2018/02/25

Intolerância é Eufemismo

Três sinais numa semana. Um raper condenado a três anos de prisão, pelas letras das suas músicas, um livro, sobre o narcotráfico na galiza, retirado de circulação, e uma obra de arte, alusiva aos presos politicos catalães, removida da arco. Por três vezes, em três situações distintas, perante diferentes circunstâncias, a actuação do estado repressivo, do estado ao serviço do capital, da monarquia castelhana, mostrou a sua real face. À contestação política o estado respondeu com a violência repressora.

E como ainda hà pouco se referia aqui um excelente discurso de António Avelãs Nunes na abertura do FSM da Pessoa Idosa que abordava com extrema lucidez o esboroar das fronteiras democráticas aqui fica o aviso: «[...] As soluções ’brandas’ que têm sido adoptadas só serão prosseguidas se “o modelo chileno dos anos 1970” não ficar disponível para o grande capital financeiro. Se as condições o permitirem (ou o impuserem, por não ser possível continuar o aprofundamento da exploração dos trabalhadores através dos métodos ‘sofisticados’ actualmente utilizados), o estado capitalista pode vestir-se e armar-se de novo como estado fascista, sem as máscaras que actualmente utiliza.» @Refer&ncia



«[...] 5. – Está-se a construir um novo Leviathan, que vem substituindo a política pelo mercado, governando segundo as ‘leis do mercado’ como se estas fossem a constituição das constituições, negando a política e a cidadania, matando a democracia.

Um Leviathan que, enquadrado pela ideologia neoliberal, se identifica com o poder económico e, sobretudo, com o poder financeiro, colocando acima de tudo as liberdades do capital e assumindo-se, sem disfarce, como a ditadura do grande capital financeiro.

Muitos dos mais destacados sociólogos vêm insistindo na tese – que a análise do que se tem passado nos últimos trinta ou quarenta anos confirma inteiramente – de que o projecto político da Nova Direita consiste em uma economia livre e um estado forte, um estado capaz de “restaurar a autoridade a todos os níveis da sociedade” e de dar combate aos inimigos externos e aos inimigos internos (A. Gamble). Wolfgang Streeck fala de um processo de esvaziamento da democracia cujo objectivo é o de conseguir a “imunização do capitalismo contra intervenções da democracia de massas”, libertando o mercado das exigências da vida democrática e assegurando o “primado duradouro do mercado sobre a política.” Este processo – sublinha Streeck – vem sendo prosseguido “através de uma reeducação neoliberal dos cidadãos”, porque não está disponível actualmente a hipótese de “abolição da democracia segundo o modelo chileno dos anos 1970.”

Mas fica o aviso. As soluções ’brandas’ que têm sido adoptadas só serão prosseguidas se “o modelo chileno dos anos 1970” não ficar disponível para o grande capital financeiro. Se as condições o permitirem (ou o impuserem, por não ser possível continuar o aprofundamento da exploração dos trabalhadores através dos métodos ‘sofisticados’ actualmente utilizados), o estado capitalista pode vestir-se e armar-se de novo como estado fascista, sem as máscaras que actualmente utiliza.» (pode ler o discurso aqui)

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