2018/05/15

Palestina

MUITAS CENTENAS MANIFESTAM SOLIDARIEDADE COM A PALESTINA E CONDENAÇÃO DE ISRAEL E ESTADOS UNIDOS NO LARGO DE CAMÕES EM LISBOA

Mais de cinco centenas de pessoas reuniram-se esta tarde, no Largo de Camões, em Lisboa, em resposta a um apelo lançado pelo CPPC, pela CGTP-IN, pelo MDM e pelo MPPM, a que se associaram mais de 50 outras organizações e acima de uma centena de subscritores individuais. Falaram, em nome das organizações primeiras promotoras, Filipe Ferreira (CPPC), Ana Souto (MDM), Carlos Almeida (MPPM) e Arménio Carlos (CGTP-IN). Houve sentida manifestação de solidariedade com a heróica resistência do povo palestino e uma veemente condenação da decisão da administração americana pela decisão de reconhecer Jerusalém como capital de Israel e par aí transferir a sua embaixada. Causou vivo repúdio a realização dos festejos de inauguração da embaixada ao mesmo tempo que o exército israelita continua a assassinar manifestantes palestinos desarmados. Só no dia de hoje, já se tinham registado mais de 50 mortos e acima de dois milhares de feridos.

Transcrevemos o texto do apelo e a lista de organizações e individualidade subscritoras:



Basta de crimes! Não à provocação de Trump!
Liberdade para a Palestina!
Paz no Médio Oriente!

No próximo dia 15 de Maio assinalam-se os 70 anos da Nakba – a «catástrofe», como a designa o povo palestino. Numa campanha premeditada, que acompanhou o processo de criação de Israel em 1948, as milícias sionistas destruíram mais de 500 aldeias, cometeram inúmeros massacres e expulsaram das suas casas cerca de 750.000 palestinos.
Os massacres cometidos pelas forças armadas de Israel desde o dia 30 de Março último, Dia da Terra, para reprimir violentamente as dezenas de milhares de palestinianos que se têm manifestado pacificamente na Grande Marcha do Retorno, matando dezenas pessoas e ferindo milhares, é prova eloquente que, setenta anos volvidos, a Nakba não terminou.

É inaceitável e ultrajante que os Estados Unidos da América, pela voz do seu Presidente, Donald Trump, tenham decidido reconhecer Jerusalém como capital de Israel e transferir para aí a sua embaixada, precisamente quando se assinalam os 70 anos dessa Catástrofe. Trata-se de uma decisão que viola a legalidade internacional, encoraja os crimes da ocupação e colonização dos territórios palestinianos e premeia a sistemática violação por Israel, desde há mais de sete décadas, do direito internacional e das resoluções da ONU.

Milhões de refugiados palestinianos constituem hoje a mais antiga e numerosa população de refugiados do mundo. Vivem espalhados pelos Estados vizinhos e pelo mundo inteiro, e também nos territórios palestinianos ocupados, e continuam a não ver reconhecido o seu direito ao regresso ou a uma justa compensação. Israel desenvolve desde a sua criação uma política visando a limpeza étnica da Palestina e o apagar da presença palestiniana em todos os domínios da realidade social. Exemplo disso são a política de demolições e expulsões em Jerusalém Oriental, e na Cisjordânia ocupadas, ou visando as comunidades beduínas, bem como a incessante política de construção ilegal de colonatos sionistas em território palestiniano. Há actualmente mais de 600.000 colonos israelitas a viver em colonatos na Cisjordânia e Jerusalém Oriental ocupadas, todos eles ilegais à luz do direito internacional.

Os palestinianos cidadãos de Israel, descendentes da minoria que permaneceu após a limpeza étnica de 1948, e que constituem 20% da população, estão hoje sujeitos a dezenas de leis discriminatórias. Israel não é «a única democracia do Médio Oriente», como proclama, é antes um Estado de confessional e segregacionista.

Persiste, desde 1967, a brutal ocupação militar por Israel dos territórios palestinianos da Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental, que o direito internacional não reconhece e condena. Continua a construção do ignominioso Muro do apartheid, considerado ilegal pelo Tribunal Internacional de Justiça. O território da Cisjordânia está cada vez mais fragmentado pelo Muro, os checkpoints, as infra-estruturas e o sistema viário para uso exclusivo dos colonatos.
Israel sujeita os palestinianos a humilhações quotidianas e a uma repressão brutal, traduzida em mais de 850 000 presos e milhares de mortos, nomeadamente nas repetidas agressões contra a população da Faixa de Gaza, submetida, desde 2006, a um criminoso bloqueio e que se encontra à beira da catástrofe humanitária.

