O Facebook aderiu à guerra virtual contra o povo palestino
(MPR, Resistir.info, 2019/11/09)
No dia 9 de Outubro o Facebook eliminou a página do Centro Palestino de Informação (PIC) sem sequer contactar seus administradores.
A página contava com quase cinco milhões de seguidores no Facebook e, para os provocadores ao serviço de Israel nas redes sociais, era outro inimigo a abater.
Assim, o Facebook tornou a demonstrar seu servilismo para com o Tel Aviv e o seu apoio ao racismo e ao apartheid.
Segundo um documento obtido por The Electronic Intifada, o governo israelense financiou uma campanha mundial de propaganda para manipular os estrangeiros e lutar contra o movimento palestino BDS (Boicote, Desinvestimento, Sanções) [1] .
Israel formou um exército de milhares de provocadores financiados parcialmente pelo Ministério de Assuntos Estratégicos. Para ocultar a sua participação, o Ministério admitiu que trabalha com grupos que lhe servem de camuflagem e não querem expor seus vínculos com Tel Aviv.
Uma das plataformas on line deste tipo é Act II , que tem 15 mil membros activos. Trata-se de uma aplicação móvel que recruta provocadores para uma guerra virtual às mensagens pró palestinas no Facebook [2] .
Contudo, Israel nunca teria alcançado seus objectivos se o Facebook não se houvesse somado oficialmente ao governo de Tel Avi na sua guerra virtual contra os palestinos.
Em 2014 Sohaib Zahda foi o primeiro palestino detido pelo exército israelense por inserir uma mensagem nas redes sociais. Iniciou-se assim uma nova estratégia para reprimir o que Israel considera um "incitamento". Desde então, a campanha de detenções estendeu-se a centenas de palestinos, principalmente jovens artistas, poetas e estudantes.
A partir do ano seguinte Israel começou a pressionar seriamente o Facebook. As detenções de palestino por mensagens no Facebook abriram uma nova janela às práticas de Israel, revelando o lado mais escuro das redes sociais.
Israel construiu rapidamente uma legal para as detenções. Só em 2015 foram abertos 155 processos, proporcionando uma cobertura legal que foi explorada como parte do seu acordo posterior com o Facebook. O juízes recorreram ao artigo 144 D.2 do Código Penal israelense de 1977 ("incitação à violência e ao terror") para a repressão nas redes sociais.
Como é habitual, a estratégia israelense começou com uma campanha maciça de propaganda para criar uma pressão pública e mediática no Facebook. O governo israelense activou o exército de sicários que acabava de criar na Internet para dizer que o Facebook se havia convertido numa plataforma de ideias violentas que os palestinos exploravam sobre o terreno.
Quando em Setembro de 2016 o governo israelense anunciou sua vontade de trabalhar com o Facebook para "lutar contra o incitamento" à violência, a rede de Zuckerberg estava preparada para acabar com a liberdade de expressão que sempre havia prometido respeitar.
Após dois dias de conversações nas quais participaram, entre outros, o ministro do Interior israelense, Gilad Erdan, e o ministro da Justiça Ayelet Shaked, o governo israelense e o Facebook acordaram "combater o incitamento à violência nas redes sociais" [3] .
Numa declaração posterior, o gabinete do ministro israelense do Interior reconheceu que ambas as partes haviam acordado "criar equipes para determinar a melhor maneira de supervisionar e eliminar o conteúdo incendiário". Isso significava que os conteúdo relacionados com a Palestina e Israel seriam filtrados, não só pelo Facebook como também pelos polícias israelenses.
O processo de selecção de objectivos segue sempre o mesmo percurso:
- os provocadores israelenses aparecem e comentam as publicações palestinas;
- denunciam as pessoas e os conteúdo supostamente ofensivos à equipe conjunta do Facebook e Israel;
- a plataforma digital envia recomendações sobre as contas marcadas para a censura;
- as contas palestinas e solidárias são apagadas ou eliminadas.
A censura foi devastadora para os palestinos, com muitas páginas eliminadas temporária ou permanentemente.
06/Novembro/2019
(1) electronicintifada.net/content/inside-israels-million-dollar-troll-army/27566
(2) jacobinmag.com/2017/07/israel-social-media-app-idf-shin-bet-bds
(3) www.theguardian.com/...
Ver também:
Censura no Facebook
O modelo "Ocean" e o fascismo
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