O exército árabe sirio está prestes a expulsar as últimas forças invasoras do seu território, tal basta para que as centrais de desinformação ao serviço do eixo-do-mal (eua-nato-ue-israel-arábia-saudita) descubram uma catástrofe humanitária prestes a aconteder em Idleb, coisa que não aconteceu com os invernos àrabes na Libia, nem com as invasões do Afeganistão ou do Iraque, nem está a acontecer no Iémen ou na Palestina. Entretanto, o eixo-do-mal já ameaçou intervir, leia-se bombardear e voltar a invadir, caso a Síria, que, segundo as inspecções da ONU, não tem armas quimicas desde 2014, as use.
É neste contexto que a publicação no antreus da intervenção do delegado permanente da Síria nas Nações Unidas, Bashar al-Jaafari, alguém a quem os media corporativos nunca dão a palavra, se reveste de um especial interesse. Por tudo isso e porque todos antecipamos mais um ataque quimico dos capacetes branco na Síria quero ter este post bem à mão para futura @Refer&ncia.
"Quem, no vosso lugar, lutou contra o terrorismo não vai ceder às vossas ameaças..."
(António Abreu em antreus, 2018/09/10)
Fica aqui registada a intervenção do delegado permanente da Síria nas Nações Unidas, Bashar al-Jaafari, na sequência do relatório mensal sobre as armas químicas da OIAQ na Síria, no passado dia 6, e de discussões entre os membros do Conselho de Segurança presidido pela representante dos EUA.
Bashar al-Jaafar no Conselho de Segurança da ONU no passado dia 6
Obrigado, Senhora Presidente.
As intenções de alguns sobre armas químicas na Síria são enganosas e irresponsáveis porque não existem armas químicas na Síria, desde que, aqui neste mesmo Conselho de Segurança, o declarou Sigrid Kaag, em 2014.
Na sua intervenção de hoje, a Sra. Nakamitsu - Alta Representante para Assuntos de Desarmamento da ONU - saudou a destruição de todas as 27 instalações de produção de armas químicas sírias e a assinatura de um documento tripartido autorizando o Bureau de Projetos Especiais a continuar seu trabalho na Síria.
Parece que suas palavras não foram ouvidas por alguns colegas que, nesta câmara, persistem em se incomodar em esperar por Godot, perdidos por décadas no teatro do absurdo de Samuel Beckett.
A linguagem de guerra não é digna deste Conselho, Senhora Presidente. É inútil especialmente quando é praticada pela sua presidência. Nós somos diplomatas. A nossa missão é impedir guerras, proibir ameaças e procurar soluções diplomáticas para as crises internacionais. Essa é a nossa concepção de diplomatas e embaixadores. O Conselho de Segurança não é uma arena de guerra. Ele cometeu erros em várias ocasiões, particularmente no que diz respeito ao Iraque e à Líbia. É hora de aprendermos com os nossos erros.
Senhora Presidente
Desde que a minha delegação e algumas outras delegações tomaram conhecimento do programa de trabalho previsto para este mês, as análises e convicções partilhadas são de que alguns membros permanentes do Conselho de Segurança não reconhecem a sua missão de proteger a paz e a segurança internacionais e estão agora prontos para ir ao limite da exploração do Conselho de Segurança, das instituições da ONU e de instituições internacionais, para obter benefícios políticos para si mesmos à custa das suas missões.
Sucintamente, continuamos a considerar que os governos de alguns estados, membros permanentes do Conselho de Segurança, abandonaram as suas responsabilidades e tornaram-se política, moral e legalmente incapazes de defender a paz e a segurança internacionais.
E para ser mais preciso no que digo, aqueles que protegem e cobrem o arsenal nuclear, biológico e químico de Israel, que inventam falsos pretextos para manter o seu próprio arsenal químico, que destruiu o Iraque usando a mentira das Armas de Destruição Massiva, que se retiraram do acordo internacional com o Irão, que suspenderam os financiamentos para a UNRWA, que se retiraram da UNESCO, que continuam a pressionar a ONU pela via do seu financiamento, que ameaçam retirar-se da Organização Mundial do Comércio... Digo que quem comete tudo isso não tem o direito de fazer acusações falsas e fabricadas sobre o uso de armas químicas pelo meu país, a Síria, especialmente porque a sua própria história é rica em provas reais e não comprovadas do uso de armas nucleares, químicas e biológicas contra civis em muitas partes do mundo.
Quanto a mentiras e falsificações, lembro-me sempre do relato desavergonhado e ridículo, preparado pelo correspondente da CNN Arwa Damon, durante a sua estadia na Turquia, sobre supostas vítimas que fugiam do chamado ataque químico da Duma, em Abril de 2018. O pretenso ataque químico serviu de pretexto para os governos dos Estados Unidos, Grã-Bretanha e França realizarem um ataque tripartido contra a Síria no sábado, 14 de Abril de 2018, após o qual solicitamos a reunião deste Conselho.
Este relatório filmado mostra a correspondente da CNN, uma jornalista, a meter o nariz numa mochila escolar, em pleno território turco, a centenas de quilómetros da Duma e uma semana depois do suposto incidente. Ela cheira e o seu olfato é activado para a fazer dizer nos écrans da CNN, apesar de uma semana de diferença e centenas de quilómetros do local do suposto ataque químico, sem sinais visíveis de qualquer desconforto, que ela sentiu o estranho cheiro de produtos químicos. Ela disse "fedorento", em inglês. Um relatório divulgado como parte da justificação da agressão militar na Síria. Veja-se o nível de regressão política e mediática!...