A realidade evidente é que Israel rejeita a solução de dois Estados, israelita e palestiniano, vivendo lado a lado em paz e segurança, solução reiterada em inúmeras resoluções da ONU e que reúne consenso na comunidade internacional. Em vez disso, Israel avança a passos largos para o reconhecimento formal da anexação, há muito efectiva, do território palestiniano ocupado da Cisjordânia, e para a consumação do seu projecto de sempre: a ocupação de toda Palestina por um Estado sionista, do Mediterrâneo até ao Jordão.

A aliança estratégica dos Estados Unidos com Israel traduz-se também no corte drástico do contributo dos Estados Unidos para a UNRWA, a agência da ONU que presta serviços indispensáveis a milhões de refugiados palestinianos, e para a Autoridade Palestiniana.

Israel é, ainda, um foco de guerra permanente no Médio Oriente, a mais rica região do planeta em termos de recursos energéticos e alvo permanente da cobiça das potências imperialistas. As últimas guerras testemunham a ingerência israelita na guerra da Síria, e são públicas as ameaças de ataque militar ao Irão.

No 70.º aniversário da Nakba, vamos:
- condenar a política de colonização, limpeza étnica, ocupação e repressão, praticada por Israel contra o povo palestiniano desde há 70 anos;

- exigir a paz no Médio Oriente, pondo fim às catástrofes geradas pelas guerras deste último quarto de século;

- protestar contra o reconhecimento pelos Estados Unidos de Jerusalém como capital de Israel e a transferência para aí da sua embaixada;

- reclamar do Governo Português que, nos fóruns em que participa, defenda o direito internacional e as resoluções da ONU respeitantes à Palestina e que reconheça formalmente o Estado da Palestina com capital em Jerusalém Oriental.

- manifestar a nossa solidariedade com a justa luta do povo palestino pelos seus inalienáveis direitos nacionais, pela edificação do Estado da Palestina livre, independente, soberano e viável nas fronteiras anteriores a 1967, com capital em Jerusalém Oriental, e uma solução justa para a situação dos refugiados palestinos, nos termos do direito internacional e das resoluções pertinentes das Nações Unidas.

Organizações subscritoras:

A Voz do Operário
Associação Água Pública
Associação Conquistas da Revolução
Associação de Amizade Portugal-Cuba
Associação Intervenção Democrática
Associação Os Pioneiros de Portugal
Associação Portuguesa de Amizade e Cooperação Iúri Gagárin
Associação Portuguesa de Deficientes
Associação Portuguesa de Juristas Democratas
Associação Projecto Ruído
Centro Cultura Intercidade
Colectivo Andorinha – Frente Democrática Brasileira de Lisboa
Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional
Confederação Nacional de Agricultura
Confederação Nacional de Jovens Agricultores e Desenvolvimento Rural
Confederação Nacional de Reformados Pensionistas e Idosos
Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto
Conselho Português para a Paz e Cooperação
Cooperativa Cultural Popular Barreirense
Ecolojovem - «Os Verdes»
Federação dos Sindicatos da Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal
Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações
Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléctricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas
Federação Nacional dos Professores
Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais
Federação Portuguesa dos Sindicatos da Construção, Cerâmica e Vidro
Federação Portuguesa dos Sindicatos do Comércio, Escritórios e Serviços
Frente Anti-Racista
Inter-Reformados
Interjovem
Juventude Comunista Portuguesa
Movimento Democrático de Mulheres
Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente
Sindicato de Trabalhadores das Empresas do Grupo Caixa geral de Depósitos
Sindicato dos Enfermeiros Portugueses
Sindicato dos Professores da Grande Lisboa
Sindicato dos Professores da Região Centro
Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal
Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal
Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa
Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional, Empresas Públicas, Concessionárias e Afins
Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário
União de Resistentes Antifascistas Portugueses
União dos Sindicatos da Madeira
União dos Sindicatos de Aveiro
União dos Sindicatos de Coimbra
União dos Sindicatos de Lisboa
União dos Sindicatos de Setúbal
União dos Sindicatos do Distrito de Leiria
União dos Sindicatos do Distrito de Santarém
União dos Sindicatos do Norte Alentejano
União Sindical de Torres Vedras,Cadaval,Lourinhã e Sobral de Monte Agraço
Universidade Popular do Porto

Esta iniciativa conta ainda com o apoio de várias figuras públicas, que juntam a sua voz à solidariedade com a Palestina e à denúncia da provocação da Administração norte-americana:

