2018/03/08

Para uma Sociologia das Caixas de Ressonância

É sempre interessante observar fora do laboratório, em plena natureza, o comportamento das caixas de ressonância da ideologia dominante. Notar a forma caricata como transformam em sound-bytes as realidades virtuais que lhes são embutidas no neurónio pelas #fakenewsfactories. Vê-las regurgitar, em três penadas, os falsos factos laboriosamente encrustados nos galináceos lóbulos, sem a mínima capacidade de questionarem se estarão de facto a contestar o que dizem os outros, ou tão só a comentar o que a ideologia dominante os fez crer que os outros teriam dito. Meros crédulos? Não, antes perigosos asnos. A ignorância mata. Cuidado. E se não, vejamos o outro lado de alguns sound-bytes, por aí regurgitados como verdades bíblicas, sobre um partido que recusa o fluxo noticioso ideologizado pelos média corporativos e se opõe consistentemente ao propagar de simplificações da realidade.

Ataques com armas químicas só mesmo os do ISIS e da al-nushra como se provou com o primeiro e a #fakenewsfactory já não deixou provar com os segundo e terceiro auto-rebentamentos de paiós quimicos da al-nushra. Porque um facto é que o governo sirio, já há muito acabou com as armas quimicas, sob supervisão da ONU, como tinha feito o Saddam antes de os ex-amigos lhe limparem o sarampo. Lembram-se das ADMs do Saddam? Exato. Essas que o Collin Powel "fotografou" em directo para a ONU e o mundo. As que o Bush junior usou para invadir o Iraque. Lembram-se? Pois. São iguais às que o imperialismo trumpista tenta agora usar para invadir a Síria. E mais uma vez, quando o imperialismo tentou fazer com a Síria o que já tinha feito no Iraque, houve um partido no parlamento que, novamente, teve a coragem de nos lembrar que também das outras vezes foi mentira, e que também desta vez eram os EUA a inventá-las, os mesmos EUA que estão fartos de democratar por esse mundo fora. Sabem qual foi? Exatamente, esse ao qual os media corporativos apontam o dedo, por se recusar a censurar o governo sirio pelos crimes cometidos pelo governo dos EUA.

Quanto à ideológica censura dos crimes praticados pela mais mortal e aterradora máquina de guerra mundial, incompreensívelmente, ninguém pensa em propor uma moção de censura contra, sei lá, por exemplo, o estado degradante em que o eua mantêm os seus prisioneiros, ou em memória dos inocentes abatidos por uma pena de morte a quem já ninguém no mundo vende o veneno para assassinar legalmente os seus condenados, mas deixemos os condenados e censuremos os assassinios de inocentes afro-americanos por policias caucasianos que acabam inocentados, mesmo quando a pistola encontrada ao lado do abatido só tinha impressões e ADN do caucasiano agente da ordem, ou pelos 12 tiroteios em escolas desde o início do ano, dos quais três acabaram em massacres. Não? Também não são atrocidades cometidas por uma democratadura que nomeia, pela segunda vez neste século, um presidente eleito por menos de 30% da população e com menos votos expressos do que o alegado derrotado? E depois vêm apontar o dedo a quem se recusa a dar pretextos ao imperialismo agressivo, para invadir outra vez um país que já os pôs na rua quatro vezes? Limpem primeiro a casa, lavem-se bem antes de atirar pedras aos telhados de vidro dos outros. Antes de apontar os dedos às monarquias asiáticas, primeiro, censuremos quem semeia pobreza e destruição pelo mundo fora.

Sobre os votos de pesar para ilustres exploradores, porque é que a ideologia dominante passa a vida a engendrar «pantilhões» para os famosos ambrósios e se engalfinha toda se lhe pedirem um voto de pesar pelas 115 vitimas de acidentes de trabalho, pelos 115 inocentes que morreram a trabalhar em 2017, pelos 115 trabalhadores que, num ano, morreram a ser roubados pelos grandes empresários que fazem este país andar para frente com o trabalho dos seus assalariados? Um partido que afirma estar do lado do trabalho não pode, em consciência, fazer de conta que tem pena do explorador que começou a vida empresarial a deitar a mão ao negócio do ex-patrão e manteve as caixas dos caça-niqueis dele a SMN por nove horas de trabalho efetivo com idas vigiadas ao wc..

Sobre a venezuela, já nem digo nada, são os próprios EUA a chamar a sí os louros de mais uma intervenção bem sucedida.

E sim, a crise teve mesmo origem num sistema financeiro terrorista, assassino e predador, enfim, numa classe de empresários totalitaristas para quem vale tudo até tirar olhos. A Goldman-Sachs que provocou e lucrou com a crise, o Lehman Brothers que a GS comprou por um dólar, o Ricardinho do BES que o amigo António do BdP deixou ficar a esmifrar a caixa das esmolas até ao último minuto ... foram mesmo esses que depois nós fomos financiar com a falência dos nossos estados sociais.

Esta irritação toda deve-se a uma caixa de ressonância que pôs por aí a circular uns arrazoados sobre a democraticidade do único partido que se opôs ao salazarismo com sangue, suor e lágrimas. @Refer&ncia

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