Após 25 eleições em vinte anos, das quais o chavismo venceu 23, os EUA decidiram que a Venezuela precisa de ser democratada.
Vale a pena passar em revista a qualidade das "eleições" presidenciais no seio do império que decide quem deve e quem não deve ser democratado.
O ocupante da cadeira da casa branca não é nomeado em resultado de eleições directas "cada-pessoa-um-voto", mas por um colégio eleitoral. Lembram-se do salazarismo?
O tal colégio eleitoral emerge de umas eleições em que, tradicionalmente e principalmente pelos métodos e valores financeiros envolvidos nas campanhas, só dois candidatos podem almejar à nomeação: o candidato do partido (neoliberal) democrático e o candidato do partido (neoliberal) republicano.
O actual ocupante da casa branca, representante do partido (neo-liberal) republicano, que decretou a necessidade de democratar a Venezuela, teve 46% de votos nas urnas, menos 5% de votos do que a derrotada do partido (neoliberal) democrático, mas "conseguiu" a maioria do colégio eleitoral.
Os dois últimos ocupantes da casa branca pelo partido neoliberal republicano foram nomeados pelo colégio eleitoral com menos votos nas urnas do que o candidato derrotado do partido neoliberal democrático.
Na primeira votação que conduziu à nomeação do Bush Jr. foram inúmeras as irregularidades e fraudes reportadas, tendo a recontagem dos votos sido suspensa pelo Supremo Tribunal quando o candidato Al Gore estava já prestes a ganhar o decisivo estado da Florida.
Algumas das irregularidades passaram pela remoção de milhares de afro-americanos dos cadernos eleitorais nos estados do sul e pela utilização, na Florida, dos famosos boletins borboleta em que o eleitor premia o botão para votar num candidato e o cartão ficava perfurado noutro, de tal forma que num circulo de maioria judaica venceu um candidato neonazi.
O Bush Jr. foi nomeado pelo colégio eleitoral com menos 1% de votos e menos 500 000 votos do que o derrotado Al Gore, tendo este ficado conhecido como o primeiro ex-futuro presidente dos EUA.
O candidato do partido neoliberal democrático é nomeado por um colégio eleitoral em que 2/3 dos grandes eleitores são eleitos e 1/3 é nomeado pela nomenclatura do partido neoliberal democrático, o que permitiu que o candidato Bernie Sanders tivesse vencido as "directas" mas perdido a nomeação pelo colégio eleitoral do partido neoliberal democrático a favor de uma outra candidata mais neoliberal.
Alguém vê num regime destes alguma legitimidade para se pronunciar sobre a democraticidade do que quer que seja ou pela necessidade de democratar o que quer que seja?
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