Adel Sidarus - professor universitário
Alain Vachier – produtor musical
Alex Cortez – músico e programador musical
Amador Clemente - bancário
Américo Jones – professor
Américo Madeira Bárbara - embaixador aposentado
Ana Gouveia – professora
Ana Lúcia Rodrigues - professora do ensino superior
Ana Vilela da Costa – actriz
André Albuquerque – actor
André Levy – bilogo e actor
António Lara Cardoso – comandante da marinha
Arménio Carlos – secretário geral da CGTP-IN
Augusto Flôr – antropólogo e dirigente associativo
Avelino Gonçalves – sindicalista bancário
Bárbara Carvalho - investigadora
Beat Laden (Bruno Lobato) – produtor musical
Bruno Dias - presidente do grupo parlamentar de amizade Portugal-Palestina
Carlos Almeida - historiador, vice-presidente do MPPM
Carlos Seixas – director do Festival Músicas do mundo de Sines
Cátia Terrinca – actriz
Celina da Piedade – músico
Cláudia Dias – bailarina
Cláudio Torres - director do Campo Arqueológico de Mértola, Prémio Pessoa
Cristina Cruzeiro – nvestigadora, professora do ensino superior
Deolinda Machado – dirigente sindical e da Liga Operária Católica
Domingos Folque Guimarães – empresário
Duarte – fadista
Duarte Rolo – professor do ensino superior
Eduardo Afonso Dias - designer industrial, professor jubilado e doutorado Honoris Causa pela FAUL
Elsa Dias – bioquímica
Fátima Rolo Duarte – designer
Félix Magalhães - técnico de som/vídeo
Fernando Correia – professor universitário
Fernando José Pereira - artista plástico, professor do ensino superior
Filipa Malva – cenógrafa
Flak – músico
Frederico Carvalho – cientista
Helena Casqueiro – jurista
Hernâni Faustino – músico
Hernâni Mergulhão – professor do ensino superior
Igor Gandra - director do FIMP (Festival Internacional de Marionetas do Porto)
Ilda Figueiredo – presidente da direcção nacional do CPPC
Inês Beleza Barreiros – investigadora e guionista
Isaac Achega – músico
Isabel Allegro de Magalhães – professora do ensino superior
Isilda Sanches – locutora de rádio
João Cruz - professor do ensino superior
Jorge Cadima - professor universitário
Jorge Figueiredo - editor de resistir.info
Jorge Palma – músico
Jorge Pé-Curto - escultor
José António Gomes - escritor, professor do ensino superior
José António Silva - artista plástico
José Baptista Alves – coronel, presidente da Associação Conquistas da Revolução
José Goulão – jornalista
José Moz Carrapa – músico
Karas - actor e encenador
Luís Alfaro Cardoso – investigador
Luís Urbano – produtor de cinema
Luis Varatojo - músico
Madalena Santos – jurista, presidente da Associação Portuguesa de Juristas Democratas
Manuel Begonha – capitão de mar e guerra
Manuel Freire – cantor e compositor
Manuel Gantes - artista plástico, professor do ensino superior
Manuel Gusmão – escritor e professor do ensino superior
Manuel Jorge Veloso – crítico musical
Maria Anadon – músico
Maria do Céu Guerra – presidente da direcção nacional do MPPM
Maria Santos – bibliotecária
Marília Villaverde Cabral - coordenadora da URAP
Mário Pádua - médico
Marta Mateus – cineasta
Mitó – músico
Nuno Pedrosa – artista plástico e investigador
Nuno Pinhão – investigador
Nuno Ramos de Almeida – jornalista
Octávio Augusto Teixeira – economista
Paulo Mota – sociólogo
Pedro André Bahia – músico
Pedro Salvador – músico
Pedro Saraiva - professor catedrático
Pedro Saraiva – engenheiro
Raquel Bulha – locutora de rádio
Regina Marques – direcção nacional do MDM
Ribeiro Cardoso - jornalista
Rita Namorado – professora e pianista
Rui Albuquerque - professor do ensino superior
Rui Namorado Rosa – professor do ensino superior
Rui Portulez – locutor de rádio
Sandra Lourenço – investigadora
Sebastião Antunes – músico
Sérgio Dias Branco – professor universitário e investigador
Sérgio Machado Letria - programador cultural
Teresa Carvalho - artista plástica
Tiago Salazar – escritor
Tiago Santos – músico
Tomás Maia - artista plástico, professor do ensino superior
Vasco Lourenço - coronel
Victor Marques - engenheiro
Victor Silva – professor do ensino superior
Vítor Pinto – engenheiro electrotécnico
Zeferino Coelho – editor

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