2018/09/12

A Democratadura do Observadeiro e Seus Opinadeiros

Sem Titulo
(Uma Página Numa Rede Social, facebroncas, 2018/09/13)

No dia em que foi notícia o 10º lugar de Portugal no ranking das democracias a nível mundial, lembrámo-nos da mensagem omnipresente no projecto de propaganda política da direita disfarçado de jornal, o Observador. Para os indivíduos que opinam nesta plataforma, a partir de 2015, Portugal passou a ser governado por um conjunto de partidos que sequestraram a democracia e o país entrou numa deriva autocrática, a caminho da ditadura. Isto apesar do facto de que a actual solução governativa é a mais representativa de sempre no país, com quase dois terços dos eleitores representados na maioria que apoia o Governo.


Além da representatividade parlamentar, a saúde da democracia portuguesa é agora confirmada também pelo ranking do projecto Variedades da Democracia, que incluiu indicadores como o respeito por direitos e liberdades dos cidadãos, a participação dos cidadãos na democracia, a relação das políticas públicas com o bem comum ou a percepção de corrupção no Governo e no Parlamento.

O 10º lugar de Portugal, num ranking com 201 países, é certamente um motivo de orgulho para todos os que valorizam a democracia e o Estado de Direito.

Apesar de todos os problemas e desafios que a democracia portuguesa enfrenta, ela é, objectivamente, uma das melhores do mundo. Isso é factual.

Não obstante, os opinadores do Observador continuarão a garantir-nos que não, amalgamando opinião e notícias num sofrido esforço de tentar convencer o país de que só há democracia quando governa a direita.

A imagem ilustra o resultado de dez minutos passados na plataforma do Observador, a ler opinadores que arbitrariamente fazem paralelos entre o governo português e regimes e ideologias fascistas, num fenómeno falacioso que, em lógica discursiva, constitui uma variante do reductio ad hitlerum. Em dez minutos, contámos 33 opinadores que apostaram nesta falácia para construir os seus textos.
Há um grupo de pessoas que está a gastar imenso dinheiro para dar a estes indivíduos uma plataforma privilegiada de comunicação, que lhes garante visibilidade online e convites regulares para opinarem em estações de rádio e televisão. A mensagem que transmitem é sempre a mesma: justiça social é equivalente a fascismo.

O apelo ao medo e à desconfiança contra as propostas políticas que introduzem justiça social e igualdade de oportunidades na vida das pessoas são a base da cartilha destes observadores, que nos garantem que não vivemos em plena democracia.

Entretanto, o país discorda, com quase dois terços dos eleitores que votaram nas últimas legislativas representados na maioria parlamentar. E as entidades estrangeiras independentes confirmam, Portugal tem, de facto, uma democracia relativamente saudável.

A discrepância entre a realidade dos factos e a realidade alternativa descrita nas colunas de opinião do Observador é chocante, mas não é surpreendente. Afinal, foi para isso mesmo que o Observador foi criado.

O artigo sobre o ranking das democracias pode ser consultado aqui:
https://www.publico.pt/2018/09/11/politica/noticia/portugal-esta-em-10-lugar-no-ranking-das-democracias-mundiais-1843414

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