2018/10/22

Um Bolsonaro de uma coerência avassaladora

Na tentativa de esclarecer algumas pessoas que acredito não saibam ainda quem é o candidato fascista, como a srª brasileira que faz directos e indirectos para os caneiros globo-bolsanamão e conseguiu não filmar o cartaz da foto, ou o sr. da tvista que acha o candidato fascista "imprevisível", deixo-lhes aqui algumas das afirmações do afinal previsível e coerente candidato fascista, complementadas com as citações d'O Lado Oculto, só para verem o calibre da previsibilidade do que andam a tentar lavar com lixívia.

Agora já não podem dizer que não sabiam.

«“Lula e Haddad vão apodrecer na cadeia” e “a faxina agora vai ser muito mais ampla”, porque “esses marginais vermelhos vão sair da nossa pátria”. Estas foram algumas promessas do candidato à Presidência do Brasil, Jair Bolsonaro, proferidas na Avenida Paulista, em São Paulo, precisamente a uma semana da segunda volta das eleições, a realizar no domingo. Fascista, xenófobo, homofóbico, racista, Bolsonaro é tudo isto não porque os adversários o digam no calor de uma campanha eleitoral»*, mas porque ele próprio o afirmou inúmeras vezes.

«Sou a favor sim de uma ditadura, de um regime de excepção» (1999, Câmara dos Deputados)

Entrevistador: “Se fosse eleito hoje Presidente da República fecharia o Congresso Nacional?
«Sem a menor dúvida, daria o golpe no mesmo dia! Não funciona! E tenho a certeza de que pelo menos 90% da população ia fazer uma festa, iria bater palmas, porque não funciona. O Congresso hoje em dia não serve para nada, só vota o que o Presidente quer. Se ele é a pessoa que decide, quem manda, que tripudia sobre o Congresso, dê logo o golpe, parta logo para a ditadura!» (Programa Câmara Aberta, 23 de Maio de 1999)

«Pau-de-arara** funciona. Eu sou favorável à tortura, você sabe disso. E o povo é favorável também» (Programa Câmara Aberta, 23 de Maio de 1999)

«Através do voto nada mudará neste país; nada, absolutamente nada! Só vai mudar, infelizmente, quando um dia partirmos para uma guerra civil aqui dentro, e fazendo o trabalho que o regime militar não fez. Matando uns 30 mil, começando com o Fernando Henrique Cardoso***; não deixar de fora não, matando! Se morrerem alguns inocentes, tudo bem, em todas as guerras morrem inocentes» (Programa Câmara Aberta, 23 de Maio de 1999)

«Não vou combater nem discriminar, mas se eu vir dois homens beijando-se na rua vou bater» (Folha de São Paulo, 19 de Maio de 2002)

«Eu sou estuprador agora. Jamais iria estuprar você, porque você não merece… vagabunda!» (Rede TV, 11 de Novembro de 2003)

«É um índio que está a soldo aqui em Brasília; veio de avião, agora vai comer uma costelinha de porco, beber uma cerveja, provavelmente um whisky e, quem sabe, telefonar para alguém para a sua noite ser mais agradável. Este é o índio que vem aqui falar de reservas indígenas. Ele devia ir ali fora comer capim para manter as suas orige» (Câmara dos Deputados, 14 de Maio de 2008)

«Se o filho começar a ficar meio gayzinho, leva um couro (sova) e muda logo o comportamento» (Participação Popular, TV Câmara, 17 de Outubro de 2010)

«Ó Preta (Gilberto Gil), eu não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro o risco de o meu filho se apaixonar por uma negra; os meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambientes como lamentavelmente é o teu» (CQC, TV Bandeirantes, 28 de Março de 2011)

«Seria incapaz de amar um filho homossexual. Não vou dar aqui uma de hipócrita: prefiro que um filho meu morra num acidente do que aparecer-me aí com um bigodudo. Para mim ele já está morto, mesmo» (Revista Playboy, 7 de Junho de 2011)

«Se um casal homossexual vier morar ao meu lado, isso irá desvalorizar a minha casa! Se eles andarem de mão dada e derem beijinhos, isso desvaloriza» (Revista Playboy, 7 de Junho de 2011)

«Orgulho da história de vida de Hitler eu não tenho, não é. Mas o que temos que entender é o seguinte: guerra é guerra. Ele foi um grande estrategista”
» (CQC TV Bandeirantes, 26 de Março de 2012)

«Não vão ter sossego. E eu tenho imunidade para dizer que sou homofóbico, sim, com muito orgulho» (Canal TWTV, 5 de Junho de 2013)

