2019/03/15

Para o Capital Tudo, Para o Trabalho Nada

É com esta ideia feita que os sucessivos governos, liderados por sucessivos ministros das finanças neo-liberais, coadjuvados por sucessivos primeiros ministros tipo verbo de encher, decidem que tem de haver dinheiro nosso para dar ao capital financeiro especulativo e que, por isso mesmo, não "sobra" dinheiro, nosso, para recuperar as carreiras dos professores com eles contratualizadas vai para 15 anos, ou para tratar o Serviço Nacional de Saúde de décadas de abandono, ou das rachas na paredes das escolas públicas.

Depois dos governos PSD-CDS-PS enterrarem 16 700 milhões de euros, do nosso dinheiro, na banca privada, o Capital continua a querer mais e mais e mais. Agora foram mais 1 100 milhões "emprestados" ao fundo abutre que chafurda no cadáver do NovoBanco, triste herdeiro do BES/GES do Ricardinho Espírito-Santo-Metralha. Alguém já disse que a banca é demasiado importante para estar nas mãos de privados. Sobre o assunto fica aqui a opinião do Vasco Cardoso, também para futura @Refer&ncia.



A mão por detrás do escândalo BES/Novo Banco
(Vasco Cardoso, Avante!, 2019/03/14)

Pode-se olhar para todo o processo que envolveu e envolve o BES/Novo Banco reduzindo o assunto à intervenção de vários dos seus protagonistas. O banqueiro – Ricardo Salgado - que passou de bestial a besta com o colapso do BES/GES, o governador do Banco de Portugal e a sua extraordinária capacidade de nunca acertar, a ex-ministra Assunção Cristas que confessou ter assinado de cruz à saída da praia a resolução do BES que haveria de custar ao povo português milhares de milhões de euros. E, claro está, Passos Coelho e António Costa que agiram sempre como se a única alternativa fosse a de colocar o povo português a pagar a factura da corrupção e da especulação financeira, para depois entregar o banco novamente ao grande capital.

Mas o problema é bem mais profundo como se pode verificar pela tragédia que representou para o País a privatização da banca portuguesa, o amplo favorecimento que o capital financeiro tem tido ao longo de décadas e a submissão completa aos desígnios de uma União Europeia apostada em impor uma acelerada concentração de poder e riqueza nas mãos de três ou quatro mega-bancos.

Como fomos dizendo, a origem e o colapso do BES, com todas as consequências e opções que lhe seguiram, são um fiel retrato do capitalismo em Portugal e da política de direita que lhe dá suporte. O facto da actuação do actual Governo minoritário do PS ser convergente com as opções do anterior Governo PSD/CDS nesta matéria, socializando prejuízos e privatizando os lucros, apenas confirma aquilo que temos dito: não há nem governo, nem qualquer maioria de esquerda na Assembleia da República. E que a ruptura com a política de direita, tão necessária a uma resposta estrutural dos problemas do País, não só está por fazer, como é no PS, que encontra precisamente o seu principal obstáculo. Recuperar o controlo público da banca, colocando-a ao serviço do Povo e do País, é tarefa da política patriótica e de esquerda que os comunistas propõem ao Povo português. Também aqui, avançar é preciso!

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