Não vou aqui deixar o link e muito menos reproduzir o escrito do João Merkel Taverneiro por motivos de higiene e saúde pública. Ponto. Quem o quiser ler que o procure lá nos pasquins que lhe dão tribuna, este é um espaço público, de higiene mental, frequentado por menores e que entendo, por esses motivos, não dever ser contaminado com falsidades generalizadoras de escrevinhadores com tribuna paga ao serviço da ideologia dominante.
Mas, até porque pressinto a necessidade de o vir a usar em futuros debates, não resisto a arranjar espaço para o contraditório publicado numa página numa rede social. Aqui ficam eles, o espaço e o contraditório para @Refer&ncia futura.
Sem Título
(Uma Página numa Rede Social, 2018/05/10)
Costumamos satirizar com a frase "À esquerda, é corrupção. À direita, é empreendedorismo". Hoje, João Miguel Tavares prestou-se ao revelador exercício de tentar desenvolver esta sofrida tese.
Resumidamente, o articulista defende que corrupção à esquerda é um cancro da democracia, mas corrupção à direita é fofinha, cometida por gente de bem, que nem más intenções tinha.
O exercício é revelador, pois deixa bem claro o papel que o destacado colunista desempenha no jornal da Sonae, dirigido pelo ex-assessor de Durão Barroso.
Entre algumas das pérolas presentes no texto, o articulista alega que o caso de José Sócrates é único, pois foi o único político que tentou fazer "uma colonização feroz e autoritária de todos os ramos do poder – político, económico, financeiro, judicial e mediático". A alegação não se aguenta perante o mais pálido exercício de contraditório. Miguel Relvas, Marco António Costa ou Paulo Portas são apenas alguns exemplos de políticos que desde há décadas puxam cordelinhos em todos os ramos do poder, que enriqueceram de forma obscena à custa da política, que já tiveram e ainda têm investigações em curso em vários Departamentos de Investigação e Acção Penal, mas foram bafejados pela notável sorte de nunca terem motivado a criação de super equipas de investigação exclusivamente dedicadas aos seus casos, nunca foram detidos preventivamente enquanto decorria a investigação e nunca tiveram procuradores que chamaram o SOL e o Correio da Manhã para filmarem detenções em directo.
O articulista também parece deliberadamente esquecer-se que uma jornalista do Público - o jornal onde o articulista escreve - foi afastada do jornal pelo próprio Miguel Relvas. Também descarta o facto de que Miguel Relvas usou recursos dos serviços secretos portugueses para elaborar dossiers com dados pessoais de uma lista de pessoas consideradas incómodas para o Governo de Passos Coelho.
Também ignora que a privatização da RTP esteve nos planos do PSD, com Relvas a coordenar esse processo. E também omite o facto de que a privatização da Lusa foi prometida a Pinto Balsemão por Marques Mendes. E isto num país onde Pinto Balsemão já controla a agenda noticiosa nacional, frequentemente em colaboração com o grupo do Correio da Manhã.
Para o articulista, nenhum destes factos sugere uma tentativa de controlo do poder político, judicial e mediático. Foi tudo empreendedorismo.
Sejamos claros: ainda bem que José Sócrates está a ser investigado. Terá a sua oportunidade de apresentar-se em tribunal e contestar as acusações que lhe forem feitas. No entanto, há dezenas de pessoas que lesaram o país em milhões de euros, que têm esse dinheiro escondido em offshores, que continuam em funções, no sector público e no privado, e que não são sequer beliscadas por super procuradores ou super juízes. Ou, quando são, têm os seus processos misteriorsamente arquivados, apesar da enorme massa de indícios e provas de que vamos tendo conhecimento.
Nós não queremos que José Sócrates seja absolvido, queremos que seja feita justiça, de forma objectiva e imparcial, no tribunal, tal como previsto num Estado de Direito. Mas, acima de tudo, que não seja só a ele. Queremos que a justiça seja igual para todos, seja de que partido forem.
O João Miguel Tavares - e os outros encartilhados como ele - não quer justiça igual para todos. Ele quer apenas ver gente de esquerda presa, pois sabe que, se for pela expressão eleitoral, em circunstâncias normais, a direita que ele defende não chega ao poder.
Sem comentários:
Enviar um comentário
O seu comentário ficará disponível após verificação. Tentaremos ser breves.