«Fica aí, Maria do Rosário, fica! Há poucos dias chamaste-me estuprador, no Salão Verde (do Congresso) e eu disse que não te iria estuprar porque não mereces. Fica aqui a ouvir!» (Câmara dos Deputados, 9 de Outubro de 2014)

«Eu sou um liberal; se quiser empregar-te na minha empresa a ganhar dois mil reais por mês e a Dona Maria ganhar 1500 reais, se a Dona Maria não quiser ganhar isso que procure outro emprego! O patrão sou eu» (Zero Hora, 9 de Dezembro de 2014)

«Eu tenho pena do empresário no Brasil, porque é uma desgraça você ser patrão no nosso país, com tantos direitos trabalhistas. Entre um homem e uma mulher jovem, o que o empresário pensa? “Poxa, essa mulher tá com aliança no dedo, daqui a pouco engravida, seis meses de licença-maternidade…” Bonito pra c…, pra c…! Quem que vai pagar a conta? O empregador. No final, ele abate no INSS, mas quebrou o ritmo de trabalho. Quando ela voltar, vai ter mais um mês de férias, ou seja, ela trabalhou cinco meses em um ano» (Zero Hora, 9 dezembro de 2014).

«Maioria é uma coisa, minoria é outra… minoria tem que se calar, curvar-se à maioria, acabou» (Declaração à imprensa, 11 de Fevereiro de 2016)

«Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff» (Na sessão da Câmara de abril de 2016, quando votou a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, dedicou seu voto ao coronel Brilhante Ustra, que na ditadura militar chefiou o DOI-Codi (serviços de inteligência e de repressão, acusado de cometer pelo menos seis assassinatos sob tortura)

«Se eu chegar à Presidência não vai haver dinheiro para as ONG. Esses inúteis vão ter que trabalhar. Se eu lá chegar, no que depender de mim cada cidadão vai ter uma arma de fogo dentro de casa. Não vai haver um centímetro demarcado para reserva indígena ou para quilombola» (Palestra no Clube Hebraica, Rio de Janeiro, 3 de Abril de 2017)

«Alguém viu um japonês por aí a pedir esmola? Porque é uma raça que tem vergonha na cara. Não é igual a essa raça que está aí em bem baixo ou como uma minoria que está a ruminar aqui ao lado» (Palestra no Clube Hebraica, Rio de Janeiro, 3 de Abril de 2017)

«Eu fui num quilombo em Eldorado Paulista. Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gasto com eles» (Palestra no Clube Hebraica, 3 de Abril de 2017).

«Deus acima de tudo. Não tem essa historinha de Estado laico não. O Estado é cristão e a minoria que for contra, que se mude. As minorias têm que se curvar para as maiorias» (Encontro na Paraíba, fevereiro de 2017)

“Eu vou dar carta branca à polícia para matar» (Evento em Deerfield Beach, Estados Unidos, 8 de Outubro de 2017)

«Vamos fuzilar a pretalhada aqui do Acre… Já que eles gostam tanto da Venezuela, então têm que ir para lá”» (Discurso no centro de Rio Branco, Acre, 1 de Setembro de 2018)

«Lá porque o cara veste uma T-shirt da minha campanha e comete um excesso, o que é que eu tenho a ver com isso?» (TV UOL, Outubro de 2018)

«E, seu Lula da Silva, se estavas à espera que o Haddad fosse Presidente para assinar o decreto de indulto, vou dizer-te uma coisa: vais apodrecer na cadeia. Brevemente terás o Lindbergh Faria (senador do Rio de Janeiro, PT) para jogar dominó no xadrez. Aguarda. O Haddad vai chegar aí também, mas não será para te visitar, será para ficar alguns anos ao teu lado. Já que vocês se amam tanto, vocês vão apodrecer na cadeia.» (Acto público, Avenida Paulista, São Paulo, 21 de Outubro de 2018)

«Perderam ontem, perderam em 2016 e vão perder de novo na semana que vem. Só que a faxina agora será muito mais ampla. Essa gente, se quiser ficar aqui, vai ter que se acolher sob a lei de todos nós. Ou vão para fora ou vão para a cadeia. Esses marginais vermelhos vão sair da nossa pátria”(Acto público, Avenida Paulista, São Paulo, 21 de Outubro de 2018)

* Luis O. Nunes em O Lado Oculto, 2018/10/28.
** Método de tortura utilizado pela ditadura militar
*** Fernando Henrique Cardoso, Presidente da República na ocasião


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