As nossas forças!
(João Frazão, Avante!, 2018/12/13)
Três ou quatro exemplos recentes revelam o quão decisivas são as forças próprias, a organização dos trabalhadores, no movimento sindical e no Partido, independente dos interesses do capital, com capacidade de realização e intervenção.
No dia 8 de Novembro, a Confederação Nacional da Agricultura trouxe centenas de agricultores à Assembleia da República, reclamando outra política que defenda a agricultura familiar e a produção nacional. A dia 15 de Novembro, a CGTP-IN promoveu uma grandiosa manifestação, que revelou uma grande determinação e combatividade dos trabalhadores, fazendo convergir na Avenida da Liberdade os protestos, as denúncias, as reivindicações de centenas de empresas concretas e de todos os sectores de actividade.
Ambas as acções realizaram-se com êxito significativo, apesar do silenciamento a que foram votadas antes e depois da sua realização. Até se poderá dizer que as acções em França, como anteriormente no Brasil ou na Venezuela, têm sempre mais espaço, mais atenção, mais destaque que a luta do povo português.
MDM e do MURPI realizaram recentemente os seus congressos, juntando, qualquer um deles, centenas de quadros que intervêm diariamente pelos direitos e interesses específicos destas camadas (mulheres e reformados e pensionistas). Tiveram um tratamento ainda pior do que as outras duas iniciativas.
E, caso gritante, a Conferência do Partido Alternativa Patriótica e de Esquerda. Portugal com Futuro!, realizada em Setúbal a 24 de Novembro, que apesar de ter constituído um espaço único de abordagem da situação do País e dos caminhos para dar resposta aos muitos problemas que reconhecidamente persistem, foi tratada (quando foi!) pela comunicação social como se se tratasse de uma mera Conferência de Imprensa sobre um qualquer tema da agenda do dia.
Valor próprio
Mas o valor de todas e de cada uma destas iniciativas não pode ser medido pela expressão que têm nos órgãos de comunicação social, nas mãos da classe dominante, como bem previu e preveniu Marx.
Todas elas valem pelos seus conteúdos, pelo esclarecimento que possibilitam aos participantes, pela força que transmitem a todos (e serão sempre muitos) os que as acompanham e delas têm conhecimento, pela energia que transportam e que se projectará, a partir da iniciativa de cada um, nas acções imediatas. Mas valem também, mesmo que isso possa não ser perceptível a todos, porque o grande capital assim o determinou, porque validam essa tese central do nosso trabalho de que a partir nas nossas forças é possível resistir, avançar e vencer.
Sim, por muito que as forças do capital se empertiguem, por muito que impeçam que certas iniciativas apareçam nos telejornais ou nas páginas dos seus jornais, por muito que dêem centralidade a temas de ocasião para desviar as atenções do que é central, com determinação e com as devidas medidas de direcção e organização, utilizando toda a rede que as nossas estruturas propiciam, programando o nosso trabalho de contactos num quadro de grande ousadia, somos capazes de mobilizar não apenas o conjunto de activistas, mas muitos outros que são atingidos pela política de direita e que estão disponíveis para agir em defesa dos seus direitos.
Sim, é com as nossas forças que temos que contar, reforçando a organização do Partido, assegurando o envolvimento de mais militantes, divulgando a imprensa, melhorando e desenvolvendo a nossa ligação aos trabalhadores e ao povo, garantindo a nossa independência financeira, a começar já pela campanha Um dia de salário para o Partido, e assegurando a conclusão das 5000 conversas com trabalhadores, prioridade do nosso trabalho que está apenas nas mãos dos membros do Partido levar a cabo com êxito.
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