doenças degenerativas, prolongadas ou crónicas.
Eu quero é saber por que é que os ricos não pagam os impostos que devem para depois poderem dar apenas o que querem a associações geridas por eles próprios. Caridade é deixar os ricos decidirem a que têm direito os pobres.
Apurar para onde foi o dinheiro que tem origens públicas é meio caminho andado apenas se não tirarmos a consequência política: as funções do Estado são para ser feitas pelo Estado e não por amigos em associações ou empresas.
Acrecento: mesmo que a Senhora tivesse comido menos gambas e vestido frugalmente, eu continuaria a achar que o dinheiro estava mal entregue. Ao Estado o que deve ser do Estado. Não podemos dar dinheiro público a privados e depois queixarmo-nos porque eles o gerem como privados!
230 euros em Camarão Podem Cegar?
(Pedro Tadeu, in DN, 2017/12/12)
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