2017/10/07

E não, a culpa não é das campanhas anticomunistas.

Não, não podemos ficar à espera de arrependimentos, e não, a culpa não é das campanhas anticomunistas.

Se ficarmos à espera dos arrependimentos, acabamos a morrer na praia, e com campanhas anticomunistas, vivemos todos, 24 horas por dia, 7 dias por semana, sem feriados nem férias pagas. Se ainda não sabemos vencê-las, a culpa é nossa. Temos de aprender.

E quais são "as minhas" conclusões? São estas, uma linha para cada uma.

1. Onde trabalhámos bem1 crescemos e vencemos.

2. Onde trabalhámos mal e/ou nos envolvemos em capelinhas, perdemos.

3. Temos de continuar a aprender a ouvir (ainda melhor) as populações que queremos servir.

4. Não chega fazer bem feito, temos de aprender a mostrar o que fazemos bem feito.

5. Onde vencemos temos de continuar a melhorar.

6. Onde perdemos temos de aprender com as autarquias onde vencemos.

E não me venham com a cantiga de não sermos um partido de eleições, até podemos não ser um partido «só» de eleições, mas as eleições, todas as eleições, e muito especialmente as eleições autárquicas, são, atualmente, o mais exposto palco da mais renhida luta de classes. Tão exposto e tão renhida como a frente laboral onde os sindicatos sofrem tão grandes ou maiores campanhas.

Nas autárquicas, temos de aprender a ganhar o protagonismo da boca do palco porque é nas autarquias que mais perto estamos das populações, porque é nas autarquias que podemos trabalhar em prol da qualidade de vida das populações, porque é nas autarquias que podemos mostrar quem somos e o que somos.

Não despejem as culpas nos outros. Porquê? Porque se o fizermos não aprendemos nada. Esse é o caminho que não podemos seguir. Por momentos façamos do «aprender, aprender, aprender sempre» mais do que um slogan vazio de conteúdo e transforme-mo-lo em algo de permanente nas nossas vidas.

Sobre o tema deixo aqui alguns olhares de entre os que me vão parecendo mais interessantes.

Em crónica no público, Domingos Lopes passa um olhar sobre as eleições autárquicas de que me interessa especialmente o que à CDU diz respeito, principalmente quando afirma que «se sabia que o PS iria capitalizar a política que, como se vê, tem o apoio da maioria da população. Assim era exigido ao PCP uma política muito fina de profunda ligação às populações e de abertura para que qualquer descontentamento não fosse levado pelo arrasto para o PS. E a verdade é esta: houve municípios que resistiram e outros que não. Provavelmente onde o trabalho autárquico foi levado a cabo com minúcia, empenho e abertura para resolver as situações, o PS não conseguiu derrotar os candidatos da CDU.Onde houve divisões, trabalho deficiente, cristalização do poder, o efeito PS deu para vencer». É verdade, ele já se foi embora, mas pelos vistos sabe muito disto, mais do que muitos que pegaram de estaca.

Aqui, no abrilabril, o Manuel Araújo faz "Uma leitura pós-autárquicas" onde começa por desmontar as narrativas dos «supostamente preclaros plumitivos»,«tanto da direita mais encortiçada como das esquerdas saltitantes» e acaba por ir mais longe, apontando métodos e critérios para resolver o que correu mal:«Os maus resultados do PCP nas autárquicas devem ser analisados pela lente, cada caso é um caso, das deficiências na gestão e como o trabalho realizado foi comunicado em cada uma das dez câmaras perdidas, pelas escolhas eventualmente erradas nos candidatos, o que nem sempre será certo, nas propostas feitas aos eleitores, no trabalho e empenho nas campanhas eleitorais». Vale a pena ler todo e calmamente.

1. Por bom trabalho, entenda-se: começar pela (efetiva) auscultação das populações, informação, planeamento, informação, execução, informação, manutenção e ... informação. Informação? Sim, com uma acção de proximidade ;-)

3 comentários:

  1. Para que essa mudança aconteça, outras terão que ser feitas com o rejuveniscimento do topo dos dirigentes, com mentes mais abertas ao tempo actual e com mentalidade adequada. O tempo não perdoa e os que têm o poder na mão nunca o largam... É um facto que se repete de geração em geração.

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    1. Rejuvenescimento dos dirigentes? Em que País tem vivido? Há noa que o PCP tem renovado e apostado em gente jovem, é o partido que + gente nova tem. Mentes + abertas? A quê? Ao capitalismo? Temos uma política definida de derrube deste maldito capitalismo, implantando uma verdadeira democracia alicerçada nos ideais de Abril (não esta da classe capitalista), rumo ao socialismo.

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  2. De facto, vamos aos factos:
    Rejuvenescimento: veja-se a bancada parlamentar do PCP e compare-se com as restantes.
    Abertura ao diálogo: "O PS só não será governo se não quiser" disse o SG do PCP na noite das legislativas.
    Resultados das autárquicas: dependeram do trabalho feito em cada autarquia ... aqui em Almada não houve campanha eleitoral, perdemos, em Sesimbra perceberam que a coisa estaria complicada e na última semana foi a doer com um comunicado a ser impresso e distribuído porta a porta (porta a porta) 48 horas antes das eleições ... vencemos. Duas atitudes, dois resultados, e não não somos todos iguais, temos mesmo de aprender uns com os outros ;-)

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