A propósito de uns comentários à fronha do Miguel Boulsa Taverneiro algures num grupo de uma rede social convém perceber quem está com o trabalho e quem está ao lado do capital..
1. Emprego para a vida? Eu sou funcionário público precário há 22 anos. Vivo hà 22 anos com contratos renovados a cada dois anos, mediante parecer dos pares. Vou entrar para o quadro em Agosto, mas daqui a cinco anos sou novamente avaliado pelos meus pares e só se tiver produzido bem terei lugar no quadro ... a 5 anos da reforma ;-)
2. Se quem se afirma funcionário público o fosse de facto, saberia que já não há na função pública "empregos para a vida", saberia que a realidade é outra bem diferente.
3. Precisamente porque é injusto uns trabalharem 35 e outros 40 é que é justo t o d o s trabalharem 3 5 h o r a s. É isso que o PCP propõe: 35 horas/semana sem perda de salário para todos, trabalhadores do setor público e do setor privado, 35 horas para públicos e privados.
4. Nem todos os escravos se libertaram ao mesmo tempo, nem o horário das 8h/dia se tornou universal no mesmo instante, são processos, começam pelos que mais organizadamente os conquistam e estendem-se aos restantes com a luta destes e a solidariedade dos primeiros. Ainda hoje vemos afloramentos de esclavagismo e o dia de trabalho de 8 horas está cada vez mais longe para cada vez mais trabalhadores, incluindo os que como nós vivem na "terra do leite e do mel"
5. A semana de trabalho de 40 horas é um anacronismo. A produtividade do trabalho mais do que decuplicou (10xmais) desde os anos 50 do século XX. Para manter a distribuição de riqueza e o roubo da mais valia dos anos 50 do século XX a semana de trabalho deveria estar reduzida a ... 4 horas de trabalho por semana, como tal não aconteceu o Capital está a expropriar 10 x mais mais valia do trabalho do que no final da 2ª guerra mundial.
6. A única forma de reduzir o desemprego massivo que se avizinha com o crescimento exponencial da robotização e da sua generalização ao setor terciário (serviços) é começar já hoje a diminuir o dia de trabalho e assim: a. diminuir o desemprego, b. aumentar a massa de contribuintes para a segurança social, c. combater o crescimento do fosso entre o 1% de "ricos" e os 99% de "pobres".
Ninguém "dá" nada a ninguém. As 35 horas na função pública foram arrancadas com luta: greves (e cada dia de greve é menos um dia de salário!), manifestações, votos em quem defende os nossos direitos.
O mais triste é ver os beneficiários da luta dos outros a defenderem o "se é mau para uns tem de ser mau para todos".
Felizmente a humanidade tem-se afastado da selvajaria porque a grande maioria dos deserdadados segue o principio de que:
"se é bom para uns, tem de se tornar bom para todos"
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