Eu sou muito distraído. Felizmente cá em casa há uma mulher muito mais atenta do que eu para me chamar à atenção para certas invariantes. Todas no mesmo dia, todas a puxar ao patronato, todas chateadas com os chatos dos senhores trabalhadores. Isto já foi há uns dias, aqui "ao atrasado".
Vejamos.
Vai a Srª Ministra da Justiça e ai que chatice, pobres reclusos, que dezembro é um mês muito inconveniente para os senhores guardas prisionais fazerem greve. Vai-se a ver e os senhores guardas prisionais foram notificados pelos senhores funcionários da Srª Ministra da Justiça, no dia 22 de Novembro, de que o acordo a que tinham chegado, após um ano de negociações, deixava de ter o acordo e passava a ter o desacordo do governo. Digo eu: Ó Srª Ministra, o final de novembro é um final de mês muito inconveniente para voltar atrás com a palavra.
Vai a Srª Ministra do Mar e ai que chatice, pobre porto de Setúbal, logo agora que estão quase, quase, quase a chegar a acordo, aquilo vai tornar-se insustentável com a debandada de 70% dos navios. Tudo por causa da inconveniência das greves dos senhores estivadores. Vai-se a ver e os senhores estivadores já concordaram com os 56 contratos, só falta os patrões concordarem com o contrato coletivo, como manda a lei, para pôr fim à maldita precariedade. Digo eu. Se a Srª Ministra do Mar pressionar os patrões para cumprirem a lei, em vez de pressionar os senhores estivadores para aceitarem migalhas nas vésperas de natal, salva-se o porto de Setúbal, diminui-se a precariedade, aumenta-se o pib e a produtividade e as exportações, ganhamos nós, ganha o país, ganha a Srª Ministra, ganham os senhores estivadores, até os patrões ganham em manter o porto a funcionar, só exploram um bocadinho menos.
Vai a Srª Secretária de Estado do Ministério da Educação e ai que chatos que já lhes demos dois anos e meio, e eles, teimosos como'um cão, não desatam daquela lenga lenga dos nove anos sete meses e dois dias. Vai-se a ver e já no OE de 2018 estava garantida a tal lenga lenga dos nove anos, sete meses e dois dias, e os senhores professores juram a pés juntos estarem totalmente abertos para negociar a forma e o prazo de contagem do tempo de serviço de facto servido. Digo eu: Ó Srª Secretária de Estado, diga lá ao Sr. Ministro, para explicar ao ronaldo do eurogrupo que basta negociar uns prazos de pagamento da dívida. Os senhores professores, ao contrário dos senhores do FMI e dos senhores do eurogrupo e dos senhores do Banco Mundial, até aceitam negociar prazos para o governo cumprir a lei.
Três pontapés no trabalho, em menos de 24 horas. É canelada a mais na geringonça.
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