Senhoras e Senhores
Como todos sabem, a Síria e os seus aliados lutaram muito e conseguiram um sucesso real na guerra contra organizações terroristas, incluindo o Daesh, a al-Qaeda e outras organizações terroristas suas associadas. E todos vocês estão convencidos, conduziu batalhas ferozes e alcançou um sucesso real na guerra contra as organizações terroristas, em primeiro lugar o Daesh, e a Al Qaeda (a Frente Al-Nusra) e outras organizações terroristas associadas. E vocês estão todos convictos, aberta ou implicitamente, que nunca tivemos e ainda não temos nenhuma necessidade de usar armas proibidas internacionalmente para eliminar o terrorismo. Além disso, vós não tendes nenhuma dúvida em absoluto de que os que iniciaram esta guerra contra o terrorismo internacional, em vez dos vossos povos e dos vossos governos, se possam submeter hoje à chantagem política escandalosa ou ameaças de agressão militar directa pelos governos dos Estados Unidos, Grã-Bretanha e França, cujos governos se comprometeram em todos os actos proibidos na Síria, começando pelo apoio ao terrorismo, dando instruções para a organização da Frente Al-Nusra (Al Qaeda) e outras organizações suas filiadas, começando pelos " Capacetes Brancos", convidando-os a usar armas químicas contra civis sírios para acusar o governo sírio e criar um pretexto para uma nova agressão militar.
Senhora Presidente
Na Síria, estamos a combater a al Qaeda no nosso solo, não em Washington, Londres ou Paris. Estamos a lutar contra a mesma Al Qaeda que perpetrou os ataques de 11 de setembro em Nova Iorque. Lutamos contra a mesma Al Qaeda que realizou ataques em Paris, Londres e muitas outras capitais europeias. E a nossa recompensa foi que vocês se transformaram em força de apoio da Al Qaeda contra nós, nós que a estamos a combater em vez de vocês e dos vossos povos.
Perguntem a vocês mesmos, vocês que são garantes da soberania do direito internacional e legitimidade da Carta:
• O que poderia pressionar a Síria a fazer uso de armas internacionalmente proibidas, que já não tem, e sem qualquer valor militar, a não ser o de fornecer às três forças agressoras citadas o pretexto de conduzirem agressões, umas atrás de outras, contra nós?
• Como é que a arma química alegadamente usada atinge apenas mulheres e crianças, sem beliscar os terroristas?
• Como e porquê essas três forças agressoras são as únicos capazes de prever a localização, hora e tipo de armas químicas que serão utilizadas na Síria?
• Porque é que tal capacidade de previsão milagrosa é compartilhada pelos três governos assaltantes, pelos terroristas da Frente Al Nusra (Al Qaeda) e pelos "Capacetes Brancos"?
• Por que é que o Conselho de Segurança e a OIAQ até agora não conseguiram ter em conta as informações contidas em 156 cartas enviadas pela Síria nos últimos anos a propósito deste assunto? Informações sobre substâncias químicas tóxicas que foram recebidas por organizações terroristas armadas, armazenadas, embaladas e usadas contra civis para acusar o exército sírio. Essas 156 cartas, aqui estão elas. Enviamo-vo-las para vocês e também para a OIAQ. Mas ninguém as leu. Ninguém as quis ler. E ninguém quer cooperar com o governo sírio para lutar contra o terrorismo e impedir que os grupos terroristas usem armas químicas. Porquê? Porque algumas pessoas não querem resolver o problema na Síria. Porque alguns exploram o terrorismo.
As perguntas são muitas e as respostas são conhecidas. Em relação ao tempo que me foi atribuído e com confiança no vosso julgamento, direi apenas que estes três governos falharam nos últimos oito anos para conseguir o que queriam, apoiando o terrorismo. É por isso que agora, de forma mais clara, lideram uma agressão militar directa, instalando ilegalmente as suas forças armadas em partes do território do meu país.
Eles impedirão o progresso do processo político em Genebra, Astana e Sochi. Eles tentarão impedir a eliminação do que resta do terrorismo em Idlib e noutros lugares. Continuarão a impor um cerco económico sufocante ao povo sírio. Trabalharão para bloquear o financiamento da reconstrução, a recuperação do país e o retorno de pessoas deslocadas e refugiadas aos seus lares para aí viverem com dignidade, segurança e paz.
Senhora Presidente, gostaria de salientar que, na sequência da destruição das duas últimas instalações mencionadas pela senhora deputada Nakamitsu e da verificação feita pela OIAQ sobre a destruição e evacuação dos destroços, a Síria cumpriu todos os seus compromissos em relação aos locais de produção de armas químicas.
Finalmente, o Governo do meu país afirma ter enviado aos membros do Conselho de Segurança, anteontem, uma carta oficial contendo informações precisas e credíveis sobre os preparativos dos grupos terroristas armados presentes em Idlib e nos campos de Latakia e Aleppo, pelo uso em larga escala de produtos químicos tóxicos contra civis com o objetivo de impedir a operação militar antiterrorista nessas áreas.
E para concluir, Senhora Presidente, digo que é absolutamente escandaloso e muito lamentável que alguns delegados de Estados membros permanentes deste Conselho, incluindo a Presidente, tenham confundido a questão da sessão de hoje com a da sessão de amanhã (a ser continuado...).
Obrigado, Senhora Presidente.
Dr. Bashar al-Jaafari, Delegado Permanente da Síria para as Nações Unidas, em 2018/09/06
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